sexta-feira, maio 01, 2009

O pára-quedas é o único meio de transporte que, quando enguiça, você chega mais depressa.


quarta-feira, abril 29, 2009

domingo, abril 26, 2009

O popular "pique-pique", que atualmente todos cantam nos dias festivos.
Foram os estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Franciscode uma turma próxima de 1930 que criaram.
Poucos conhecem a sua singular origem. Escreveu Guilherme de Almeida, que três estudantes, da turma que colaria grau em 1927, eram então amigos inseparáveis nas horas de boemia. Um deles – Ubirajara Martins de Souza – usava um extraordinário bigode de pontas finas e retorcidas para cima e por isso era apelidado de "pique-pique". Outro, era Mário Ribeiro da Silva, "inteligência viva e afinado senso de humor" e que apreciava desconsertar os interlocutores mais austeros, interdizendo no meio das conversas frases desconexas, como esta : "Veja você, heim? Meia hora...". O terceiro era Aru Medeiros; e juntos constituíam o grupo do "Pudim"...
Numa noite em que bebericavam o seu "chope", no bar Pérola do Douro, sendo aniversário de Ubirajara, Mário o brindava, gritando: "Pique-pique, pique-pique, pique-pique". Retrucou, então, Ubirajara: "Meia hora, meia hora, meia hora". Daí, para emendar com "Rá-rá-tchin-bum", foi um relâmpago. Estava criado o hino do "Pudim", o grito de guerra de toda a estudantada.
Recordou Guilherme de Almeida que "no dia seguinte visitava a Faculdade de Direito o Marajá de Kapurtala. Entre outras manifestações, recebeu nas bochechas ilustres, berrado de perto, o primeiro ‘pique-pique’ oficial. Gostou e manifestou alto interesse pela harmonia e sugestiva língua falada no Brasil".

OSMAIR FUNES NOCETE

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado,25 de abri de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: OSMAIR FUNES NOCETE


