segunda-feira, dezembro 19, 2005

quinta-feira, dezembro 08, 2005

PETRUS

PETRUS



Os desenhos das suas costelas em sua simetria natural eram cobertos por sua pele fina coberta de pelos curtos, cor de canela. Os olhos negros, redondos, traduziam seus sentimentos. Corpo cansado. Suas unhas estavam gastas de tanto andar. Cicatrizes, de brigas, algumas por paixões, outras por fome, algumas por sua audácia ou pura ignorância da sabedoria humana. Raça complicada essa dos seres humanos! Uns acariciavam. Outros batiam. Não tinha regras definidas. Petrus ganhou esse nome já com alguns anos de vida. Tivera uma enormidade de nomes, apelidos, cognomes.
Um dia, com a fome apertando o estomago encontrou Ananias. Com aquele cilindro fumegante entre os lábios, encostado em um banco de lanchonete, recebeu um pedaço de mortadela. Foi o inicio de uma grande amizade.
Ananias, artista famoso pelos seus desenhos, era requisitado pelas grandes agências publicitárias. Como de habito, o serviço vinha com a recomendação “urgente”. Por comodidade, morando em uma cidade grande aonde o deslocamento da sua casa até o seu estúdio demorava ás vezes horas, construíra uma pequena suíte na casa onde funcionava seu importante ateliê.Sua família concordava com essa atitude racional.
Petrus passou a ser companhia constante do artista Ananias. De simples simpatizantes passaram a serem amigos inseparáveis. Aonde ia o artista, ia o vira-lata. Muitas vezes impedido de entrar em locais sofisticados, pacientemente Petrus passava horas esperando Ananias. O reencontro dos dois era comovente. A amizade pura e simples.
Os anos foram passando, Ananias adepto dos cilindros brancos que soltavam fumaça, passara a comer menos, não sentia muita fome. Apenas o apetite de Petrus continuava inalterado. Adorava olhar Ananias trabalhando, enquanto mastigava seu ossinho artificial, algo que nunca faltava. Uma tosse seca começou a tomar conta de Ananias. Seu rosto encovado, escondido por uma barba ia aos poucos enxugando mais.
Por insistência familiar, Ananias foi fazer alguns exames médicos. Os cilindro brancos tinham provocado o câncer de pulmão, doença altamente fatal. Lúcido como sempre fora sabia que estaca morrendo de câncer, tratou de colocar a vida em ordem, e usar o tempo que restava de modo produtivo. Falsas esperanças poderiam roubar o seu bem de maior valor - o tempo que se tem vivo. A amizade de Ananias e Petrus parecia ter redobrado. Petrus parecia sentir a doença de Ananias e sua morte próxima. No meio de uma campanha publicitária, com seus funcionários já repousando em suas casas, Ananias continuava trabalhando. Petrus ao seu lado. Por volta das 3 horas da manhã, Ananias deitou-se na cama que ficava em sua suíte. Ao seu lado Petrus.
Sentiu que ali terminava sua jornada. Ao seu lado, o vira-lata Petrus. Uma morte digna de um homem digno. Sentiu a lambida quente do animal tentando dar-lhe vida. Algo inútil no caso. Ananias preferiu morrer ao lado de um cão sincero do que a milhares de amigos que fizera em sua longa existência. Muitos eram seus amigos por puro interesse.

Essa história é real, apenas foram mudados os nomes por razões óbvias. Dedico á você meu querido professor, á você querido animalzinho que o assistiu seu dono nos seus últimos momentos. (Escrita por João Umberto Nassif).

quarta-feira, novembro 02, 2005

UM ENVELOPE POR TRÊS MIL REAIS

UM ENVELOPE POR TRÊS MIL REAIS

AUTOR: JOÃO UMBERTO NASSIF


Salin Farid estava caminhando pela cidade, quando encontrou com seu conterrâneo Ibrahim Mansur.
- Mansur! Vamos tomar cafézinho!
- Vamos Farid! Eu pago o café para você.
Ambos entraram no Café Central, um local onde circulam as cobras criadas da cidade, as línguas ferinas, os boateiros, também onde se têm informações mais precisas e rápidas do que na internet. Um burburinho toma conta do local. O café não é lá grande coisa. É feito em um bule enorme, que permanece o tempo todo em uma chapa de ferro aquecida.
- Farid, eu fiquei sabendo que você foi visitar a família lá no Líbano!
- Sim, Mansur, eu fui para ver mamãe. Aproveitei para visitar os parentes.
- Alguma novidade Farid?
- Apenas uma dançarina egípcia que anda enlouquecendo os homens com a dança do ventre!
- Você levou sua mamãe para ver espetáculo Farid?
- Mansur, você está louco da cabeça? Sabe que mamãe freqüenta apenas a Igreja. Aquela santa só sabe rezar! Olhe só aqui o que ela me fez trazer, 100 envelopes pré-selados, para que eu não tenha nenhuma desculpa, e sempre escreva para ela!

