domingo, março 18, 2018

C ARLOS IVAN SICCA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 17 de fevereiro de 2018

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/




ENTREVISTADO: C ARLOS IVAN SICCA

No século XIX, à beira do riacho Tijuco Preto, os tropeiros que demandavam ao interior de São Paulo, faziam pousada na casa de uma família de lavradores ali instalada, cujo chefe chamava-se Pedro, passando o local a se chamar Pouso do Rio das Pedras, em razão das filhas do Pedro. Entre 1870 e 1871, a Estrada de Ferro Ituana estendeu seus trilhos até Piracicaba, cortando a região de Rio das Pedras, sendo então construída a estação local que, também, tomou o nome de Rio das Pedras. Antônio Garcia Prates, um dos empreiteiros da estrada, Antônio Teles e outros, atraídos pela fertilidade do solo, adquiriram terras e construíram a capela do Senhor Bom Jesus. Estava iniciado, pois, o povoado que deu origem à Freguesia do Senhor Bom Jesus de Rio das Pedras. À medida que o Município foi se desenvolvendo, baseado na cafeicultura e auxiliado pelo braço de imigrantes em sua maioria italianos, foram-se criando diversos melhoramentos: iluminação elétrica, em 1913; posto telefônico, entre 1913 e 1916; e abastecimento de água canalizada, em 1916. A sua fundação oficial é 10 de julho de 1894. O gentílico é riopedrense. Conforme o Censo do IBGE de 2010 tem a população de 29.508 habitantes. É servida por uma malha rodoviária de excelente qualidade, sua distância até São  Paulo é de 172 quilômetros. Com o advento da plantação de cana-de-açúcar, transformando radicalmente as atividades agrícolas do Município, e a conseqüente industrialização do produto, além dos pequenos estabelecimentos industriais, produtores de aguardente e açúcar batido, já existente em 1952, ali se estabeleceram usinas maiores, produtoras de álcool e açúcar. Atualmente o município é conhecido por sediar várias empresas, como a metalúrgica Painco S/A, uma unidade da Arcor do Brasil, e empresas do polo industrial da Hyundai Motor Brasil.

Carlos Ivan Sicca, descendente de italianos, nasceu a 22 de fevereiro de 1952, na cidade de Pereiras, situada a 60 quilômetros de Rio das Pedras. São seus pais Antonio Carlos Sicca e Ivone da Silva Sicca, ambos nascidos em Pereiras, onde se casaram ele com 19 anos e ela com 17. Tiveram os filhos: Carlos, Maria Emília, Ivone Adalmira e Sandro José.  Seu pai trabalhou a vida toda com caminhão, quando ele conseguiu dar os diplomas aos filhos, passou a trabalhar com taxi, na cidade de São Paulo.

Ainda se lembra dos caminhões que seu pai teve?

Lembro-me que meu pai teve diversas marcas de caminhão, inclusive um Chevrolet 1952, ele fazia viagens para lugares distantes, como Recife, Salvador, passou muito tempo trabalhando no percurso Santos a São Paulo. Fiz muitas viagens com ele. Algumas estradas eram de terra outras já eram asfaltadas. A viagem para Santos era lenta, pelas condições da estrada.

Em algum momento o senhor teve a vontade de seguir essa profissão?

A primeira vontade é seguir o que os pais fazem! Mas o meu pai nesse sentido insistiu muito para que estudássemos. Ele já vizualizava que sem o conhecimento, sem um diploma, a possibilidade de desenvolvimento tanto pessoal como social eram nulas. O curso primário fiz no Grupo Escolar Prof. Rozendo Duarte Lobo, o ginásio fiz na escola Vereador Egildo Paschoalucci, em Pereiras. O Curso Normal eu fiz na Escola Professor Anízio Ferraz Godinho em Conchas, é o curso de professor primário.

Até que idade o senhor residiu em Pereiras?

Naquele período, próximo a 1970 tinhámos a possibilidade de estudar até o ensino médio.A partir dai tinhamos que sair para trabalhar e continuar os estudos. A família mudou-se para São Paulo. Fomos morar no bairro Bom Retiro, na Rua Jaraguá, onde havia uma concentração da colonia judaica. Fui fazer um curso de Matemática na Faculdades Integradas Teresa Martin, em Santo Amaro. Naquele período já estava um processo de expansão da educação, as escolas da primeira a quarta série já começavam a ser transformadas também. Por conta disso tive a oportunidade de já começar a trabalhar como professor. Primeiro como professor da primeira a quarta série, alfabetizador, depois como professor de matemática.

Em São Paulo, a universidade era a noite ou pela manhã?

Eu dava aula a tarde e a noite e estudava na parte da manhã. Em São Paulo minha movimentação para dar aulas foi grande, todos os anos mudavam de escolas. Trabalhava em São Paulo, Taboão da Serra. Tudo de onibus. Até que consegui a primeira moto, facilitou bastante. Uma Yamaha 125 cc.

Qual era a reação do seu pai com relação a moto e o transito de São Paulo?

A moto é um excelente meio de transporte, mas exige uma responsabilidade maior, depois tive uma Turuna, uma Honda. Sempre gostei de motocicleta. O trânsito em São Paulo mudou muito nos últimos 50 anos. Morei em São Paulo uma década, de dezembro de 1969 a dezembro de 1979. São Paulo é onde acontece tudo. Os filmes, as peças de teatro, vinham para o interior após um ano! Hoje os lançamentos são simultâneos. Sempre gostei de esporte, futebol de salão, de campo, jogava na lateral.

Como o senhor conheceu sua esposa?

Conheci a minha esposa Dalila Miguel Sicca quando fazia o Curso Normal em Conchas, começamos a namorar. Nesse período cada um foi buscar sua formação em um lado, ela é psicóloga, foi estudar na Fundação Educacional de Bauru, hoje UNESP-Bauru, continuamos namorando por cartas, telegramas.

Vocês ainda guardam essas correspondências?

Ainda temos! Minha neta estava na quarta série do ensino fundamental, e foi abordado o tema comunicação, minha espôsa apresentou-lhe um de nossos telegramas e uma carta! Ela levou para a escola, uma curiosidade diante dos meios de comunicações atuais. Quando a minha esposa estava concluindo o curso voltou para São Paulo, concluiu na PUC, passou a trabalhar, nesse período nos casamos, foi em 19 de julho de 1975, em Conchas. Temos dois filhos: Cristina e César. Decidimos voltar para Conchas, fiz a remoção e passei a dar aulas na região. Fui aprovado no concurso para Diretor de Escola e vim para Rio das Pedras, para o Colégio Técnico Agrícola, hoje ETEC, tinhamos 200 alunos internos, o curso era só masculino, para técnicos em agropecuária.

Minha esposa montou uma confecção, nesse msmo período, isso já faz 30 anos. Eu não conhecia Rio das Pedras, quando chegamos nos apaixonamos pela cidade. Fizemos novas amizades, descobrindo o prazer de ser um riopedrense, uma das características nossa é o envolvimento com o serviço social, quando criou-se a Escola do Bairro Cambará, eu vim para a Escola Estadual Professora Maria José de Aguiar Zeppelini, onde fui diretor. Sempre interagindo com a sociedade, levando aquilo que aprendemos: a educação é uma das grandes armas de transformação social. Não é o único instrumento, mas é um dos maiores instrumentos.

