Copyright © 2000 by João U. Nassif. Direitos reservados na forma da lei. Nenhuma parte pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida sem a permissão expressa e por escrito do Organizador. Lei 9.610 de 19/02/1998. Direito de uso privado, e não coletivo,com fins de apresentação sobre tela único e individual A violação destas disposições submete ao infrator, e a toda pessoa responsável, às penas civis e penais previstas pela lei. Contato:joaonassif@gmail.com
José Honorio
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 21 de março de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: José Honório
Com seus 84 anos de idade, nascido no Bairro Monte Branco a cerca de 20 quilômetros de Piracicaba, no dia 19 de janeiro de 1925, filho de Manoel Honório de Godoi e Maria
Correia Toledo. Perfeitamente lúcido e independe para locomover-se, José Honório é o perfil clássico do agricultor que após lutar muito, em uma época de poucos recursos de mecanização, insumos, comunicação. Com estradas rurais muitas vezes quase impraticáveis. Após casar-se, resolveu procurar no centro urbano, melhores condições para a sua subsistência. A particularidade é que ao contrário de muitos que fizeram o mesmo caminho, José Honório conservou com máxima observância os valores tão dignos e importantes do homem do campo, onde a palavra dada dispensava o registro escrito. Isso só era possível porque os poucos que se atreviam a faltar com a palavra empenhada viam-se em palpos de aranha. Isso foi em um tempo em que o individuo desocupado era recolhido no xadrez por crime de vadiagem. Até cerca de algumas décadas era comum o cidadão de bem andar com uma arma na cintura. Eram armas de fogo, armas brancas como punhal, navalhas. A incerteza de que tipo de conseqüência poderia haver em uma eventual discussão, estabelecia um respeito mútuo. Era claro que se as partes partissem para as vias de fato, provavelmente um deles sairia sem vida. A presença de advogado não era corriqueira como hoje. O delegado resolvia de forma sucinta o destino dos brigões. Em resumo, havia um respeito tácito. José Honório iniciou suas atividades na propriedade agrícola dos pais. Foi pedreiro, tendo inclusive participado da construção dos barracões da Mausa, ao lado do terminal de ônibus intermunicipal. Com o objetivo de um futuro melhor, iniciou-se na carreira de vendedor de atacado, para o comércio varejista. Um arquivo vivo, Seu José Honório cita nomes, endereços, proprietários de estabelecimentos que com o tempo desapareceram.
O sítio onde o senhor nasceu era propriedade do seu avô?
Quando o meu avô Manoel Honório Godoi e minha avó Mariana Barbosa compraram lá tinha 180 alqueires. Freqüentei até a quarta série, a professora chamava-se Da. Amélia que era casada com Otávio Prates Ferreira.
O senhor fazia a lide do campo?
Plantava arroz, feijão, algodão, mandioca, batata. Para vir á cidade tinha que vir a cavalo. Depois que apareceu uma jardineirinha que fazia uma viagem por dia.
Havia vizinhos próximos?
Tinha, lembro-me de José Fernandes, Manoel Fernandes e Antonio Fernandes. Eles plantavam algodão. Eu cheguei a apanhar algodão para eles. Cresci no sítio, casei aos vinte anos de idade com Maria Inocêncio Honório. Permanecemos mais dois anos no sítio. Plantei um pouco de batata, tomei na cabeça. Fiz uma lavourinha de algodão, não deu nada. Resolvi vir embora para a cidade.
Qual o primeiro local onde o senhor morou em Piracicaba?
