Com o tema “Alimentos e bioenergia: qual o futuro da terra?”, o 9º Encontro de Plantio Direto de Rio Verde, evento que reúne produtores rurais, técnicos agrícolas, estudantes e profissionais do agronegócio, contará com palestras de docentes da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) que atuam nessa área. A difusão de tecnologia e inovações relacionadas à agricultura sustentável são os objetivos desse encontro que acontece de 10 a 12 de agosto, em Rio Verde (GO). Além dos professores do departamento de Produção Vegetal (LPV) Antonio Luiz Fancelli e Pedro Jacob Christoffoleti e do mestrando João Luis Nunes de Carvalho, da ESALQ, profissionais da SLC Agrícola, Embrapa Informática Agropecuária, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Cerrado, Embrapa Soja, Agrisus, BBC Consultoria, Fundação MT – Rondonópolis, UNESP Botucatu, FESURV – Universidade de Rio Verde, SIFAEG, Canoeste – Sertãozinho, Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), FGV, Universidade de Passo Fundo, Espaço Dow AgroSciences, além de produtores das fazendas Cabeceira (Maracaju - MS) e Vargem Grande (Rio Verde – GO) e do Grupo Ma Shou Tão (Conquista – MG). Uma “Feira de Sustentabilidade” com estandes e painéis de trabalhos práticos e científicos, mais conferências, palestras e minicursos consistem na estrutura do evento que contemplará os temas: Os novos desafios do agronegócio; Análise dos riscos climáticos e cenários futuros no cerrado brasileiro para competitividade agrícola em SPD; Alternativas de rotação de culturas e integração lavoura x pecuária para obtenção de um SPD com qualidade; Seqüestro de carbono em sistemas de integração lavoura x pecuária sob SPD; Importância da construção do perfil do solo no SPD; Manejo de macro e micronutrientes em solos de cerrado; Nutrição e fisiologia de culturas do cerrado com adubação de sistemas; Equilíbrio entre produção de alimentos e bioenergia; Cana-de-açúcar em SPD em rotação com soja e amendoin; Financeirização do mercado de commodities agrícolas; Interação doenças x nutrição de plantas; Manejode pragas de solo em SPD; Perspectivas e desafios para o SPD no cerrado – Visão do produtor; Ferrugem asiática e antracnose na soja – fungicida x controle; Práticas culturais, químicas e biológicas na convivência com mofo branco e nematóides; Manejo de plantas daninhas em SPD. A nona edição do Encontro de Plantio Direto, com organização do Clube Amigos da Terra de Rio Verde, acontece no Parque de Exposições de Rio Verde (GO).
sábado, julho 25, 2009
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, em Itabira do Mato Dentro (MG).
Poeta, iniciou sua atividade literária escrevendo artigos e crônicas para o Diário de Minas, órgão do Partido Republicano Mineiro (PRM). Defensor de posições de vanguarda face à literatura vigente, colaborou nas revistas Ilustração Brasileira e Para Todos.
Em 1925, fundou, junto com João Alphonsus, Martins de Almeida e outros, A Revista, que apesar de efêmera, obteve larga repercussão por suas posições modernistas. Concluiu, ainda em 1925 o curso de farmácia em Ouro Preto. Foi redator da Revista de Ensino, órgão oficial da Secretaria do Interior de Minas Gerais, e diretor do Diário de Minas em 1926, cargo que ocuparia até 1939.
Em 1930, publicou a sua primeira obra poética: Alguma poesia. Íntimo colaborador do político mineiro Gustavo Capanema, foi seu oficial-de-gabinete na Secretaria do Interior e Justiça de Minas Gerais (1930-1932), secretário particular quando Capanema exerceu a interventoria do estado em 1933, e chefe de gabinete de 1934 a 1945, durante sua gestão no Ministério da Educação e Saúde. A carreira burocrática não o impediu de continuar a escrever seus poemas. Entre os anos de 1934 e 1945, publicou diversos livros: Brejo das almas (poemas,1934), Sentimento do mundo (poemas, 1940), Poesias (1942), Confissões de Minas (ensaios e crônicas, 1944) e A rosa do povo (poemas, 1945).
Ainda em 1945, a convite de Luís Carlos Prestes, tornou-se co-editor da Tribuna Popular, diário do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB). Discordando da orientação do jornal, afastou-se meses depois. No período de 1945 a 1962, atuou como chefe de seção no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Manteve-se como jornalista e poeta até a sua morte no Rio de Janeiro, em 1987.
De sua consagrada obra, merecem destaque, além dos trabalhos citados Claro Enigma (poemas, 1951), Contos de aprendiz (1951), A mesa (1951), Passeios na ilha (ensaios e crônicas, 1952), Fazendeiro do ar & poesia até agora (poemas, 1954), Lição de coisas (poemas, 1962), Cadeira de balanço (crônicas, 1966), Boitempo & A falta que ama (poemas, 1968), O poder ultrajovem (crônicas em prosa e verso, 1972), O elefante (primeiro livro infantil, 1983), Corpo (poema, 1984), O observador no escritório (memória, 1985). Como obras póstumas, destacam-se Moça deitada na grama (prosa, 1987), O avesso das coisas (aforismos, 1988), Auto-retrato e outras crônicas (1989).