Vivemos um momento em que a educação básica, pública, é vista como despesa e não como investimento, há um descaso com a formaçãodo aluno e uma falta de valorização do professor. Temos muitos exemplos de países que saíram de um estado miseravel e se tornaram em potencias graças ao investimento na  educação.  

Temos uma sociedade excludente, ela dificulta muito o acesso a uma escola de boa qualidade, principalmente para a classe menos favorecida. É uma característica da nossa sociedade. O que houve com o passar do tempo é que essa responsabilidade do ensino fundamental foi delegada aos municipios. As verbas nunca foram suficientes, mesmo sob a respeonsabilidade do governo estadual, federal, nunca foram aplicadas como deveriam ser. Com mais eficiência dentro da escola pública. A partir de 1970 abrimos espaço para que todos pudessem frequentar a escola. Hoje no ensino fundamental podemos dizer que quase 100% das nossas crianças estão dentro da escola. Só que temos a questão do acesso, da permanência e do sucesso. O acesso de certa forma está garantido, a permanência já é um fato sério a ser trabalhado porque o acompanhamento, as dificuldades sociais que as famílias enfrentam, a estrutura familiar diferenciada, e o sucesso, que ai entra a questão da qualidade do ensino, a necessidade de maior verba, a valorização dos profissionais do magistério, em especial do professor, para conseguirmos um resultado positivo.


Há casos onde material didático, livros principalmente, são enviados pelo Estado em uma quantidade extremamente acima da necessidade. A escola não tem o que fazer com esse material. Acaba ocupando espaço, estocado inutilmente.

São situações pontuais, começa a ser modificada. O Governo faz a distribuição do material didático que as vezes não é totalmente aproveitado. Hoje as escolas que estão dentro do municipio, tem a oportunidade de buscar de forma diferenciada, o que está faltando são verbas. É uma situação que tem que ser analisada caso a caso, municipio para municipio. Ai que vemos um aspecto positivo da descentralização. Onde todos os envolvidos na educação poderiam escolher qual a melhor forma de trabalhar com os educandos. O municipio irá decidir de forma mais apropriada que tipo de educação irá dar aos alunos. Que tipo de material, leitura, que irá proporcionar.

Geralmente as nomeações do alto escalãona área da educação são absolutamente políticas?

O sonho é que a politica educacional não mude a cada governo. Acredito que estaremos modificando todo esse caos que está instalado para que passamos a viver momentos melhores dentro de pouco tempo. Acredito no ser humano, que ele se modifica, aprenda com seus erros. Os corruptos não pegaram apenas o dinheiro, passaram a ser assassinos, alguém na ponta está morrendo por falta de remédios, atendimento médico. Por outro lado, sabemos que isso tende a acabar, está havendo a divulgação do que acontece.

O senhor já tinha participado de algum cargo político? 

Não! Em 2016 fui eleito vereador, tive o maior número de votos, 977 votos, isso aumenta a minha responsabilidade em devolver a confiança que foi depositada.

O que o levou a candidatar-se para o cargo de vereador, e hoje ocupa a Presidencia da Câmara como vereador mais votado?

Ao cidadão não basta somente apontar os erros, cabe-lhe também participar da solução. Estamos insatisfeitos com o rumo da política nacional, vamos tentar fazer alguma coisa também. Sempre acreditei na participação popular. Reconheço que a distância entre o agente político e o cidadão é muito grande. A minha proposta é aproximar a classe política da população.

Quantos vereadores tem a Câmara Municipal de Rio das Pedras?

Somos nove vereadores.

De quantos partidos políticos?

São seis ou sete partidos. Como Presidente da Câmara temos a proposta de que somos todos diferentes, como ser humano, ideolgias diferentes como partidos políticos, mas podemos usar aquilo que possa ser comum. Em principio o vereador só tem que pensar que quer transformar a sociedade para melhor. Tem que criar uma estrutura para que você viva melhor na sua cidade. Tem que trabalhar com essas diferenças para unir esse desejo de praticar o bem com harmonia.

Como é a relação da Câmara Municipal com o prefeito Antonio Carlos Defavari?

O prefeito Carlos tem uma postura de dialogo, sabemos das dificuldades existentes , mas ele nos ouve. Talvez outros fatores aconteçam para que as coisas não ocorram como deveriam. Sabemos exatamente quais são os problemas, em um momento com poucos recursos financeiros. Temos problemas com a saúde, que infelizmente não ocorre só com Rio das Pedras, temos que tentar melhorar dentro do nosso municipio.

A União e o Estado fornecem verbas?

Tem subsídios, só que são insuficientes para funcionar o sistema de saúde. Um sistema de educação que atenda as necessidades. Os nossos profissionais de educação em Rio das Pedras são muito capazes. Tem condições de elaborar seu material de ensino, nesse momento até para conter as despesas estamos precisando que eles invistam em suas criatividades, coloquem suas experiências para colocarmos na manutenção das escolas.

Ser professor é uma carreira diferenciada?

As pessoas que são professores são pessoas especiais. Fomenta, é o fazedor de sonhos. Tem que estimular a capacidade das nossas crianças e jovens, para que eles consigam ser alguém. Um ser humano digno.

A sessão da Câmara Municipal é em que dia da semana?

É realizada toda segunda feira, as 19:00 horas, o plenário é aberto, qualquer pessoa pode assistir. Tenho levado muito a sério a questão da divulgação, houve época anterior a nossa, onde criticava-se por algumas decisões serem tomadas de forma conhecida por poucos. Mesmo quando há necessidade de fazer uma sessão extraordinária, usamos o nosso site, os meios de comunicações disponíveis.

Como está a segurança?

Problemas com segurança, saúde são decorrentes de problemas sociais sérios. A partir do momento em que você começa a melhorar o relacionamento da sociedade com os serviços aos quais ela tem direito, tudo começa a ser melhorado. O ambiente físico sendo mais adequado. Melhor iluminação, transporte público mais adequado. Isso tudo implica em um contexto interligado.

O Estatuto da Câmara é permanente ou sofre alterações?

Este ano vamos mudar a nossa Lei Orgânica. Precisa ser revista, muita coisa foi modificada, está com 30 anos de existência.

O cidadão tem acesso fácil ao Presidente da Câmara?

Estou aqui todos os dias. A Câmara é a casa do povo, estamos a serviço do povo. É nossa obrigação ouvir a população. Esse é um principio que tenho, de transparência. Se com o meu dinheiro tenho uma preocupação, com o dinheiro do publico a minha preocupação deve ser um milhão de vezes maior. Para ser bem aplicado, bem gasto e bem visto pela população.

O cidadão participa ativamente das decisões?

A nossa estrutura social não estava permitindo essa participação. Estamos trabalhando para que ele não esqueça em quem ele votou. Acompanhe o trabalho que está sendo feito. Não podemos na política dar margem para aventureiros. As pessoas que vem para a política tem que ser pessoas sérias, honestas e com compromisso com o bem estar da população.

A seu ver como deverá ser o futuro de Rio das Pedras?

Um futuro promissor! É uma população generosa, que tem amor a cidade, estamos nos desdobrando para fazer o melhor possível. A educação transforma cérebros. Conseguimos através do meu partido, o Partido Verde, com apoio do deputado Chico Sardelli, a UNIVESP Universidade Virtual do Estado de São Paulo, vai começar agora em 2018: Engenharia de Computação; Engenharia de Produção e Pedagogia. São cursos inteiramente grátis, com professores das nossas melhores universidades. Com obrigatoriedade de presença uma vez a cada 15 dias.