Com um custo estimado em 10 bilhões de dólares, o trem bala que fará o percurso entre Rio de Janeiro e São Paulo, com extensão até Campinas retoma um assunto que gera ferrenhas discussões: o transporte ferroviário no Brasil. Com o estabelecimento das concessões ferroviárias, cujos prazos atingem até 50 anos, desapareceu o trem de passageiros, a malha ferroviária está a serviço do transporte de cargas. O valor a ser aplicado na construção do trem bala se aplicado na construção de ferrovias convencionais, considerando o valor de 1 milhão de dólares por quilometro permitiria a construção de 10.000 quilômetros de ferrovia em todo o país. Percebe-se claramente que recursos não faltam, o que se têm pela frente são decisões de cunho político. Vivemos tempos de internet de alta velocidade, quando já são realizados testes para a transmissão por fios de energia elétrica, onde qualquer tomada de luz poderá passar a ser um ponto de conexão com o mundo, com alta velocidade, muito acima das utilizadas até o momento. Em meio a essa verdadeira panacéia fazemos uma incursão ao passado recente. Uma figura quase extinta das nossas lembranças é o telegrafista. A chegada de um telegrama era um acontecimento. Fechamento de negócios. Notícias familiares. Tudo que era de extrema urgência tinha no telegrama o seu instrumento maior. Até então a telefonia era precária, era muito comum ir e voltar á São Paulo em um tempo menor do que conseguir uma ligação telefônica para o mesmo local. Isso em uma época de estradas e veículos com tecnologia muito inferiores a atual. Osmair Funes Nocete é ferroviário aposentado e filho de ferroviário, iniciou trabalhando como telegrafista chegando a ser Chefe de Estação. É ele quem proporciona uma rápida lembrança da realidade que já pertence ao passado. Nascido em Rio das Pedras, em 31 de dezembro de 1938, filho de Francisco Funes Fernandes e Laura Nocete, descendentes de espanhóis.
O seu pai, Francisco Funes Fernandes trabalhava na ferrovia?
Ele era funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana, trabalhava na via permanente, responsável pela conservação da linha do trem. Seu ingresso na empresa deu-se quando ele tinha aproximadamente 25 anos de idade. O ramal da Sorocabana vinha de São Pedro e ia até Itaici. Em Itaici existia a escolinha de telegrafistas. Havia o entroncamento, o trem que vinha de Piracicaba seguia para Jundiaí. O trem que vinha de Mairinque ia para Campinas.
Em Jundiaí, assim como em quase todas as outras estações havia vendedores de produtos alimentícios?
O trem parava, havia os vendedores de biscoito de polvilho, um cone de papel com amendoim salgado dentro, uva, figo. Na região de Jundiaí já havia a produção de figos e uvas.
Seus primeiros estudos foram feitos onde?
Cursei a escola primária em uma localidade denominada Chave do Barão, não restou mais nada das construções da época nessa localidade, era o que chamávamos de Turma de Conserva, havia umas cinco casas construídas no local. Indo pela estrada que liga Rio das Pedras á Mombuca próximo á Fazenda Lageado ficava a Chave do Barão. Ali moravam o feitor, o encarregado e os trabalhadores. Meu pai era o encarregado. Moravam cinco famílias, cada um em uma casa. As casas eram de alvenaria. Era composta por: sala, dois quartos e cozinha. O banheiro ficava na área externa da casa, ainda no sistema de fossa séptica. Havia dois poços de água em frente ás casas. Fazíamos o primário lá. Lembro-me do nome de uma professora: Elza Moura Barbosa. O quarto ano primário era feito em Mombuca, nós íamos de trem, como era filho de ferroviário tinha o passe livre para viajar pelo trem. Uma das minhas professoras nessa escola foi Dona Nair. Ela era da família Siqueira que tinha uma loja de ferragens na Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua XV de Novembro, a Casa Siqueira. Quando eu mudei para Piracicaba já tinha 13 anos de idade. Passei a minha infância entre Rio das Pedras e Mombuca.
Você ainda pequeno já ajudava nos afazeres domésticos?
Eu era criança, punha o bigolo nas costas, com dois baldes pequenos, um de cada lado e ia buscar água na bica.
O que era bigolo?
Era um pau, á semelhança de um cabo de enxada, com um prego em cada extremidade, para evitar que o balde caísse, um balde equilibrava o outro, fazia o contrapeso.
A linha de trem exigia uma área lateral a ser preservada ao longo do seu trajeto. Quantos metros eram reservados para a linha de trem?
A faixa da Companhia é de 15 metros de cada lado da linha do trem. Isso era de acordo com o regimento.
Porque ao longo da linha, junto aos trilhos, havia a plantação de erva-cidreira?
Era para retenção de aterro, contenção de erosão. E evitava a invasão do mato sobre a linha de trem. Lembro-me do tempo em que os dormentes eram assentados diretamente sobre a terra. Depois fizeram o que foi denominado de empedramento, foram colocadas pedras na linha. O dormente passou a ficar sobre a pedra, e quando chovia a água infiltrava através das pedras. Chamávamos isso de deixar a linha “laqueada”. Funcionava como um dreno evitando o apodrecimento do dormente.
Qual tipo de madeira que era utilizada para fazer os dormentes?
Ultimamente era o eucalipto. Mas houve uma época em que era utilizada madeira de lei. Naquele tempo havia abundancia. A madeira já vinha prontinha, na forma de dormente, para ser colocada no leito da linha.
A furação para fixação da linha junto ao dormente como era feita?
Furavam na verruma, um trabalho manual. Tinha vários tipos de prego. Um modelo era fixado mediante golpes de marreta. Tinha um que nós chamávamos de tirefon, esse utilizava rosca para ser parafusado no dormente.
Qual era a bitola da Sorocabana?
Era a bitola de 1 metro, bitola métrica. A Companhia Paulista era de 1,60 metros. Não existia um acordo entre as ferrovias. A bitola de 1 metro leva desvantagem, não pode andar a mais de 80 quilômetros por hora. Quando passou a ser Fepasa, em Campinas havia um guindáste que retirava o vagão da bitola estreita e punha em cima da bitola larga. Quando houve a fusão entre a Sorocabana e a Paulista, aqui em Piracicaba para tirar o trem de dentro da cidade na Água Branca foi feita uma ligação com a Companhia Paulista. Na ocasião eu trabalhava na Estação da Paulista.