Poeta, iniciou sua atividade literária escrevendo artigos e crônicas para o Diário de Minas, órgão do Partido Republicano Mineiro (PRM). Defensor de posições de vanguarda face à literatura vigente, colaborou nas revistas Ilustração Brasileira e Para Todos.
Em 1925, fundou, junto com João Alphonsus, Martins de Almeida e outros, A Revista, que apesar de efêmera, obteve larga repercussão por suas posições modernistas. Concluiu, ainda em 1925 o curso de farmácia em Ouro Preto. Foi redator da Revista de Ensino, órgão oficial da Secretaria do Interior de Minas Gerais, e diretor do Diário de Minas em 1926, cargo que ocuparia até 1939.
Em 1930, publicou a sua primeira obra poética: Alguma poesia. Íntimo colaborador do político mineiro Gustavo Capanema, foi seu oficial-de-gabinete na Secretaria do Interior e Justiça de Minas Gerais (1930-1932), secretário particular quando Capanema exerceu a interventoria do estado em 1933, e chefe de gabinete de 1934 a 1945, durante sua gestão no Ministério da Educação e Saúde. A carreira burocrática não o impediu de continuar a escrever seus poemas. Entre os anos de 1934 e 1945, publicou diversos livros: Brejo das almas (poemas,1934), Sentimento do mundo (poemas, 1940), Poesias (1942), Confissões de Minas (ensaios e crônicas, 1944) e A rosa do povo (poemas, 1945).
Ainda em 1945, a convite de Luís Carlos Prestes, tornou-se co-editor da Tribuna Popular, diário do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB). Discordando da orientação do jornal, afastou-se meses depois. No período de 1945 a 1962, atuou como chefe de seção no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Manteve-se como jornalista e poeta até a sua morte no Rio de Janeiro, em 1987.
De sua consagrada obra, merecem destaque, além dos trabalhos citados Claro Enigma (poemas, 1951), Contos de aprendiz (1951), A mesa (1951), Passeios na ilha (ensaios e crônicas, 1952), Fazendeiro do ar & poesia até agora (poemas, 1954), Lição de coisas (poemas, 1962), Cadeira de balanço (crônicas, 1966), Boitempo & A falta que ama (poemas, 1968), O poder ultrajovem (crônicas em prosa e verso, 1972), O elefante (primeiro livro infantil, 1983), Corpo (poema, 1984), O observador no escritório (memória, 1985). Como obras póstumas, destacam-se Moça deitada na grama (prosa, 1987), O avesso das coisas (aforismos, 1988), Auto-retrato e outras crônicas (1989).
quarta-feira, julho 22, 2009
FGV ABRE INSCRIÇÕES PARA CURSOS DE MBA E DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA
O FGV Online está com inscrições abertas para os seus cursos de MBA e Pós-Graduação a distância. Todos os programas são reconhecidos pelo MEC e incluem quatro seminários presenciais, realizados no Rio de Janeiro, ou em São Paulo. Em agosto, terão início novas turmas de pós-graduação na área de gestão para médicos e para cirurgiões-dentistas; e de MBA nas áreas de construção civil e gestão pública. Já em setembro está previsto o ínicio de cursos de pós-graduação em negócios para executivos e em gestão de pequenas e médias empresas; além de MBAs na área de administração de empresas, marketing e negócios jurídicos. A ementa dos cursos e outras informações podem ser obtidas no site www.fgv.br/fgvonline ou pelos telefones 0800 285 5900 (Rio de Janeiro) e 0800 772 2778 (São Paulo).Lista de cursos com inscrição aberta:MBA da Construção CivilData de Início do Curso: 29/08/2009Local dos encontros presenciais: São PauloEspecialização em Negócios para Executivos - GVnext Data de Início do Curso: 12/09/2009Local dos encontros presenciais: São PauloExcelência em Gestão de Pequenas e Médias Empresas - GVpme - EspecializaçãoData de Início do Curso: 12/09/2009Local dos encontros presenciais: São PauloMBA Executivo em Administração de Empresas com ênfase em Gestão Data de Início do curso: 11/09/09Local dos encontros presenciais: Rio de JaneiroMBA Executivo em Administração de Empresas com ênfase em Finanças Data de Início do curso: 11/09/09Local dos encontros presenciais: São PauloMBA Executivo em Administração de Empresas com ênfase em Meio Ambiente Data de Início do curso: 11/09/09Local dos encontros presenciais: Rio de JaneiroMBA Executivo em Administração de Empresas com ênfase em Recursos Humanos Data de Início do curso: 11/09/09Local dos encontros presenciais: Rio de JaneiroMBA Executivo em Gestão PúblicaData de Início do Curso: 21/08/09 Local dos encontros presenciais: São PauloMBA Executivo em Administração e Negócios JurídicosData de Início do curso: 18/09/09Local dos encontros presenciais: Rio de JaneiroMBA Executivo em Marketing Data de Início do curso: 25/09/09Local dos encontros presenciais: Rio de JaneiroGV Med - Gestão para MédicosData de Início do Curso: 01/08/2009Local dos encontros presenciais: São PauloGV Odonto - Gestão para Cirurgiões-DentistasData de Início do Curso: 01/08/2009Local dos encontros presenciais: São Paulo
“ESALQ realiza Palestra e Prática sobre Poda”
A Casa do Produtor Rural, em parceria com o Grupo de Práticas em Fruticultura, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) promovem, no dia 08/08, das 09h00 às 17h00, a “Palestra e Prática sobre Poda”. O evento, que será realizado no Anfiteatro Heitor Montenegro, tem o objetivo orientar o público sobre os conceitos básicos da poda e os procedimentos em plantas arbustivas e arbóreas, utilizando como exemplo árvores frutíferas.