DAIANE BEATRIZ AMARAL


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 10 de março de 2018.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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ENTREVISTADA: DAIANE BEATRIZ AMARAL



 

Daiane Beatriz Amaral nasceu a 6 de dezembro de 2002 na cidade de Rio das Pedras, Estado de São Paulo,  é filha de Mauricio Inácio Amaral e Karina Gardim Amaral que também são pais biológicos de mais dois filhos.

Você nasceu e permaneceu por algum tempo em uma casa?

Nasci e permaneci até os três anos e meio em um abrigo para menores, quando então fui adotada pelos meus pais acima citados.

Você lembra-se de alguma coisa do tempo em que permaneceu no abrigo?

Não me lembro de nada.

Quando você começou a estudar?

Eu freqüentava a escola de propriedade da minha mãe adotiva.

A sua visão tem um pequeno problema?

Tenho dificuldade em enxergar tanto de longe como algo que esteja perto, o mais difícil é o que está longe.

Só que isso não impede que goste muito de ler?

Gosto muito de ler e de escrever. Tenho muito prazer em escrever. Atualmente freqüento o ensino médio no colégio Colégio PoliBrasil em Piracicaba.

Dentro da sala de aula é normal a sua visão da matéria exposta?

Às vezes tenho dificuldade para enxergar mesmo. Pego o caderno emprestado de outros amigos, peço para a professora escrever com letras maiores, aprendi a me virar assim!

Qual é o diagnóstico que o médico deu a respeito da sua visão?

Não sei responder a essa pergunta, o assunto foi tratado entre o médico e a minha mãe.

Aos 15 anos, nos dias atuais, você, como os demais jovens, tem uma vida social, como é a sua?

É normal para a minha idade, embora seja bem tímida. Gosto ainda de brincadeiras que me remetem a infância, uma delas é correr.

A leitura entrou em sua vida quando?

Logo que aprendi a ler me apaixonei pela leitura.

Qual é o gênero de literatura que você prefere?

Gosto muito de ficção científica. Assim como li Monteiro Lobato, admiro a forma como ele escreve. Queria ter o dom dele, de Camões em Os Lusíadas.

Cinema você freqüenta?

Raramente.

Além de gostar de ler, escrever é também uma paixão?

Gosto muito! Escrevo sobre os acontecimentos que ocorrem pelo mundo, sobre a violência, guerras, qual é a minha visão de um mundo ideal, quais seriam os meus sonhos, como o mundo deveria ser. Como o nosso mundo pode melhorar.

Você tem as soluções para os problemas que afetam o mundo?

Não! Mas gosto de imaginar! Se algumas das minhas idéias dessem certo seria muito bom!

O que mais a afeta?

Acredito que entre outros, o mal que afeta muitas pessoas é o preconceito. Julgá-las sem as conhecer. Separar as pessoas por classes, diferenças sem fundamento, acho que somos todos iguais.

As pessoas colocam rótulos nas outras?

Colocam um rótulo, padronizam.

O seu relacionamento com seus colegas é bom?

Considero normal. Os professores gostam muito de mim.

Você é uma boa aluna, com excelente desempenho em redação?

Destaco-me muito na redação de textos.

Pretende ser escritora?

Os professores de português me aconselham a escrever um livro. Fazem questão em serem os primeiros a receberem o livro.

Esse livro é sobre qual assunto?

Ainda não me decidi, mas penso em fazer uma autobiografia.

Você usa internet?

Uso! Tenho um canal no YouYube é o “Mundo Inverso 2.0”.

Como surgiu esse nome?

De repente surgiu em meus pensamentos a idéia do mundo como é, mas de uma forma diferente.

Você gosta de autores clássicos da literatura?

Gosto de Machado de Assis, Camões, poemas.

Como é vista uma jovem de 15 anos interessada em literatura clássica?

É estranho para eles. Entra a história de quando se tenta sair de um rótulo padrão, há uma exclusão natural.

Você gosta mais de poesias ou narrativas?

Gosto mais de narrativas. Tenho bastante material escrito, inclusive poesias.

Você freqüenta algum grupo literário?

Não, mas gostaria muito.

Em Piracicaba existem diversos grupos como, por exemplo, o GOLP- Grupo Oficina Literária de Piracicaba, o Clip - Centro Literário De Piracicaba. Em Paraty, reúnem anualmente na Flip - Festa Literária Internacional de Paraty  é um festival literário.

Nossa, que sonho! Já ouvi falar da Bienal do Livro.

Qual é a sua visão do ser humano?

Geralmente converso com meus amigos, digo-lhes que tenho medo das pessoas. Da maioria delas. Se você não é como elas são tendem a fazer ataques, julgamentos.

Uma ajuda profissional é importante?

Freqüentei psicólogo.

Você tem alguma religião?

Sou católica. Acredito em Deus.

O que é Deus para você?

É algo bom, acima de tudo e de todos, É perfeito, bom, mas sabe que não pode dar tudo ao ser humano sem que haja mérito, Deus é alguém que a gente não vê, mas sente com o coração. Quando você tem um problema e acha que tudo acabou Deus impressiona pela sua presença nesses momentos de dificuldades. Deus é muito complexo para ser explicado em palavras. 

O que está faltando para você lançar o seu livro? Patrocínio?

Seria interessante. Meu sonho é escrever um livro para as minhas escritas sejam reconhecidas.

Qual é o nome do livro?

Ainda não lhe dei um título. Gosto de escrever a história e depois ver o nome que combina com ela. Gosto de poder viajar.

Você usa um ônibus para viajar?

Não! Viajo parada mesmo! Escrever é uma viagem! Uma pessoa que lê vai para muitos mais lugares e conhece muito mais coisas e vive muito melhor do que uma pessoa que nunca leu ou não lê freqüentemente.

Como os seus pais vêem esse seu amor pela literatura?

Eles  gostam bastante dos meus textos, minha mãe geralmente quando vê um texto meu, acha que estou copiando de algum lugar. Ela usa um plagiador para ter a certeza de que é meu. Faz isso só quando acha que está muito bom. Quando ela faz isso tenho a certeza de está muito bom!

Qual é a imagem que você faz da sua futura profissão?

Às vezes vejo-me como filósofa, como bioquímica ou como escritora. Algo que faça pensar. Algum trabalho em que tenha que raciocinar muito.

Você sabe que um grande mal que acomete a humanidade é tomar atitudes mecanicamente?

Sei! Antes de fazer algo temos que pensar.

Alguém já lhe disse que tem um quociente intelectual acima da média?

Algumas vezes uns amigos disseram-me isso, mas é uma área da qual eles não tem conhecimento.

Você busca ler livros de filosofia?

Sim, li. Li “O Príncipe” de Maquiavel. O último livro que li foi de Charles Darwin autor da teoria da evolução das espécies, e também de frases, textos, pensamentos, poesias e poemas.

Você escreve também em outro lugar na internet ?

Escrevo em “Cria-te Vidas” um aplicativo tumblr. Ali escrevo minhas coisas.

Você faz poesias com rimas?

Gosto com rimas.

Quais são as atividades dos seus pais?

Meu pai trabalha com máquinas. Minha mãe é professora universitária, e também a tarde ela trabalha com crianças que tem necessidades especiais.

