sábado, novembro 05, 2016

JOÃO BAPTISTA DA SILVA JÚNIOR

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de novembro de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: JOÃO BAPTISTA DA SILVA JÚNIOR

João Baptista da Silva Júnior nasceu a 2 de janeiro de 1940 em Pindamonhangaba, filho de João Baptista da Silva e Vicentina Machado da Silva que tiveram os filhos Inês, João Baptista, Claudio e Janete.
Qual era a atividade do seu pai?
Meu pai era ferroviário, trabalhou 27 anos na Estrada de Ferro Campos do Jordão, morávamos em Pindamonhangaba, até Campos do Jordão, de bondinho levávamos 45 minutos para percorrer a distância entre as duas cidades. Naquela época não existia a estrada que existe hoje, era uma estrada de terra muito ruim. O acesso a Campos do Jordão era feito por um bondinho elétrico que subia a serra, percorria 45 quilômetros. O meu pai era bagageiro, cuidava das passagens, das bagagens, ele faleceu muito novo, aos 46 anos, trabalhou 27 anos na Estrada de Ferro Campos do Jordão. A minha mãe faleceu com 85 anos.






Você chegou a andar no trem da Estrada de Ferro Campos do Jordão? 
Muitas vezes! Naquela época começou a surgir a televisão, quando ele estava em Campos do Jordão tomava conta de um clube. Ele perguntava-me: “-Quer assistir um jogo lá pela televisão do clube?”. Eu dizia: “- Quero sim!”. Eu pegava o bondinho de passageiros, tinha a capacidade de levar uns 40 passageiros, saia as 11 horas da manhã, eu ia na cabine de trás com um senhor que trabalhava no correio, eu tinha uns 10 a 12 anos. Eu assistia Oberdan jogando, assistia jogos do Palmeiras, às vezes via meu pai jogando futebol.
Seu pai foi um incentivador para que você sempre praticasse esportes?
Meu pai brincava muito comigo, um dia ganhei uma medalha e disse-lhe “- Olha pai! Ganhei esta medalha!”. Em tom de brincadeira ele dizia: “Ah! Essas medalhinhas eu jogava birosca (bolinha de gude) com elas!” Só que o meu pai gostava de me ver jogar futebol, principalmente quando aos 16 a17 anos comecei a disputar o campeonato amador.
Você estudou em Pindamonhangaba?
Em Pindamonhangaba a Estrada de Ferro Campos do Jordão tinha uma escola nos moldes do SENAI, fiz ali o curso de marceneiro, conclui o curso aos 14 anos. Esse curso equivalia na época até a terceira série ginasial. A Estrada de Ferro Campos de Jordão tinha uma oficina muito grande, eu pensava em fazer um estágio nessa oficina. Isso não aconteceu.
A Estrada de Ferro Campos do Jordão era propriedade particular?
Ela pertence ao Estado. Infelizmente quando meu pai faleceu a empresa não agiu a altura, foram indiferentes a um funcionário que dedicou a vida à empresa e em momento algum foi solidária com a família enlutada. Graças a Deus superamos todas essas decepções.  Eu servi o Exército em Pindamonhangaba, de 1958 a 1959, tinha 18 anos. Foi uma época tranqüila, apenas uma vez que teve um aviso de prontidão, quando dormimos com farda, coturno, prontos para sair em ação a qualquer momento.
Quando você começou a trabalhar?
Meu primeiro emprego foi com 15 anos, em uma loja de calçados, eu vendia sapatos. Tinha registro em Carteira de Trabalho. Hoje dizem que o menor trabalhar é escravidão, a meu ver não é não. Eu estudava e trabalhava. Nessa época eu já tinha concluído o Grupo Escolar. Chamava-se Grupo Escolar Dr. Alfredo Pujol. Lembro-me do nome de todas as minhas cinco professoras. No primeiro ano foi Dona Margarida Homem de Mello. No segundo ano foi Dona Saturnina; no terceiro ano foi Dona Edite; no quarto ano Dona Nair Imediato; no quinto ano foi Dona Vanda que foi substituída por Dona Benedita. Muitos anos depois, eu trabalhei na construção de uma fábrica, como almoxarife, o engenheiro era sobrinho dessa professora. Eu o conhecia desde menino. Ele perguntou-me se eu sabia realizar determinada tarefa, disse-lhe: “Se sua tia não me ensinou errado eu sei! Disse-lhe: “Eu o conheço, Roberto, desde pequenininho”. Ele então se lembrou de mim, disse-me:” Não acredito! Você é o Joãozinho!. Quando terminou a obra ele queria que eu fosse trabalhar com ele em Pindamonhangaba. Eu preferi permanecer em Piracicaba.
Quem nasce em Pindamonhangaba é denominado como?
Quem nasce na cidade de Pindamonhangaba é chamado de Pindamonhangabense.Só que o usual é Pindense. Terra do Governador Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho.
Após trabalhar como vendedor de calçados qual foi o seu próximo serviço?
Ainda como vendedor de calçados, tem uma passagem muito engraçada. Tínhamos um código entre os vendedores. Quando aparecia um freguês chato o dono da loja me ensinou que ia dizer: “João, pegue aquele sapato, Solis!” Isso significava que era o tipo do freguês que fazia tirar muitos sapatos da prateleira e não levava nada. Meu patrão disse ainda “Se eu disser para você: - Pegue a marca Solingen! A pessoa é chatérrima!”. Um dia entrou uma freguesa e falou: “- Joãozinho eu queria ver um par de sapato, eu fui no Antonio, (Que era dono de outra loja de calçados e irmão do dono da loja onde eu trabalhava.) ele mandou vir aqui, disse que vocês tem a marca de sapatos que eu quero”. Eu perguntei-lhe: “-Que marca que é o sapato que a senhora quer?”.  Ela então me respondeu: “-É Solingen!”. Eu não sabia se estourava uma gargalhada, o dono da loja estava para explodir de rir. Muito sério perguntei ao meu patrão: “-Ainda tem Solingen, Seu Silvio?”. Ele, contido, disse: “-Não tem, estamos para receber!”. Os dois irmãos, proprietários das duas lojas se entendiam, quando era Solis ou Solingen.
O período em que você serviu o exército foi difícil?