Você começou a trabalhar como telegrafista com que idade?
Eu comecei a trabalhar de fato em 1958. Fui trabalhar em Pedro Barros, próximo a Juquiá. Eu estava completando 18 anos, já tinha feito o curso de dois anos para exercer a função de telegrafista.
Você conheceu o Rancho Alegre, em Piracicaba?
Funcionava como um buffet. Cheguei a trabalhar lá como ajudante de confeiteiro. Eu tinha uns 14 anos. A proprietária era a Dona Joaninha. Trabalhei como ajudante de padeiro na Padaria Di Giacomo, na esquina da Catedral onde está hoje um supermercado. O forno era a lenha, nós ficávamos enrolando os pãezinhos. Era tudo feito no braço. Padeiro não tinha pelos no braço. Tinha o filão também conhecido por bengala. Havia outros tipos de pão como o filãozinho, pão italiano, pão trançado. Eu ficava a noite inteira trabalhando, e ainda, como ajudante eu fazia o café para todos tomarem a noite. Um café com pãozinho feito na hora é uma delicia. Nessa época eu praticava telegrafo durante o dia e fazia bico na padaria.
Você tinha linha aberta de telégrafo para praticar?
Praticávamos na linha intermediária. Havia uma que se comunicava de Piracicaba até São Pedro. Outra linha intermediária que se comunicava com Rio das Pedras. Havia duas linhas exclusivas com São Paulo, nessas linhas nós não interferíamos.
Havia diversos aparelhos de telégrafos na mesma sala, o som de um não atrapalhava o outro?
Não! Cada um encostava-se ao seu telegrafo e tinha que ficar concentrado nele.
O primeiro local que você passou a trabalhar como telegrafista foi onde?
Foi em Pedro Barros, no dia 5 de agosto de 1958. Éramos dois telegrafistas, eu e o Saccaro de Rio das Pedras. A cidade mais próxima era Miracatu. Para chegar lá era só pela ferrovia, levava um dia para chegar. Para vir a Piracicaba tinha que acumular as folgas, isso porque era um dia para vir e mais um dia para voltar. Na época em São Paulo não havia estação rodoviária. Cada empresa de ônibus tinha uma agencia na cidade. A Estrada de Ferro Sorocabana fornecia em Pedro Barros um quartinho para usar como dormitório, só que a comida nós tínhamos que nos virarmos para prover. Era um quartinho de madeira, fazia um calor tremendo.
Você usava uniforme?
Na Sorocabana não usávamos uniforme. O traje exigia o uso de gravata, e a companhia mandava um quepe em que estava escrito telegrafista.
Havia uma cooperativa para fazer as compras de consumo doméstico?
A cooperativa ficava em Itu ou São Vicente. Só quando era solteiro não comprava. Era um sistema semelhante ao cartão de crédito hoje, só que era feito através de uma caderneta, onde marcávamos os produtos que queríamos e ao final do mês vinha descontado no pagamento. O trem trazia as encomendas, vinha em um saco branco.
Quanto tempo você permaneceu em Pedro Barros?
Fiquei por um ano. Depois disso pedi a minha transferência e o único lugar disponível era Acaraú. Em Pedro Barros já havia certa infra-estrutura. Acaraú não tinha energia elétrica, só tinha água que caia da serra e era depositada em um tanque. Tinha a estação, a casa do mestre de linha, um barracão de madeira meio caindo, e duas casas de madeira dos portadores. Eu comia pão com banana. Comi muito pão com banana. Acaraú era denominado de Quartel General dos Borrachudos. Permaneci ali por 4 anos. Até hoje tenho sonhos com esse local, na verdade quase verdadeiros pesadelos! Uma curiosidade topográfica. A Via Anchieta tem de aclive sete por cento. A Estrada de Ferro Sorocabana, de Evangelista até Gaspar Ricardo tem quatro por cento de aclive. Tanto que a locomotiva subia com 350 toneladas. De Mairinque até Santos existem 32 túneis. Isso foi construído em 1932, projetado para linha dupla até Samaritá e para eletrificação. Quando sai de Acaraú estavam terminando a eletrificação. Quando mudou para a Fepasa tudo virou sucata.
Como era o apelido do aparelho de telegrafo simples?
Era Pica-Pau. Por causa do barulho semelhante ao que a ave faz com seu bico. É um aparelho de origem inglesa. O espanholete ou cabeça de cavalo era assim denominado por ter duas teclas.
O que é staff?
São bastões de ferro, integrados a uma argola de couro, para facilitar a entrega ao maquinista. O bastão é engatado embaixo. Em Acaraú o trem passava a 40 quilômetros por hora, ele pegava o staff de Acaraú e deixava o dele em um arco na entrada. Em Nova Odessa o trem passava em alta velocidade e eles jogavam o staff no chão da estação. O maquinista pegava no braço o staff da estação.
Você permaneceu como telegrafista até quando?
Até quando foram unificadas as ferrovias, passando a serem denominadas de Fepasa. Nessa época o meu cargo passou a ser denominado auxiliar de estação. A função era a mesma. Havia uma devoção do funcionário para com a empresa, e na época sentíamos que uma grande injustiça estava sendo feita com os funcionários, que sentiam orgulho em trabalhar em uma ferrovia. Nosso salário não era reajustado de acordo com os índices econômicos. Nas minhas horas de folga passei a trabalhar como taxista para complementar o meu salário. Tinha um amigo, o José Segredo, trabalhávamos de forma alternada com o táxi. A cada noite um trabalhava com o táxi. Fazíamos ponto ali na Rua XV de Novembro com a Avenida Armando Salles. Chamava-se Ponto Santa Clara, mas era conhecido como Ponto Guerra, ficava de frente para o Supermercado Guerra, onde mais tarde funcionou a Márcia Pisos.
Quantos anos você trabalhou como telegrafista?
Permaneci por 15 anos. Na época tudo era feito por telegramas. Telegramas de aniversários, negócios. Em Pedro Barros tinha diversos bananicultores, quando Santos mandava um telegrama mandando carregar frutas, já sabíamos o teor do telegrama. O texto era: “Confirmo carregamento 800 cachos banana exportação embarque vapor Ana Maru Santos dia (dava até o dia)”. Lembro-me até hoje Eram exportadas muita banana por lá. Eram dois a três trens por dia. Quando falavam o nome de um bananicultor já sabíamos que era para carregar banana.
Como era cobrado o telegrama?
Era cobrado por palavras. Mais do que 25 caracteres cobravam-se como duas palavras.




