quinta-feira, março 31, 2011

Faleceu o professor Guido Ranzani



HOMENAGEM AO CATEDRÁTICO GUIDO RANZANI (1915-2011)
Faleceu ontem, 29 de março, no final da tarde, o professor Guido Ranzani, de 96 anos, formado pela ESALQ, em 1941. Seu corpo está sendo velado no Salão Nobre Professor Helly de Campos Melges, da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e será sepultado neste 30 de março, às 16h00, no Cemitério da Saudade.
Em dezembro de 2006, em entrevista ao ESALQ notícias, informativo trimestral elaborado pela Assessoria de Comunicação (ACOM), Guido Ranzani relembrava seus áureos tempos de estudante, depois de docente da Escola e do seu envolvimento com a prática esportiva.
A entrevista na íntegra
“O agrônomo empobrece sorrindo...
...porque é uma profissão dura, mas ela reserva oportunidades que eu não vejo em outras áreas profissionais”. Dessa forma é que o catedrático da ESALQ, Guido Ranzani, faz um balanço de seus muitos anos de trabalho. Ele acredita que todos os profissionais devem, pelo menos uma vez, visitar um outro país para ter um termo de comparação. “Eu fiz isso na minha vida e os meus colegas costumam dizer que eu conheço o Brasil andando”.
Nascido em 1915, Ranzani é natural de Serra Azul (SP), mas foi criado em Santa Rosa do Viterbo (SP), de onde saiu para tentar uma vaga na Politécnica (USP). Não conseguindo, voltou à sua terra, trabalhou na serraria do pai até que um parente sugerisse que ele fizesse o curso de Engenharia Agronômica em Piracicaba. “Eu vim e quem me recebeu foi o professor José de Mello Moraes, diretor da instituição na época. Fiz o coleginho em dois anos e entrei na Agronomia, em 1938”.
Formado em 1941, recorda-se com entusiasmo da época de faculdade. “Minha turma tinha verdadeira adoração pela Escola. Havia realmente motivo para ter muito orgulho, não apenas pela qualidade de professores que nós tínhamos, mas porque possuíamos os melhores atletas disputando campeonatos de vôlei, futebol, remo e outros. Ganhamos uma partida de futebol do XV de Novembro de Piracicaba e fomos carregados até a Praça José Bonifácio”.
Walter Radamés Accorsi, Nicolau Athanassof, Toledo Pizza, Friedrich Gustav Brieger, Mello Moraes foram alguns dos professores de sua turma. Foi a época em que se iniciaram os estudos sobre Genética. “O professor Toledo Pizza dava a entender que o gen não existia, ao passo que Brieger confirmava sua existência e nós, estudantes, colocávamos um contra o outro, mas eles nunca entraram na briga”, relembra o professor.
Santa Rosa, como era seu apelido, iniciou suas atividades profissionais na ESALQ como segundo assistente da Cadeira de Química Agrícola, em 1944. Dois meses depois já era o primeiro assistente da mesma cadeira. Foi substituto do professor Tufi Coury, como assistente de Química Agrícola, em 1956 e, no mesmo ano obteve o título de livre docência em Agricultura Geral. No ano seguinte, tornou-se professor catedrático da 13ª Cadeira de Agricultura Geral.
Ainda na Escola, foi responsável pela criação e direção do Centro de Estudos de Solos da ESALQ (1965 a 1973). Os modelos para análise dos solos foram trazidos por ele, dos E.U.A. . Esse centro tornou-se, então, sede do projeto para caracterização dos solos dos países sul-americanos. Colômbia, Equador, Peru, Chile, Bolívia e Paraguai foram percorridos por uma equipe de pesquisadores para que os estudos pudessem ser desenvolvidos.
Aposentou-se em 1977, mas não parou por aí. No período de 1981 a 2002, foi chefe do departamento de Ciências Agronômicas do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA). Foi assessor do Instituto Interamericano de Ciências Agrárias (IICA). Na Embrapa foi consultor, além de chefe do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados. Na Universidade do Tocantins foi professor visitante e consultor da Fundação daquela universidade.
