sexta-feira, outubro 23, 2015

ELIZABELTE CASAGRANDE

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 24 de outubro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: ELIZABELTE CASAGRANDE





Elizabelte Casagrande é filha de Orlando Casagrande e Francisca Maria da Silva, nasceu a 8 de outubro de 1936. Seu bisavô paterno era italiano, sua bisavó paterna era austríaca, seus avós paternos eram italianos, da região de Treviso, vieram para o Brasil em uma das primeiras levas de italianos que imigraram logo após a abolição dos escravos.
No Brasil eles moraram inicialmente aonde?
Segundo o meu avô contavam, eles foram morar nas senzalas que era anteriormente ocupada pelos escravos, só caiaram (passaram cal) e colocaram os italianos lá. Alguns escravos permaneceram na fazenda, mesmo após a abolição. Eles vieram da Itália para Tietê, era uma fazenda pertencente a um patrão muito bom, conhecido como Chiquinho Antunes. Meu nono (avô) contava muitas histórias interessantíssimas sobre os negros. Há um aspecto interessante, os italianos e os negros se davam muito bem, os italianos aprenderam muito com os negros sobre a lavoura do café. Não sei se é muito significativo, mas uma das histórias que gravei foi quando meu avô contou sobre um negro com fama de feiticeiro, tinha conhecimento de magia. Era uma pessoa boa, segundo meu nono todo o mundo gostava dele. Esse negro teve um desentendimento com uma pessoa, ele disse: “-Vamos fazer o seguinte, vá até a minha casa amanhã a meia noite!” A pessoa foi ao chegar encontrou o negro estendido sobre uma mesa, com duas velas acesas ao lado e uma coruja sobre seu peito. Ele estava morto. O seu desafeto chegou, olhou, mexeu, ele estava durinho. Ele saiu correndo! No outro dia o negro estava já de manhã trabalhando. Parece ser uma daquelas histórias dos zumbis que eles contam, eles possuem a capacidade de entrar em estado letárgico. Meu avô era um homem muito inteligente, aprendeu a escrever embaixo do pé de café. Meu avô falava conosco em português, em italiano geralmente falava com outros italianos, principalmente com os padres italianos que nos visitavam. Minha avó falava muito em dialeto vêneto. Uma vez fui para a Itália, de lá fui até a Hungria, que na época era comunista, hospedei-me em um hotel cujo proprietário era italiano, falava o mesmo dialeto que a minha avó usava no Brasil! Isso facilitou a nossa comunicação, praticamente me adotaram! Levaram-me para conhecer aqueles jantares com musica, violino. Em Budapeste me levaram a todos os passeios a que foram.
E seus avôs maternos?
Meu avô era português de origem judaica, conhecido como cristão-novo.