Aproximando-se do pacote com os envelopes, Mansur fica admirando a beleza do selo, com o tradicional cedro do Líbano estampado, borda dourada, uma maravilha de selo postal, seus olhos ficam úmidos, um clima de nostalgia acompanha o último gole de café.

- Mansur, eu vou indo até o banco, mas como você é meu irmão, quero dar-lhe um presente. Tome um desses envelopes. Escreve para a sua mamãe também!
- Farid, minha mamãe morreu já faz 10 anos!
- Não tem problema! Deixa cartinha no tumulo! Já está selada até o Líbano!

Assim Farid e Mansur despediram-se. Mansur caminhava, pensando em qual seria o melhor destino para aquele envelope que tinha na mão. Não tinha andado cinco minutos quando encontrou o Vitório Romano. Como sempre, muito falante, gesticulando muito, revoltado com a falta de apoio que os agricultores recebiam, Vitório era o típico sitiante. Amava a terra, admirava a força da natureza, e gabava-se de ser amigos de políticos influentes. Tinha na sala da sua casa fotografias tiradas ao lado de políticos em vésperas de eleições. Dizia a todos: - Tá vendo deputado tal? É amigão meu! E fulano que é prefeito? Só faz obras aqui na região depois de falar comigo! Assim prosseguia na sua preleção. Pensando em uma futura necessidade, quem ouvia não duvidava, mas também não acreditava muito naquelas amizades de fotografias.
Seu Mansur! Foi bom encontrar o senhor, que é um homem viajado. Preciso mandar uma carta para o Presidente da República! Ele precisa saber que ali no Ribeirão Tijuco Preto a pinguela (pinguela: apenas um tronco de árvore, sobre as águas) tá quase caindo. O Seu Leôncio, tomou uns goles no bar do Pedrão, foi atravessar a pinguela e quase caiu! Já pensou na tragédia se esse homem cai no Ribeirão? Ele tem quase 78 anos e não sabe nadar!
-Calma seu Vitório! Olha a coronária! O senhor pode ter um enfarte! O senhor chegou na hora certinha! Encontrei com um primo meu que é funcionário da embaixada do Líbano. Ele disse que quando eu precisar alguma coisa do Presidente da República é só mandar uma carta que é com selo da mala diplomática.

-Seu Mansur, homem de Deus, onde vou achar essa mala?

-É um envelope com selo oficial do Líbano. É de governo para governo. Coisa oficial. Está escrito no selo!

Vitório apesar das poucas letras, ainda assim conseguia ler alguma coisa, mas aquilo tava difícil. Um monte de risquinhos. Ele nunca tinha visto nada igual! Deve ser coisa de governo mesmo!
-Seu Mansur, o senhor sabe que sou líder comunitário do Bairro da Conceição, se eu não trocar aquela pinguela por uma ponte, perco prestigio. Se eu colocar uma carta para o Presidente da Republica nesse seu envelope diplomático o senhor garante que ele vai ler?
-Ele faz isso toda noite antes de dormir! Fica lendo envelope diplomático!
-Quanto o senhor quer desse envelope seu Mansur?

-Trezentos reais. É o valor oficial do correio! Só estou cobrando o selo!

Vitório coçou a barba rala, pensou na oportunidade, e fez a oferta:
-Seu Mansur, eu tenho um potrinho novo, que vale isso.

- Eu não tenho o que fazer com um potrinho. Mas para atender o líder da comunidade da Conceição eu aceito

Uma hora depois, caminhava Mansur puxando por uma corda um potrinho, quando passou por ele, o Coronel Ferreira, maior fazendeiro da região. Parou a caminhonete de luxo. Perguntou:
- Bom dia ! Tá vendendo o potro Seu Mansur?

