Entrevista realizada a 10 de
novembro de 2015
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 14 de outubro de 2015.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 14 de outubro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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ENTREVISTADA: ARACY DUARTE FERRARI
ENTREVISTADA: ARACY DUARTE FERRARI
Aracy Duarte Ferrari nasceu a 12
de julho, em Presidente Alves, é filha de Anselmo Duarte Filho e Maria da
Conceição Rodrigues Duarte que tiveram os filhos: Alice, Ayres, Aurora e Aracy.
A atividade principal do seu pai era comerciante, tinha um restaurante em
Presidente Alves. O trevo de Presidente Alves tem o nome do seu pai: Anselmo
Duarte Filho. A Sociedade de Beneficência Portuguesa de Bauru tem o nome do seu
avô: Anselmo Duarte.
O grande ator Anselmo Duarte tem algum grau
de parentesco com sua família?
Eu conversei com ele em uma das
reuniões do Clube dos Escritores, ele disse-me na época que sua mãe tinha o
sobrenome Duarte e que ele mantinha o nome de sua mãe. A irmã dele chama-se
Aurora Duarte o mesmo nome da minha irmã! Quem passa pelo trevo da Rodovia
Marechal Rondon imagina que o nome Anselmo Duarte é uma homenagem ao artista,
muitos não sabem que esse nome foi dado em homenagem a meu pai.
O grupo escolar você estudou em
que localidade?
O grupo escolar estudei em
Presidente Alves, no Grupo Escolar Coronel José Garcia, minha primeira
professora foi Da. Maria dos Santos. Sou da primeira turma formada nesse grupo
escolar. Como não havia ginásio na cidade a prefeitura mantinha um serviço de
transporte de escolares entre Presidente Alves e Pirajui. Ainda era estrada de
terra. Estudava no Instituto de Educação Alfredo Pujol. Lá fiz o ginásio,
magistério e fiz especialização para cursar a faculdade. Fui fazer a faculdade
em Bauru, sou da segunda turma da FAFIL, da Universidade Sagrado Coração de
Jesus – USC. Quando fui morar em Bauru já estava casada com Aldo Ferrari, que
era gerente do Bradesco. Fomos morar na Rua Adolfo Lutz. Casamo-nos na Igreja Matriz de Santa Cecília
em Presidente Alves, a 16 de julho de 1961. Quando o meu marido faleceu, eu
tinha 59 anos, ficamos casados por 35 anos e meio. Contrai segundas núpcias com
José de Arruda Ribeiro, agente administrativo da ESALQ. Formei-me como Pedagoga
especializada em Psicologia. Eu comecei a lecionar a 2 de julho de 1960. Meu
pai faleceu quando eu tinha onze anos. Minha avó Rosa Tereza de Souza tinha
muita cultura, meu tio-avô foi governador do Acre. Em Ourinhos tem uma rua
chamada Souza Soltelo, é o nome do irmão da minha avó.
Você além de lecionar passou a
ocupar outros cargos?
Depois fui coordenadora
pedagógica, diretora, na Escola Coronel José Garcia e depois em Bauru na Escola Estadual Professora
Ana Rosa
Zucker D'Annunziata, lá permaneci como diretora uns oito anos. Dei aulas na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em São Manoel. Trabalhei por 17 anos
na Escola Professor Jose Aparecido Guedes de Azevedo, em Bauru.
Quantos filhos vocês tiveram?
São quatro: Cristiane, Aldo José, Marcio Anselmo e Patrícia.
Além de Bauru, você trabalhou em alguma outra cidade
após essa etapa?
Fui coordenadora de matemática em São Paulo, trabalhei na
Divisão Regional de Ensino, conheci Thales Castanho de Andrade, tenho um livro
dele “Caminhos da Roça”, ele foi supervisor na Região de Bauru e Presidente
Alves também. Sempre gostei de saber por que determinada rua tem determinado
nome, qual é o significado. As cores nacionais não têm nada a ver com as cores
simbólicas da bandeira. Elas advêm dos imperadores: o verde é da família de
Bragança de Portugal a qual D. Pedro pertencia. O amarelo é da família de Habsburgo da Imperatriz Leopoldina.