Eu tive sorte, o quartel era na minha terra, eu tinha muito conhecimento com sargentos, oficiais, porque eu jogava basquete, futebol de salão, com eles. Às vezes eu ia sair, um sargento me dizia: “-Não vai embora não! Vai jogar basquete conosco!”. Outras vezes ia sair o major me dizia: “Garoto! Vem cá! Fique a vontade! Troque de roupa, põe o uniforme de educação física, você vai apitar o jogo! Vamos jogar oficiais contra os sargentos da oficina! Pode ficar tranqüilo, você vai apitar o jogo, quem manda é você!” No meio dos oficiais, estava eu, soldado, reco (soldado novato). 
Quando você começou a desenvolver o seu interesse pelo esporte?
Foi quando eu estudava no SENAI, comecei a me interessar pelo basquete, aos 14 anos, jogava na defesa e já jogava no Infantil do Ferroviária que tinha em Pindamonhangaba. Naquela época era muito difícil existir pessoas altas, após algum tempo apareceu um tenente chamado Gedeão, ele era alto. Eu gostava de assistir quando ele jogava só para ver a facilidade com que ele fazia pontos “enterrando” a bola no cesto. Eu também jogava vôlei, só que menos do que o basquete. No futebol jogava como goleiro.
Você era um bom goleiro?
Tinha hora que sim, outras que não, falhava. Havia horas em que ajudava a ganhar o jogo. Até a pouco tempo eu voava na quadra dando uns “peixinhos” que é aquele momento em que você vê que a bola vai cair você voa e dá um tapa nela para não deixar ela cair, isso no vôlei. No futebol fazia as pontes, que é voar e pegar a bola com as duas mãos. Eu tinha facilidade pesava 60 e poucos quilos. Treinava duro, jogava no time de uma fábrica de alumínio que tinha em Pindamonhangaba. Logo após servir o Exercito trabalhei em uma loja de móveis por pouco tempo, montava móveis para Farah, Zaiter e Cia. Vendiam móveis, fogões, rádios, tinha uma seção que vendia roupas. O meu próximo emprego foi na fábrica de alumínio, comecei como ajudante geral, com o tempo fui promovido para trabalhar na portaria fazendo apontamento, cuidava dos cartões de ponto, no final de mês eu fechava, encerrava os pontos, entregava para ser feita a folha de pagamentos. Nessa fábrica permaneci por cinco anos. Sai de lá para vir para Campinas. Eu estava noivo e o meu futuro sogro veio trabalhar em uma fábrica de papel, disse que eu iria com ele. Eu era tratado por ele como um filho. Arrumei a mala e vim embora. Trabalhei como escriturário. De lá saímos e fomos trabalhar na Papelão Andrade, situada em Anhumas, dentro de Campinas. A seguir fui trabalhar na Rhodia em Paulínia Como segurança. Lá permaneci por três anos. Fui trabalhar na Racz Construtora S/A, após algum tempo, me transferiram para Piracicaba, onde foi construído o Racz Center. Fui morar na Vila Independência. Da Racz Center me transferiram para a Avenida Luciano Guidotti, logo em seguida a auditora veio e disse que ia me levar para Campinas, para tomar conta do almoxarifado da fábrica, fiquei na Racz até ela encerrar suas atividades, em seguida trabalhei na Tem de Tudo no Shopping Piracicaba. Após três anos fui trabalhar na empresa Comercio de Madeiras Naléssio Ltda. Um dos locais em que trabalhei foi com o Carvalho Materiais de Construção, foi com o Carvalho que aprendi muita coisa sobre material de construção. Antes de trabalhar com ele eu tinha um bar e restaurante, ficava na Avenida Cássio Paschoal Padovani, junto a um posto de gasolina logo após a Pirasa, revenda de caminhões Mercedes-Benz. Ali eu fazia uma feijoada muito famosa, aos sábados. Houve uma época em que uma chuva destruiu uma ponte, o fluxo de transito para São Paulo foi desviado, e de uma hora para outra diminuiu muito a clientela. Isso afetou muito a situação do restaurante. Sou pai de dois filhos: João André e Alessandra.
Após sair do Naléssio você trabalhou em algum outro lugar?
Eu estava procurando emprego, quem é que dava emprego para uma pessoa com 57 anos? A experiência não conta, olham apenas a idade. Uma vez vi anunciado em um jornal a procura de um almoxarife com experiência em material de construção. Fui até o local, preenchi uma ficha, a moça que estava atendendo olhou, e disse-me que a minha idade estava acima do que eles procuravam. Queriam pessoas com até 25 anos. Eu disse-lhe: “-Com experiência e com essa idade você não irá encontrar!”. Após alguns dias vi o mesmo anúncio no jornal. Um dia encontrei um amigo, ele convidou-me para ir jogar uma bolinha no SESC, fui. Aí começaram a me chamar, fui convidado para participar da Seleção Piracicabana da Terceira Idade jogando vôlei, aos 60 anos. Joguei 12 anos em Piracicaba. Devo ter umas 250 medalhas, troféus. Viajamos para muitas cidades para disputar jogos. Em São Pedro tem um time composto por integrantes de setenta anos, é tetracampeão regional e tricampeão estadual. Hoje um tem 84, outro tem 82, eles vão treinar conosco.
Para uma pessoa com 80 anos qual é a importância do esporte?
Acredito que seja um grande estimulo para a pessoa, em todos os sentidos.
Há uma doença que acomete muitas pessoas, a famosa depressão, como você isso?
(Em tom de trocadilho, João comenta). “Às vezes alguém pergunta: “João você tem depressão?”Eu respondo: “-Nem devagarzão quanto mais depressão”. Tive um período difícil quando me separei da minha primeira esposa, até que conheci Jovelina Góia, casamos em segundas núpcias já há 28 anos. Eu acredito que toda pessoa tem que fazer algum esporte. Acabei aposentando-me.
Como começou a história do Quimball ou Quimbol?
Uma vez estávamos treinando vôlei, na Vila Rezende, no ginásio. Chegou o Joaquim Bueno de Camargo, conhecido como Quim com umas raquetes, perguntou se queríamos aprender a jogar Quimbol, peguei a raquete e me dei bem com ela. Há uma rede com dois metros e quarenta centímetros, é a altura do vôlei, a malha é mais fininha para a bola não passar. A quadra é do mesmo tamanho da quadra utilizada no vôlei. A bolinha pesa 35 gramas. Esse esporte foi difundido, fazíamos muitas vezes clinicas, mostrar o que é o quimbol, ensinar, fizemos em três unidades do SESC em São Paulo, Santos, Sorocaba e São Carlos.