O que você sente nessas crianças portadoras de necessidades especiais?

Pureza!

Você conhece o mar?

Conheço mas não gosto muito por causa do sal, prefiro a natureza dos campos.

Você usa telefone celular?

Bastante!

Isso não interfere no seu gosto pela literatura?

Não porque leio muito no celular! Os textos que escrevo passo para o celular é comum ler mais de uma vez o mesmo livro.

Você usa o celular como ferramenta de leitura também?

Também!

Você é de uma geração que já nasceu com a informática abrangendo o cotidiano, por acaso você conhece uma máquina de escrever?

Só por fotografia!

Tudo indica que você irá cursar uma Faculdade de Letras?

Acho que é a área que mais tenho dom para fazer, embora não acredite muito em dom.

Todos têm momentos felizes e outros não tão felizes, a sua inspiração aparece mais em que fase?

A inspiração muitas vezes ocorre nos momentos difíceis, como um desabafo não explícito. A pessoa tem que sentir o texto e não apenas ler.

Alguém já lhe disse que algum texto seu a tocou profundamente?

Já, várias vezes. Inclusive hoje na escola. A professora de redação passou um trabalho que tinha que escrever um texto descritivo, ela disse que se impressionou muito e o meu texto tocou o seu coração.

A evolução humana é evidente se analisarmos as condições de vida de séculos passados. E a espiritual?

Acho que a evolução foi maior no aspecto material, esqueceram de igualar a evolução tecnológica com a evolução humana, que continua lá embaixo!

Qual é o remédio para isso?

Não sei não! Acho que as pessoas necessitam parar de pensar tanto na parte material e pensar nas coisas que realmente tem valor, as essências.

Como você se vê no espelho?

Nossa! Essa é uma pergunta complicada!

Ao mencionar espelho, quero dizer como você se vê internamente?

Vejo-me diferente! Às vezes invisível.

Você gosta de plantas, animais?

Gosto! Tenho dois gatos e um cachorro. Um gato se chama Cloe e o outro Bartolomeu. O cachorro é o Fred

Na escola suas aptidões a torna uma aluna exemplar?

Acho que sou uma boa aluna, mas sempre há condições de melhorar.

O brasileiro ao que consta lê muito pouco, qual é a sua opinião?

É algo ruim! A evolução humana diante da tecnológica já está desequilibrada, a saída é conscientizar, até tem projetos para leitura, só que não chega para todo mundo. As pessoas deveriam ler mais, fazer algo que elas gostam, nem que não seja leitura, mas a prática de um esporte.

Leitura é como praticar esporte, começa aos poucos?

Ela vai evoluindo. A pessoa tem que dar uma chance para a leitura. Falta cultura.

Como você vê o brasileiro?

Começamos errados com as favelas, quando foram criadas, não sei se é muito importante dizer como é ou como deveria ser o que temos é muita coisa para melhorar. Muitos erros que foram feitos no passado e agora estamos sentindo,

Você sabe que o Brasil é um dos 10 países mais ricos do mundo?

Sim! São  poucas as pessoas que tem muito e muitas as pessoas não tem quase nada.

Como você vê toda essa movimentação política que a mídia traz todos os dias?

No Brasil, em sua maioria, é meio difícil acreditar que um político queira algo bom a não ser algo que vai ajudá-lo.

A partir dessa sua visão quando Maquiavel escreveu O Príncipe ele estava certo?

Estava certo! Temos que investir em cultura. As pessoas que votam não têm uma consciência perfeita de que estão votando nas pessoas corretas. Infelizmente a grande maioria dos políticos não tem nenhum interesse de que isso aconteça.

O atual regime penitenciário a seu ver recupera ou estraga mais ainda a pessoa?

Acho que estraga mais ainda. Falta cultura. No presídio ele fica para adquirir o ódio e sai de lá pior. Deveria sair como uma pessoa normal, de bom caráter, fazer as coisas certas.

Quantos cadernos você já tem escritos?

Escrevo no celular mesmo. Papel eu uso folhas separadas. Se juntar tudo dá para fazer um livro de umas 100 páginas.

Se tiver um patrocínio você publica?

Com certeza!

Você busca no dicionário as palavras novas?
Gosto de conhecer palavras novas, para aprofundar mais e meus textos ficarem cada vez melhores. Meu sonho é ter uma bib

MARCOS DOUGLAS VELOSO BALBINO DA SILVA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 17 de março de 2018.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: MARCOS DOUGLAS VELOSO BALBINO DA SILVA


 
O Juiz Titular da 2ª Vara Cível de Piracicaba, Marcos Douglas Veloso Balbino da Silva, 46, assumiu em 2016 a direção do Fórum de Piracicaba, cargo que estava sob responsabilidade do Juiz Wander Pereira Rossette Junior, desde 2005. Foi indicado por Rossette e outros juízes para assumir o cargo. Nascido a 29 de outubro de 1971 na cidade se São Paulo. Trabalhou no já extinto Tacrim (Tribunal Criminal).  Foi professor da Escola Superior de Advocacia de Jales, da Faculdade de Direito da Unicastelo e do curso preparatório para concursos e exames da ordem. É casado, pai de dois filhos.
 