Mudei para a Rua da Colônia (existente com esse nome até hoje), isso foi no fim de 1947. Era tudo mato. Só tinha a Caieira do Felício, onde hoje está o Shopping Paulistar. Onde hoje é o Bairro Jardim Esplanada era a Fazenda do Ditoca. Naquela época essa região da Paulista era tudo mato. Era tudo soqueira de algodão, milho. Já havia a Estação da Paulista. Acima da linha do trem a maior parte era tudo sítio. Já iniciava a formação do bairro com construções. Havia uma raia de corrida de cavalos que iniciava nas proximidades onde hoje está construída a Igreja São José e ia até á atual Rua Benjamin Constant. Conheci Abel Pereira, era parede e meia comigo, ele tinha um caminhãozinho Mercedes-Benz, daqueles bicudos, 1957, verdinho, o filho dele, o Jaime Pereira casou-se com a filha de Vitório Fornazier.
Na Rua da Colônia havia muitas casas?
Só aquelas casas velhas. O dono era um espanhol, um dos filhos dele chamava-se Pedro Lopes, que era guarda-livros do Seu João Mendes que tinha armazém na Avenida São Paulo esquina com a Rua da Glória.
Quanto tempo o senhor permaneceu morando na Rua da Colônia?
Fiquei uns vinte dias apenas. Tinha trazido na minha mudança dez sacos de arroz, para consumo da família. Os ratos ali existentes passaram a devorar o arroz! Dava até medo do tamanho deles. Mudei em uma casa antiga, acima de onde hoje existe o Supermercado Canale. Fiquei morando ali por um ano. De lá mudei para a casa que o meu sogro tinha comprado do Romeuzinho (Romeu Gomes de Oliveira). Na época o Romeu tinha um açougue ali. Descendo onde hoje é a Avenida Da. Jane Conceição, um quarteirão abaixo da Rua Campinas, já havia a cerca que delimitava a propriedade da Dona Jane Conceição. Após morar ali por cerca de um ano, mudei para a Rua Governador Pedro de Toledo, logo no primeiro quarteirão, do lado esquerdo, próximo a Avenida Dr. Paulo de Moraes. É uma casa antiga que existe até hoje. Morei ali por cinco anos. Depois mudei para a Rua São Francisco abaixo da Rua Benjamin. Depois mudei para a Rua São João, onde havia três sobradinhos de propriedade do Gobet, onde permaneci também por cerca de um ano. Em seguida fui morar na Rua Governador entre a Rua São Francisco e Joaquim André. Na esquina da Rua São Francisco, onde hoje há um edifício existia uma pensão. Ao lado da pensão havia um terreno de propriedade de Francisco Pelegrino. Entre a pensão e o terreno tinha um corredor que era à entrada da minha casa. Ali morei por quinze anos.
Nesse tempo o senhor trabalhou onde?
Fui trabalhar na fábrica de tecido Boyes, de 1948 a 1951. Era ajudante, quebrador de pedra! Quando tirei férias falei com um vizinho meu que era empreiteiro, e me propus a trabalhar de graça para ele por trinta dias, para aprender o ofício. Comprei as minhas ferramentas e no outro comecei lá. Ele me pagou quatro mil réis por hora. Eu ganhava cinqüenta mil réis por mês na fábrica de tecido! Na época ele já tinha três casas em construção. Fui trabalhar na construção de uma casa na esquina da Rua São João com a Rua Samuel Neves. Fizemos o alicerce. Estiquei a linha e subi a parede. A casa está em pé até hoje! Trabalhei por seis anos como pedreiro. Eu estava trabalhando no barracão da Mausa, na Rua Riachuelo com a Rua São João, eram muitos pedreiros trabalhando ali. O encarregado era muito sem educação, malcriado, humilhava todo mundo. Teve dia que fui até armado, com o revolver na cinta, era um HO, calibre 38, niquelado com cabo de madrepérola. Se ele gritasse comigo eu iria dar um jeito nele. Um dia esse encarregado, que já é falecido, veio implicar comigo, sem motivo nenhum. Passei a mão em um martelo e “engarupei” nele. Os colegas me seguraram, não deixaram que eu brigasse com ele. Ele correu. Peguei as minhas ferramentas, encaixotei e fui ao escritório para acertar as contas. Fazia dez meses que eu estava trabalhando lá. Queriam que eu permanecesse lá. Eles estavam precisando de pedreiro. Eu disse que estava saindo para não matar o encarregado.