“QUIMBOL – uma Brincadeira , um Jogo, um novo Esporte”

O “Quimball ou Quimbol, é um novo jogo construído a partir das idéias do “Quim”- Joaquim Bueno de Camargo (falecido aos 78 anos, em 2004, na cidade de Piracicaba/SP), daí seu nome, pois quando surgiu (1947) seus amigos denominavam a nova prática como o “Jogo do Quim”.
Retomado nos últimos anos (2000) evoluiu e hoje já é praticado por um grande número de pessoas em Piracicaba e já se dissemina por outras cidades e estados.
Este release visa proporcionar uma oportunidade para que todos interessados possam conhecer a origem deste jogo, suas regras, seus fundamentos técnicos, os equipamentos utilizados e sua constante evolução.
Todos poderão conhecer este novo esporte e perceber que é uma prática destinada a cativar crianças e jovens, atletas, adultos e pessoas da terceira idade; pois é um jogo que já nasceu adaptado a todas as faixas etárias e certamente vai começar a fazer parte de sua vida a partir de agora.
Venha conhecer e difundir esse jogo de identidade nacional.
Você vai gostar e se surpreender com as possibilidades do jogo.

HISTÓRIA

“Há muitos anos, por acaso, criei e desenvolvi uma brincadeira que foi chamada ‘Jogo do Quim’. Depois de várias décadas, com a certeza de que o jogo poderia se transformar num esporte praticado por todas as pessoas adaptei suas regras e materiais para que fosse jogado nas quadras de voleibol.
Nasce, então, o QUIMBOL, esporte cujas regras lembram os fundamentos do voleibol, tênis de campo e até do futebol.
Na prática, pude constatar que minhas crenças estavam certas.
Por não exigir muito o uso de força física, mas sim, boa coordenação motora, habilidades, raciocínio rápido, muita comunicação e disposição, o QUIMBOL é um esporte para todas as idades sem a necessidade da adaptação.”

“Em qualquer tempo é tempo de realizar!!!” ( Joaquim Bueno de Camargo – O Quim )

O QUIM
Sou Joaquim Bueno de Camargo, o “Quim”, moço com 78 anos de idade. Sempre gostei de aventuras e esportes. Nunca fumei e droga para mim é droga mesmo; veneno que vem matando muitos valores de vida e separando pessoas que poderiam estar construindo como vencedores. Mas como é sabido, o esporte é mais um meio de agrupar e conciliar pessoas no mundo todo.
Portanto, pratique esporte. Valorize seu corpo. Aprenda a gostar mais de você. Conserve o espírito leve. Colecione amigos.   Defenda a natureza. Cuide bem do ar que você respira pois ele é a vida no planeta, a alma da natureza e a presença de Deus.

“Sejam sempre moços de 60, 70, anos ou mais e nunca velhos de 60, 50 anos ou menos.” ( Quim)

O JOGO

O QUIMBOL é praticado por duas equipes de 4 pessoas (cada), em quadras de voleibol, utilizando o poste de fixação da rede como limitação de jogo aéreo.
O jogo é dividido em quatro tempos de dez minutos cronometrados. Em cada tempo é permitido ao técnico da equipe em desvantagem, um pedido de paralisação de um minuto.
Ao término do primeiro e do terceiro tempo são realizados intervalos de três minutos e ao final do segundo tempo, um intervalo com duração de seis minutos, quando ocorre a troca de lado na quadra.
A partida termina no quarto tempo com a vitória da equipe que obteve maior número de pontos. Em caso de empate, realiza-se um quinto tempo (melhor de cinco pontos) sem troca de lados, iniciada pela equipe que marcou o último ponto.
Outra opção é realizar a contagem tradicional por “set” de pontos (similar ao voleibol).
Os participantes praticam o jogo com raquetes de madeira emborrachada, golpeando uma pequena bola de aproximadamente 25 gramas. O jogo consiste basicamente em sacar, receber, executar o levantamento e efetuar o ataque na quadra adversária.
 