Quantos juízes atuam no Fórum de Piracicaba?
São 14 cargos, 18 de titulares e 6 de auxiliares. Temos dois cargos de auxiliares que estão no concurso de promoção, no final de abril devem chegar os novos.
O senhor está em Piracicaba há quanto tempo?
Estou há 14 anos. Iniciei minha carreira como Juiz Substituto em Araraquara, fui Juiz Titular em Iepê, cidade próxima a divisa com o Paraná. Depois fui para Palmeira d'Oeste, no noroeste do Estado, e de lá me promovi para Piracicaba.
O senhor cursou direito em São Paulo?
Sou formado pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) situada em São Paulo.
O senhor iniciou atuando como advogado em escritório particular?
Eu era servidor no Tribunal de Justiça em 1994, em 1999 iniciei na magistratura, na época o período em que eu trabalhei como servidor contava como tempo necessário para prestar o concurso.
Em Piracicaba há acumulo de processos?
No Judiciário Brasileiro enxugam-se gelo, só a minha vara recebe de 140 a 180 processos novos por mês!
A Constituição Brasileira está defasada?
Infelizmente quem está defasado é o povo brasileiro, com suas obrigações, ninguém conversa, traz tudo para o judiciário, ninguém respeita o próximo, esse é o problema.
Antes de procurar o judiciário deveria tentar-se um acordo entre as partes por iniciativa delas mesmas?
Temos um grande problema, as Agências Nacionais que é uma idéia ótima, não funcionam, nós estamos com uma grande carga de processos de telefonia, de bancos, planos de saúde, isso é um complicador. Por outro lado temos uma população que em grande parte só pensa em si, no próprio umbigo, não precisava chegar até o judiciário, muitos processos não há necessidade de chegar até aqui.
Qual área processual o senhor julga?
Só julgo processos cíveis: acidente de trânsito, falência de empresa, dano moral, contratos bancários, consumidores, despejo, briga de sócio, briga de vizinho (não crime), se teve dano, dano moral.
Nesses anos todos, o senhor percebe se houve um acréscimo de ocorrências?
Só aumenta!  Aqui em Piracicaba eu cheguei para ser o décimo Juiz da Comarca, hoje estamos em 24 juízes. E não damos conta! Como aumentou o número de varas, aumentou o número de servidores. Não sei até quando o governo vai conseguir contratar para servir a justiça.
Há muito papel tramitando?
Não há mais papel no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Só os processos antigos. Desde 2013 todos são eletrônicos, tudo digital, não temos mais papel. (Enquanto conversamos Dr. Douglas através dos terminais sobre sua mesa, realiza algumas ações, consegue nos dar atenção sem perder um momento da sua atividade mais urgente). O processo é todo digital desde 2013.
O senhor acredita que a tecnologia avançou muito e a parte humanística não evoluiu na mesma velocidade?
O senhor matou a charada! È isso mesmo! O Brasil só se desenvolveu na parte tecnológica, e não muito. Na parte humanística regredimos.
O senhor vê alguma solução para essa situação?
Para o Brasil? Só se começar tudo de novo!
Há os que defendem o controle da natalidade, a seu ver pode ser um caminho para a solução?
Não é só o controle da natalidade que irá resolver. O problema do brasileiro é moral, é ético, Hoje todo mundo tem acesso a internet, recebe um grande volume de informações, daria para entender o que é certo e o que é errado. Como deveria ser feito. E não é feito. Cansamos de ver pessoas que freqüentaram grandes escolas e tem desvio de conduta da mesma forma. O problema é da índole do brasileiro.
Isso não tem nada a ver com a classe social do individuo?
Não. O brasileiro quando tem oportunidade gosta de levar vantagem, ludibriar o próximo.
O senhor tem alguma fé religiosa?
Tenho!
O senhor considera a religião importante na vida da pessoa?
Para os que acreditam, sim.
O senhor acredita que se tivéssemos um pouco mais de fé seríamos diferente?
Não é apenas ir a uma determinada religião que irá mudar o indivíduo. Canso de passar em frente a determinadas igrejas e vejo veículos parados em locais proibidos. Ou em frente a entrada de uma garagem. Tenho amigos que tem que localizar quem está assistindo uma cerimônia religiosa e deixa o carro estacionado em frente a sua garagem. A questão não é divina, é do próprio cidadão.
A impressão que se passa é que o país não cresceu, inchou.
Continuamos iguais a quando os portugueses aqui chegaram cada um por si e Deus para todos! Ninguém está pensando no próximo, em sociedade, em coletividade, pensa nele!
Ao julgar uma causa o trabalho do juiz é desgastante?
O trabalho do juiz é baseado no que? Na Constituição, na Lei e nos fatos que as partes trazem. O Juiz não é Deus, não é onisciente nem onipresente. Às vezes ele julga, mas não faz justiça. Porque ele não estava lá. As testemunhas vêm até aqui, mentem, e mente bem, a pessoa sai injustiçada. Temos que privilegiar a boa fé das pessoas. Mas nem sempre é isso que vemos. As pessoas têm que entender que o juiz usa duas ferramentas básicas: Constituição e a Lei. A Constituição traz os princípios e a Lei acaba detalhando mais esses princípios, e os fatos que as partes trouxerem, o juiz não estava lá. Até porque se ele viu o que aconteceu ele não é juiz, é testemunha.
Há muitas décadas, a farmácia era um dos locais onde intelectuais, autoridades, passavam para “um dedo de prosa”. Com o crescimento desses povoados, isso terminou. Com o advento da Operação Lava Jato houve uma glamorização da profissão?
Não concordo! Ao contrário, só o colega do Paraná recebeu a glória, os demais são tachados: ganham muito, não fazem nada.
Essa história de ganhar muito é relativa, há muitos advogados que ganham muito mais!
Os bons advogados ganham muito mais. Esse muito pode por bastante, muiiiito mesmo!  Quanto ao juiz, a população tem que pensar que se não pagar bem, quem vai querer ser juiz? Você tem que atrair os melhores quadros, tem que competir com a iniciativa privada, os bons tem ótimas propostas por parte da iniciativa privada. Se você pagar mal ao juiz, irá atrair pessoas não tão capacitadas, a corrupção que hoje está a níveis baixíssimos na magistratura, ela está dentro do ser humano. Se você paga mal, começa a vir gente não tão capacitada para ser juiz. Só que pense: o juiz tem o poder da caneta, você pode trazer pessoas despreparadas e mal intencionadas. O rapaz ou a moça que sai da faculdade vai pensar, vou ser juiz, quanto vou ganhar? Cinco mil reais? E ser advogado de uma grande empresa? Cem mil reais? Qual será a escolha que irá fazer? A pessoa que tem mais capacidade tende a ir onde tem melhores condições de trabalho. Uns querem achatar o salário do juiz? Tem uma conseqüência. Hoje poucos passam no concurso para juiz, promotor de justiça. São muitas vagas e poucos que ingressam.
Acumulando a direção do Fórum e a magistratura o senhor tem uma carga grande de trabalho.
Ainda bem que tenho uma estrutura de funcionários muito boa, tanto no meu cartório como na administração. Mas dá trabalho! São reuniões, com juízes, advogados, a imprensa procura muito mais o juiz diretor, você lida com diversos interesses, o Fórum é a casa do juiz, é a casa do promotor de justiça, é a casa do advogado. Temos 600 servidores distribuídos em três prédios. Temos o prédio principal, ao lado temos o Cartório do Juizado Especial Cívil Criminal e na Rua Moraes Barros Cartório da Vara da Fazenda Pública, temos que administrar o interesse de todo mundo, da população que vem dos policiais civis e militares, dos guardas municipais. Não é simples. Temos 6 Varas Cíveis, 4 Varas Criminais, 3 Varas de Família,  1 Vara da Infância, 1 Vara Júri e Execução Penal, 1Vara Cívil e Criminal e 2 Varas da Fazenda Pública sendo que a Segunda Vara da Fazenda Pública estamos aguardando agenda do Presidente do Tribunal para instalação.
Há um projeto para um prédio novo?
Temos o terreno doado pela prefeitura estamos em conversações com o Estado para ver se vai construir ou não, de que forma vai ser com dinheiro público ou dinheiro privado mediante concessão ou permissão.
Ser juiz é uma sensação boa por estar prestando serviço e de muita responsabilidade. Qual é o sentimento de um juiz?
É a primeira vez que me perguntam isso! Falo por mim. Sou feliz com o que eu faço. Sei que mandei prender muita gente, tirei muita gente de casa, tirei filho de muita gente, mas me sinto realizado porque é a nossa tentativa de fazer justiça. É gratificante resolver um problema, principalmente quando você vê que fez justiça.
O senhor é visto com muito respeito.
A população tem um respeito pela figura do juiz por ser a última defesa do cidadão. Quando o cidadão não consegue resolver o seu problema, é perseguido por ente privado ou público, é aqui que ele vai ter a sua salvaguarda.
Como Diretor do Fórum o senhor tem algum horário diferenciado?
O povo não entende. Muitos dizem “-O Juiz só vai a tarde!”. O que acontece? O nosso trabalho é muito intelectual. Pensar. Raciocinar. No pequeno espaço de tempo que você está aqui por quantas vezes tocou o telefone? No mínimo quatro vezes. Quantos que entram e saem da minha sala? Muita gente. Dependendo do caso, você não consegue dentro do Fórum dar uma solução. O advogado vem para despachar, você é obrigado a atendê-lo. O que acontece? Muitos colegas acabam trabalhando em casa. Lá é um ambiente tranqüilo, se tranca no escritório dele, com os livros, e está decidindo, um casinho de despejo, em que o cidadão não pagou, é simples. No meu caso eu tenho a recuperação judicial da  Dedini. Tem 22.000 páginas digitais! Fora os anexos que deve dar umas 10.000 páginas! Esse é um dos 4.000 e poucos processos em que estou trabalhando.
O senhor tem que ler 22.000 páginas do processo?
Já li! Conclusão, o juiz tem uma carga mínima de comparecimento no Fórum que é das 13:00 às 18:00 horas. (Pela quinta vez toca o telefone). Com o processo digital, hoje mesmo trabalhei em casa. Além disso, atuo no Colégio Recursal, ou seja, todos os processos de pequenas causas, os recursos não vão para São Paulo, ficam aqui em Piracicaba. (Nesse momento uma pessoa autorizada entra na sala e dá um pequeno aviso ao juiz). Além disso, sou Corregedor do Segundo Tabelionato de Notas. Qualquer problema que a população tiver lá, reclama comigo.
E a senhora sua esposa consegue entender esse trabalho intenso?
Senão não teria casado comigo!
O senhor tem algum livro escrito?
Como eu disse, não tenho tido tempo. Admiro quem tem tempo de escrever um livro. Se eu fosse escrever um livro seria uma obra jurídica, abordando a parte técnica.
O senhor ainda estuda bastante?
O certo seria abrir um livro e ficar a tarde inteira lendo, mas não dá tanto tempo, com isso acabo estudando para o caso. Quando é um caso complicado vou estudar a doutrina daquela matéria.
Ou seja passa a vida inteira estudando?
Para quem gosta de ler, o caminho certo é ser juiz.
Com relação a recursos financeiros o judiciário também sente dificuldades?
Dependemos de o Executivo passar o dinheiro para o Judiciário. Todo ano o orçamento do Tribunal de Justiça sofre cortes.  Nunca vem o dinheiro que o Tribunal de Justiça entende necessário para administrar toda a máquina. Teria que ser 6% do orçamento, mas não vem, Chega em torno de 4,7%. (nesse momento Dr. Douglas já despachou eletronicamente, seu dinamismo impressiona).
Essa adaptação à informática já foi absorvida pelo Judiciário?
Os juízes já estão adaptados.
Há uma aproximação maior do Judiciário com a população?
Hoje há muito mais acesso ao judiciário do que antigamente. Não é se aproximando da população que o judiciário vai piorar ou melhorar, o juiz julga com base na Constituição e na Lei. Se for para aproximar para saber o que a população quer, ai vamos para a praça pública julgar as pessoas, como era na Roma antiga. (Dr. Douglas lembra os sinais feitos pelos romanos: polegar para cima era sinal de absolvição, polegar para baixo era sinal de condenação). Muitas vezes o que a população quer não é o justo, o certo.
A mídia ajuda ou atrapalha?
Ajuda e atrapalha.
O senhor acredita que as perspectivas futuras do Brasil é ter seus sonhos realizados?
Não. Ele só está regredindo, na minha visão é só piorar. Não precisa ser juiz para ver isso, é só olhar o que está acontecendo no país: na política, sociedade, instituições, mesmo a vida privada, está um caos! Não dá para falar que as coisas estão bem.
As vezes é necessário ir ao caos para voltar a ser melhor.
Mas quando o Brasil foi bom? Tenho 46 anos e não me lembro de pensar: “Nossa! Esse País está uma maravilha!”. O Brasil é um país do futuro! Só que o futuro já passou e estamos na mesma situação.
O senhor pratica algum esporte?
Jogo futebol e tênis.
Bom jogador de futebol?
Eu era! Jogava no meio, no ataque, na defesa. Depois de velho você vai recuando.
O senhor faz algum tipo de alimentação especial?
Como de tudo, moderadamente.
Piracicaba representa para o senhor uma cidade boa para morar?
Piracicaba é excelente! Muito boa para morar, aqui conheci a minha esposa, pretendo não sair daqui.
Normalmente o senhor despacha quantos processos por dia?
Depende muito do processo, do dia, Dedini quando tenho que despachar é o dia inteiro. Existem processos que são simples, com dificuldade média, difíceis. Existe um acompanhamento da produtividade do juiz, são bem rigorosos, eu não fico contando quantos processos despacho. Se ficar contando fico louco! No tempo em que eu iria demorar para contar já despachei outro processo. O volume é grande.
O senhor tem algum auxiliar nesses processos?
Aquilo que é básico, o cartório faz. Dar vista, a parte juntou um documento a outra tem que dar vistas, o próprio cartório faz. É o que chamamos de despacho de mero expediente ordinatório. As decisões mais complexas sobem para o gabinete tenho duas assistentes, são bacharéis em direito, que me ajudam em pesquisas de doutrina, jurisprudência, essas atividades.
Existe uma escala na carreira de juiz?
Você entra como juiz substituto, depois a primeira promoção é para juiz de entrância inicial, a próxima promoção é para juiz de entrância intermediária, depois entrância final, que é a que estou, e depois é desembargador. Para ser desembargador tem que ter tempo de carreira.
A aposentadoria compulsória de juiz é com que idade?
Com 75 anos.
Ele pode ingressar até com quantos anos?
Não tem idade limite. Era 45 anos, mas isso já caiu faz tempo.
É uma carreira que aos jovens bem intencionados é indicada?
Quem sentir-se vocacionado deve seguir. Eu não me arrependo nem um minuto. Eu me decidi quando estava no terceiro colegial. Queria ser juiz. Tanto que fui fazer direito já sabendo o que queria ser.
A forma de lazer é a mesma das outras pessoas?
Juiz é uma pessoa comum. Faço tudo que o cidadão comum faz. Geralmente tem juiz que é mais caseiro outros gostam de sair. Alguns são mais retraídos outros não. Isso é da personalidade da pessoa, não do cargo.
 