A poda compreende um conjunto de operações que se efetuam na planta e que consistem na supressão parcial do sistema vegetativo lenhoso (sarmentos, cordões e, excepcionalmente, tronco) ou herbáceo (brotos, inflorescências, cachos, bagas, folhas, gavinhas). Os objetivos da poda são, entre outros, limitar o número de gemas para regularizar e harmonizar a produção e o vigor, uniformizar a distribuição da seiva elaborada para os diferentes órgãos da planta e proporcionar uma forma determinada que se mantenha por muito tempo e que facilite a execução dos tratos culturais. Na jardinagem, poda é o ato de se retirar parte das plantas, arbustos, árvores cortando-se folhas, ramos e galhos com o objetivo de modificar sua aparência estética, o que pode ser periódico e que favorece o seu crescimento, renovando a mesma.
Informações sobre inscrições pelos telefones (19) 3429-4433 e 3429-4178 (falar com Maria de Fátima ou Marcela)
A Casa do Produtor Rural, em parceria com o Grupo de Práticas em Fruticultura, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) promovem, no dia 08/08, das 09h00 às 17h00, a “Palestra e Prática sobre Poda”. O evento, que será realizado no Anfiteatro Heitor Montenegro, tem o objetivo orientar o público sobre os conceitos básicos da poda e os procedimentos em plantas arbustivas e arbóreas, utilizando como exemplo árvores frutíferas.
A poda compreende um conjunto de operações que se efetuam na planta e que consistem na supressão parcial do sistema vegetativo lenhoso (sarmentos, cordões e, excepcionalmente, tronco) ou herbáceo (brotos, inflorescências, cachos, bagas, folhas, gavinhas). Os objetivos da poda são, entre outros, limitar o número de gemas para regularizar e harmonizar a produção e o vigor, uniformizar a distribuição da seiva elaborada para os diferentes órgãos da planta e proporcionar uma forma determinada que se mantenha por muito tempo e que facilite a execução dos tratos culturais. Na jardinagem, poda é o ato de se retirar parte das plantas, arbustos, árvores cortando-se folhas, ramos e galhos com o objetivo de modificar sua aparência estética, o que pode ser periódico e que favorece o seu crescimento, renovando a mesma.
Informações sobre inscrições pelos telefones (19) 3429-4433 e 3429-4178 (falar com Maria de Fátima ou Marcela)
domingo, julho 19, 2009
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 18 de julho de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/
JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 18 de julho de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA
O empresário, diretor da Acipi, vicentino, José Carlos de Oliveira ainda muito novo passou a freqüentar a Igreja Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Igreja dos Frades. Isso no tempo em que os coroinhas eram os acólitos na celebração da missa. Quando assistimos a uma cerimônia litúrgica, percebemos que o sacerdote utiliza, durante a cerimônia, uma série de objetos, e usa diversas vestes particulares, às vezes muito ricas e bonitas. Para a maioria das pessoas, estas coisas passam despercebidas, e elas nunca se perguntam qual o significado de tantos objetos diferentes. O cálice é o vaso sagrado. A patena, o nome vem do latim e significa prato. Ela acompanha sempre o cálice, e serve para receber a Hóstia consagrada durante a Santa Missa. Já no ofertório, o padre a utiliza para oferecer o pão, deixando-a de lado até o Pai Nosso, quando a toma novamente para realizar sobre ela a fração, ou seja, para partir a hóstia e retirar dela o pedacinho que será jogado no cálice. Depois da comunhão o padre deve purificá-la muito bem, ou seja, deixar cair no cálice todas as minúsculas partículas da hóstia. As galhetas são recipientes onde se colocam a água e o vinho que serão usados para a consagração. O turíbulo é um pequeno fogareiro suspenso por correntes no qual se queima o incenso utilizado nas cerimônias religiosas. O incenso já era utilizado pelos judeus como símbolo da oração que se eleva à Deus com suave odor. É usado na bênção e nas orações que o padre reza enquanto incensa o altar. Usa-se também o incenso como gesto de honra às pessoas. Por isso o padre e os fiéis são incensados durante a missa. A naveta é a caixinha de metal, em forma de nau, onde se guarda o incenso que será utilizado no turíbulo. A caldeirinha é o vaso onde se leva a água benta utilizada nas cerimônias. Panos litúrgicos ou panos de altar são panos confeccionados com linho ou cambraia de linho utilizados nas celebrações litúrgicas. São três as toalhas que devem cobrir o altar, sendo que a última deve cair até o chão nas laterais. Todas devem ser de linho e bentas antes de serem usadas. Genuflexão é o ato de dobrar o joelho, ajoelhar-se. Presbitério é o lugar da igreja onde ficam os celebrantes e auxiliares. Sacristia é a sala anexa à igreja, onde são guardados os paramentos e objetos religiosos. Sacrário é o lugar em que se guardam as hóstias consagradas ou as relíquias dos santos. Deve estar num local de destaque na igreja e, perto dele, uma lâmpada acesa: sinal de presença de Cristo Eucarístico ali. Em alguns lugares é chamado tabernáculo. Foi nesse ambiente, rico de tradições religiosas, composto por frades com notável sabedoria, que José Carlos cresceu e viveu até a sua juventude. Nascido em Piracicaba em 17 de junho de 1952, é filho de Leonardo de Oliveira e Ercília Lourdes de Oliveira.