Aos 91 anos, o professor que já viajou por este mundão afora participando de congressos, seminários, cursos e realizando pesquisas, continua sorrindo com a profissão. Ele está elaborando um projeto, juntamente com outros três profissionais, para acabar com a devastação da Floresta Amazônica. O projeto gira em torno da criação de núcleos produtivos, os quais extrairão de terras férteis mudas destinadas a cosméticos ou fármacos para serem replantadas em áreas devastadas.
O incansável Guido nos deixa uma lição: quem souber classificar um solo, saberá conservá-lo. É preciso conhecer a história, saber qual a rocha que deu origem a este solo e que tipos de transformações foram observadas nessa passagem. “Quando iniciei minha carreira, a análise era feita‘de ouvido’ ”, finaliza risonho... (Alicia Nascimento Aguiar / MTb 32531 / 06.12.06)



sexta-feira, março 25, 2011

O possível neto de Getúlio Vargas

                      Moisés José Maria da Silva o possível neto piracicabano de Getúlio Vargas
Moisés José Maria da Silva é um neto piracicabano de Getúlio Vargas? Depoimento de Gustavo Augusto da Silva.
Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 19 de abril de 1882 na cidade de São Borja, Rio Grande do Sul, foi o presidente que mais tempo governou o Brasil, durante dois mandatos: o primeiro de 1930 a 1945 (Entre 1937 e 1945 instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo), o segundo mandato foi de 1951 a 1954. Suicidou-se em meio à crise política, com um tiro no peito, na madrugada de 24 de agosto de 1954, dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Criou a Justiça do Trabalho em 1939 instituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT. Os direitos trabalhistas são frutos de seu governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas. Investiu muito na área de infra-estrutura, criando a Companhia Siderúrgica Nacional em 1940, a Vale do Rio Doce em 1942, e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco em 1945. Em 1938, criou o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de 1934, fechou o Congresso Nacional em 1937, instalou o Estado Novo e passou a governar com poderes ditatoriais. Sua forma de governo foi centralizadora e controladora. Criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) para controlar e censurar manifestações contrárias ao seu governo. Criou a campanha "O Petróleo é Nosso" que resultaria na criação da Petrobrás. Getulio casou-se com Darcy Sarmanho Vargas, com quem teve os filhos Lutero (1912), Jandira (1913), Alzira (1914), Manuel Antônio (1916) e Getúlio Filho (1917). Manoel Antonio Sarmanho Vargas nasceu no dia 17 de fevereiro de 1917, em São Borja, foi o último filho do ex-presidente a morrer. Aos 79 anos ele se matou com um tiro no coração, como seu pai, no dia 15 de janeiro de 1997 em Itaqui, Rio Grande do Sul. Manoel Antonio Sarmanho Vargas era conhecido como Maneco, em 1936 formou-se engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, tendo entre seus colegas de turma Fernando Penteado Cardoso, João Pacheco Chaves, Romano Coury. Fernando Penteado Cardoso entrou na Esalq em 1933, logo após a Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado que pretendia derrubar o governo de Getúlio Vargas. A respeito de Manoel Antônio Vargas ele afirmou: “Estávamos ressentidos com o governo, Manoel poderia ter sido discriminado, mas ele soube nos cativar.” Em 1934, a turma comemorou o ingresso da Esalq na recém-criada Universidade de São Paulo (USP), motivo de orgulho para alunos e professores. Manoel Antonio Sarmanho Vargas ao longo de sua carreira foi secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, presidente da empresa Campal S.A. e prefeito da cidade de Porto Alegre de 1958 a 1960. Deixou a vida pública para dedicar-se à administração de sua fazenda, a Estância Cerrito, em Itaqui. Moisés José Maria da Silva foi um piracicabano que se dizia neto de Getulio Vargas, sendo seu pai Manoel (Maneco) Antonio Sarmanho Vargas e sua mãe uma funcionária da ESALQ. Para entender um pouco melhor, o possível neto de Maneco e bisneto de Getúlio Vargas, Gustavo Augusto da Silva concedeu a seguinte entrevista.