Seus bisavós paternos permaneceram em Tietê?
Eles mudaram-se para Palmital, nessa época meu pai era um bebê ainda. As primeiras levas de italianos que vieram para o Brasil não receberam terras do governo, outras que vieram mais tarde, e que em grande parte foram para o sul, o governo brasileiro comprometeu-se a dar uma pequena área de terras para eles. Os italianos que não ganharam terra trabalharam duro durante anos e conseguiram guardar algum dinheirinho. O patrão, Chiquinho Antunes, sabia que eles queriam ter seu pedacinho de terra. Ele tinha um amigo advogado de nome Cardoso que tinha uma fazenda e muita terra em Palmital, que era uma localidade muito pequena, um arraial, era sertão, isso foi por volta de 1920. Com isso meu nono, seu cunhado, irmão da minha nona, mais algumas famílias foram para lá. A terra que eles compraram era mato, derrubaram, o casarão antigo foi construído com boa parte da madeira que eles retiraram do local. Foi um período em que não havia quase granjas, meu nono começou a criar galinhas, mandava para São Paulo, mandava ovos. Meu avô e minha avó tiveram cinco filhos. Uma curiosidade, ele consertava e também fazia sanfonas. Ele mandava vir o material de São João da Boa Vista, onde tinha uma fábrica de sanfonas. Aos poucos foram adquirindo mais terras, até passar a cultivar café também.
                                                        PALMITAL SÃO PAULO
Seu pai continuava em Palmital?  
Meu pai cresceu, esteve na frente de batalha na Revolução Constitucionalista de 1932, ele era da artilharia. Ele ficou na região entre Aparecida do Norte e Rio de Janeiro. De Palmital voltaram ele e um amigo.
Você lembra-se da sua primeira professora em Palmital?
Lembro-me sim! Era Dona Zenaide Badim de Souza. Depois foi Dona Heloisa, que era esposa do Cardoso ou do seu filho. A terceira professora foi Dona Maria Diaz, o pai dela era coletor da receita, a professora seguinte foi Dona Marta. Conclui o Grupo Escolar de Palmital entrei para o Ginásio Estadual de Palmital, o curso normal fiz em Assis, que ficava a uns trinta ou quarenta quilômetros distante de Palmital. Ia e voltava todos os dias pela Estrada de Ferro Sorocabana. Era uma viagem gostosa, íamos em uma pequena turma, cantávamos, dançávamos, naquela época não havia passe de estudante, adquiríamos o bilhete, o chefe de trem passava para picotar o mesmo e anunciava a próxima estação: “-Palmitar!”, outro dizia “-Palmital!” e um terceiro falava “Parmitar!”. Nós ríamos muito!
Naquela época mulher praticava esporte na escola?
Eu jogava basquete, aprendi a jogar no ginásio. O uniforme era um short azul marinho e blusa branca, com, o emblema da escola, tênis e meia. Lembro-me da professora de Educação Física, Areco, foi uma excelente professora. Na época a Escola Normal de Assis era considerada uma das melhores do Estado. Formei-me professora, que era o máximo que se tinha no local. Voltei à Palmital, lecionei na roça por uns três anos. Teve um período em que eu ia e voltava até a escola. Já cheguei a andar dez quilômetros a pé para ir lecionar, isso ocorria em situações especiais, quando chovia muito, aquela lama, não passava carroça, bicicleta, nada. Normalmente eu ficava no sitio, na casa da fazenda onde lecionava. Lembro-me de uma casa onde fiquei da Dona Hermantina, quando eu estava lá nasceu seu décimo filho. Era da família Monteiro. Geralmente no começo da semana eu ia de bicicleta até a fazenda, permanecia lá e voltava de bicicleta no final de semana.
                                                            ASSIS - SÃO PAULO
Você teve o desejo de cursar uma faculdade?
Tinha uns fazendeiros em Palmital cujos filhos estudavam em São Paulo. Minha irmã Therezinha Casagrande gostava muito de escrever, ela começou a escrever sobre a história de Palmital. Foi uma cidade que teve uma história muito conturbada. Houve uma rixa muito grande entre duas famílias, uma que já residia no local e outra que veio morar na cidade. Por razões políticas, houve uma tocaia onde morreram sete pessoas.
Em que cidade você fez a faculdade?
Tinhamos parentes em Londrina, e lá já existia a faculdade que eu pretendia fazer. Fui para lá de ônibus, era ainda estrada de terra, tinha que passar o rio pela balsa, cheguei em Londrina no final da década de 58. A cidade era toda em ruas de terra, acho que nem a Avenida Paraná era calçada. Fiquei no Distrito de Irerê onde tinha uns primos e prima que era da família Ronch.
Quantos idiomas você fala?
Falo o português e o italiano. Mas entendo espanhol, inglês, francês, alemão uma palavra ou outra, como Weltanschauung (termo alemão que se pronuncia "vèltanxauung"), palavra de origem alemã que significa literalmente "visão de mundo".
Na época do ginásio estudávamos latim. Minha prima tinha um armazém no Irerê, foi lá que conheci Alexandre Von Pritzlwitz que doou a FEALQ a Fazenda Figueira, situada em Londrina, com 3.900 hectares de terra.

                                               HISTÓRIA DE LONDRINA PARTE 1



HISTÓRIA DE LONDRINA PARTE 2



HISTÓRIA DE LONDRINA PARTE 3



HISTÓRIA DE LONDRINA - PARTE 4
               


                                           IMIGRAÇÃO JAPONESA EM LONDRINA
Você fez faculdade de qual curso?
Comecei estudando história e geografia, mas depois surgiu a pedagogia, eu já era professora, sou da primeira turma de pedagogia, da Faculdade Estadual de Londrina foi em 1965. Fui para Irerê, era a primeira professora formada de Irerê. Vim para Londrina, lecionei e tornei-me diretora dessa escola. Vi uma notícia de que estavam precisando de professores no Amapá. Na época era Território. Encontrei o professor de administração no correio, ele disse-me que o INEP - Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos de São Paulo estava selecionando pessoal para mandar para os estados do Norte e do Nordeste.
Fiz a prova na USP, passados uns 10 dias recebi um telegrama de que havia sido aprovada para participar do programa do INEP. Em janeiro me chamaram para vir para a USP para fazer a preparação de dois a três meses, o José Mário era o coordenador. Fomos preparados para sair para o Norte e Nordeste. Fui para Rondônia. Lá fiquei hospedada em hotel. Isso na época áurea da cassiterita.