domingo, março 11, 2018

GERALDO GALVÃO BRASIL


Sábado 06 de janeiro de 2018

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/


http://www.teleresponde.com.br/




ENTREVISTADO: GERALDO GALVÃO BRASIL

Por muitas décadas Piracicaba, que sempre teve um índice de ensino de nível elevado, encontrou em um dos seus estabelecimentos, tudo, ou quase tudo que o estudante necessitava. Quando não havia em estoque, ou então era uma obra recém lançada a Livraria Brasil trazia rapidamente. No início das aulas ir a Livraria Brasil era como entrar em uma colméia. A farta variedade de material escolar, desde lápis e canetas coloridos, livros escolares, cadernos espirais (Que eram para os alunos cujas famílias tinham poder aquisitivo maior). O que conquistava o cliente, entre outras coisas era o atendimento, dos seus proprietários, das balconistas, muito solícitas, em meio àquele tumulto todo, listas e mais listas de material escolar, papel pardo ou então plástico comum para encapar os cadernos e livros, naquela época todos os cadernos eram encapados com papel pardo ou rosa, não existia o papel adesivo Contact, cada matéria recebia uma etiqueta, com o nome da mesma e do aluno. A simplicidade e atenção com que os proprietários atendiam eram de uma delicadeza impar. Os estudantes da época lembram com nostalgia e certo romantismo daquele tempo. Um detalhe muito interessante: o livro que o irmão ou irmã mais adiantado na escola, utilizava, era reutilizado pelo filho que vinha em seguida, ou doado a alguém que iria utilizar. Não havia essa dinâmica maluca de “mudança” infinita de métodos pedagógicos que descartam livros e mais livros, muitos até embalados em pacotes nunca abertos, distribuídos “graciosamente” pelo poder público, em quantidades fenomenais. Um verdadeiro abacaxi para os diretores de escolas públicas, que recebem quantidades exorbitantes de livros, não podem descartar ou sofrerão as penas da lei, atulham salas de escolas. Sem utilidade alguma o destino certo deles é a reciclagem. Milhões são desperdiçados, beneficiando interesses escusos. Isso não existia!