Quantos filhos seus pais tiveram?
Foram nove filhos, eu sou o quinto na ordem de nascimento. Os fomos nascidos e criados na Paulicéia, na Avenida São Paulo, cem metros abaixo da então Padaria Pansa, que nessa época ainda era uma pequena padaria, um bar que vendia pão e foi crescendo. Ainda não era da família Micheletti. Na época a Avenida São Paulo não era asfaltada, era terra nua, não havia mão única, subia-se e descia-se pela avenida. As casas construídas ficavam bem acima do nível da rua. Onde hoje existe a Fábrica de Balas Atlante era uma chácara. A Rua Fernando Lopes terminava uns trezentos metros antes da Rua Dona Lica. Morava no final da Rua Fernando Lopes o motorneiro do bonde, o Bortoletto. Os nove filhos nasceram em casa a, parteira vinha até a nossa casa. Lembro-me do posto existente na época, hoje denominado Posto São Jorge, onde íamos buscar querosene a granel. Não havia energia elétrica nas casas. Nós fizemos a preparação para a Primeira Comunhão na casa da família Pompermayer. Minha irmã que foi freira era empregada doméstica da família Pompermayer, da Dona Ivone, Seu Heitor. O filho dele é médico e foi quem cuidou da minha mãe até ela falecer.
Qual era a atividade do seu pai?
Inicialmente ele trabalhou em Saltinho, com algodão, com a família Maluf. Depois ele veio para Piracicaba trabalhar com calcáreo, próximo ao Senai também de propriedade da família Maluf. Minha mãe trabalhava como doméstica. Quando meus pais saiam para trabalhar ficava um irmão tomando conta do outro. Minha irmã mais velha foi para o convento, tornou-se freira. Infelizmente ela faleceu há uns oito anos.
Essa vocação religiosa da família tem sua origem onde?
É difícil dizer. Meus pais não era assíduos freqüentadores de igreja. Eles estimulavam a nossa ida á igreja. Meus pais sempre foram muito rígidos.
Você lembra-se do bonde?
Eu ia á Igreja dos Frades, só que não tinha dinheiro para pagar o bonde, as cinco e meia da manhã pegávamos o bonde, que sai da garagem, ia até a Igreja dependurado no estribo. Passava pela Padaria Cruzeiro, havia na Avenida Dr. Paulo de Moraes um bebedouro de água para os cavalos utilizados na tração de carrinhos, havia um cano, com um furinho em cima, tampava-se a ponta do cano de água e ela saia pelo furinho onde bebíamos a água. Nessa época eu entregava marmita na Itelpa, que ficava na Rua Moraes Barros, próximo á Avenida Armando Salles de Oliveira, onde hoje há uma loja de artigos para cama.
As marmitas de quantas pessoas você levava?
Para doze pessoas. Levava as marmitas de pessoas que morava na Paulicéia Pegava a marmita na casa de cada um deles. Nós não podíamos mudar o caminho, senão ficávamos perdidos. Descíamos a Rua da Glória, não era ainda aberta a passagem pela rua, então subíamos, atravessávamos a linha do trem, descíamos, e seguíamos pela Rua José Pinto de Almeida até a Avenida Armando Salles. Onde é hoje o Teatro Municipal era tudo pasto. O SAMDU, Serviço Médico de Urgência ficava no mesmo prédio da rodoviária.
Alguma vez você fez com que disparasse o sinal de aviso da passagem do trem?(Risos). Alguma vez fiz isso! Pegávamos o papel laminado que vinha dentro das embalagens de cigarros, nas emendas próximas ao sinal colocava-se aquele papel com uma pedra em cima, disparava o sinal. Os veículos paravam e ficavam esperando a passagem do trem que não existia. Fomos mais de uma vez dispersados pelo juizado de menores, tempo do Ludovico Trevisam, do Rubinho, Mário.
Lembra-se do Bar Maravilha?
Ficava na Rua XV de Novembro, quase esquina com a Avenida Armando Salles de Oliveira, onde hoje há um ponto de táxi.
Você estudou em que escola?
Estudei na Escola Antonio de Mello Cotrin. Estudava na volta da entrega das marmitas. Nós éramos tão pobres que pertencíamos ao que se denominava nas escolas de “caixa”. Recebíamos material escolar, lanches, tudo doado pela escola. Depois passei a estudar na parte da manhã e a trabalhar na casa da Dona Aracy Cunha Lara.
Qual era o seu trabalho na casa da Dona Aracy?