                          Gustavo Augusto da Silva, possível bisneto de Getulio Vargas
Quem são os seus pais Gustavo Augusto da Silva?
Moisés José Maria da Silva e Ana Maria Vancetto da Silva, eu nasci em Piracicaba no dia 18 de outubro de 1978. Meus avôs paternos são Benedita Bueno de Godói e José Benedito de Godói. O meu pai foi adotado pela minha avó. Há relatos de que Manoel (Maneco) Antonio Sarmanho Vargas teve um romance com uma moça que trabalhava na ESALQ, cujo nome foi mantido em sigilo, desse idílio nasceu o meu pai Moisés José Maria da Silva que só tomou conhecimento dessa história quando a sua mãe adotiva estava para falecer e contou-lhe a verdade. Ele já tinha 52 anos de idade. Pelos fatos narrados, no contexto daquele momento, para Maneco assumir a paternidade teria um alto custo moral e político, ele era filho do homem mais poderoso do país.


          Moisés José Maria da Silva e Ana Maria Vancetto da Silva no saguão do Cine Plaza
Ao saber que era filho adotivo, sendo que o seu possível avô poderia ser ninguém menos do que Getulio Vargas, qual foi a reação do seu pai?
Ficou muito surpreso, foi difícil acreditar, até que reunindo algumas informações concluiu que de fato aquilo poderia ter acontecido.
Em que ano Moisés José Maria da Silva faleceu?
Meu pai nasceu em 24 de maio de 1936 e faleceu em 25 de janeiro de 2004.
Com quantos meses ele foi adotado?
Após quatro meses de vida ele foi deixado dentro de uma cesta, na porta do Lar Escola Maria Nossa Mãe, na Rua da Boa Morte, foi quando Benedita Bueno de Godói deparou com aquela criança e imediatamente o adotou, era filho único do casal, o nome dado a ele, Moisés, é justamente por estar abandonado dentro de um cesto.
Como a sua avó descobriu quem era a mãe que havia abandonado o filho?
Com o passar do tempo alguém que tinha visto comentou com ela quem era a verdadeira mãe, a minha avó e ela se encontraram, sendo que a mãe biológica pediu que guardasse segredo a respeito da origem da criança, segundo consta esse foi um desejo também do pai da criança. Os documentos do meu pai trazem como a filiação sendo dos pais adotivos. Legalmente não nada que comprove outra filiação que não seja essa.
Seu pai José Maria da Silva trabalhou em quais atividades?
Entre outras coisas por 15 anos foi operador de projetores de cinemas de Piracicaba, trabalhou no Politeama, no Plaza que se situava abaixo do Edifício Luiz de Queiroz, mais conhecido como Comurba. Na Faculdade de Odontologia de Piracicaba, a FOP, ele trabalhou por 25 anos.
Ao saber que Maneco Vargas possivelmente fosse o seu pai, ele trabalhava na FOP?
Exatamente, na época a noticia foi motivo de surpresa geral, inclusive havia um amigo que conhecia toda a história e atestou a veracidade da mesma.
Moisés José Maria da Silva tinha como provar quem era o seu pai?
Só tinha o depoimento oral de quem sabia dos fatos. Uma emissora de televisão, de rede nacional, quis levar o meu pai para realizar os testes de paternidade mais ele não quis. Além do fato de não querer veicular um assunto pessoal em um programa popular, ele tinha um misto de temor e respeito com relação á família Vargas.
Antes de saber que poderia vir a ser neto de Getulio Vargas seu pai se interessava por política?
Ele se interessava muito pelos fatos que envolviam política. Era fã de Getulio Vargas.
Você e seus irmãos têm o desejo de entrar em contato com os familiares de Maneco Vargas?
Gostaríamos de conhecê-los, saber como são, fazer uma aproximação.
Quantos filhos seus pais tiveram?
Quatro filhos: Alfredo, Mauro, Marcelo e Gustavo.
No seu trabalho como o chamam?
Trabalho no Clube de Campo de Piracicaba, lá a maioria me chama de Getulio, dizem que sou muito parecido com o meu pai, que tinha traços fisionômicos semelhantes á Getulio Vargas.