Geraldo Galvão Brasil nasceu a 24 de setembro de 1945, em Piracicaba, filho de Osvaldo Dias Brasil, piracicabano e Maria Joana Galvão Brasil, natural de Botucatu, professora no Grupo Escolar Barão do Rio Branco em Piracicaba, ele tinha uma joalheria, na Galeria Brasil, a Papelaria Brasil era de um lado e a joalheria era do lado oposto. Tiveram dois filhos: Geraldo Galvão Brasil e Oswaldo Galvão Brasil, professor universitário, da UNESP de Botucatu. Geraldo Galvão Brasil casou-se em primeiras núpcias com Maike Gerken Brasil, tiveram três filhos: Alexandre, Betina e Henrique. Em segundas núpcias casou-se com Roseli da Silva Fernandes.

A família Brasil e a cidade de Piracicaba mantêm uma forte ligação.

Faço parte da família Brasil, por décadas os Irmãos Brasil eram muito conhecidos em Piracicaba, isso até  pouco tempo. O meu tio Francisco(Chiquito) e o meu tio Paulo, em função principalmente da livraria e papelaria.

O seu pai Osvaldo Dias Brasil em função da relojoaria?

O meu pai começou a vida como linotipista, isso antes de casar, teve um problema respiratório, permaneceu uns tempos em Campos de Jordão, quando ele voltou foi trabalhar com o meu tio João Caruso, casado com minha tia Laudelina, na época era proprietário de uma joalheria, a Casa Caruso, situada a Rua Governador Pedro de Toledo , ao lado da Hoppner Chapéus em frente a Casa Bischoff que trabalhava com fotografias e material fotográfico. Quando a pessoa entrava na Relojoaria Caruso, tinha uma banca onde meu pai consertava os relógios. Na esquina da Rua Governador Pedro de Toledo com a Rua Moraes Barros havia a Relojoaria Gatti. O meu pai começou sua vida consertando relógios, geralmente suíços, dava-se corda para que funcionasse. Eram das marcas: Longines, Cyma, Omega,












os relógios femininos eram pequeninos. Meu pai foi um grande relojoeiro, me ensinou a consertar despertadores, que são mais fáceis de consertar, os Westclox por exemplo. Minha mãe era professora, ela e meu pai juntaram suas economias e adquiriram uma casa. Ele pediu demissão da Casa Caruso e abriu uma banca para consertar relógios, em uma garagem na Praça José Bonifácio, onde está o Banco Safra, em uma parte da área existia um armazém e a garagem. Continuou consertando relógios, sempre teve muitos fregueses. Ele decidiu aumentar, na mesma garagem, mandou fazer uma vitrine, foi para São Paulo, comprou dois ou três relógios, colocou-os na vitrine, não demorou um mês e os relógios foram roubados, isso faz uns 60 anos! Meu pai não desanimou, continuou trabalhando, Com a intenção de crescer, ele alugou na Rua Governador Pedro de Toledo, um salão grande, no fundo era uma casa com três quartos. A casa existe até hoje! Ao lado tina a sapataria Batta.  

Já existia a Livraria Brasil?

Os meus tios tinham a Livraria Brasil na Rua Moraes Barros. Era grande, no fundo tinha um puxadinho onde os dois ficavam era o escritório deles, ali permaneciam trabalhando. Ao  lado da loja, o Banco do Estado de São Paulo, BANESPA, começou a fazer o seu prédio de Piracicaba. Estavam fazendo as fundações, tinham escavado uma área enorme, isso em um período de chuvas intensas, até que a loja inteira dos meus tios caiu! Os dois estavam nos fundos, não sofreram nada, só que da loja não sobrou nada. Provisoriamente eles abriram a livraria na loja onde meu pai ia montar a relojoaria, meu pai foi para uma loja muito pequena, nós morávamos atrás, ficava embaixo da Rádio PRD-6.






Ele fez uma loja na frente com relógios e jóias. Ao lado, ninguém via, ele consertava relógios. O terreno onde existia a livraria que caiu, pertencia aos meus tios. Decidiram fazer um prédio, e fizeram a Galeria Brasil, com várias lojas e o Edifício Georgetta Dias Brasil com 18 apartamentos, o engenheiro foi Luiz Lee Holland. Foi o primeiro edifício da cidade. Meu pai ajudou muito meus tios a construir.




E com elevadores!

Meu pai tinha uma característica, ele fazia qualquer coisa, montaram dois elevadores Atlas, os primeiros elevadores da cidade, começava a funcionar e dava problemas. Ele abria em casa o mapa técnico do elevador, estudava, estudava, ele era muito quieto. Ficava por horas estudando o mapa. Ia olhava as máquinas, voltava, até afirmar: “É este aqui o problema!”. Ele consertava o elevador. Conto isso com orgulho! Quando o prédio ficou pronto veio a livraria de um lado e a relojoaria que estava embaixo da PRD-6 foi para lá. Isso tudo levou alguns anos. No final da Galeria Brasil acabava e tinha a casa do caseiro.  O Edifício Lúcia Cristina foi construído pelo Aristides Gianetti, que foi proprietário do Hotel Central. O Edifício Guidotti foi construído por ele mesmo, depois se uniram formando três galerias: Galerias: Brasil; Gianetti e Lúcia Cristina.



Você jogou bola no campinho de futebol que havia ao lado do Hotel Central?

Joguei! Joguei inclusive com o Fernandinho Gianetti. Era um craque, magrinho, mas no campo com a bola no pé era um monstro.

Você estudou aonde?

O curso primário eu fiz no Grupo Moraes Barros, para ingressar no ginásio tinha que fazer um cursinho, a professora era Da. Amália, fui estudar no Sud Mennucci, no meio do  terceiro ano do curso científico, eu tinha feito um concurso para ingressar no Banco do Brasil, veio a noticia de que tinha sido aprovado e deveria tomar posse. Comecei a trabalhar na agência centro, Avenida São João, 32, em São Paulo. O grupo que tínhamos entrado juntos foi removido para Vila Maria, na Avenida Guilherme Cotching, era tudo terra. Fomos inaugurar a primeira agência do banco na Vila Maria. Montamos a agência do zero. Naquela época nem computador tinha.

Nessa época você também estudava?

Fiz o curso de Economia no Mackenzie e morava na Rua Maria Antonia. Eu vivi a época em que a Rua Maria Antonia era efervescente. Tempo do Zé Dirceu e a turma dele.

Você chegou a ver os famosos embates da Rua Maria Antonia?

Muitos! Foi muito feio. Carros que explodiam, tiros, gritos. A Faculdade de Filosofia da USP era na Rua Maria Antonia e o Mackenzie era do lado. Esse negócio de esquerda e direita é uma confusão, sempre achei um negócio estranho, a Filosofia brigava com o Mackenzie, diziam que o Mackenzie era dos ricos e os filósofos eram os pobres. Tinha uma luta de classes entre pobres e ricos.