Como era a relação dos habitantes locais com vocês?
De forma geral era bem aceita, embora houvesse certa reserva. Fazíamos o planejamento, fazíamos pesquisas, montávamos os planos, era uma beleza. De tudo que fazíamos se 10% eram aproveitados era muito. Entrava o jogo político interferindo. Tinha verba, só não era aplicada em sua finalidade. Íamos dar cursos para professores leigos na redondeza. 

Em Guajará-Mirim demos um curso de 60 dias. Infelizmente havia uma visão de só realizar se fosse uma vantagem política. Depois fui para o Maranhão. Viajávamos naqueles aviõezinhos sem pressurização, saiamos com os ouvidos estourando.  Mais tarde fui para Alagoas. Trabalhamos como camelos, o secretário ia para os Estados Unidos, queria apresentar o projeto, trabalhávamos na época com mimeografo. Ele foi, apresentou o projeto e politicamente destacou-se. Implantar mesmo o projeto que fizemos isso nunca foi feito. Sai do programa, voltei para São Paulo.
Qual foi seu próximo destino?
Minhas colegas da faculdade tinham ido à Brasília, decidi ir também. Comecei a lecionar matemática em uma das escolas do centro. Recebi um telegrama da Indústria e Comércio de Minérios S.A. (ICOMI) 
                                                JK INAUGURA A ICOMI EM 1957


ICOMI


                                                         SERRA DO NAVIO



                                                        DR. ANTUNES - ICOMI/ CAEMI
e explorava minério de manganês na Serra do Navio, Amapá.  Depois passou a chamar-se Caemi e se uniu a Bethlehem Steel, americana. Não dei atenção ao telegrama. Um dia bateram na porta da minha casa, um representante da ICOMI que morava em Brasília perguntou se eu não tinha recebido o telegrama, que eles gostaria que eu participasse. Eles queriam implantar o curso de ginásio voltado para o trabalho, na Serra do Navio.  Eles tinham uma vila maravilhosa. A parte dos operários era uma beleza, na época os melhores recursos hospitalares eram deles. O lazer era dançar e o cinema. Quando saiu o filme “Uma Odisséia no Espaço” levei todos os meus alunos para assistirem. Só se entrava lá no trem pertencente a companhia. Ia de avião, descia no aeroporto, ficava hospedada no melhor hotel de primeiríssima, ai eles vinham de carro me buscar, levavam-me para o trem e ai íamos até a Serra do Navio. Tinham construído uma vila em Macapá, viajávamos no trem de minério, no final eles tinham um ou dois vagões destinados aos passageiros. Permaneci lá por três anos. Em 1969 quando o homem foi à lua eu estava lá! Só tinha um engenheiro que tinha uma televisão, a Eliete Covas era Secretária da Educação, tinha amizade com eles, ela que me levou ao Amapá. 
Após três anos você decidiu sair de lá?
                                                                 BRASILIA
                                          


                                                                        BRASILIA                                          No período em que estive trabalhando lá procurava me atualizar indo a congressos em Belém, São Paulo. Quando pedi para sair ofereceram diversas vantagens, inclusive financeiras. Eu tinha decido sair voltei para São Paulo. Passei a trabalhar com o grupo que ia realizar a descentralização do ensino. São Paulo já estava uma cidade cuja qualidade de vida tinha deteriorado. Recebi através de uma amiga a notícia de que haveria um concurso de Alto Nível para a Secretaria do Distrito Federal, em Brasília.
 Voltei a Brasília. Fiz dois meses de curso, passei. Entrei como Especialista em Educação. Permaneci lá por 15 anos. Nesse meio de tempo fui ao Acre dar um curso, veio o reitor da Universidade do Acre convidou-me para ministrar esse curso. Permaneci lá por seis meses. Em Brasília eu trabalhava muito com a parte de currículo, planejamento e supervisão Fizeram a programação introduzindo arte nos currículos, fui para a Itália onde fiquei um ano, fiz o curso de História da Arte. Voltei ao Brasil. Como tinha uma licença premio, férias, fui de novo para a Itália onde estudei Gemologia.
O que é Gemologia?
É o estudo das pedras preciosas, das gemas. É um ramo da mineralogia.
Você chegou a estudar o diamante?
Estudei! Diamante é a pedra mais preciosa por ser a pedra mais dura. E que dá mais brilho. Temos no Brasil a famosa pedra de diamante conhecida como Getulio Vargas.