Quando você tinha 10 anos de idade a sua avó adotiva revelou a possível filiação do seu pai, isso de alguma forma refletiu em você?
Senti um impacto, um orgulho muito grande. Cheguei até a ser assediado para entrar na política!
Houve assédio da imprensa?
O jornal “O Estado de São Paulo” procurou o meu pai, em 1987 publicou uma matéria a respeito. O apresentador de televisão João Kleber queria levar o meu pai ao seu programa. Após a revelação feita pela minha avó em seu leito de morte o meu pai passou ser uma pessoa preocupada com relação a sua paternidade. Ao mesmo tempo em que tinha vontade de conhecer seus possíveis meio-irmãos, tinha receio da reação deles. Ele comentava como seria bom ter conhecido o seu pai biológico, gostaria muito de abraçá-lo! Esse sentimento era mais acentuado principalmente por ocasião do Natal.
No seu local de trabalho, a FOP Faculdade de Odontologia de Piracicaba qual foi a reação das pessoas ao saberem que poderiam estar trabalhando com o neto de Getulio Vargas?
Foi muito interessante, ele sentiu-se valorizado, chegou a ser eleito presidente da Associação dos Funcionários da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (ASFOP) O meu pai queria acrescentar o sobrenome Vargas ao nosso nome, mas foi contido por certo receio.
Vocês pensam em fazer o resgate dessas memórias, estabelecerem laços com possíveis parentes?
Temos esse desejo.
Vocês gostam de chimarrão?
Não! Nem de charuto!
E churrasco?
Adoramos!
Em algum momento o seu pai buscou os meios legais para determinar de fato a paternidade?
Ao que consta um advogado de São Paulo realizou algum tipo de prospecção, parece que até com algum sucesso, mas sem maiores explicações ele deixou meu pai sem nenhuma noticia, tomando paradeiro incerto.
O Maneco foi informado da possível paternidade?
Pelas informações que nos foram dadas ele sabia. Houve algum comentário de que ele poderia ter dado assistência material quando minha avó engravidou dando a luz ao meu pai.
Você sabe se o Maneco poderia ter tido envolvimento com mais alguma jovem na cidade?
Conheço um ilustre cidadão de Piracicaba que diz ter sido contemporâneo do Maneco e que o conheceu de perto, pelo que ele diz o Maneco não teve envolvimento desse nível com mais nenhuma jovem da cidade.
Seu pai procurou ter contato com a mãe biológica?
Na época ele buscou por diversos lugares, até disseram que ela estava no Lar dos Velhinhos, ao chegar lá não mais a encontrou.
Seus avôs adotivos moravam em que bairro de Piracicaba?
Moravam na Rua Fernando Souza Costa, 2399 na Paulista. Isso significa que o possível neto de Getulio Vargas viveu na Paulista, no anonimato, por mais de 50 anos, estudou no Grupo Escolar João Conceição.
Como o jornal “O Estado de São Paulo” soube da existência do seu pai e veio á Piracicaba para entrevistá-lo?
Acredito que tenha sido através de informações passadas pelo advogado que estava procurando realizar contatos com familiares de Maneco Vargas.
Quando algumas emissoras de televisão procuraram o seu pai para mostrar ao Brasil o possível neto de Getulio Vargas a idéia era um pouco sensacionalista?
Ele queria uma aproximação com a família Vargas, mas de uma forma mais natural, sem estardalhaço. Mantemos a mesma postura.
Qual era a altura do seu pai?
Media 1 metro e 69 centímetros, embora não fosse alto jogava como goleiro no time dos funcionários da FOP.
A conclusão que se chega é de que para documentar a possível paternidade bastaria realizar os exames de DNA de Maneco Vargas e Moisés José Maria da Silva sendo que para isso ser feito os corpos teriam que ser exumados. Implica em determinação judicial, concordância familiar. Pode ser um novo capítulo nessa autentica história de amor e poder.