Isso foi na época do Chico Buarque?

Acredito que ele estudou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU, na Cidade Universitária, tinha um barzinho na Rua Doutor Vila Nova, que o mundo freqüentava, inclusive o Chico. No João Sebastião Bar já haviam passado muitos nomes famosos da música popular brasileira. Foi durante muito tempo o "point" da MPB. Existia a boate La Licorne, que rebebia personalidades como o diplomata americano Henry Kissinger, Nat King Cole, Júlio Iglesias. Funcionou de 1965 a 1991. Não sei quem fez, mas mudou a Rua Major Sertório e imediações. Era um lugar muito bonito. Era muito caro, aos 20 anos de idade, o passatempo era ficar na porta olhando o movimento. Lembro-me daqueles cinemas todos: Marrocos, Metro, República. No Largo do Arouche tinha a Esquina da Caipirinha,  aos fins de semana enchia, todo mundo tomando caipirinha. Comi muito no restaurante O Gato Que Ri. No Ponto Chic do Largo Paissandu, onde o Bauru foi inventado. .Nessa época tinha Bossa Nova, Tropicália, O Fino da Bossa no Teatro Record, na Avenida da Consolação eu muito ver Elis Regina, aqueles artistas famosos, até que pegou fogo. A Moustache na Rua Sergipe, uma das boates freqüentadas pela nata paulistana nos anos 60 e 70. Os que andavam por ali encaravam a ferveção das madrugadas. "A noite tinha perfume" segundo um dos seus freqüentadores.

Você é formado pelo Mackenzie?

Sou economista, sou Bacharel em Ciências Econômicas. Por volta de 1969 a 1970, eu cheguei em casa e tinha uma revista da Unilever, em inglês oferecendo uma oportunidade para participar de uma seleção de Management Trainee (Treinamento para Gerência), se passasse ficava três anos treinando, depois assumiria uma gerência, o anúncio ainda acenava com a possibilidade de fazer uma carreira internacional. Eu nunca tinha feito uma entrevista, não sabia como era uma multinacional, eu era um caipirão de Piracicaba! Dinâmica de grupo? O que é isso? Fiz por fazer, gostei me senti bem. Era na unidade da Gessy Lever no bairro Anastácio. Fui aprovado, eu tinha a intenção de trabalhar no Banco do Brasil, naquela época não havia Banco Central, o Banco do Brasil fazia esse papel, dos projetos econômicos. Voltei à Piracicaba, me aconselhei com os meus pais. Lembro-me que meu pai disse-me: “Cata (era como me chamavam em casa) faça o que você achar melhor!” Fui trabalhar na Unilever. Comecei uma vida nova, de marketing, planejamento que eu gosto muito. Dali a um ano, que eu já trabalhava na empresa, me convidaram para participar de um projeto: desenvolver o sabonete Lux de Luxo. A Gessy Lever foi uma grande escola, nos 15 a 16 anos que trabalhei lá fiz um grande número de cursos. Foi uma segunda universidade. Fiz muitos cursos na Inglaterra, fiz um curso muito importante de finanças, foi um curso longo. Outro curso também que foi muito marcante foi um de gerência. Dentro da empresa, esse curso era um ponto de demarcação, não era todo mundo que fazia. Nem todos são gerentes, eram poucas vagas. A Unilever me expatriou por dois anos, morei em Madrid.

Após a Gessy Lever qual foi a próxima empresa em que trabalhou?

Fui para a Firmenich SA, uma empresa suíça no negócio de perfumes e sabores. It is the largest privately owned company in the field and ranks number two worldwide. É a maior empresa nesse campo e ocupa o primeiro lugar em todo o mundo. [1] Firmenich has created perfumes for over 100 years and produced a number of well-known flavors.A Firmenich criou perfumes há mais de 100 anos e produziu vários sabores bem conhecidos. A primeira coisa que fiz foi ir para Genebra conhecer a empresa, no promeiro dia você é recebido pelo dono da empresa Sr. Firmenich. Achei isso muito impactante. Almoçamos, conversamos, na hora de vir embora ele me deu de presente um relógio. Conheci bastante sobre o assunto, estudei, fiz cursos. Permaneci uns dez anos na Europa, voltei ao Brasil e fui ser Gerente Geral da Divisão de Perfumes no Brasil. A Firmenich era tida como uma perfumaria de elite, só fazia perfumes muito famosos: Anaïs Anaïs, Opium, era um mercado muito restrito no Brasil. Consegui um sucesso muito interessante, falo isso com muito orgulho. Quando eu estava para sair da Unilever, a pessoa que iria me substituir teve um problema, tive que adiar um mês a minha saída, trabalhei um mês como se não tivesse saído o presidente da Unilever, um holandês, bateu na porta da minha sala, perguntado se podia entrar. Imagine! O presidente da empresa! Conversou comigo coisas normais da vida, desejou-me toda a sorte, me agradeceu por tudo que fiz que eu tivesse feito muitas coisas, não digo isso para contar vantagem, mas para narrar a história de uma pessoa. Eu assisti o inicio da implantação da informática na Unilever. Toda a estrutura de equipamentos de grande porte. Teve um coordenador que trouxe um Apple, com uma planilha do Excel, Começamos a mexer com Excel, que loucura! De repente todo mundo passou a ter PC, nessa época tinha uns relatórios da A.C. Nielsen vinham relatórios com 15 centímetros, 20 centímetros de altura, para analisar aquilo demorava muito tempo. Hoje todo mundo tem online no seu computador. A informática mudou o mundo, acho isso fantástico, me esforço para pelo menos conceitualmente entender o que está acontecendo e o que irá acontecer nessa área.

Na Firminich tinha que viajar muito para outros países?

Um projeto de perfume é internacional, não é uma companhia que faz, pede perfume para Firminich de diversos países, Isso tudo através de telex, fax e telefone! Discutir perfume por telefone em inglês é uma tarefa e tanto! Na época eu ia muito à Genebra. Foi uma época muito romântica. A indústria da perfumaria é bonita, refinada, glamorosa, não no sentido negativo. É uma arte. Conversar com um perfumista é muito interessante, aprendi muito.

Após alguns anos você mudou de empresa?

De lá eu saí e fui para a Credicard, por incrível que pareça eles não tinham marketing, só tinha o cartão Credicard e Diners, convidaram-me, eles queriam uma pessoa que conhecesse marketing para montar uma equipe de marketing, teve um desenvolvimento maior do que eu previ! O cartão de crédito é uma operação 100% informatizada e extremamente complexa! Você coloca o seu cartão aqui em Piracicaba debita em sua conta em Londres! Automaticamente! On-Line! Formei uma equipe fantástica, fizemos grandes trabalhos, fizemos pesquisas para fazer uma comunicação mais adequada, foi uma experiência boa, fiz grandes amigos.

Com a sua experiência de vida, tendo conhecido inúmeras cidades, praticamente boa parte do planeta, como é a sua relação com Piracicaba?

Eu nunca quis sair de Piracicaba, fui levado pela vida, pelas circunstâncias e sempre quis voltar. Minha mãe viveu por oito anos no Lar dos Velhinhos de Piracicaba, até falecer, feliz da vida! Acho que o piracicabano deve orgulhar-se muito do Lar dos Velhinhos de Piracicaba, não conheço outro lugar parecido com este.

 

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