Tem regras por escrito?
Tem! Algumas por exemplo: não invadir o campo adversário com a raquete, não pode bater na rede, se receber o saque não pode devolver com um toque só para o outro lado, tem que passar ao menos duas vezes a bola um para o outro jogado da mesma euipe antes de arremessar para o lado adversário. São três toques antes de arremessar. Pode deixar a bola pingar quando o adversário ataca. É um jogo interessante. Nosso técnico é o Secretário Municipal de Esportes de Piracicaba, que também gosta de jogar Quimbol, João Francisco Rodrigues de Godoy, o Johnny.
Vocês têm uma ligação muito próxima com o SESC?
Temos! Tenho uma relação muito boa com o José Roberto, que é o gerente. Assim como tenho uma grande amizade com o Adriano que cuida do pessoal da terceira idade. A unidade do SESC de Bertioga é um paraíso, já fomos mais de 20 vezes para lá. Sou um dos sócios mais antigos do SESC de Piracicaba.
Atualmente um das suas atividades é o artesanato em madeira?
Vi em algum lugar uma casa de passarinho projetei e construí uma. Passei a fazer como passatempo. Faço também comedouro para passarinhos, é bem protegido com folha de flandres. O telhado do comedouro eu faço com tábua de forro. Coloco uma folha de folha de flandres na cumeeira da casinha.
Você conheceu grandes jogadores?
Sou palmeirense, cheguei a conversar com Baltazar “O Cabecinha de Ouro”, Bauer, Poe, De Sordi, Leonidas “O Diamante Negro”, Luizinho “O Pequeno Polegar”, Pelé, Gilmar.
O que você acha desses jogadores atuais que ganham grandes fortunas?
Infelizmente o nosso futebol, comparado ao que já foi no passado, é pobre demais. O dinheiro fala mais alto do que o amor pela camisa. Antigamente o jogador tinha um salário modesto, cada um levava a sua chuteira, joguei no infantil do Ferroviário de Pindamonhangaba e depois no amador do Aeroclube da cidade.
O que você como esportista achou das Olimpíadas?
Gostei, achei que o Brasil tem uma criatividade que muitos povos não têm. As paraolimpíadas foram fizeram apresentações incríveis.
Você tem uma caligrafia muito bonita, usa letras góticas, inclusive nas raquetes onde de um lado está escrito o seu nome “João” e do outro lado “Soberano” e em outra raquete “João” e do outro lado “Fabuloso”
Aprendi a escrever essas letras sozinho, já escrevi por encomenda muitos diplomas. Uma amiga que joga conosco, um dia ela disse “-João você é Fabuloso”, disse-lhe “Você deu uma ótima idéia”. E Soberano eu disse: “Vou ser o soberano do quimbol”. 
Você já foi Papai Noel?
O técnico nosso, o Orlandinho, convidou-me para ser Papai Noel do Shopping de Piracicaba. Fui entrevistado pela pessoa responsável. A primeira pergunta que ela fez: “Então o senhor quer ser Papai Noel?” Disse-lhe: “Eu não quero ser, convidaram-me para ser!” Ela fez uma série de perguntas e eu fui respondendo. Até que ela questionou-me o que eu iria perguntar às crianças. Eu disse-lhe que para crianças até três anos eu sei o que vou perguntar. Agora para crianças acima de três anos eu vou ter que estar preparado para responder as perguntas delas. Ela olhou-me e disse: “Você vai ser o Papai Noel do Shopping”. Por 42 dias fui Papai Noel das duas da tarde às dez horas da noite. Com uma hora de intervalo.
Tem algum fato que marcou muito para você?

Muitos! Cenas que me emocionaram, cenas que me fez rir, algumas me fizeram chorar. Uma delas, a meu ver foi um milagre, um dia tinha um senhor dizendo a um menino: “Vai!” o menino respondeu várias vezes “Não vou!” Levantei-me e fui até lá. Perguntei se ele não queria conversar com o Papai Noel. Coloquei a mão no ombro dele e ele foi comigo. Sentou-se ao meu lado e começamos a conversar. Perguntei o porquê ele não queria falar com o Papai Noel, ele respondeu: “- Sabe, meu pai é pobre, ele trabalha em um posto de gasolina e ganha pouco, e minha mãe está desempregada, se eu vier conversar com o senhor eu não vou ganhar brinquedo meu pai não tem dinheiro para pagar. Eu nunca disse pede ao Papai Noel que ele vai te dar. Disse-lhe: “Você não pode ficar triste por causa disso, você vai ganhar um presente, mas não fique triste por causa disso não. Conversei um bom tempo com ele sem tocar nesse assunto de presente. Disse-lhe: “Quando chegar a sua casa reze para o Papai do Céu para Ele dar um presente para você.”. Ele respondeu-me: “Esta bem Papai Noel, obrigado!”. E foi embora, dália a uma hora mais menos, entrou um garoto correndo com um pacote enorme e disse “Papai Noel ! Papai Noel!! Obrigado pelo presente que o senhor me deu!”. Era o menino, eu não tinha reconhecido-o. Ele disse-me que gostou do presente, fez questão de mostrar-me a caixa, era uma caminhonete enorme dentro da caixa e em cima da carroceria da caminhonete tinha um carrinho. O menino disse-me: “Viu Papai Noel, foi a mãe do senhor que me deu!”(João emociona-se muito neste momento). Eu ouvi o pai dele dizer: “Esse homem é homem de Deus!” E perguntou-me o que eu tinha dito ao seu filho, respondi que não tinha dito nada. Então o pai do menino explicou que ele saiu dali, uma senhora o abordou e perguntou o que ele tinha pedido ao Papai Noel, em seguida disse-lhe, vem aqui comigo, levou-o nas Lojas Americanas e disse-lhe: “-Escolhe o que você quiser!”. (João Baptista emociona-se muito ao lembrar-se) . Aquilo me emociona até hoje, não sei quem é essa senhora. Outra ocasião tinha duas menininhas que disseram que queriam tanto tirar uma foto ao lado do Papai Noel, só que não tinham maquina. Chamei uma das Mamães Noel, eram duas mocinhas, pedi que tirasse uma foto, anotasse o endereço delas, mandei revelar e enviei pelo correio, eu tinha levado a minha máquina. Um dia foi um grupo de crianças cantarem para o Papai Noel. Tive que segurar. As crianças foram embora. Nisso chegou uma senhora muito distinta com uma menininha. A menina sentou-se ao meu lado. A senhora me olhou e disse-me: “Papai Noel está emocionado, né! Perguntei-lhe se podia pedir um favor, que ela me desse um minuto. Ela ajoelhou-se a meus pés, segurou as minhas mãos e disse-me: “O senhor chora porque o senhor tem oração!” No ano seguinte fui chamado pelo Shopping para ser de novo Papai Noel. Foi uma grande experiência para mim. O ultimo dia, quando acabou, cheguei em casa e disse “-Venci um desafio!”. Ai desabei, chorei muito. Fui Papai Noel nas Casas Pernambucanas, era chamado de Papai Noel terrorista, pelo fato de brincar muito com os vendedores. 