- Bom dia Coronel Ferreira! Na verdade estou levando o
Quincas, esse é o nome dele, para treinar. É um autêntico campeão!

Seu Mansur, gostei do animal! Vou dá-lo para meu neto que faz
aniversário hoje. Aqui têm 3 mil reais.

- Infelizmente não posso aceitar esse negócio, não é honesto coronel.
-
Coronel Teixeira ficou vermelho, quase avança sobre Mansur, mas resolve perguntar porque o negócio não é honesto.
- É que o Quincas só entende árabe, para entender português precisa de uns seis meses de aulas.

- O senhor está contratado! A partir de hoje é o professor de português do Quincas. Quem sabe mais tarde poderá ensinar inglês também!


TODO E QUALQUER NOME OU REFERÊNCIA É APENAS UMA COINCIDENCIA, SENDO O TEXTO IMAGINAÇÃO DO AUTOR.

O MENINO E O PINHEIRINHO

AUTOR: JOÃO UMBERTO NASSIF

O MENINO E O PINHEIRINHO



A viagem de navio foi um terror. As carnes salgadas, defumadas, uma das poucas fontes de proteínas disponível naquele navio davam muita sede, a água era racionada, o calor sufocante. Doenças, choro de saudades, medo do desconhecido. Os únicos momentos em que traziam algum alívio era quando rezavam ou cantavam, parecia que a oração e a música ajudavam a diminuir o sofrimento. Alberto Domenico fora contratado para trabalhar como colono numa fazenda de café, no interior de São Paulo. Embarcou com sua mulher e seis filhos em Gênova em setembro de 1888 no navio Colombo comandado pelo capitão Antonio Mangini. Nesse tempo o café era o ouro, a riqueza do país. As antigas senzalas passaram por mudanças transformando-se em pequenas casas. Foram construídas casas uma ao lado da outra. Formando as colônias. Ali o colono tinha um pequeno pomar, um chiqueiro. Marino era o seu segundo filho. Logo cedo estava ajudando na lavoura do café. De todos os filhos era o que mais se identificava com a lavoura do café. Observava os tanques em que os grãos eram levados depois da colheita, terreiros para secagem. Com muito suor e trabalho, a família Domenico comprou com suas parcas economias um pequeno pedaço de terra. Marino, com seus quatorze anos de idade, era o mais animado de todos! Alberto Domenico tinha orgulho dos seus filhos, mas sabia que Marino seria o que despontaria! Maria Domenico tratava todos os filhos com muito amor, mas também achava que Marino era o mais inclinado para os negócios. O café era transportado por tropas de mulas, do local de produção até o porto de Santos, onde era exportado. As ferrovias trouxeram mão-de-obra e também resolveu o problema de transporte. Em pouco tempo foram comprando terras, e plantando café. A família Domenico ganhava projeção. Marino, passou a freqüentar a Faculdade de Direito, na capital da província. Vinha passar as férias na fazenda. Em uma dessas ocasiões trouxe uma muda de um pinheirinho, (Nome Cientifico: Limnophila sessiliflora). Com muito carinho, plantou no alto da colina a mudinha. De tempos em tempos, ao voltar á fazenda, passava horas olhando a imensidão do cafezal e admirando o pinheirinho. Leonardo Lancilotto, veio também no navio Colombo, fizera progresso na lavoura do café, tinha adquirido as terras vizinhas aos Domenico. Uma das suas filhas, Mariana, tinha a beleza de uma princesa, olhos azuis, cabelos dourados, sempre sorrindo, conquistava qualquer criatura. Crescera junto com seu primo Pasquale, pareciam irmãos, se bem que ele tinha planos de um dia desposa-la. Pasquale com seu olhar malicioso percebeu que Mariana andava olhando de forma mais atenta