Das pedras tipicamente brasileiras qual é a considerada de grande valor?
As turmalinas. Também tem as esmeraldas, mas as esmeraldas colombianas são melhores do que a nossa. Temos algumas boas, as melhores são as da Bahia. Encontram-se algumas muito boas, mas é muito pouco.
                        TURMALINA

Se trouxerem uma pedra você consegue identificar seu valor?A primeira coisa que aprendemos no curso de gemologia é nunca dizer o que é uma pedra sem antes passar por todos os exames. Temos pedras sintéticas que imitam quase todas elas. Tem pedras que tem características uma da outra, mas é de outra família. Você trabalha com cinco ou seis instrumentos para reconhecer a pedra. A balança, o epidiascópio (aparelho para projetar imagens de corpos opacos na luz refletida ou transmitida), ácidos, balança.
O que a levou a gostar da gemologia?
Isso começou quando eu estava em Rondônia tinha um topógrafo que gostava de pedras, uma vez ele veio com algumas pedras, eram granadas, é uma pedrinha vermelha, preciosa também, está entre as gemas. Não compensa fabricar o diamante, o maior uso é na indústria, ele não precisa ser especial. O diamante é formado em altíssima pressão e por volta de 1.000 graus de calor. Ai depois vem a família dos coríndo: a safira e o rubi. O rubi está em extinção. Há diamantes azuis, verdes, mas são raridades.
A senhora aprecia essas pedras pela sua beleza?
Exatamente! Só que para ser possuidor de uma dessas pedras envolve uma quantia de valor que é privilégio de poucos. Ou seja, gosto, entendo, mas não tenho posse de nenhuma delas. Conhecê-las é um hobby.
Quais são os países que são mais meticulosos quanto a qualidade das pedras?
Acho que é a França, a Itália. Os americanos também são exigentes. Só um gemolista pode dar atestado de autenticidade de uma pedra. Uma conhecida um dia disse ter adquirido um topázio para presentear uma pessoa querida, ela adquiriu no exterior, disse: “- Vou lhe mostrar!”. Peguei, pelo peso já vi que não era, disse-lhe: “-Estou achando que está muito leve. Quanto você pagou?” Ela disse-me o valor pago, eu disse-lhe que era mais uma razão, se fosse um topázio de verdade valeria muito mais. Ela levou no joalheiro era um citrino! De um valor bem abaixo.
A senhora é dançarina?
Sou apenas uma principiante. Hoje faço parte de um grupo da Ana Paula Minari, professora formada pela Unicamp. Somos a primeira turma dela da terceira idade de dança flamenca. 





Há quanto tempo a senhora dança flamenco?

Há cinco anos. Não podemos ficar presos, precisamos de desafios e caminhar pelo lado positivo. Fiz um curso de Bio Ética quando mudei na ultima vez para Londrina. Faz 16 anos. É uma disciplina que está em alta, a preocupação é preservação da vida e do planeta. Não só a vida animal e vegetal como a natureza. Um dos Bio Eticistas é da Corrente da Ética da Responsabilidade, ele diz: “- Age de tal maneira que as conseqüências das suas ações possibilitam a permanência de uma vida  verdadeiramente humana na face da Terra” .Seu nome é Hans Jonas. 