(Risos) Eu era empregado doméstico! Arrumava cozinha, varria a casa, cuidava de uma horta, tomava conta das galinhas. Eu era um “faz-de-tudo”. Depois dos meus pais devo tudo a ela. Foi ela quem me ensinou a escrever, foi com ela a minha primeira leitura, meu primeiro trabalho.
Como você chegou á Igreja dos Frades?
A minha irmã estimulou a minha ida para a igreja. Na época não existia coroinha negro dentro da Igreja dos Frades. As missas eram celebradas em latin. (José Carlos passa a relembrar um pouco da missa em latin). Eu usava calças curtas, suspensórios, calçava alpargatas. Existiam as alpargatas de cores azul e marrom, sendo que se convencionou que as azuis era mais usadas pelas mulheres.
Quando você ajudou pela primeira vez, a celebrar uma missa?
Foi um ano depois. Frei Reinaldo é quem dava as instruções, e só depois de muito bem preparados é que íamos ajudar na celebração. No lado direito da sacristia havia uma porta onde em uma pequena sala ficavam as batinas dos coroinhas. Havia batinas de três cores, a vermelha para dias festivos, marrom era o tradicional durante a semana e a batina azul que era para ajudar a celebrar casamentos. Por cima da batina colocávamos o chamado roquete.
Na realização de uma solenidade, havendo um maior número de coroinhas, eram escolhidos aqueles que iriam ajudar diretamente na celebração. Isso ocasionava uma disputa pela função principal?
Tudo era importante. Na hora da consagração se toca o sino, na Igreja dos Frades o sino era composto por quatro campainhas. Era uma briga entre os coroinhas, tirava-se o par ou impar para tocar o sino. O turíbulo era preparado pelo Frei Clemente, girava-se cerca de 360 graus para que ficasse aceso mais rapidamente. Houve acidentes, no girar bater-se na parede e virar tudo no chão. Isso bem na hora em que o padre estava aguardando. Dava-se o desespero, pegar mais brasa.
Quando havia casamento na igreja era preparado um tapete?
Era um tapete vermelho, colocado sobre ma máquina manual, um grande carretel, onde era desenrolado e enrolado o enorme tapete, que ia da porta até o altar, cobrindo o chão por onde o casal iria passar. Eu gostava muito de mexer com isso.
Durante a comunhão o coroinha segurava a patena?
O uso da patena permanece até hoje, alguém um pouco distraído poderá deixar cair á hóstia. Hoje o próprio povo pode tocar na hóstia, antigamente não, só o padre tinha essa autoridade.
Algumas vezes o vinho que era utilizado durante a missa não era consumido totalmente?
Toda criança é curiosa, muitas vezes quando sobrava um pouco de vinho, no caminho para guardar acabávamos experimentando. Em determinada época o vinho consumido na Igreja dos Frades era confeccionado lá mesmo.
Os coroinhas jogavam o denominado pingue-pongue?
Dentro do próprio convento, tínhamos uma sala que funcionava como sede dos coroinhas. Lá tínhamos uma mesa onde eram disputadas as partidas de tênis de mesa, ou como chamávamos na época, de pingue-pongue. O patrono era São Tarcísio. Após ajudar a missa, tomávamos café com leite, comíamos pão com manteiga e jogávamos. Frei Basílio era muito bom em pingue-pongue.
Havia dois cachorros no convento?
Tinha o Bob um vira lata de estimação e o Lobo que era um pastor alemão.
Em frente a Igreja dos Frades há uma construção onde eram projetados filmes?
É o salão da Ordem Terceira.
Após permanecer como funcionário do convento por três anos você foi trabalhar onde?
Em 1966 a Ótica e Relojoaria Rubi abriu uma segunda loja, o Jorginho que trabalhava lá, me convidou. Era uma loja situada na Rua Governador Pedro de Toledo, ao lado da Porta Larga.
Ao lado da Igreja dos Frades, há um local onde eram realizadas festas juninas?
Existe sim. Lá tínhamos muita diversão, as latinhas que formavam uma pirâmide e era derrubadas por bolas lançadas pelos jogadores, espingardinhas de pressão, o famoso coelhinho, que era o carro chefe, tinha comes e bebes. Ao lado tem o prédio da Assistência Social Mariana.
Você chegou a ver a artista Clemência Pizzigatti, quando pintou no muro do convento, cenas com motivos franciscanos?
Diga-se de passagem, eu fui modelo em uma das pinturas. Bem no meio do muro, pelo lado interno existe o que chamamos de capelinhas, que são oratórios, em uma dessas capelas, pelo lado externo, a Dona Clemência perguntou-me se eu queria ser modelo da pintura, ficar parado em uma posição. Eu fiquei. Ela pintou um negro, meio inclinado, segurando uma enxada. Isso foi no tempo em que o Colégio Jorge Coury era na Rua Alferes José Caetano.
Havia missas fúnebres?
Era costume celebrar missa de corpo presente. A urna mortuária com o corpo do falecido permanecia no corredor, próximo ao altar. Em determinado momento da cerimônia tínhamos que nos dirigir até próximo ao corpo do falecido. O coroinha tinha que segurar um pequeno balde que continha água benta, eu fazia de tudo para não olhar para o finado.
De que local vinham as hóstias?