Um dos principais atrativos do chamado Circuito da Mantiqueira é a quase centenária Estrada de Ferro Campos do Jordão, cuja operação iniciou-se em 1914.

Desde 1916 ela é de propriedade do Governo do Estado de São Paulo, sendo atualmente administrada pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos.

Concebida pelos médicos sanitaristas Emílio Ribas e Victor Godinho, seu objetivo inicial era o transporte de doentes tísicos para os sanatórios de tratamento, então localizados em Campos do Jordão


Santo Antônio do Pinhal é lembrada pela grande quantidade de hotéis, chalés e charmosas pousadas, além de belos restaurantes, que no inverno trazem o fruto do Pinhão em vários de seus cardápios.



Campos de Jordão é famosa por seu clima de serra, com características semelhantes às dos melhores climas europeus de altitude.
O que diferencia Campos do Jordão é o seu clima tropical de montanha, acrescido à presença do sol em praticamente todo o ano.

                          Estação Emílio Ribas - Parque do Capivari - Campos do Jordão


A “Princesa do Norte”, ou simplesmente Pinda, é uma cidade de clima ameno, localizada às margens do rio Paraíba do Sul, rio que até o século XIX constituía-se em importante via de comunicação.


                          Estação Pindamonhangaba, sede da Estrada de Ferro Campos do Jordão






   





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sexta-feira, outubro 28, 2016

TONI CARDI

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 29 de outubro de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO:  TONI CARDI


 O ator Irineu Antonino Travalini, o Toni Cardi revelação em antigas produções cinematográficas de faroeste conta que fez 28 filmes (longa-metragem), dirigidos por importantes diretores como Anselmo Duarte

                          Anselmo Duarte recebendo a Palma de Ouro em Cannes, 1962







                                                    José Mojica Marins (Zé do Caixão)




                                



Luiz Sérgio Person


                                                 Depoimentos sobre Luiz Sergio Person

                                                 Rretirados do documentário "Person" dirigido por Marina Person




Um filme sob a direção de Rafaelle Rossi com a participação de Toni Cardi



 José Mojica Marins (Zé do Caixão) Ozualdo Candeias, Luiz Sérgio Person, o italiano Rafaelle Rossi,




 Carlos Miranda, do seriado “O Vigilante Rodoviário” e “Águias de Fogo” (TV Tupi), entre outros. 


VIGILANTE RODOVIÁRIO



                      TONI CARDI CONTRACENANDO COM O VIGILANTE RODOVIÁRIO



Toni Cardi cita alguns filmes como “A Última Bala”,


  que filmou ao lado de nomes famosos como Pepita Rodrigues; quatro com Mazzaropi, “Jeca e a Freira”, “No Paraíso das Solteironas”, “Uma Pistola para Djeca” (paródia do Django) e o “Grande Xerife”.  