quinta-feira, abril 23, 2009


Fernando Lugo Méndez, atual presidente do Paraguai, ex-bispo que se tornou político proeminente da chamada "esquerda" de nosso continente, é daqueles personagens latino-americanos que cabem com perfeição na literatura de Gabriel Garcia Marquéz. O primeiro mandatário do Paraguai é conhecido pelas suas bravatas sobre a exploração que o Brasil impõe ao pobre país por meio da Hidrelétrica de Itaipu, além das clássicas idéias sobre a exploração capitalista do ser humano. Todavia, o que o ex-bispo gosta mesmo é daqueles amores noturnos com as moças pobres de seu rebanho religioso. É certo que teve um filho (agora reconhecido) de Viviana Carillo há cerca de dois anos "depois de uma longa relação". Vejam só ! Agora aparece uma pobre senhora, Benigna Leguizamón, de 27 anos, que alega ter um filho com o bispo-galã Lugo de 57 anos. As mulheres indignadas de seu gabinete clamam ao presidente que faça um exame de DNA. Ou será um vexame de DNA ? Não consta que as indignadas tenham renunciado a seus cargos junto ao presidente-bispo e galã. No romance Del amor y otros demonios, Gabriel Garcia Marquéz conta-nos sobre Sierva Maria Todos los Ángeles, uma menina abandonada por sua família e criada entre os escravos. Mordida por um cachorro raivoso, lá pelas tantas e depois de várias tentativas de tratamento, é internada num convento passando a receber a generosa ajuda do Padre Cayetano Delaura. Tentado "pelas coisas do demônio" aquele obrero de Dios torna-se um caliente apaixonado. Ah ! O amor ! Tudo isto (em Marquéz) se passa 200 anos atrás, mas poderia ser reescrito em terras paraguaias por estes tempos.