Eram feitas pelas freiras do Lar Escola Maria Nossa Mãe. Constantemente eu ia buscar. Era um trabalho que eu gostava de fazer, as irmãs tinham os retalhos de hóstia que davam para nós comermos.
O cargo de coroinha era revestido de certa importância?
Aos olhos dos fiéis era visto quase como um segundo padre. Era respeitado.
Você foi seminarista?
Fui por oito meses, no Seminário Seráfico São Fidelis. Mais uma vez a influência da minha irmã, que era freira, fez com que eu tomasse essa decisão. Só que eu percebi que não era essa a minha vocação.
Lembra-se dos nomes de alguns frades da Igreja Sagrado Coração de Jesus?
Lembro-me de alguns, Honório, Clemente, Reinaldo, Flaviano, Augusto, Paulo, Evaristo, Liberato, Basílio.
Os coroinhas gostavam de ajudar as missas do Frei Crispim?
Gostavam! Era uma missa muito rápida, cerca de quinze minutos! Nenhum coroinha podia jogar pingue-pongue, jogo de dama, se não tivesse ajudado a celebrar uma missa. Todos queriam ajudar a missa do Frei Crispim para sobrar tempo para brincar!
Havia passeios que os frades proporcionavam?
Eles levavam os coroinhas em uma perua para passear até a Rua do Porto, levavam doces para nós. Lembro-me das missas que ajudávamos nas capelas e igrejas dos sítios. Nós, coroinhas, éramos recebidos com muita cortesia.
O empresário, diretor da Acipi, vicentino, José Carlos de Oliveira ainda muito novo passou a freqüentar a Igreja Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Igreja dos Frades. Isso no tempo em que os coroinhas eram os acólitos na celebração da missa. Quando assistimos a uma cerimônia litúrgica, percebemos que o sacerdote utiliza, durante a cerimônia, uma série de objetos, e usa diversas vestes particulares, às vezes muito ricas e bonitas. Para a maioria das pessoas, estas coisas passam despercebidas, e elas nunca se perguntam qual o significado de tantos objetos diferentes. O cálice é o vaso sagrado. A patena, o nome vem do latim e significa prato. Ela acompanha sempre o cálice, e serve para receber a Hóstia consagrada durante a Santa Missa. Já no ofertório, o padre a utiliza para oferecer o pão, deixando-a de lado até o Pai Nosso, quando a toma novamente para realizar sobre ela a fração, ou seja, para partir a hóstia e retirar dela o pedacinho que será jogado no cálice. Depois da comunhão o padre deve purificá-la muito bem, ou seja, deixar cair no cálice todas as minúsculas partículas da hóstia. As galhetas são recipientes onde se colocam a água e o vinho que serão usados para a consagração. O turíbulo é um pequeno fogareiro suspenso por correntes no qual se queima o incenso utilizado nas cerimônias religiosas. O incenso já era utilizado pelos judeus como símbolo da oração que se eleva à Deus com suave odor. É usado na bênção e nas orações que o padre reza enquanto incensa o altar. Usa-se também o incenso como gesto de honra às pessoas. Por isso o padre e os fiéis são incensados durante a missa. A naveta é a caixinha de metal, em forma de nau, onde se guarda o incenso que será utilizado no turíbulo. A caldeirinha é o vaso onde se leva a água benta utilizada nas cerimônias. Panos litúrgicos ou panos de altar são panos confeccionados com linho ou cambraia de linho utilizados nas celebrações litúrgicas. São três as toalhas que devem cobrir o altar, sendo que a última deve cair até o chão nas laterais. Todas devem ser de linho e bentas antes de serem usadas. Genuflexão é o ato de dobrar o joelho, ajoelhar-se. Presbitério é o lugar da igreja onde ficam os celebrantes e auxiliares. Sacristia é a sala anexa à igreja, onde são guardados os paramentos e objetos religiosos. Sacrário é o lugar em que se guardam as hóstias consagradas ou as relíquias dos santos. Deve estar num local de destaque na igreja e, perto dele, uma lâmpada acesa: sinal de presença de Cristo Eucarístico ali. Em alguns lugares é chamado tabernáculo. Foi nesse ambiente, rico de tradições religiosas, composto por frades com notável sabedoria, que José Carlos cresceu e viveu até a sua juventude. Nascido em Piracicaba em 17 de junho de 1952, é filho de Leonardo de Oliveira e Ercília Lourdes de Oliveira.
Quantos filhos seus pais tiveram?
Foram nove filhos, eu sou o quinto na ordem de nascimento. Os fomos nascidos e criados na Paulicéia, na Avenida São Paulo, cem metros abaixo da então Padaria Pansa, que nessa época ainda era uma pequena padaria, um bar que vendia pão e foi crescendo. Ainda não era da família Micheletti. Na época a Avenida São Paulo não era asfaltada, era terra nua, não havia mão única, subia-se e descia-se pela avenida. As casas construídas ficavam bem acima do nível da rua. Onde hoje existe a Fábrica de Balas Atlante era uma chácara. A Rua Fernando Lopes terminava uns trezentos metros antes da Rua Dona Lica. Morava no final da Rua Fernando Lopes o motorneiro do bonde, o Bortoletto. Os nove filhos nasceram em casa a, parteira vinha até a nossa casa. Lembro-me do posto existente na época, hoje denominado Posto São Jorge, onde íamos buscar querosene a granel. Não havia energia elétrica nas casas. Nós fizemos a preparação para a Primeira Comunhão na casa da família Pompermayer. Minha irmã que foi freira era empregada doméstica da família Pompermayer, da Dona Ivone, Seu Heitor. O filho dele é médico e foi quem cuidou da minha mãe até ela falecer.