Existe uma versão de que a cor verde da bandeira brasileira significa as extensas matas
e florestas de todo o Brasil. O amarelo representa popularmente o ouro e a
riqueza do país.
A meu ver é uma forma de apresentação
das cores verde e amarelo de uma visão romântica.
Como pesquisadora, você pode afirmar que
a história tem várias facetas?
Infelizmente, algumas vezes o conhecimento dado ao aluno
é falho mais por responsabilidade do professor que desconhece certos fatos.
Falta-lhe conhecimento da matéria que propõe a ensinar. Ele tem um conhecimento livresco, ele
limita-se a um programa a ser cumprido, ele está apoiado em um livro
pedagógico, apoiado pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP). Há pouco tempo discutimos em reunião o
conteúdo de alguns livros, eles foram excluídos. Não critico o professor que
segue as diretrizes, ele está baseado em um contexto onde há a programação que
ele deve cumprir. Portanto, o professor muitas vezes não vai além por falta de
conhecimento e também porque tem que cumprir a programação pré-estabelecida. O
conteúdo programático.
Aracy, dentro da sua trajetória, pode-se
dizer que atingiu um cargo relevante com qual denominação?
Foi o de Supervisora de Ensino, isso
dentro de uma unidade escolar. Na CENP situada na Rua João Ramalho, eu também
fui uma das coordenadoras do Projeto Geometria Experimental, nas quatro
Delegacias de Ensino: Bauru, Lins, Jaú e Botucatu.
Sob seu ponto de vista, o que piorou o
nível dos professores ou o nível dos alunos?
Honestamente acredito que ambos sofreram
um desnível. Os alunos desenvolveram-se na área de informática desde muito
jovens, a escola não tem essa estrutura de informática para acompanhar essa
nova metodologia. Nosso ensino está totalmente retrógrado.
O Brasil não investe em tecnologia?
Acho que em nível superior sim. Mas no
ensino fundamental os investimentos em tecnologia são parcos.
Você aposentou-se em que ano?
Aposentei-me duas vezes. Trabalhei 35
anos no Estado. Aposentei-me em 1987 e em 1995.
Ao aposentar-se, sua intenção foi de não
se dedicar a mais nada?
Muito pelo contrário, sempre tive essa
ansiedade de realizar outras atividades. Ao chegar a Piracicaba, em 1996, o meu
genro trabalha em uma empresa em Piracicaba, sabia que poderia ser útil à minha
filha, meus netos ainda eram pequenos. Além do que, os outros filhos estavam na
região e outra filha já morava aqui.
No período em que você trabalhou em São Paulo,
continuava morando em Bauru?
Eu ia e voltava todos os dias de ônibus,
pelo Expresso de Prata. Dei aulas em Araçatuba também. Íamos em um grupo as
sextas-feiras a noite dar aulas na faculdade. Foi um período áureo para os
professores, eram valorizados e respeitados.
Quando você mudou de Bauru para
Piracicaba onde foi morar?
Fui morar na Rua Ipiranga. Eu estava
procurando o que fazer. Através dos periódicos acompanhava todos os
lançamentos, reuniões abertas, eu ia a todas. Vi um artigo escrito no Jornal de
Piracicaba, “Amar, amar Piracicaba”. Escrevi um artigo sobre o tema. O Carlos
de Moraes Júnior do Clube dos Escritores leu e teve sua atenção despertada. Concomitantemente
tive contato com o Clip - Centro Literário de Piracicaba e com o Golp - Grupo
Oficina Literária de Piracicaba. Na gestão da
Maria Helena Corazza fui convidada pela Rosaly Aparecida Curiacos de Almeida Leme para participar como integrante da Academia
Piracicabana de Letras. Agora na gestão do professor Gustavo Jacques Dias Alvim fui convidada como
bibliotecária para preservar o acervo.