domingo, abril 19, 2009

DIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO - 19 DE ABRIL

Passados 361 anos do nascimento do Exército Brasileiro, encontramo-nos novamente perfilados para, uma vez mais, reverenciar atos heróicos de brasileiros que, em 1648, nos Montes Guararapes, reagiram à ocupação estrangeira. Coragem e sangue, audácia e determinação conduziram irmãos de três raças a alcançar a vitória sobre o invasor com o mesmo sentimento de brasilidade que até hoje tem caracterizado toda a história de nosso Exército. Ao longo desses séculos, consolidando a Independência, pacificando províncias, defendendo o território, fortalecendo a república e lutando pelos ideais de liberdade em solo europeu, a gente de nossa terra envergou a farda que tanto nos honra para, sob o manto dessa “segunda pele que adere à alma”, fazer do Brasil o país forte e soberano onde hoje vivemos. Cultuar-lhes a memória é continuar-lhes os feitos. Embora nos felicitemos por identificar hoje apenas nações amigas em
nosso entorno estratégico, o Exército Brasileiro, como força armada, permanece esteio e segurança de nossos cidadãos e, além disso, presta solidariedade a outros povos com uma ativa
participação em operações de paz. A observância da destinação constitucional, o apego à legalidade, a elevada motivação e o acendrado compromisso com a Pátria permanecem inalterados na Instituição, a despeito de dificuldades de diferentes naturezas. Nos dias atuais, em que a Estratégia Nacional de Defesa reconhece a imperiosa necessidade de o Estado Brasileiro dar maior atenção à sua defesa, projetos de grande envergadura norteiam a evolução da Força Terrestre. Amazônia Protegida, Mobilidade Estratégica e Combatente Brasileiro do Futuro, entre outros, são projetos que têm por objetivo dotar a Instituição das capacidades que a Nação requer e que você, Soldado Brasileiro, deseja de longa data. Trabalhemos todos por dar-lhes consecução. A nossa Força supera obstáculos, conquista objetivos e mantém-se em estado de prontidão graças, principalmente, ao valor de sua gente. Olhar altivo, vontade inquebrantável, culto à verdade, ética, disciplina e intenso amor pelo Brasil são marcas da alma verde-oliva. O Exército é credor da confiança e do respeito da sociedade a que serve. Jamais abriremos mão dessa conquista. Somos, realmente, “da Pátria a guarda, fiéis soldados, por ela amados”.
Homenagear o Exército Brasileiro no dia de seu aniversário é cumprimentar você, homem e mulher, fardado e civil, da ativa e da reserva por uma vida de renúncia e dedicação integral ao
serviço da Pátria. Fomos, somos e seremos sempre pelo Brasil, acima de tudo!

General-de-Exército Enzo Martins Peri
Comandante do Exército

BARÇO FORTE...
... MÃO AMIGA





sábado, abril 18, 2009


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 17 de abril de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADA: OZAIDE TRIMER