Qual era a atividade do seu pai?
Inicialmente ele trabalhou em Saltinho, com algodão, com a família Maluf. Depois ele veio para Piracicaba trabalhar com calcáreo, próximo ao Senai também de propriedade da família Maluf. Minha mãe trabalhava como doméstica. Quando meus pais saiam para trabalhar ficava um irmão tomando conta do outro. Minha irmã mais velha foi para o convento, tornou-se freira. Infelizmente ela faleceu há uns oito anos.
Essa vocação religiosa da família tem sua origem onde?
É difícil dizer. Meus pais não era assíduos freqüentadores de igreja. Eles estimulavam a nossa ida á igreja. Meus pais sempre foram muito rígidos.
Você lembra-se do bonde?
Eu ia á Igreja dos Frades, só que não tinha dinheiro para pagar o bonde, as cinco e meia da manhã pegávamos o bonde, que sai da garagem, ia até a Igreja dependurado no estribo. Passava pela Padaria Cruzeiro, havia na Avenida Dr. Paulo de Moraes um bebedouro de água para os cavalos utilizados na tração de carrinhos, havia um cano, com um furinho em cima, tampava-se a ponta do cano de água e ela saia pelo furinho onde bebíamos a água. Nessa época eu entregava marmita na Itelpa, que ficava na Rua Moraes Barros, próximo á Avenida Armando Salles de Oliveira, onde hoje há uma loja de artigos para cama.
As marmitas de quantas pessoas você levava?
Para doze pessoas. Levava as marmitas de pessoas que morava na Paulicéia Pegava a marmita na casa de cada um deles. Nós não podíamos mudar o caminho, senão ficávamos perdidos. Descíamos a Rua da Glória, não era ainda aberta a passagem pela rua, então subíamos, atravessávamos a linha do trem, descíamos, e seguíamos pela Rua José Pinto de Almeida até a Avenida Armando Salles. Onde é hoje o Teatro Municipal era tudo pasto. O SAMDU, Serviço Médico de Urgência ficava no mesmo prédio da rodoviária.
Alguma vez você fez com que disparasse o sinal de aviso da passagem do trem?(Risos). Alguma vez fiz isso! Pegávamos o papel laminado que vinha dentro das embalagens de cigarros, nas emendas próximas ao sinal colocava-se aquele papel com uma pedra em cima, disparava o sinal. Os veículos paravam e ficavam esperando a passagem do trem que não existia. Fomos mais de uma vez dispersados pelo juizado de menores, tempo do Ludovico Trevisam, do Rubinho, Mário.
Lembra-se do Bar Maravilha?
Ficava na Rua XV de Novembro, quase esquina com a Avenida Armando Salles de Oliveira, onde hoje há um ponto de táxi.
Você estudou em que escola?
Estudei na Escola Antonio de Mello Cotrin. Estudava na volta da entrega das marmitas. Nós éramos tão pobres que pertencíamos ao que se denominava nas escolas de “caixa”. Recebíamos material escolar, lanches, tudo doado pela escola. Depois passei a estudar na parte da manhã e a trabalhar na casa da Dona Aracy Cunha Lara.
Qual era o seu trabalho na casa da Dona Aracy?
(Risos) Eu era empregado doméstico! Arrumava cozinha, varria a casa, cuidava de uma horta, tomava conta das galinhas. Eu era um “faz-de-tudo”. Depois dos meus pais devo tudo a ela. Foi ela quem me ensinou a escrever, foi com ela a minha primeira leitura, meu primeiro trabalho.
Como você chegou á Igreja dos Frades?
A minha irmã estimulou a minha ida para a igreja. Na época não existia coroinha negro dentro da Igreja dos Frades. As missas eram celebradas em latin. (José Carlos passa a relembrar um pouco da missa em latin). Eu usava calças curtas, suspensórios, calçava alpargatas. Existiam as alpargatas de cores azul e marrom, sendo que se convencionou que as azuis era mais usadas pelas mulheres.
Quando você ajudou pela primeira vez, a celebrar uma missa?
Foi um ano depois. Frei Reinaldo é quem dava as instruções, e só depois de muito bem preparados é que íamos ajudar na celebração. No lado direito da sacristia havia uma porta onde em uma pequena sala ficavam as batinas dos coroinhas. Havia batinas de três cores, a vermelha para dias festivos, marrom era o tradicional durante a semana e a batina azul que era para ajudar a celebrar casamentos. Por cima da batina colocávamos o chamado roquete.
Na realização de uma solenidade, havendo um maior número de coroinhas, eram escolhidos aqueles que iriam ajudar diretamente na celebração. Isso ocasionava uma disputa pela função principal?