O senhor foi trabalhar onde?
Fui trabalhar como vendedor. Naquele tempo era fácil arrumar emprego. Fui trabalhar com os irmãos Nelson e Oscar Piacentini, na Rua São Francisco esquina com a Rua da Glória, onde hoje existe uma academia de ginástica. Fui vender pinga, era a Caninha Água Santa. Diziam que a praça de Curitiba era muito boa para vender pinga de Piracicaba. De ônibus eu não sabia ir. De avião eu não ia de jeito nenhum. O Hermínio Dezem puxava açúcar, ele ia sozinho, peguei uma carona com ele para Curitiba. Eu levava umas miniaturas como amostra da pinga. Saímos de Piracicaba com um caminhão Dodge amarelo, paramos em São Manoel para passar a noite. Chegamos a uma pensão, tomei um banho, jantei, e fui dormir. Era umas nove e meia a dez horas da noite. Foi uma noite terrível. Não conseguia dormir de forma nenhuma! Fiquei a noite inteira sapateando, as pulgas subiam como formigas pelas minhas pernas. Saía, ia para fora da pensão, retirava as pulgas, quando voltava estava novamente tomado por elas. Logo de madrugada seguimos nossa viagem. Em Curitiba fomos para o hotel que ele conhecia. A tardezinha eu vi chegar uns homens com revólver na cinta, facão na cintura. Sentavam na calçada, nem a polícia mexia com eles. Eram grileiros, tomadores de terras para fazendeiros. E eu lá no meio dessa gente! Não conhecia nada da cidade. Lembro-me que o Santo Pavanelli tinha uma pensão, subindo a Rua XV de Novembro, em Curitiba. Sai trabalhar, vender. Vendi 460 caixas de pinga. A carga fechada tinha que completar 600 caixas. Com isso esses pedidos não foram entregues. Na época havia a pinga Malucelli que estava mais barata do que a nossa. Eu saí daquela pensão e fui á pensão do Pavanelli. O meu dinheiro estava acabando, e tinha os compromissos a cumprir em Piracicaba. Chegou um rapaz jovem ainda, com um caminhão Chevrolet novo, carregado de madeira. Ele era de Piracicaba, consegui uma carona para voltar. Na volta dormimos no caminhão mesmo, não gastamos dinheiro e nem tivemos que dormir com pulga! Passei a vender aqui na região a pinga e o álcool do Piacentini. Quem fornecia a pinga e o álcool para ele era o Arlindo Oriani, que morava na Avenida Rui Barbosa. Uma ocasião houve alguma falha na formulação do álcool, e o Munhoz tinha adquirido uma carga desse álcool. O Munhoz recebeu a visita de alguém da fábrica e despejando um litro de álcool em um largo que havia em frente ao seu estabelecimento, disse para essa pessoa: - “Entre ai no meio desse circulo de álcool, vou acender o fogo se pegar fogo no álcool eu pago a carga que foi entregue!” O álcool não pegou fogo! Passei a vender pinga na cartola, que já era uma pinga pura, e também a pinga de garrafa.
Qual condução o senhor usava para trabalhar?
No bairro eu andava a pé. Quando mudava de bairro utilizava o bonde. Eu acrescentei a minha oferta de produtos com algumas bebidas vendidas pelo Anorando Marconi, ele tinha a água sanitária com o nome Varex.
O senhor trabalhou por quantos anos na praça como vendedor?
Trabalhei por 37 anos. Aposentei-me com 65 anos de idade. Conheci quase todos os comerciantes antigos de Piracicaba.
O senhor chegou a vender Alpargatas Rodas?