para Marino. Isso o irritava profundamente! Tinha que fazer algo para tirar o eterno sorriso que Marino exibia! Em uma tarde, vendo Marino cuidando do pinheiro, agora já mais crescido, Pasquale elaborou um plano. Na calada da noite, com um arco de pua (ferramenta manual destinada a fazer furos na madeira), Pasquale perfurou o caule do pinheiro e colocou NaCl, Cloreto de Sódio, no orifício, disfarçando com um pouco de serragem o local da sabotagem. Marino, com o passar dos dias foi observando o pinheiro com aparência anormal. As pontas dos galhos estavam amareladas. Por acaso viu a região do caule onde estava colocado o NaCl. Imediatamente limpou o local, retirou todo o sal ali depositado, enxaguando bem, aplicou glifosato e triclopir no caule do pinheirinho.
Duas semanas depois, percebeu que sua intervenção foi correta. Um ano depois, tinha terminado seus estudos, estava agora dedicado a comercialização do café fino de altíssima qualidade, exportado para os mais exigentes mercados do mundo. Em pouco tempo Marino tornou-se o elemento de sucesso da Fazenda dos Domenico, Tinham atingido a marca de 10 milhões de pés de café plantados. Circulava pela Europa, particularmente em Londres, onde acompanhava o pregão da bolsa do café, agora já com o título de Comendador Marino. Mandara plantar mais dois mil pinheiros em volta do pinheiro original.
Em uma das suas constantes viagens á Londres, Marino percebeu no aeroporto de Heathrow, uma dor de cabeça súbita, semelhante a uma "paulada”, sem causa aparente, seguida de vômitos, sonolência, perda de memória, confusão mental. Imediatamente foi socorrido no Royal Free Hospital de Londres. O diagnóstico foi o conhecido popularmente como "derrame cerebral", o Acidente Vascular Cerebral (designado pela sigla AVC pelos médicos). Em função do seu poder de influência política e financeira, foi assistido pelo corpo clínico com os mais modernos recursos. Após algumas semanas, foi mandado de volta para o Brasil, sem movimentos nos membros, tinha perdido também a capacidade de falar. Foi contratada uma equipe de enfermeiras que se revezavam, assistindo-o 24 horas por dia. Da sua cadeira de rodas ficava horas observando o pinheiral, e particularmente o maior pinheiro de todos, aquele que ele salvara da fúria vingativa de Pasquale. Aquela região aonde estava a fazenda seria cortada por uma estrada. Uma faixa de terras deveria ser desapropriada para abrir a estrada. O pinheiro que Marino plantara deveria ser transferido ou cortado. Os técnicos desaconselhavam a transferência. Uma manhã de sol, as máquinas roncaram, e foram colocando um a um todos pinheiros abaixo. Inclusive o pinheiro que Marino tinha plantado quando criança.As lágrimas escorriam por aquele rosto mudo ao ver seu pinheiro ir sendo tombado. Uma fábrica de urnas funerárias comprou a madeira. Daquele dia em diante Marino foi se definhando, até que seis meses depois, foi encontrado morto em sua cama. O seu prestígio movimentou a todos, inclusive autoridades de outras cidades. Seu velório foi acompanhado por uma multidão. Ninguém, porém observou, que ao ser fechado seu caixão, na tampa tinha uma marca, uma cicatriz na madeira. Alguém tinha furado aquela madeira, quando ela era ainda nova. A marca tinha permanecido. Ali estava em forma de caixão o pinheirinho que um dia ele tinha plantado e salvado do vandalismo de Pasquale. O pinheiro era o seu último abrigo. O menino e o pinheirinho tinham completado o ciclo da vida.