O diamante Presidente Vargas

Foi no Rio Santo Antônio do Bonito que, no dia 13 de agosto de 1938, foi encontrado o maior diamante já formado no solo do Brasil. A pedra de 726,6 quilates foi batizada com o nome de Presidente Vargas, em homenagem ao então presidente da República, Getúlio Dornelles Vargas. Por algum tempo, ele ocupou o posto de quarto maior diamante do mundo. Hoje, está em sexto lugar na lista dos maiores. Os garimpeiros Joaquim Venâncio Tiago e Manuel Domingues venderam o diamante por US$56 mil para um corretor, que, logo em seguida, o revendeu por US$235 mil. Algum tempo depois, ele foi negociado com o banco Dutch Union Bank, de Amsterdã (Holanda).Enquanto o diamante estava guardado nos cofres do banco holandês, o famoso lapidador Harry Winston - responsável pela clivagem do diamante Jonker - tomou conhecimento da existência do magnífico diamante brasileiro. Winston viajou para Amsterdã e comprou essa pedra preciosa. O preço pago não veio a público, mas se sabe que Harry Winston adquiriu um seguro no valor de US$750 mil.O jornal O Imparcial, de 11 de junho de 1939, anunciou: O diamante "Presidente Vargas" vendido por 2.550 contos adquirido pelo industrial norte-americano Harry Winston, o célebre diamante "Getúlio Vargas", achado no rio Santo Antônio em Minas, levantou grande celeuma, não só devido à avaliação então feita pela Casa da Moeda, como ainda pelo seu tamanho, considerado, acertadamente, o quarto do mundo.O Imparcial, aliás, em tempo, occupou-se pormenorizadamente do assumpto, referindo-se à classificação fita a 7 de outubro de 1938 pela Casa da Moeda, de 871:920$ para efeitos de exportação, muito aquém do seu valor.O diamante "Getúlio Vargas", como "specultivestone", foi, então, exportado pelo Correio Geral, via marítima, a 26 de outubro para Amsterdam, na Holanda, o maior centro de pedras preciosas do mundo.Segundo notícias agora chegadas ao nosso conhecimento, a preciosa pedra foi adquirida a 23 de maio último, pelo grande industrial norte-americano sr. Harry Wisnton, antigo amigo do Brasil, que já aqui esteve algumas vezes, e um incansável propagandista das nossas riquezas minerais, aproximadamente pela importância de 2.500 contos de réis, ou seja, o triplo da avaliação feita pela Casa da Moeda."Notícias sobre a questão da venda também ocuparam as páginas dos jornais.A Noite - 4 de novembro de 1940 Agita o Fôro Mineiro o diamante "Getúlio Vargas e Patos a Patrocínio e de Patrocínio a Nova York - Dois garimpeiros e um lavrado discutem por causa de seiscentos e cinquenta contos - E a preciosa gema já está avaliada em 20.000 contos de réis.Belo Horizonte, 4 (da sucursal de A Noite) - O famoso diamante "Getúlio Vargas", que ora agita os tribunais de Londres e Nova York, repercutindo na imprensa mundial, continua a movimentar também os tribunais de Minas, sua terra de origem.O litígio despertado no fôro mineiro pela preciosa gema remonta à data da sua descoberta e resume-se no seguinte: É hábito dos garimpeiros e faiscadores que exploram a fortuna em terras alheias dividirem com o proprietário desta o produto de sua descoberta. Os felizardos garimpeiros que encontraram o "Getúlio Vargas", Manoel Miguel Domingues e Joaquim Venâncio Thiago, alegando que o venderam a Oswaldo Dantes Reis, por 700 contos, depositaram a metade dessa quantia num banco, a favor do dono das terras, Sebastião Rodrigues Amorim.Este, sabedor de que a primeira venda do diamante rendeu não setecentos, mas dois mil contos, protestou que tinha direito a mais seiscentos e cinquenta contos e intentou imediatamente uma ação judicial para a cobrança dessa importância...Diário da Noite - 11 de novembro de 1940O diamante "Getúlio Vargas" vale vinte mil contos será dividida em doze partes, a famosa pedra Nova York, 11 (Reuter) - Segundo declarações da firma proprietária do famoso diamante brasileiro, conhecido como Getúlio Vargas, terminou a controvérsia judicial em torno da propriedade da mesma pedra. O bello diamante, avaliado em um milhão de dólares, será cortado em doze partes.O diamante Presidente Vargas foi, então, clivado e lapidado. O diamante bruto deu origem a 29 diamantes menores. Entre eles, havia 16 com lapidação esmeralda, um com lapidação pear ou gota, um marquise, e, entre as gemas menores, 10 trillions e uma baguete.Após a clivagem, a maior pedra, um diamante corte esmeralda de 48,26 quilates, foi denominada Presidente Vargas. Acredita-se que hoje ele pertença ao joalheiro Robert Mouawad, de Beirute.As gemas trocaram de mãos com o passar dos anos. No entanto, nas últimas décadas, alguns pedaços reapareceram em leilões da Sotheby's. Em abril de 1989, o Presidente Vargas IV, com 28,03 quilates, foi vendido por US$781 mil, e o Presidente Vargas VI, com 25,4 quilates, por US396 mil, em 1992.

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