A forma pausada de se expressar, com um português impecável, revela o seu grau de cultura. Objetiva nas respostas, embora saiba relevar até o tolerável o que nem sempre a agrada. Pode-se dizer que Ozaide Trimer é constituída de uma personalidade forjada não só pela genética como pelos seus desafios, que os vencendo de uma forma arrojada, externa um pouco do infinito limite da capacidade humana. Filha de Alfredo Trimer, nascido em 13 de setembro de 1913 e Paschoa Graviol Trimer nascida em 4 de abril de 1915, ambos já falecidos, Ozaide partilha com os irmãos Orivaldo, Oveida, Odila, Oraide e Odacir Alfredo a epopéia de uma família a quem o trabalho sempre foi uma constante e a dignidade e honra considerados como valores sagrados. Onde hoje se situa o Carrefour foi anteriormente uma área denominada Chácara Morato. É possível ver acima dos muros do estacionamento, parte de uma casa de construção centenária. Era a sede da fazenda. Uma construção ao lado era a casa onde Alfredo Trimer e sua família, moravam e cuidavam da propriedade. As lembranças de Ozaide ajudam a recompor esse importante marco da cidade de Piracicaba.
Seu pai é brasileiro?
Meu pai nasceu no Brasil, na cidade de Nova Odessa, um local onde moravam muitos russos e letos. Minha mãe nasceu no município de Santa Bárbara D`Oeste, seus pais vieram da Itália, da região de Treviso. Meu avô paterno imigrou para o Brasil antes da revolução ocorrida na Rússia. Por muitos anos ele trabalhou na Estrada de Ferro Sorocabana.
Quando seu pai e sua mãe conheceram-se?
Minha mãe estava ajudando a minha tia, lavando roupas em um córrego. Meu pai e meu tio Rodolfo Arnaldo, passaram pelo ribeirão com uma carroça carregada de toras de madeira. Por algum motivo essas toras caíram no ribeirão e sujaram a água. Minha mãe comentou com a minha tia: “-Nossa, que dois moços bonitos!”. Em uma festa no Município de Santa Bárbara, na localidade muito conhecida, denominada Santo Antonio do Sapezeiro, meu pai e minha mãe estavam presentes. Essa festa foi em um mês de outubro. Houve resistência por parte da família da minha mãe contra esse casamento, por motivos diversos, a religião, o fato de meu pai ser descendente de russos. Minha mãe enfrentou tudo e casou-se com ele.
A primeira atividade do seu pai foi na lavoura?
Meu pai era muito trabalhador, era apontado como uma pessoa extremamente dedicada ao trabalho. Ele casou-se com 25 anos de idade. No início ele ia pelos sítios comercializando miudezas, era o que na época denominavam de frangueiros, pessoas que comercializam mercadorias tendo como base a permuta de produtos industrializados por produtos agrícolas. O termo frangueiro era uma denominação dada a todos que realizavam essa atividade por trabalharem com um carrinho de tração animal e na parte inferior do carrinho, já no lado externo, havia uma espécie de gaiola, onde as aves, frutos da negociação, eram transportadas vivas. Ele exerceu essa atividade por uns três anos. Quando o Marcelino Angolin encerrou as suas atividades no tradicional armazém situado em Caiubi, transferiu esse armazém para o meu pai. Nessa ocasião meu pai deixou de fazer o comércio como frangueiro e fixou-se no armazém. Por questões administrativas, especialmente a venda a crédito com elevada inadimplência, meu pai acabou perdendo tudo. Saímos de Caiubi com a roupa do corpo e os pertences da casa. Na época eu tinha doze anos de idade. Fomos para a Fazenda Cachoeira, ao lado do lugar hoje denominado Colinas de Piracicaba. O proprietário da fazenda era Dr. José Freitas. Permanecemos lá por 4 anos. Mudamos para uma fazenda do Dr. Virgilio Fagundes, bem na frente onde passava o trenzinho que ia para Ártemis. Plantávamos cana e cereais. O sítio onde morávamos chamava-se Canadá. Um dia meu pai encontrou-se com o Francisco Lima, que foi um vizinho nosso na Fazenda Cachoeira. O Francisco Lima disse que estava morando na Chácara Morato, e que eles estavam precisando de mais pessoas para trabalhar.

Isso foi em que ano?
Foi em 1960, quando então viemos trabalhar na Chácara Morato. Na época da Dona Cenira Conceição Morato Leme, ela era casada com o Dr. Celso Leme. Moramos por um período de 18 anos na Chácara Morato. Dona Cenira teve os filhos Dona Madelana, Dona. Cidinha, Dona. Cecília, Dona Martha e Francisco. O caminho para vir para a cidade era pelo pasto da Chácara Nazareth ou pela Rua do Porto.