TODA E QUALQUER SEMELHANÇA COM FATOS OU NOMES AQUI MENCIONADOS É MERA COINCIDÊNCIA.

sábado, outubro 29, 2005

FOTOS DO NASSIF

Foto tirada por João Umberto Nassif em 29/10/2005, na Avenida Raposo Tavares- Piracicaba

FOTO DO NASSIF


Foto tirada por João Umberto Nassif em 29/10/2005, na Avenida São Paulo, Piracicaba, SP

CONTOS E CRÔNICAS de João Umberto Nassif

PÓ PA TAPA TAIO
(Nome dado á sulfa em pó usado em curativos feitos em cortes, machucados).
Autor: João Umberto Nassif
José Bento Gomes da Silva, o Zé Bentinho, é um caboclinho espigado, se bem que um pouco intojado, sempre de botina rangedeira, bigodinho aparado, canivete com cabo de osso, afiado no capricho. Chegado num dedo de prosa, o inseparável cigarrinho de palha de milho. Tinha o hábito de iniciar qualquer frase dizendo “Pois é...” Qualquer assunto e Zé Bentinho já dava sua opinião: “Pois é... se tivesse escutado... “ Quando perguntavam de um assunto que não gostava de falar ele simplesmente respondia “Pois é...”e encerrava a conversa. Ultimamente ele andava meio calado, diziam que ele tinha medo da Arma do Padre Aranha. Outros diziam que era coisa de arma penada. A verdade é que Zé Bentinho andava estúrdio. Andava com o olhar estanhado. Parecia ter voltado no tempo da grande tragédia: o dia em que Clarinha Coelho fugiu com o Salim Granjeiro. Nem um cão sarnento merecia aquele desaforo! A vila toda sabia que Zé Bentinho tinha uma inclinação pela Clarinha. Dona Clotilde, sua ex-futura sogra fazia gosto de ver Zé Bentinho casado com sua filha, que parecia uma napéva. Ela até achou natural o granjeiro levar a galinha chata! No começo fez escândalo, depois disse pro marido: Tamo livre! - Tomara que ele num devorva ela! Salim Granjeiro parecia um homem de futuro. Veio do estrangeiro, falava engraçado, era educado, trazia cortes de tecidos, armarinhos, e trocava por ovos, frangos, galinhas caipiras, que eram levados vivos em uma gaiola em baixo do carrinho de tração animal. Ele apareceu no sítio de repente, dizendo de maneira enrolada que tinha as melhores novidades de Paris! E quem sabia o que era Paris? Conheciam a Vila Rio Pequeno, Cruz Pintada, Riacho da Onça, e alguns tinham conhecimento da cidade grande, iam quando estavam morrendo, era para se tratar no hospital e voltar na ambulância que o Dito Cintura, prefeito da cidade vizinha mandava buscar em troca de voto pra deputado. Só passeavam de carro quando tava com doença ruim, ou quando batia as botas! Só o defunto ia de carro, o resto ia de a pé mesmo! Ás vezes a chimbica tava sem bateria, e tinham que empurrar com o caixão dentro. A molecada ficava longe, tinha medo que a noite viesse o Lobizóme se empurrassem o carro do defunto. Só quem tinha bentinho podia enterrar o morto. Zé Bentinho era por oficio, coveiro. Por vocação tocava tuba na bandinha. Acompanhava a procissão, era homem de fé.
A cada dia que se passava, percebiam Zé Bentinho mais taciturno. Só não deixava de ir tocar tuba junto com a orgulhosa e briosa Banda Oficial Municipal. Os músicos usavam uma farda de dá inveja. Era azul escura, cheia de botões brilhantes, fios dourados e dragonas douradas, além do quepe com distintivo em metal esmaltado. Coisa linda de se ver! As valsas, os dobrados, encantavam a platéia. O maestro era o Chocolate, um mulato alto que balançava o corpo acompanhando os compassos da música. E coitado de quem desafinasse! Chocolate virava onça! Ele exigia que todos chegassem pelo menos uma hora antes de iniciar apresentação, dizia que era para afinar e esquentar os instrumentos. Além de produzir o melhor doce caseiro do Brasil, como gostavam de dizer, o outro orgulho da cidade era a Banda Oficial Municipal.
A Botica Especialista era a farmácia da cidade. Ponto de encontro obrigatório para quem quisesse saber em primeira mão as novidades. Praxedes Barros formou-se em farmácia. Tinha uma mão suave na hora de espetar a agulha das injeções. Manipulava fórmulas, fazia os curativos, receitava, orientava, e quando o caso era grave encaminhava para o Dr. Alvim, o único médico da redondeza, já um pouco cego, e dizem que depois que enviuvou e casou-se com a sua empregada Esther, a preocupação do doutor era cercar a moça de mimos e atenções. As más línguas diziam até que ela passara a ser o galo da casa!
No domingo cedo, a Botica Especialista fervendo de gente, comentando os resultados do time de futebol da cidade que ganhou do seu rival Esporte Diamante, da cidade vizinha.
-Ali não tem jogador! Só tem pé-de-chumbo! Assim cada um dava a sua opinião no acalorado debate. De repente, todos se calaram, viram Zé Bentinho passando, embora usando a farda da Banda, mostrava a tristeza no olhar. Todos sabiam que era a paixão pela Clarinha que tinha fugido com o Salim Granjeiro. Olhando com pena do coitado, Praxedes comentou: - Infelizmente não existe pó pa tapa taio do coração. (Pena que não exista remédio para as dores do amor). Zé Bentinho seguiu em direção da praça para mais uma apresentação especial. Caminhava pensando na sua Clarinha.