Entrevista com Amácio Mazzaropi


O Jeca e a Freira




Mazzaropi no Paraiso das Solteironas


                                                              Uma pistola para Djeca

Grande Xerife 

 Fez cinema do final de 1966 até a década de 80 e, nesse espaço de tempo, ainda atuou em cinco novelas da Tupi, “Hospital”, com direção de Walter Avancini; a primeira versão de “Mulheres de Areia”, com Eva Vilma; “Barba Azul”, também com a atriz, sob a direção de Carlos Zara; “Divinas e Maravilhosas”, fazendo par romântico com Nicete Bruno; e, na TV Record, “Depois do Vendaval”, sob a direção de Waldemar de Moraes. Ele ainda foi ator e diretor de diversas fotonovelas da revista “Melodias”, e depois entrou para o ramo imobiliário, profissão que atua até hoje.
Você nasceu em que cidade?
Nasci em Piracicaba, na época o bairro era conhecido como Bimboca, na Vila Rezende. Meu pai era oleiro, nasci a 10 de maio de 1943. Sou filho de Pedro Travalini e minha mãe era uma espanhola muito bonita, chamava-se Dolores Peinado, tiveram doze filhos, sendo que cinco faleceram ainda muito pequenos, ficaram sete filhos: Irineu, Irene, Iracema, Irivaldo, Lourdes, José Marcos e Claudete. Meu pai trabalhou muito, sempre procurando uma situação um pouco melhor, teve emprego em muitos lugares, meu pai fez treze mudanças. Ficou muitos anos em fazenda, tocando lavouras de todo tipo de plantação.
Em qual escola você iniciou seus estudos?
Nessa época, morávamos próximos a Usina Costa Pinto, foi em uma escola nessa localidade que eu estudei dali fui para o bairro Dois Córregos, em seguida fui para São Paulo. Em Barueri fiz o terceiro ano, o quarto ano eu estudei em Carapicuíba, na Rua da Palha.  Depois segui meus estudos, o colégio eu fiz na cidade de São João da Boa Vista onde fiz o Curso de Direito até o quarto ano.  No período em que fiquei em Piracicaba, vim da fazenda e fui trabalhar em uma oficina com o meu primo Antonio Travalini, conhecido como Toninho Cavalo, pelo seu porte físico avantajado, chamava-se Mecânica Bom Jesus. Era do Piacentini, Bernardino e do meu primo. Nessa oficina permaneci por seis anos e meio, dali eu fui para Campinas trabalhar na Clark Equipamentos, em seguida fui para a Aços Villares em São Paulo, como ferramenteiro, Trabalhei na General Motors, lutava judò pelo clube da empresa.. Vim para Piracicaba, eu namorava aqui, fui trabalhar na Dedini, onde eu ganhava menos da metade do que ganhava em São Paulo. Desisti, fui para o comércio. Nessa época eu namorava uma moça que foi Miss Piracicaba, Sidnéia de Oliveira, isso foi em 1968. Quem comandava o concurso era o deputado Francisco Antonio Coelho, o Coelhinho e Arquimedes Dutra. Eles me ligaram dizendo: “- Sua noiva será Miss Piracicaba!”.
A eleição dela foi muito interessante, por quê? 
Ela tinha um instituto de beleza na Rua XV de Novembro esquina com a Rua José Pinto de Almeida, ela foi contratada para maquiar as candidatas do concurso. O Coelhinho acompanhando o processo chamou o Arquimedes Dutra e disse-lhe: “- Professor! Olha a nossa miss aqui!”. De fato ela era muito bonita, tinha 1,78 metros de altura. Decidiram ali mesmo: “Você vai ser a nossa miss!” Nessa época eu já era ator de cinema. Tinha feito teatro. Trabalhei no que foi a coqueluche de uma época, que era a luta - livre. Em 1964 fui campeão paulista de judô, aos 21 anos.
Como surgiu o ator Toni Cardi?
Eu já fazia teatro, viajávamos com peças pelo Brasil, em uma dessas ocasiões estava com Roberto Mauro, que é piracicabano, ele disse-me: “-Tem um diretor italiano que vai fazer um filme, o Rafaelle Rossi. Ele tinha trabalhado como segundo assistente de direção do filme “El Cid” em Cinecitta. Fomos até onde poderíamos encontrar o Rafaelle, em São Paulo, na rua em que havia boates, fomos até a boate “La Vie en Rose”. A conversa tomou corpo, e acabamos fazendo, o filme  “O Homem Lobo”. Era um drama de um estudante que em noites de lua cheia se transformava em lobisomem. Viemos em Piracicaba filmar parte do filme. João Chaddad participou do filme.
Em que local de São Paulo você passou a residir?
Fiquei por 25 anos morando em um apartamento situado no Largo do Arouche, no Edifício Santa Elisa, em cima da Galeria do Arouche, próximo ao Gato Que Ri, La Casserole, Rubaiyat.  Eu tinha um Maverick, V-8, cheguei a ter cinco Maverick. O Luiz Aguiar morava no mesmo prédio. 
                                                                 La Casserole