Para assistir o filme da entrevista clique abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=mWuhDkd3whI












segunda-feira, março 21, 2011

ÉRICO SAN JUAN

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 12 de março de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
ENTREVISTADO: ÉRICO SAN JUAN
A riqueza cultural de Piracicaba é uma característica que a destaca no cenário nacional, a ponto de ter sido cognominada de “Ateneu Paulista”. Talvez inspirados nas belezas naturais da cidade um grande número de poetas surgiu na cidade, a ponto de se dizer a boca pequena que é a localidade onde há o maior número de poetas por metro quadrado! Há também um grande número de artistas plásticos. O memorável Edson Rontani tornou-se um guru para muitos cartunistas e ilustradores, pode-se dizer que foi um artista com obras além do seu tempo, introdutor de uma nova forma de comunicação Mais tarde, principalmente com o advento do Salão do Humor em nossa cidade, essa forma de expressão ganhou reconhecimento e valorização. Entre muitos admiradores de Edson Rontani, destaca-se o cartunista Érico San Juan, que aos 10 anos de idade fez um gibi completo. Ele criou o enredo, diagramou, ilustrou e encadernou. Aos 12 anos já colaborava com tirinhas de sua autoria, impressas periodicamente pelo Jornal de Piracicaba. Aos 15 anos já era ilustrador infantil do Jornal de Piracicaba. Dotado de refinada sensibilidade artística ele coloca suas impressões em seus traços, hábil caricaturista, em apenas dois minutos traduz para o papel os traços característicos do retratado, habilidade que exerceu como “caricaturista ao vivo” em eventos promovidos pela Caixa Econômica Federal, CCR Autoban, Caterpillar Brasil e McDonald`s. È autor do projeto gráfico do CD Amanhã do Trio Sá, Rodrix e Guarabyra. Editor do jornal Caricaras. Teve obras selecionadas para os salões de humor de Piracicaba e Paraguaçu Paulista. Premiado em Santos com a tira em quadrinhos denominada “Um Pamonha de Piracicaba”. Jurado de seleção de salões internacionais e universitários. Ministrou oficinas de humor gráfico para o SESC, Senac e Oficina Cultural do Estado de São Paulo. Publicou quadrinhos e textos de humor nas revistas Mad e Monet. Autor das tiras Dito, o Bendito. Compositor e interprete da “Canção do Mensalão” lançada no site My Space e no You Tube. Realizou exposição de caricaturas no projeto SESC Verão 2011 com caricaturas em tamanho natural dos notáveis Oscar e Magic Paula, Gustavo (Guga) Kuerten, João do Pulo, Robert Scheidt, Ayrton Senna, Maguila e outros. Tem caricaturas da MPB – Musica Popular Brasileira no livro “Noel é 100”, editado pela Imprensa Oficial do Rio de Janeiro. É um dos 40 caricaturistas brasileiros que tiveram suas obras selecionadas e publicadas em um livro. Foi convidado pelo jornalista João Carlos Rodrigues para realizar caricatura para a o livro sobre Johnny Alf, precursor da bossa nova, impressa pela Imprensa Oficial de São Paulo. Érico San Juan é artista gráfico, piracicabano, nasceu em 3 de janeiro de 1976, é um dos três filhos de Antonio Monteiro de San Juan, funcionário público municipal, e Maria José Gaspar de San Juan funcionária pública federal.
Seus primeiros estudos foram feitos onde?
Estudei no “Honorato Faustino” e no “Colégio Melo Ayres”. Sou radialista certificado pelo SENAC. Fiz cursos voltados à comunicação jornalística.
Em que período da sua vida você se descobriu como artista?
A lembrança que guardo dos meus primeiros “rabiscos” é de quando eu tinha seis anos, estava ainda no pré-primário. Era consumidor de revistas de Walt Disney, como o gibi do Tio Patinhas, Pato Donald, e passava a desenhar na mesa da cozinha da nossa casa, juntamente com o meu irmão Fábio, que também é artista gráfico.
Pode-se dizer que você e seu irmão formam uma “família de cartunistas”?
Pode-se dizer que em nossa cidade, essa atividade exercida como profissão é recente, o Salão de Humor foi um incentivador desde os anos 70. Tivemos o Edson Rontani, cuja persistência nessa atividade foi marcante seu inicio deu-se nos anos 50, a atividade de cartunista até hoje não existe como profissão.