Tudo era importante. Na hora da consagração se toca o sino, na Igreja dos Frades o sino era composto por quatro campainhas. Era uma briga entre os coroinhas, tirava-se o par ou impar para tocar o sino. O turíbulo era preparado pelo Frei Clemente, girava-se cerca de 360 graus para que ficasse aceso mais rapidamente. Houve acidentes, no girar bater-se na parede e virar tudo no chão. Isso bem na hora em que o padre estava aguardando. Dava-se o desespero, pegar mais brasa.
Quando havia casamento na igreja era preparado um tapete?
Era um tapete vermelho, colocado sobre ma máquina manual, um grande carretel, onde era desenrolado e enrolado o enorme tapete, que ia da porta até o altar, cobrindo o chão por onde o casal iria passar. Eu gostava muito de mexer com isso.
Durante a comunhão o coroinha segurava a patena?
O uso da patena permanece até hoje, alguém um pouco distraído poderá deixar cair á hóstia. Hoje o próprio povo pode tocar na hóstia, antigamente não, só o padre tinha essa autoridade.
Algumas vezes o vinho que era utilizado durante a missa não era consumido totalmente?
Toda criança é curiosa, muitas vezes quando sobrava um pouco de vinho, no caminho para guardar acabávamos experimentando. Em determinada época o vinho consumido na Igreja dos Frades era confeccionado lá mesmo.
Os coroinhas jogavam o denominado pingue-pongue?
Dentro do próprio convento, tínhamos uma sala que funcionava como sede dos coroinhas. Lá tínhamos uma mesa onde eram disputadas as partidas de tênis de mesa, ou como chamávamos na época, de pingue-pongue. O patrono era São Tarcísio. Após ajudar a missa, tomávamos café com leite, comíamos pão com manteiga e jogávamos. Frei Basílio era muito bom em pingue-pongue.
Havia dois cachorros no convento?
Tinha o Bob um vira lata de estimação e o Lobo que era um pastor alemão.
Em frente a Igreja dos Frades há uma construção onde eram projetados filmes?
É o salão da Ordem Terceira.
Após permanecer como funcionário do convento por três anos você foi trabalhar onde?
Em 1966 a Ótica e Relojoaria Rubi abriu uma segunda loja, o Jorginho que trabalhava lá, me convidou. Era uma loja situada na Rua Governador Pedro de Toledo, ao lado da Porta Larga.
Ao lado da Igreja dos Frades, há um local onde eram realizadas festas juninas?
Existe sim. Lá tínhamos muita diversão, as latinhas que formavam uma pirâmide e era derrubadas por bolas lançadas pelos jogadores, espingardinhas de pressão, o famoso coelhinho, que era o carro chefe, tinha comes e bebes. Ao lado tem o prédio da Assistência Social Mariana.
Você chegou a ver a artista Clemência Pizzigatti, quando pintou no muro do convento, cenas com motivos franciscanos?
Diga-se de passagem, eu fui modelo em uma das pinturas. Bem no meio do muro, pelo lado interno existe o que chamamos de capelinhas, que são oratórios, em uma dessas capelas, pelo lado externo, a Dona Clemência perguntou-me se eu queria ser modelo da pintura, ficar parado em uma posição. Eu fiquei. Ela pintou um negro, meio inclinado, segurando uma enxada. Isso foi no tempo em que o Colégio Jorge Coury era na Rua Alferes José Caetano.
Havia missas fúnebres?
Era costume celebrar missa de corpo presente. A urna mortuária com o corpo do falecido permanecia no corredor, próximo ao altar. Em determinado momento da cerimônia tínhamos que nos dirigir até próximo ao corpo do falecido. O coroinha tinha que segurar um pequeno balde que continha água benta, eu fazia de tudo para não olhar para o finado.
De que local vinham as hóstias?
Eram feitas pelas freiras do Lar Escola Maria Nossa Mãe. Constantemente eu ia buscar. Era um trabalho que eu gostava de fazer, as irmãs tinham os retalhos de hóstia que davam para nós comermos.
O cargo de coroinha era revestido de certa importância?
Aos olhos dos fiéis era visto quase como um segundo padre. Era respeitado.
Você foi seminarista?
Fui por oito meses, no Seminário Seráfico São Fidelis. Mais uma vez a influência da minha irmã, que era freira, fez com que eu tomasse essa decisão. Só que eu percebi que não era essa a minha vocação.
Lembra-se dos nomes de alguns frades da Igreja Sagrado Coração de Jesus?
Lembro-me de alguns, Honório, Clemente, Reinaldo, Flaviano, Augusto, Paulo, Evaristo, Liberato, Basílio.
Os coroinhas gostavam de ajudar as missas do Frei Crispim?
Gostavam! Era uma missa muito rápida, cerca de quinze minutos! Nenhum coroinha podia jogar pingue-pongue, jogo de dama, se não tivesse ajudado a celebrar uma missa. Todos queriam ajudar a missa do Frei Crispim para sobrar tempo para brincar!
Havia passeios que os frades proporcionavam?
Eles levavam os coroinhas em uma perua para passear até a Rua do Porto, levavam doces para nós. Lembro-me das missas que ajudávamos nas capelas e igrejas dos sítios. Nós, coroinhas, éramos recebidos com muita cortesia.
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