Além da literatura você participa de alguma outra manifestação cultural?
Comecei a
participar das artes plásticas, pintura em óleo e pastel. Estudei com a Luiza
Libardi, com o Gil, Denise Storer.
Quantos livros você tem publicados?
Estou
preparando o quinto livro. O primeiro deles é “Presenteando o Passado”,
“Memórias em Galhos Floridos”, “Mergulho Interior” e “Tardes de Prosa”. O
quinto ainda estou pensando em um nome. Em Piracicaba além de outras pessoas
tive inicialmente o apoio decisivo de Lino Vitti, Cecília Bonachela e Carlos
Moraes Júnior.
Quando você fala em coletâneas como podemos explicitar o seu significado?
Por exemplo, a coletânea Fênix de São Paulo, você
participa de um movimento literário, resolvem ter a produção de um livro e
todos participam do livro. Outras coletâneas passam por um processo de seleção.
Com uma dessas coletâneas ganhei um prêmio em Pirajuí. Falo realmente da
Estação da Estrada de Ferro Noroeste.
A sua forma de expressão mais utilizada é a crônica ou a
poesia?
Segundo Lino Vitti e o professor Hildebrando Afonso de André, o meu forte são
crônicas.
Como surge a
inspiração para escrever essas crônicas?
O que me ajuda muito são as músicas. Ao ouvi-las fico sensibilizada,
quem lê os meus livros diz: “Aracy! Eu li você!”. Eu me coloco muito nos
livros. Gosto muito de músicas clássicas, mas ouço até forró universitário. Ouço
o Padre Fábio de Mello. Gosto muito das musicas de José Augusto.
Você gosta de
dançar?
Danço demais! Sempre dancei! Tenho até um texto a respeito. “Quem sou
explico: Mãe e avó super protetora, corintiana pé de valsa, danço bolero, samba
e salsa”.
Escrever
funciona como uma terapia?
Acho que sim! Uma coisa curiosa é que meu marido Aldo
Ferrari foi meu aluno de magistério, ele era contador! Havia 105 alunos na sala
de aula, já éramos casados, por seis meses ninguém soube, até que um dia ele
colocou a mão em meu ombro e todos ficaram sabendo.
Você viajou para vários países?
Viajei pelo
Friendship Force International, fiz viagens por conta própria também. Recebo
muitas pessoas de outros países através do Frienship, geralmente são casais. Quando
perdi meu esposo fiquei noventa dias na Europa, eu tenho uma filha que morava
na Alemanha. O pessoal em Presidente Alves achava que meu marido e eu éramos
professores de dança. Quando ele faleceu passei a freqüentar grupos de orações,
festas beneficentes. Até que um dia uma das minhas filhas percebeu que eu
sentia falta de dançar, era uma atividade constante na minha vida e na vida do
meu marido. Sempre tive meu único namorado que depois foi meu marido. Não me
imaginava com outra pessoa.
Atualmente além de bibliotecária na Academia Piracicabana
de Letras você é secretária no Clube dos Escritores?
Participo do CLIP, do GOLP, e da APAP- Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos.
Já estou há 19 amos em Piracicaba, já me sinto piracicabana. Uma das atividades
que pratico é a corrida, a última corrida que participei foram, 10 quilômetros.
Faço hidroginástica. Procuro sempre uma conversa saudável, sem falar de
remédios, receitas e assuntos pertinentes.
Você é religiosa?
Sou. Participei de movimentos
religiosos. Participei do Movimento Familiar Cristão com o Frei Augusto Giroto.
Trabalhei com catequese durante nove anos.
A biblioteca da Academia Piracicabana de
Letras é restrita aos associados?
Ela não é uma biblioteca aberta, como a Biblioteca Pública Municipal. É utilizada apenas para consulta da própria diretoria e acadêmicos.
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