Vendi muita! Eram também chamadas de “enxuga-poças”. Vendia muito bem, o pobre utilizava muito. Nessa época eu vendia para o Silvio Motta, ele tinha um atacado onde hoje é a Casa do Papai. Na Rua Governador estava estabelecido o Gabriel Salles, em frente tinha o estabelecimento de José Stipp. Na esquina da Ipiranga com a Rua Governador havia o Supermercado Moral, antigamente era a Casa Dois Martelos.
O senhor vendia rolo de fumo?
Vendia, o melhor fumo era o de Bairrinho, o fumo que o Libardi fabricava era famoso. Ele morava em uma casa de esquina da Rua Governador com a Rua São Francisco, onde hoje há um estabelecimento que vende produtos cosméticos.
O Benedito Baglioni teve uma fábrica de balas na Rua Benjamin Constant?
Funcionava no prédio que mais tarde foi reformado e passou a ser o Cine Paulistinha. Conheci o falecido João Canale quando ele tinha ainda armazém no Pau Queimado. Depois que ele veio para a cidade montou um armazém na Avenida Dona Jane Conceição.
Na Avenida São Paulo há um posto de gasolina, o senhor conheceu os antigos proprietários?
É o Posto São Jorge que foi de propriedade do Pampaluche. Em frente onde hoje está o prédio da Pansa, quem ia de bicicleta tinha que colocar nas costas e passar. Não dava para passar de tanto barro. Do lado esquerdo havia o armazém do Seu João. Tinha o Teotônio Silveira com um armazém e um atacadinho. Tinha o Américo Sátolo. A par do posto existia o Armazém do Fiore Torrezam. Na esquina de cima tinha o armazém do Gildo Menegatti.
Naquela época as pessoas andavam armadas?
A maioria andava armado. Ninguém mexia.
O Abel Pereira morava no início da Rua Governador. Tinha um caminhãozinho. Ele puxava madeira.
O senhor freqüentava a Igreja dos Frades?
Ia sim, era pertinho de casa, lembro-me de Frei Liberato, Frei Ambrosio, Frei Guilherme. Construí a Igreja da Serra de São Pedro, aquela igrejinha no patrimônio eu quem construí.
Os homens que tinham a constituição física mais avantajada na época eram quem?
Era o Hugo Olivetto, o Churilli, o Chico Aguello que morava em Anhumas.
O senhor conheceu o Itapeva quando ainda era aberto?
Conheci. A maioria do trecho era aberta.
Na Avenida Independência com a Rua Benjamin Constant havia uma casa funerária?
Era a Funerária Libório.
Na Rua Benjamin Constant a uma quadra acima da Avenida Independência existia um armazém?
Era o Nê Barbosa. Atacadista também. Seu Zé Ferraz era o vendedor dele. Na esquina da Rua São Francisco com a Rua Benjamin havia o Armazém do Angeli.
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 21 de março de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: José Honório
Com seus 84 anos de idade, nascido no Bairro Monte Branco a cerca de 20 quilômetros de Piracicaba, no dia 19 de janeiro de 1925, filho de Manoel Honório de Godoi e Maria
Correia Toledo. Perfeitamente lúcido e independe para locomover-se, José Honório é o perfil clássico do agricultor que após lutar muito, em uma época de poucos recursos de mecanização, insumos, comunicação. Com estradas rurais muitas vezes quase impraticáveis. Após casar-se, resolveu procurar no centro urbano, melhores condições para a sua subsistência. A particularidade é que ao contrário de muitos que fizeram o mesmo caminho, José Honório conservou com máxima observância os valores tão dignos e importantes do homem do campo, onde a palavra dada dispensava o registro escrito. Isso só era possível porque os poucos que se atreviam a faltar com a palavra empenhada viam-se em palpos de aranha. Isso foi em um tempo em que o individuo desocupado era recolhido no xadrez por crime de vadiagem. Até cerca de algumas décadas era comum o cidadão de bem andar com uma arma na cintura. Eram armas de fogo, armas brancas como punhal, navalhas. A incerteza de que tipo de conseqüência poderia haver em uma eventual discussão, estabelecia um respeito mútuo. Era claro que se as partes partissem para as vias de fato, provavelmente um deles sairia sem vida. A presença de advogado não era corriqueira como hoje. O delegado resolvia de forma sucinta o destino dos brigões. Em resumo, havia um respeito tácito. José Honório iniciou suas atividades na propriedade agrícola dos pais. Foi pedreiro, tendo inclusive participado da construção dos barracões da Mausa, ao lado do terminal de ônibus intermunicipal. Com o objetivo de um futuro melhor, iniciou-se na carreira de vendedor de atacado, para o comércio varejista. Um arquivo vivo, Seu José Honório cita nomes, endereços, proprietários de estabelecimentos que com o tempo desapareceram.