Lobizóme - Duende representado por um grande cão preto
Pó Pa Tapa Taio (Sulfa em pó)
Esturdio - Esquisito. Fora do comum.
Taio: corte, machucado.
Espigado: Rapaz de corpo direito. Desenvolto.
Intojado : Cheio de si.
Arma do padre Aranha: Celebre assombração que perseguia os tropeiros.
Arma-penada: Duende. Assombramento. Espírito que paira sem destino.
Atiçar - Açular. Instigar.
Estanhados (olhos) - Fixos.
Napéva - Galinha chata.
Bentinho - Medalha com imagem benzida pelo padre romano.

quinta-feira, outubro 27, 2005

SÓ DÓI QUANDO PENSO...

"O QUE OCORRER COM A TERRA, RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA...."

No ano de 1854, o presidente dos Estados Unidos fez a proposta de comprar boa parte das terras de uma tribo indígena, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra área. O texto da resposta do Chefe Seatle é considerado um dos mais belos pronunciamento em defesa do meio ambiente. O escritor Matt Ridley é uma rara voz que contesta a autoria, afirmando que o texto foi escrito em 1971, pelo também norte-americano Ted Parry, para a rede de TV ABC. A dúvida não tira a força da mensagem, que vale ser lida e divulgada.


Carta do Cacique Seattle ao presidente dos EUA, em 1853
"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs: o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimenta nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite?
Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o arque respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Poio que ocorre com os animais breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia; nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente. Iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência."
Traduzido por Irina O . Bunning e divulgado pelo Projeto Vida

sábado, outubro 22, 2005

MÁXIMAS E MÍNIMAS DE ZÉ LEBRE

Zé Lebre,antropólogo, sociólogo e filósofo integra esse Blog como coloborador com suas Máximas e Mínimas - Último vendedor de livros acredita que os últimos serão os primeiros.

Zé Lebre degustando suavemente um delicioso suco de alfafa ficou a imaginar: um país vizinho elegeu um Evo, será que haverá uma Ada? E a serpente irá oferecer maçã?



Zé Lebre em um papo com a filósofa,socióloga, antropóloga, RITA LEE, papo de gente fina, escutou o que considera uma das maiores verdades da humanidade:

Façam um Big Brother dos candidatos políticos, quem vencer será o eleito!

Só RITA LEE para ter uma sacada dessa!







JOSÉ DA SILVA, UM BOEMIO IRRECUPERÁVEL, MALANDRO AGULHA, RESOLVEU PRESERVAR A PUREZA E A CASTIDADE DA SUA POBRE VIÚVA. MANDOU SEU COMPADRE FAZER A LÁPIDE QUE PEDIU QUE FOSSE COLOCADA EM SEU TÚMULO QUANDO MORRESSE.( FATO OCORRRIDO EM 18/02/2005).

JOSÉ DA SILVA

* nasceu em 10/08/1963

+ morreu em 18/02/2005 vítima de doença sexualmente transmissivel e incurável






No burro carregado de açucar até o rabo é doce!

Enquanto houver cavalo São Jorge não anda a pé!


"A vida moderna é como CPI : ninguém conhece ninguém".

Anúncio de funerária: "Fazemos maquiagem definitiva"

Sugestão de mensagem para sua secretária eletrônica:
Obrigado por ter doado 300 reais para a XBA. O valor virá descontado em sua próxima conta telefônica. Deus lhe pague.


Você sabe que está ficando velho quando as velas começam a custar mais caro que o bolo"-- Bob Hope

"A Academia Brasileira de Letras se compõe de 39 membros e um morto rotativo"-- Millôr Fernandes

"O povo gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual."-- Joãozinho Trinta

"O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde."-- Millôr Fernandes

"O grande consolo das velhas anedotas são os recém-nascidos..."-- Mário Quintana

"Bastou uma mulher para destruir o paraíso."

"Jamais diga uma mentira que não possa provar."-- Millor Fernandes

"Mais que as idéias, são os interesses que separam as pessoas."-- Alexis de Tocqueville

"Quanto menos as pessoas souberem como se fazem as salsichas e as leis, melhor dormirão à noite."-- O. BISMARCK

Não beba dirigindo. Você pode derrubar a cerveja.

Ter ciúme de mulher feia é o mesmo que colocar alarme em Fiat 147

Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta?