Quais recursos materiais você utilizava em suas primeiras ilustrações?
Ainda criança usava o tradicional lápis de cor, atualmente com os recursos da informática tornou-se muito fácil a reprodução de desenhos em blogs. Eu fazia a reprodução dos desenhos como um legítimo gibi. Um dos meus primeiros gibis caseiros foi com a turma do Lup Lup. A origem é de uma revista Disney. Além dos gibis eu brincava com o meu irmão, era uma brincadeira que envolvia os personagens criados por mim, transportava para o mundo real.
Você colecionou muitos gibis?
Muitos! Infelizmente ao atingir a adolescência acabei descartando-os, como um desligamento da infância, própria da fase adolescente. Nós líamos a Coleção Vagalume, “O Cachorrinho Samba, de autoria da Sra. Leandro Dupret.
Desenhar é uma válvula de escape?
Essa é uma conclusão que só tiramos quando adultos. De uma forma geral o desenhista deixa de realizar atividades próprias da infância e adolescência, como por exemplo, jogar futebol ou outra brincadeira que envolva alguma atividade física para dedicar-se ao desenho. Isso não implica que só desenhe, ele pode praticar esportes, mas faz essas atividades de uma forma menos intensa..
Como seus pais viam a sua vocação para desenhar?
O interessante na criança é que ocupada em desenhar ela permanece quieta., os pais geralmente pesam: “-Que bom, meu filho está desenhando, deixa ele!” Em 1986 a Secretaria da Educação realizou um concurso de desenho, eu fiz um gibi contando a história do XV de Novembro de Piracicaba, baseado nas publicações realizadas pelo Rocha Neto. O meu irmão fez outro trabalho gráfico. Ganhamos o premio: um livro para cada um.
Qual é a diferença entre cartunista e chargista?
O cartunista faz cartun, que é relativo a um fato independente da época. O chargista utiliza o fato do momento, pode ser político, social. A charge dá margem para ser reflexiva. Há situações que ao serem abordadas requerem muito tato por parte do artista.
Os políticos têm espaço garantido em cartuns e charges?
O alvo pode ser o político e a política do dia a dia. Há chargistas que costumam abordar mais os aspectos sociais. Há artistas gráficos que fazem a chamada charge de gabinete, é aquelas que só são entendidas pelo circulo de relações do criticado.
Você foi fã do Edson Rontani?
Quando era criança, as referencias que eu tinha de desenhista piracicabano era do Edson Rontani, que publicava no caderno de “O Diário”, o “Diarinho”, no rodapé havia o “Você sabia?”
Quando você passou a fazer trabalhos por encomenda?
O embrião foram as revistas em quadrinhos que eu tinha criado, de forma espontânea, eu não pensava em fazer uma carreira, embora me dedicasse. Por gostar do que estava fazendo. Usava caneta esferográfica preta para desenhar, fiz uma tira de peixe, sem me tocar que na cidade havia um rio, acho que está no inconsciente, por um ano enviei material para ser publicado. Em 1989 Cecílio Elias Neto transformou a pagina infantil em um suplemento feito por crianças, uma idéia excelente, nesse ano o Salão de Humor fez uma oficina de histórias em quadrinhos com JAL e Gualberto, o GUAL, nessa oportunidade conheci Eduardo Grosso, atualmente diretor do salão de humor. Meu irmão e eu participamos dessa oficina do JAL e do GUAL, éramos muito jovens na época. Foi o primeiro espaço que encontramos, chegamos a fazer um gibi e um núcleo de quadrinhos, o gibi tinha esse nome. Núcleo de Quadrinhos de Piracicaba. Em 1990 passei a publicar as tiras do peixe no Jornal de Piracicaba. Certo dia eu fui até o balcão de anúncios do JP para publicar um anuncio quando a coordenadora do jornalzinho do suplemento infantil, Viviani Laurelli convidou-me para ser o ilustrador, eu tinha 15 anos! Os suplementos infantis eram á semelhança da Folhinha, caderno da Folha de São Paulo, feito por Mauricio de Souza, havia apenas um ilustrador para a publicação toda. Permaneci como funcionário do Jornal de Piracicaba de 1991 a 1997, continuei como colaborador remunerado até o ano passado.