O sítio onde o senhor nasceu era propriedade do seu avô?
Quando o meu avô Manoel Honório Godoi e minha avó Mariana Barbosa compraram lá tinha 180 alqueires. Freqüentei até a quarta série, a professora chamava-se Da. Amélia que era casada com Otávio Prates Ferreira.
O senhor fazia a lide do campo?
Plantava arroz, feijão, algodão, mandioca, batata. Para vir á cidade tinha que vir a cavalo. Depois que apareceu uma jardineirinha que fazia uma viagem por dia.
Havia vizinhos próximos?
Tinha, lembro-me de José Fernandes, Manoel Fernandes e Antonio Fernandes. Eles plantavam algodão. Eu cheguei a apanhar algodão para eles. Cresci no sítio, casei aos vinte anos de idade com Maria Inocêncio Honório. Permanecemos mais dois anos no sítio. Plantei um pouco de batata, tomei na cabeça. Fiz uma lavourinha de algodão, não deu nada. Resolvi vir embora para a cidade.
Qual o primeiro local onde o senhor morou em Piracicaba?
Mudei para a Rua da Colônia (existente com esse nome até hoje), isso foi no fim de 1947. Era tudo mato. Só tinha a Caieira do Felício, onde hoje está o Shopping Paulistar. Onde hoje é o Bairro Jardim Esplanada era a Fazenda do Ditoca. Naquela época essa região da Paulista era tudo mato. Era tudo soqueira de algodão, milho. Já havia a Estação da Paulista. Acima da linha do trem a maior parte era tudo sítio. Já iniciava a formação do bairro com construções. Havia uma raia de corrida de cavalos que iniciava nas proximidades onde hoje está construída a Igreja São José e ia até á atual Rua Benjamin Constant. Conheci Abel Pereira, era parede e meia comigo, ele tinha um caminhãozinho Mercedes-Benz, daqueles bicudos, 1957, verdinho, o filho dele, o Jaime Pereira casou-se com a filha de Vitório Fornazier.
Na Rua da Colônia havia muitas casas?
Só aquelas casas velhas. O dono era um espanhol, um dos filhos dele chamava-se Pedro Lopes, que era guarda-livros do Seu João Mendes que tinha armazém na Avenida São Paulo esquina com a Rua da Glória.
Quanto tempo o senhor permaneceu morando na Rua da Colônia?