                                                             O  GATO QUE RI

Como surgiu o nome artístico Toni Cardi ?
De Antonino, que é meu nome, surgiu o Toni, de um livro de Irving Wallace surgiu o sobrenome Cardi.
De quantas novelas você participou?
Participei de quatro novelas na TV Tupi e de uma novela na TV Record. Na Tupi fiz “Hospital” com Walter Avancini, a primeira versão de “Mulheres de Areia” com Eva Wilma. Com Eva Wilma, com direção de Carlos Zara, fiz “Barba Azul”; “Divinas e Maravilhosas” eu fazia um par romântico com Nicete Bruno. Fiz uma novela na Redord, fui dirigido por Waldemar de Moraes. Fiz uns 30 comerciais para a televisão, entre eles: “Café Caboclo e Açúcar União”; “Calças Dolza”; lançamento do avião “Bandeirantes”;  “Jogo de Cama, Mesa e Banho Calfat” com Jean Manzon; lançamento da perua “Belina”. Fiz fotonovelas na “Revista Melodias” cheguei a dirigir algumas fotonovelas.
Quantos filmes você fez no cinema?
Fiz 28, se fosse nos Estados Unidos ou Cinecitta eu estaria milionário!
Atualmente você continua trabalhando?
Desde quando atuava em cinema eu já era corretor imobiliário, é a atividade que realizo atualmente. Tive uma empresa, a MIC Empreendimentos, fiz uns 20 e poucos loteamentos, depois comecei a prestar serviços. No total hoje tenho em minha atuação uns 230 loteamentos.
Foi a área que deu um retorno financeiro melhor?
O ator vive da sua imagem, tem que procurar ganhar bem para vender uma bela imagem, isso custa caro, boas roupas, bons carros, freqüentar grandes restaurantes: Gigetto, Eduardo`s, Os Vickings, eram os grandes restaurantes na época. Só consegui guardar um pouco de dinheiro quando me casei. Namorei dez anos e meio. Casei-me com uma paulistana, em 1975, meu sogro foi comandante da Polícia Militar em Piracicaba. 
Qual é o nome da noiva com quem você se casou?
É Sidnéia de Oliveira, tivemos quatro filhos: Rodolfo, Magno, Natasha e Willian.
O seu ingresso na Luta Livre como se deu?
Aos 14 anos eu comecei no judô. Em cima do cinema Polyteama, em Piracicaba, havia a academia de judô, era do Peixinho, campeão paulista, se não me engano sul-americano também. Na Rua Riachuelo o Zezinho Marafon fazia luta livre jiu-jitsu.
Como você conheceu Amácio Mazzaropi?
O Mazzaropi me conheceu! Eu estava na escadaria da TV Tupi conversando com a artista Nadia Tel, o diretor de elenco Aldo Cezar, nisso parou um carro Impala, o Aldo disse: “ Olha o Mazzaropi chegando!”. Uma pessoa desceu d carro, apresentou-se como sendo Roberto Pirillo, perguntou o meu nome, se eu era ator, disse que o Mazzaropi queria falar comigo, se eu podia ir até o carro para conversar. Cheguei junto ao carro, na frente estava o Carlos Garcia que fazia os filmes dele, o Mazzaropi abriu o vidro traseiro, apresentei-me, perguntou-me se eu montava cavalo, disse-lhe que era uma das minhas especialidades, perguntou-me se conhecia alguma coisa de luta, respondi-lhe que era faixa preta de judô e fazia luta - livre na televisão de vez em quando na então Excelsior Canal 9, Edson “Bolinha” Coury era o apresentador.
                                                           Edson “Bolinha” Coury
                                                   
Foi quando o Mazzaropi disse que ia fazer um filme e estava precisando de um ator com as minhas características. Ele então me deu um cartão do seu escritório, PAM Fimes- Produções Amácio Mazzaropi, que ficava em cima do Cine Paissandu. Disse-me para ir no dia seguinte até o seu escritório as nove horas da manhã.
Você foi?
No dia seguinte, cheguei ao escritório ele já estava me esperando junto com Abílio de Souza que ia dirigir o filme na época. Fui contratado na hora, ele perguntou-me se tinha pratica em produção de cinema, disse que tinha acabado de fazer a produção do filme que tinha terminado naqueles dias. No dia seguinte viajamos para Taubaté onde era o estúdio do Mazzaropi, fiz a produção e atuei em “O Jeca e a Freira”, junto com Mauricio do Valle, Isaura Bruno que tinha acabado de fazer o papel de Mamãe Dolores, o Henrique Felipe da Costa, mais conhecido como Henricão, no ano seguinte fui fazer “O Paraíso das Solteironas”, no próximo ano fiz “Uma Pistola para Djeca”, ele fez a seguir “Um Caipira em Bariloche”, eu não fui, em 1970 ou 1971, voltei a fazer com ele “O Grande Xerife”, onde eu era o galã. Fiz quatro filmes com Mazzaropi.





                                           Isaura Bruno em "O Direito de Nascer"
As lutas livres marcaram uma época na televisão brasileira. Você participou dessa época, pode nos falar algumas particularidades desses espetáculos?
Fantomas era nosso empresário, eu lutei com ele. Nessa época tivemos Ted Boy Marino, Tigre Paraguaio, tinha um que esmerilhava ficha de telefone e punha entre os dedos, para cortar o adversário e fazer sangrar era Aquiles, o Matador. Outros lutadores eram Espanholito, que usava o cabelo cumprido, Índio Saltense era um grupo de artistas, fazíamos apresentações em clubes, praças públicas, sindicatos.





Dava muita audiência?
Muita! Era uma delícia! Atualmente essas lutas perderam muito do seu atrativo talvez pela forma como são realizadas.
Você continuou a fazer cinema até quando?
Até quando houve excesso de exposição dos atores, com cenas intimas explicitas. Decidi que devia parar.
Hoje você está aposentado?
Aposentei-me como ator e como empresário.
Qual é a reação do publico quando o vê na rua?
Ainda sou reconhecido. Estive em Macapá, fui reconhecido lá. Em Rancho Queimado na Serra Catarinense, uma noite eu estava jantando em um restaurante, tinha uma família em uma mesa, uma senhora que estava nesse grupo perguntou-me: “- Você é artista de cinema?”. Respondi que era. Ela perguntou qual era o meu nome. Levantei-me e fui até a mesa onde ela estava com a sua família. Disse que o meu nome é Toni Cardi. Ela disse: “- Ah! Você fez filme tal, mais esse, mais aquele!” A família inteira participou. No dia seguinte o prefeito, o comandante da defesa civil, chamaram-me a prefeitura, a cidade é pequena, três mil habitantes, fizeram uma festa. Em Ribeirão Preto, quando lancei o meu livro autobiográfico “A Simetria De Uma Trajetória” a Record fez uma grande festa.