Apesar da denominação de chácara qual era a área compreendida pela propriedade?
Eram 50 alqueires. Fazia divisa com Chácara Nazareth. Onde hoje é o bairro Castelinho era um pasto enorme da Chácara Nazareth. Uma coisa curiosa é que a ponte existente lá sempre foi conhecida como Ponte Francisco Morato. Um dia tive uma surpresa muito grande ao ver que essa ponte havia recebido uma nova denominação. Dr. Morato foi um homem muito influente, a cidade de São Paulo tem rua, uma ponte muito importante com o seu nome. Há até uma cidade, em sua homenagem, que é Francisco Morato.
Na Chácara do Morato havia na entrada muito bonita?
Era uma alameda formada por árvores. Ainda resta uma árvore muito bonita, situada nas imediações do Carrefour. Acho que é a árvore mais bonita da cidade. Na época da construção do supermercado, fiquei sabendo que um senhor do Bongue permaneceu embaixo dessa árvore por dias, para que não cortassem essa árvore.
A casa onde a sua família morou ainda existe?
Ela foi desmanchada quando foi vendida uma parte da área para o supermercado. A Dona Cenira era uma defensora da preservação das coisas antigas.
Uma das curiosidades existentes na época era uma sirene manual?
Era! Na passagem de ano ficávamos acordados, meu pai ia lá e tocava por um bom tempo a sirene.
Em que ano sua família mudou-se da Chácara Morato?
Saímos em 1977. Quando eu estava na chácara trabalhei na roça por muito tempo. Fiz o colegial e a universidade. Tenho o curso superior de Processamento de Dados. Cheguei a fazer estágio na Cipatel, Companhia Telefônica de Piracicaba, empresa antecessora da Telesp em Piracicaba. Permaneci por um ano lá. Em 15 de setembro de 1977 fui contratada para trabalhar como auxiliar de secretaria no Colégio Piracicabano. O Reitor era o Dr. Richard Edward Senn. Depois entrou o Professor Elias Boaventura.
Por quanto tempo você permaneceu no Instituto Piracicabano?
Por 21 anos. Em 1987 fui nomeada Secretária Chefe.
Qual era a sua função nesse cargo?
Era cuidar da parte legal, principalmente junto a Delegacia de Ensino.
Você deu um salto tão grande na sua vida!
Graças a Deus! Quando entrei era a menorzinha de todas, com o salário mais baixo. Cuidava do Arquivo. Só que sempre fui muito curiosa. Quando eu descia para ajudar as meninas, queria saber o porquê o histórico era feito daquela forma. Lá dentro eu dei um salto muito grande. Nós saímos dos históricos feitos manualmente para o feito pelo computador. Trabalhava com o Centro de Processamento de Dados que atende a universidade e ao colégio. Tinha um analista que trabalhava com o computador de grande porte e eu desenhava o formato em que deveria ser o histórico, a ficha individual, toda a documentação do aluno. Deu um trabalho muito grande para fazer. O analista de sistema queria saber o porquê de cada dado ser colocado de determinada forma. Ocorre que existe uma legislação a respeito e que tem que ser obedecida de forma rigorosa. Sair de um sistema totalmente manual, escrito a tinta, onde não podia ter erro. Quando eu cheguei era utilizada a caneta tinteiro. Para a correção de algum erro foram sendo inventadas formas de apagar os possíveis erros cometidos. Misturavam a água com água sanitária, até chegarem a uma combinação ideal das duas substâncias, de tal forma que o erro era apagado. Só que não podia ser escrito em cima no mesmo dia, tinha que esperar uma semana para secar bem e depois podia escrever sem problema nenhum. Aquilo era um segredo das meninas da secretaria!
Você realizou um trabalho de integração de arquivo de alunos?
Para cada curso que um aluno realizava havia uma pasta independente, consegui unificar tudo em uma pasta só. O período de trabalho era de oito horas. Nos finais de ano o período de trabalho se estendia para 12, 13, 14 horas. Depois que assumi o cargo de Secretaria Geral eu fazia o cerimonial de formatura. Havia um programa, um protocolo bastante rígido.
Você teve câncer?
Tive na mama direita. Tirei um nódulo aqui em Piracicaba. Passei a fazer tratamento na Unicamp, fiz mastectomia total, usando a técnica do Dr. José Aristodemus Pinotti, o médico faz a transposição do tecido da barriga para o seio, no mesmo dia. Eu ia para Campinas fazer radioterapia e quimioterapia. Fiquei por seis meses, afastada do trabalho. Após esse período voltei a trabalhar, isso foi em 1987.
Você aposentou-se quando?