Fiquei uns vinte dias apenas. Tinha trazido na minha mudança dez sacos de arroz, para consumo da família. Os ratos ali existentes passaram a devorar o arroz! Dava até medo do tamanho deles. Mudei em uma casa antiga, acima de onde hoje existe o Supermercado Canale. Fiquei morando ali por um ano. De lá mudei para a casa que o meu sogro tinha comprado do Romeuzinho (Romeu Gomes de Oliveira). Na época o Romeu tinha um açougue ali. Descendo onde hoje é a Avenida Da. Jane Conceição, um quarteirão abaixo da Rua Campinas, já havia a cerca que delimitava a propriedade da Dona Jane Conceição. Após morar ali por cerca de um ano, mudei para a Rua Governador Pedro de Toledo, logo no primeiro quarteirão, do lado esquerdo, próximo a Avenida Dr. Paulo de Moraes. É uma casa antiga que existe até hoje. Morei ali por cinco anos. Depois mudei para a Rua São Francisco abaixo da Rua Benjamin. Depois mudei para a Rua São João, onde havia três sobradinhos de propriedade do Gobet, onde permaneci também por cerca de um ano. Em seguida fui morar na Rua Governador entre a Rua São Francisco e Joaquim André. Na esquina da Rua São Francisco, onde hoje há um edifício existia uma pensão. Ao lado da pensão havia um terreno de propriedade de Francisco Pelegrino. Entre a pensão e o terreno tinha um corredor que era à entrada da minha casa. Ali morei por quinze anos.
Nesse tempo o senhor trabalhou onde?
Fui trabalhar na fábrica de tecido Boyes, de 1948 a 1951. Era ajudante, quebrador de pedra! Quando tirei férias falei com um vizinho meu que era empreiteiro, e me propus a trabalhar de graça para ele por trinta dias, para aprender o ofício. Comprei as minhas ferramentas e no outro comecei lá. Ele me pagou quatro mil réis por hora. Eu ganhava cinqüenta mil réis por mês na fábrica de tecido! Na época ele já tinha três casas em construção. Fui trabalhar na construção de uma casa na esquina da Rua São João com a Rua Samuel Neves. Fizemos o alicerce. Estiquei a linha e subi a parede. A casa está em pé até hoje! Trabalhei por seis anos como pedreiro. Eu estava trabalhando no barracão da Mausa, na Rua Riachuelo com a Rua São João, eram muitos pedreiros trabalhando ali. O encarregado era muito sem educação, malcriado, humilhava todo mundo. Teve dia que fui até armado, com o revolver na cinta, era um HO, calibre 38, niquelado com cabo de madrepérola. Se ele gritasse comigo eu iria dar um jeito nele. Um dia esse encarregado, que já é falecido, veio implicar comigo, sem motivo nenhum. Passei a mão em um martelo e “engarupei” nele. Os colegas me seguraram, não deixaram que eu brigasse com ele. Ele correu. Peguei as minhas ferramentas, encaixotei e fui ao escritório para acertar as contas. Fazia dez meses que eu estava trabalhando lá. Queriam que eu permanecesse lá. Eles estavam precisando de pedreiro. Eu disse que estava saindo para não matar o encarregado.
O senhor foi trabalhar onde?
Fui trabalhar como vendedor. Naquele tempo era fácil arrumar emprego. Fui trabalhar com os irmãos Nelson e Oscar Piacentini, na Rua São Francisco esquina com a Rua da Glória, onde hoje existe uma academia de ginástica. Fui vender pinga, era a Caninha Água Santa. Diziam que a praça de Curitiba era muito boa para vender pinga de Piracicaba. De ônibus eu não sabia ir. De avião eu não ia de jeito nenhum. O Hermínio Dezem puxava açúcar, ele ia sozinho, peguei uma carona com ele para Curitiba. Eu levava umas miniaturas como amostra da pinga. Saímos de Piracicaba com um caminhão Dodge amarelo, paramos em São Manoel para passar a noite. Chegamos a uma pensão, tomei um banho, jantei, e fui dormir. Era umas nove e meia a dez horas da noite. Foi uma noite terrível. Não conseguia dormir de forma nenhuma! Fiquei a noite inteira sapateando, as pulgas subiam como