Boate de pobre é macumba.

Coma merda! Um bilhão de moscas não podem estar erradas.

Sabe o que é a Meia Idade? É a altura da vida em que o trabalho já não dá prazer e o prazer começa a dar trabalho

Marido é igual a menstruação: Quando chega, incomoda; quando atrasa, preocupa.

A primeira ilusão do homem começa na chupeta.

Rico tem veia poética; pobre tem varizes.

Viva cada dia como se fosse o último, qualquer hora você acerta.



Cidade pequena, inicio do século: Os vereadores deveriam decidir se o comércio ficaria aberto ou fechado aos domingos. Não há acordo. Levanta um vereador e propõe: “Achei a solução: o comércio abre somente meia porta aos domingos...”

O Vereador que gostava da colocação pelo Secretario Administrativo, dos tratamentos: Ilustríssimo (Ilmo.) e Excelentíssimo (Exmo.) antecedendo aos nomes de autoridades, resolveu proceder da mesma forma ao endereçar seus cartões de Natal: “Excelentíssima Senhora Dona Câmara Municipal”, “Ilustríssima Senhora Dona Santa Casa”; “Excelentíssimo Senhor Executivo”...

quarta-feira, outubro 19, 2005

ENTREVISTAS FEITAS POR JOÃO UMBERTO NASSIF

NO http://www.teleresponde.com.br/

VOCÊ ENCONTRARÁ ENTREVISTAS FEITAS POR JOÃO UMBERTO NASSIF

O VIZINHO


AO LADO DO CEMITÉRIO DA SAUDADES EM PIRACICABA EXISTE UMA LOJA COM O NOME
SOMBRASOM.... O VELÓRIO SITUA-SE NAS GRADES BRANCAS AO LADO ESQUERDO... UMA COINCIDÊNCIA CURIOSA... FOTO TIRADA POR JOÃO UMBERTO NASSIF EM 18/10/2005.