Em 1998. No último dia em trabalhei lá fizeram uma festa com muitas flores e presentes.
Você passou a buscar novas atividades?
Eu acalentava um sonho desde criança: viajar. Sempre tive uma vida bastante regrada, a minha remuneração era dentro de um orçamento modesto. Minha amiga Mercedes Vecchini convidou-me para ir para Rodeio, em Santa Catarina, porque os tiroleses participam de uma festa existente lá. Eu disse-lhe que não gostava de rodeio. Ela então me disse que esse era o nome da cidade! Fiquei sabendo que ela tinha viajado anteriormente para Austrália e Nova Zelândia. Fiquei curiosa em saber como ela tinha realizado essas viagens. Foi então que ela me disse que fazia parte da Friendship Force Internacional (Força da Amizade Internacional) e foi contando como funciona. É uma Organização Não-governamental que tem por objetivo promover amizade entre os povos através de intercâmbios, onde os visitantes são hospedados em casas particulares durante uma semana, participando da vida e cultura local. Ela disse-me que havia vaga para a Alemanha e Hungria. Era isso que eu queria! Nesse meio tempo veio para o Brasil um grupo de americanos. E eu acabei hospedando uma senhora do Estado de Nova Iorque, Miss Mayblin. Ela ficou em casa.
Em que língua vocês se entenderam?
Eu usava mais os gestos para fazer me entender! A Friendship tem esse lema: não é obrigatório o uso do inglês. O mais importante é a linguagem do coração. Saber receber, acolher, a pessoa fica uma semana na sua casa. Existe uma programação pré-estabelecida.
A Miss Mayblin ao chegar a Piracicaba desceu onde?
Foi no Jornal de Piracicaba. Sempre a Dra. Antonieta Rosalina da Cunha Losso Pedroso tem o costume de oferecer o café da manhã aos membros do Friendship quando chegam a Piracicaba. Inclusive ela participa da Friendship Force Internacional. De lá trouxe Miss Mayblin para a minha casa. O lema desses intercâmbios não é de cunho turístico, e sim de amizade entre os povos, e através dessa amizade chegar a um mundo de paz.
Ela achou a comida muito diferente?
Existe uma orientação para não procurar oferecer alimentos com as características da terra do visitante, e sim o que nós temos aqui.
Qual é a impressão que o estrangeiro tem da cidade de Piracicaba?
Eles acham lindo! O Rio de Piracicaba, a Rua do Porto, adoram comer pastel no Mercado Municipal. Vamos com eles na Agronomia. Uma americana que conheceu a Unimep ficou fascinada, achou própria de um país muito avançado.
E o caldo de cana faz sucesso?
Aqueles que levamos para visitar o Lar dos Velhinhos acham lindo demais, muito avançado. Houve o caso de uma americana, portadora de diabetes, que na volta do passeio ao Lar dos Velhinhos, já na Avenida Beira Rio, paramos em um trailer que fazia garapa, ela com diabetes e tudo tomou nem quantos copos! Essa se chamava Jim, com 81 anos de idade. A Mercedes estava hospedando uma outra americana. Nos as levamos para comer pastel na Rua do Porto, elas tinha uma adoração por pastel. As duas sentaram e passaram a ficar olhando o Rio Piracicaba por um longo tempo.
E caipirinha?
Eles tomam e gostam. Sempre fazemos um almoço na Rua do Porto, acompanhada de peixe.
E a reação deles no Mercado com relação a frutas como é?
Principalmente os americanos, eles ficam doidos por mamão, que denominam de papaia.
Quantos países você conhece?
Fui para a Alemanha duas vezes, Hungria uma vez, fui duas vezes aos Estados Unidos, para a Costa Rica fui duas vezes, para o Canadá, África do Sul, no México fomos a um restaurante no 47º andar, é um restaurante giratório. Percebe-se que está girando pelos edifícios que estão á vista. Fomos á viagens dos sonhos nas Montanhas Rochosas no Canadá. Fui para Itália. Estive em Cuba, eu adorei. Não cheguei a ver Fidel Castro. Em agosto do ano passado fomos á Terra Santa, começamos a viagem pelo Egito, Frei Augusto foi nosso guia espiritual.
Você foi ao muro das lamentações?
Fui! Coloquei o papelzinho no muro! Conheci a entrada do Monte Sinai.
Precisa ser rico para fazer essas viagens?
Não! É preciso apenas pagar uma taxa, ficamos hospedados em casas de família. Essas viagens não têm nada de luxo. Eu sou caipira, me orgulho de ser caipira, trabalhei na roça, não recebi herança nenhuma. Cortei cana, carreguei até lenha em caminhão. Ia descarregar lá nas olarias da Água Branca. Hoje conheço o mundo.



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