Qual personagem criado por você que se mostrou popular nessa época?
Foi o Leco, que era um peixe.
Como seus colegas o viam nessa época?
Achavam-me o maio chato! Eu era muito tímido, travado. Embora a arte gráfica seja uma forma de expressão ela não trazia popularidade junto aos meus colegas de escola, é um fenômeno que ocorre com boa parte dos desenhistas, são pessoas introvertidas que canalizam para o trabalho. Os professores adoravam, incentivavam.
A sua formação em rádio se deu com a finalidade de se soltar?
Deu para destravar um pouco!
Todo cartunista é irônico?
Depende do cartunista, uns são mais outros menos.
O que é fanzine?
Edson Rontani é o autor do primeiro fanzine brasileiro, isso nos anos 60. É uma revista amadora de fã. Se você gosta do Batman, caso faça uma revista amadora sobre ele, dá suas impressões sobre o herói, troca impressões com outros fãs, é uma publicação feita por amadores sobre o objeto da paixão.
Uma das suas atividades atualmente é caricatura ao vivo, pode falar um pouco mais sobre ela?
Geralmente é feita em eventos, permaneço em uma mesa, em local apropriado e atendo a todas as pessoas que me procuram. Os participantes do evento são comunicados da presença de um desenhista á disposição, a pessoa senta-se a minha frente e eu desenvolvo a sua caricatura.
Grandes artistas do passado ao retratar alguém da nobreza eram induzidos a aperfeiçoar o perfil da pessoa retratada, sob o risco de sofrer pesadas penas se o resultado não agradasse plenamente, o cartunista sofre pressão nesse sentido?
A caricatura não obriga que o chamado alvo seja respeitado, o principio do processo é o exagero. Eu chamo a caricatura de “retrato bem humorado”. A ênfase dada ao exagero depende de cada artista, do seu temperamento. Os leigos acham que as caricaturas só podem ser feitas de pessoas com características muito evidentes, como orelha, nariz avantajados. Só que ao realizar uma sessão de caricaturas em um evento todas as pessoas que se apresentam têm que ser desenhadas, ocorre a necessidade de ter que achar as características que possam resultar em uma boa caricatura. Se a pessoa tem olhos expressivos, na caricatura sairá com os olhos arregalados. É muito importante sentir a razão pela qual a pessoa se dispôs a ser retratada.
Em quanto tempo você faz uma caricatura?
Faço rápido, em dois minutos, essa é uma das minhas características que os colegas ressaltam.
Em um evento, qual foi o maior números de pessoas que você retratou?
Em um evento sob o patrocínio da Autoban, versando sobre a segurança, em dois meses elaborei 1.200 caricaturas, o tempo em que permaneço no espaço da exposição gira em torno de quatro horas, por ser uma freqüência muito variável houve um dia em que devo ter realizado umas 100 caricaturas.
É possível realizar uma caricatura usando apenas a fotografia da pessoa?
Sim é possível, trata-se de um serviço mais elaborado.
Atualmente você tem realizado trabalhos para diversas cidades e até outros estados?
Fiz para um livro de cartuns referentes a telefone celular, feito por uma editora de São Caetano, é realizado por um jornalista que faz livros cooperativos, nele estão cartunistas de diversas regiões do Brasil. Em outro livro coloco Dito, o Bendito, um personagem que criei e por 10 anos esteve presente nas páginas de jornal de Piracicaba. Dito, O Bendito é um Zé Carioca sem o bico de papagaio, eu gostava do estereotipo do malandro carioca, criei o Dito baseado nisso, com o tempo ele virou um aposentado romântico. Ele é um velhinho saliente com um filho conservador. Por um ano fiz texto para a revista MAD.
Qual é a relação do humor com as instituições?
As instituições querem ser levadas a sério, a abordagem feita pelo humor se for mais ou menos ácida depende de quem faz esse humor.
A sua criatividade tem alguma origem definida?
Acredito que é importante não só a visão profissional, mas também a visão do mundo.

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