PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 15 de julho de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços
eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: IGNEZ VIEIRA E SILVA
Ignez
Vieira e Silva nasceu em Piracicaba a 4 de de janeiro de 1936, no bairro da
Paulista, na Rua Joaquim André, 1134. Filha de Manoel Vieira e Silva e Maria Prates
Vieira,
Seus pais são nascidos no Brasil?
Meu
pai nasceu em Portugal, em 17 de janeiro 1889, na região de Leiria em Fátima, veio
para o Brasil com 10 anos, junto com meus avós. Desceram do navio em Santos,
passaram pela Casa do Imigrante em São Paulo e vieram a residir inicialmente no
bairro dos Marins, em Piracicaba.
Sua
família é católica praticante?
Além do meu pai, meus avós
tiveram outros filhos entre os quais três filhas freiras franciscanas: Irmã
Bernadete, Irmã Cesarina que trabalhou na Santa Casa de Piracicaba e Irmã Joana
que ajudou o Lar Escola por mais de 50 anos trabalhando com promoções, a busca
de donativos. Fora o seu trabalho interno com as crianças. Ela sempre foi muito
ativa.
Quando chegaram a Piracicaba o
seu avô e a família foram trabalhar no que?
Meu pai foi trabalhar com meu avô
como pedreiro, um dos locais onde trabalharam foi no Engenho Central. Em
seguida foram morar em uma propriedade das Irmãs Dominicanas, em um colégio na
cidade de Amparo. Isso foi em 1917.
O Seu Manoel, seu pai, já
mocinho, foi trabalhar em que local?
Meu pai não tinha completado 20
anos quando uma tia que trabalhava na Santa Casa veio buscá-lo para trabalhar
na enfermagem. Ele fez um curso em São Paulo onde se diplomou como enfermeiro.
Isso tudo ocorreu na Santa Casa quando ela era ainda na Rua José Pinto de
Almeida entre a Rua XV de Novembro e a Rua Moraes Barros. Ele foi um dos primeiros enfermeiros, foi um
dos funcionários que fez a mudança para o prédio recém-construido na Avenida
Independência, na época toda de terra, onde é atualmente a Santa Casa de
Misericórdia de Piracicaba. As árvores eram ainda pequenas, atrás da Santa casa
havia pés de eucalipto. No local onde era a conhecida “Santa Casa Velha” passou
a ser o Centro de Saúde. Toda a mudança de pacientes, equipamentos, foi
realizada pelo meu pai e outros enfermeiros. Meu pai tinha orgulho da sua
profissão. Em 1943 o Provedor da Santa Casa na época era o Dr.. Coriolano
Ferraz do Amaral, pai da Dona Levica Meirelles, avô da Professora Ana Maira
Meirelles de Mattos, esposa do Dr. Jairo Ribeiro de Mattos. Meu pai trabalhou
com Dr. Nelson Meirelles, que na época era um jovem médico, trabalhou com Dr.
João Correia. Lembro-me que eu ia com a minha tia Joana, que era freira, pedir
donativos na casa da Dona Levica, que na época morava na Rua XV de Novembro,
entre a Rua Boa Morte e Rua Alferes José Caetano. Principalmente na campanha da
Festa do Sorvete.
Como o seu pai conheceu a sua
mãe?
Meus avós maternos eram também
portugueses, meu avô era José Coelho Prates e minha avó Maria Prates, eram pais
de Florisvaldo Coelho Prates, naquela
época a minha mãe morava na Rua Moraes Barros, entre a Rua Bernardino de Campos
e a Rua Visconde do Rio Branco. Por lá passava todos os enterros, procissões,
penso que a Rua Moraes Barros já era calçada com paralelepípedo, mas as ruas
adjacentes eram todas de terra. Penso que meu pai conheceu minha mãe em uma
dessas épocas. Era uma época em que o carro funerário do Libório ia à frente e
atrás ia o caixão carregado por amigos do falecido ou falecida. Todos os homens
iam de terno, um calor medonho. Isso eu vi muitas vezes. Lembro-me de quem
morava em frente à casa da minha avó era a Teresa Bragion. O marido dela era
dono da Casa Becari.
Quantos filhos seus pais tiveram?
Tiveram quatro filhos: Lourdes, Luis, Valdemar e Ignez.
Você estudou em qual escola?
Estudei o curso primário por pouquíssimo tempo na Escola
Normal, lembro-me que no avental tinha as letras E N (Escola Normal), mais
tarde é que passou a se chamar Sud Mennucci. O Dr. José Rodrigues de Almeida
estava trabalhando na Usina Monte Alegre da família Morganti, estava sendo
formada a parte de saúde. Quando ele soube que o meu pai tinha saído da Santa
Casa, imediatamente ele foi lá em casa, meu pai estava com tudo arrumado,
pronto para mudar para São Paulo. Na época eu tinha sete anos. O médico Dr.
José Rodrigues de Almeida precisava de um enfermeiro para trabalhar na Usina
Monte Alegre. O meu pai já tinha trabalhado com ele na Santa Casa. Mudamos para
lá e passei a freqüentar o Grupo Escolar Marquês de Monte Alegre. Meu pai
assumiu como chefe da parte de enfermagem. Ele era conhecido como Manoel
Enfermeiro. Muitos médicos o conheceram, ajudaram principalmente o Dr. Lula.
Meu pai aplicava injeções, ele trabalhava dia e noite naquela época. Chegou a
morar na Santa Casa, em função do plantão. Tinha até o quarto dele na Santa
Casa, mesmo depois de casado. Ele ficava uma noite sim e outra noite não,
trabalhando. Fui estudar na Escola Baroneza de Rezende, outros dois anos fiz em
Amparo, com as irmãs da escola de Amparo. A minha primeira comunhão foi na
Capela São Pedro, em Monte Alegre, a preparação foi feita pelas irmãs
franciscanas. Foi no dia 29 de junho de1943, dia de São Pedro, era a data
máxima. Minha adolescência foi toda em Monte Alegre. Quando eu saí de lá tinha
22 anos. Fui morar com meus pais na Rua Joaquim Andre, entre a Rua Governador
Pedro de Toledo e Rua Boa Morte. Em frente a casa de José Osoris. O Bellotto
era nosso vizinho. Onde hoje é a Assagio era um armazém do Seu Lauro Arthur,
mais conhecido como Raul. Em uma das esquinas, em um sobrado morava o professor
Lineu Cardoso, na esquina oposta era o Hotel Paulista, que foi demolido. Isso
na esquina da Rua Joaquim André com a Rua Boa Morte. Até hoje chamo de “minha
padaria” a Padaria Jacareí.
Qual era a doença mais comum na época?
Nenhum comentário:
Postar um comentário