domingo, outubro 16, 2005

SHEILA

SHEILA
Uns dizem que ela já nasceu assim.Outros falam de más companhias. Mas todos concordam, é uma mulher sem limites.Totalmente impulsiva e compulsiva. Mariette logo ficou grávida.Foi um ba-fá-fá.No princípio até se falou em tomar remédio para “descer”, um eufemismo de abortar.Mas, um consenso familiar acabou por definir que deveriam ter dentro de uns meses um novo membro na família.As atenções então foram concentradas no enxovalzinho, no berço, e na barriga de Mariette que crescia a olhos vistos.O responsável, ou seja, o pai da criança também logo se encheu de orgulho e num gesto supremo bradou para Mariette: - Vamos casar. Isso foi dito como se fosse o grito da Independência ás margens do Ipiranga. Com toda empáfia. Foi motivo de uma macarronada com frango no domingo.
Numa madrugada com chuva de vento, nascia Fred Alekessander, assim mesmo. Um nome forte. Como sobrenome o tradicional Silva da família.O menino era um predestinado.Logo mostrou para o que veio.Cabelos escorridos, cara meio redonda, sorriso fácil, um anti-herói. Fredinho, como era chamado na família, logo ocupou seu espaço e o de outras pessoas da família. Virou centro das atenções.Na escolinha já se mostrava agressivo com seus companheiros, mimado e precoce. Era um verdadeiro fardo para as professoras, sua energia era inesgotável.Fredinho tinha duas manias, uma era olhar a saia das meninas, e outra brincar de detetive.Isso marcaria sua vida.
Uma casa geminada, construção antiga, com um casal de vira-latas.Uma placa metálica com o nome Fred Alekessander Silva. Detetive.Especialista em investigações comerciais e conjugais.Na porta uma perua Caravan preta, com pneus radiais. Antena de rádio com bolinha de tênis enfiada no meio para não ficar batendo na lataria. Os vidros eram insufilmados, como convém a quem não quer ser visto, principalmente um detetive particular. A tampa traseira levantada mostrava todo tipo de parafernália eletrônica.Um arsenal. O veículo tinha um rastreador por satélite. No caso de roubo do mesmo, em poucos minutos seria descoberto o seu paradeiro.
Fred Alekessander, não tinha nada de secreto e discreto ali na sua vizinhança. Tinha apetite para cerveja. Era visto sentado no boteco da esquina. Nunca tinha se embriagado além do limite aceitável. Mantinha o controle Quando tinha um caso de solução difícil, ficava ali horas, consultando o rótulo da garrafa. Ás vezes chamava o menino e dizia para trocar a garrafa, trazer outra nova, pois a cerveja já tinha ficado quente depois de tanto tempo. Fred estava agora no caso mais difícil da sua carreira. Seu cliente era um homem rico.Sérgio Kasinov começara do nada.Tinha aprendido o ofício de pedreiro.Sabia assentar um tijolo com perfeição e rapidez. Logo foi ficando conhecido.Trabalhava sem descanso. Sábado até as seis da tarde. Domingo até o meio dia. Sérgio era um fanático pelo trabalho. Logo contratara um ajudante. Em pouco tempo estava com uma equipe escolhida a dedo. E nasceu assim a Empreiteira Sérgio Kasinov. No início obras residenciais. Depois vieram as obras comerciais. Hoje um verdadeiro império com construtora, incorporadora e administradora. Onde está o nome ESK, abreviatura da Empreiteira Sérgio Kasinov significa que existe muito dinheiro. A principio o caso era simples. Apenas uma identificação de domicilio.Seu cliente tinha se apaixonado pela bela morena alta que passava todos os dias balançando o traseiro como uma cobra. Cabelos longos negros. Alta. Passo firme e com aquele jogo de cintura que enlouquece os homens. Depois da primeira vez que a viu Sérgio Kasinov entrou em parafuso. Homem de muitas mulheres, logo percebeu que aquela ali era diferente. Diferente de todas. Precisava saber onde morava aquela criatura. Tinha conversado com ela rapidamente uma vez na loja de frios, sobre a vantagem do presunto light sobre o presunto gordo.Outra vez na porta do cinema ela e outra amiga. Sérgio estava acompanhado da sua mulher. Apenas uma troca de olhares.Ninguém conhecia aquela mulher. Era nova no bairro. Seu dinheiro e sua vontade de descobrir mais sobre aquela deusa o levara a contratar o Detetive Fred. Queria saber tudo. Após algumas semanas de investigações, Fred estava no momento pensando em como dar o resultado para seu cliente sem provocar um ataque cardíaco no homem.Descobrira tudo sobre aquela linda morena. Ela tinha morado em São Paulo.Solteira.Tinha começado a estudar psicologia, aos 29 anos abandonara o curso.Trabalhara em uma grande multinacional. Pessoa discreta e de bom gosto, de fino trato. Possuía uma boa cultura geral. Gostava de teatro, cinema, passeios. Era bem relacionada com suas amizades. Tudo enfim para ser uma bela amante para Sérgio Kasinov. Ela, porém, tinha um problema , e ai é que ficava difícil para Fred explicar ao seu cliente. Sheila,, esse era o nome da moça, tinha recentemente feito uma cirurgia. Precisava agora mudar seus documentos.Apenas aguardava uma decisão judicial. Sheila Ferreira Magalhães. Esse seria o futuro nome de Sebastião Ferreira Magalhães, recém-operado em cirurgia para troca de sexo, de homem para mulher.
Fred Alekessander tinha resolvido mais um caso. Precisava agora consolar um cliente. Fazia parte do seu ofício, ouvir as mágoas do coração e da alma de seus clientes.Isso significava que algumas cervejas seriam abertas no boteco da esquina.
AUTOR : JOÃO UMBERTO NASSIF

quarta-feira, outubro 12, 2005

APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA NOS PERMITE ESCREVER ISSO

APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA NOS PERMITE ESCREVER ISSO...(ARTE DO DR. JAYME, O MAGO DAS ARAUCÁRIAS...)

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém,pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.
Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se, principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.
Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente!
Pensava Pedro Paulo...- Preciso partir para Portugal por que pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! proferiu Pedro Paulo. - Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:
- Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?
- Papai, - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.
Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto: Pararei!

E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer: "O Rato Roeu a Rica
Roupa do Rei de Roma."?

Delivery á moda da casa....

Foto tirada em outubro/2005 no final da Av. Cassio Paschoal Padovani, junto a Rodovia do Açucar, por João Umberto Nassif. O condutor da bicicleta é o Sr. Antonio Martins.

EXISTEM CAMINHOS TORTUOSOS...

Foto tirada no campus da Unimep Piracicaba em outubro/2005 por João Umberto Nassif

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