Você participou de algum programa de rede nacional recentemente?
Eu não procuro ninguém. No auge fui muito procurado, saí na revista “O Cruzeiro”, “Manchete” em todos os jornais da época.
A sua relação com a cidade de Piracicaba como ficou?
Permaneci 42 anos fora de Piracicaba. Há seis anos quando voltei era praticamente um forasteiro. A cidade cresceu. A minha família, meus irmãos, estão todos aqui.
Você participou de bailes de debutantes?
Participei de muitos! Dava um bom dinheiro na época. Os muito requisitados eram eu, Francisco Di Franco, inclusive moramos juntos no Rio de Janeiro em um apartamento na Rua Toneleiros, 200, Carlos Alberto Riccelli, tem até um caso interessante, eu estava fazendo um loteamento em Itararé, houve um baile de debutantes, e um dos diretores tinha participação no loteamento, nessa época o Riccelli era solteiro, tínhamos feito a novela “Hospital”, o Riccelli é muito amigo, é quieto, mas se precisar ele se manifesta. Combinamos o diretor do clube e eu em fazermos uma brincadeira. Coloquei o smoking, dirigi-me ao escritório do clube, nisso o Riccelli também chegou para apresentar o baile. Quando me viu fez uma festa, perguntou-me se eu tinha ido para assistir sua apresentação, eu disse-lhe que estava ali como contratado para apresentar as debutantes. A encenação continuou, o Riccelli começou a ficar nervoso, até que o diretor do clube contou que aquilo tudo era uma brincadeira com ele. Ele relaxou, demos boas risadas, ele acabou me chamando para a quadra, dançamos com as moças. Conheci a Bruna Lombardi, era mais reservada. 


                                                           Carlos Alberto Riccelli

O Juca Chaves também conheci, havia um restaurante chinês na Avenida Paulista, ele fazia show todas as noites lá. 


                                                                   Juca Chaves

Outro que conheci muito foi Waldick Soriano eu morava no Largo do Arouche e ele morava na esquina em um hotel. 


                                                            Waldick Soriano

Conheci muito Moacyr Franco ele estava sempre no Gato Que Ri, outro que andava sempre por lá era Walmor Chagas.


                                                                 Moacyr Franco

                                          


Com Pepita Rodrigues fiz a novela “Divinas e Maravilhosas” e o filme “ A Última Bala”. ( Nesse momento Toni Cardi tira de um tubo cartazes de filmes em que trabalhou, entre as curiosidades aparece a dupla Chitãozinho e Xororó, que atuaram no filme, ainda muito jovens, o violão é maior do que eles! A seguir Toni mostra uma fotografia com Carlos Miranda, o Vigilante Rodoviário, e diz: Falei com ele ontem! Toni desfila uma série de fotografias com cenas de filmes envolvendo Alberto Ruschel, Francisco Di Franco, do filme “Os Trombadinhas” com Pelé, onde aparece Toni contracenando com Pelé. Foto de “um grande diretor” : Pena Filho. Fotos com Toni contracenando com Jorge Karan, Luiz Sérgio Person, Mazzaropi, Mauricio do Valle, Carlos Garcia, Carlos Miranda, Adele Coelho, Rafaelle Rossi, Tony Vieira, Claudete Joubert.
Como surgiu seu livro “A Simetria de Uma Trajetória”?

Eu comecei a rabiscar, naquela época só tinha máquina de escrever, eu tinha uma Remington portátil papai morava na Rua Moraes Barros, eu vim de São Paulo, fiquei uns três dias ai, pensei em escrever a minha história, acabei escrevendo 17 a 18 páginas, guardei aquilo tudo. Trinta anos depois, quando vim para Piracicaba, mexendo nas minhas coisas caiu na minha mão aquele negócio todo. Incentivado pelos amigos, sozinho em casa, passei a escrever principalmente à noite. Tinha algumas madrugadas que quando eu sentia fome, olhava o relógio já eram cinco horas da manhã. O livro ficou pronto, a Editora Degaspari imprimiu e lancei o livro na Livraria Nobel, no Shopping Piracicaba, isso foi em 2013. 


Boca do luxo
Autor: João Cláudio Capasso

Foi da década de 60 a 70 que frequentei a maravilhosa boca do luxo em São Paulo, tinha vinte anos.

Lembro-me da boate Dakar, na esquina da Rego Freitas, com sua pista dança iluminada, o Holiday, Variety, o La Vie en Rose, da Ester, o Michel da Sonia, o Club de Paris do francês Jaan Pierry, que foi a primeira boate com TV circuito fechado. Em frente tinha o bar Tetéia.

Todas as noites parecia que estávamos em Las Vegas, a cidade toda iluminada, muita gente bonita nas ruas, as garotas que trabalhavam nas boates muito bem vestidas, pareciam madames.

Na Praça Roosevelt tinha La Licone, da Laura Qeu; depois mudou-se para sede própria, na Major Sertorio. O Marino, o Chicote, enfim, uma época de festas. Dificilmente tinha uma confusão.

Tinha mulheres belíssimas nas boates; um amigo casou-se com uma garota do La Vie en Rose na Igreja da Consolação, foi uma linda cerimônia, em que estavam todos os boêmios da noite de São Paulo, e depois uma grande festa. Época maravilhosa.

No dia em que a boca do luxo acabou, os prédios foram desapropriados. Todas as boates deram uma grande festa de despedida, nunca vi tanta gente chorando nas ruas, todos os porteiros, as garotas, e os clientes se abraçaram, sabendo que jamais haveria uma boca do luxo tão linda, tão maravilhosa como aquela.

Hoje não existem mais boates com aquele luxo, com show, tudo passa, mas fica a saudades daquele quadrilátero maravilhoso da Rego Freitas, Major Sertorio, Rua Araújo.

Agradeço a Deus por ter vivido os dez anos mais maravilhosos da minha vida. Quem sabe um dia voltamos a nos encontrar, mesmo que seja do outro lado da vida
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