formigas pelas minhas pernas. Saía, ia para fora da pensão, retirava as pulgas, quando voltava estava novamente tomado por elas. Logo de madrugada seguimos nossa viagem. Em Curitiba fomos para o hotel que ele conhecia. A tardezinha eu vi chegar uns homens com revólver na cinta, facão na cintura. Sentavam na calçada, nem a polícia mexia com eles. Eram grileiros, tomadores de terras para fazendeiros. E eu lá no meio dessa gente! Não conhecia nada da cidade. Lembro-me que o Santo Pavanelli tinha uma pensão, subindo a Rua XV de Novembro, em Curitiba. Sai trabalhar, vender. Vendi 460 caixas de pinga. A carga fechada tinha que completar 600 caixas. Com isso esses pedidos não foram entregues. Na época havia a pinga Malucelli que estava mais barata do que a nossa. Eu saí daquela pensão e fui á pensão do Pavanelli. O meu dinheiro estava acabando, e tinha os compromissos a cumprir em Piracicaba. Chegou um rapaz jovem ainda, com um caminhão Chevrolet novo, carregado de madeira. Ele era de Piracicaba, consegui uma carona para voltar. Na volta dormimos no caminhão mesmo, não gastamos dinheiro e nem tivemos que dormir com pulga! Passei a vender aqui na região a pinga e o álcool do Piacentini. Quem fornecia a pinga e o álcool para ele era o Arlindo Oriani, que morava na Avenida Rui Barbosa. Uma ocasião houve alguma falha na formulação do álcool, e o Munhoz tinha adquirido uma carga desse álcool. O Munhoz recebeu a visita de alguém da fábrica e despejando um litro de álcool em um largo que havia em frente ao seu estabelecimento, disse para essa pessoa: - “Entre ai no meio desse circulo de álcool, vou acender o fogo se pegar fogo no álcool eu pago a carga que foi entregue!” O álcool não pegou fogo! Passei a vender pinga na cartola, que já era uma pinga pura, e também a pinga de garrafa.
Qual condução o senhor usava para trabalhar?
No bairro eu andava a pé. Quando mudava de bairro utilizava o bonde. Eu acrescentei a minha oferta de produtos com algumas bebidas vendidas pelo Anorando Marconi, ele tinha a água sanitária com o nome Varex.
O senhor trabalhou por quantos anos na praça como vendedor?
Trabalhei por 37 anos. Aposentei-me com 65 anos de idade. Conheci quase todos os comerciantes antigos de Piracicaba.
O senhor chegou a vender Alpargatas Rodas?
Vendi muita! Eram também chamadas de “enxuga-poças”. Vendia muito bem, o pobre utilizava muito. Nessa época eu vendia para o Silvio Motta, ele tinha um atacado onde hoje é a Casa do Papai. Na Rua Governador estava estabelecido o Gabriel Salles, em frente tinha o estabelecimento de José Stipp. Na esquina da Ipiranga com a Rua Governador havia o Supermercado Moral, antigamente era a Casa Dois Martelos.
O senhor vendia rolo de fumo?
Vendia, o melhor fumo era o de Bairrinho, o fumo que o Libardi fabricava era famoso. Ele morava em uma casa de esquina da Rua Governador com a Rua São Francisco, onde hoje há um estabelecimento que vende produtos cosméticos.
O Benedito Baglioni teve uma fábrica de balas na Rua Benjamin Constant?
Funcionava no prédio que mais tarde foi reformado e passou a ser o Cine Paulistinha. Conheci o falecido João Canale quando ele tinha ainda armazém no Pau Queimado. Depois que ele veio para a cidade montou um armazém na Avenida Dona Jane Conceição.
Na Avenida São Paulo há um posto de gasolina, o senhor conheceu os antigos proprietários?
É o Posto São Jorge que foi de propriedade do Pampaluche. Em frente onde hoje está o prédio da Pansa, quem ia de bicicleta tinha que colocar nas costas e passar. Não dava para passar de tanto barro. Do lado esquerdo havia o armazém do Seu João. Tinha o Teotônio Silveira com um armazém e um atacadinho. Tinha o Américo Sátolo. A par do posto existia o Armazém do Fiore Torrezam. Na esquina de cima tinha o armazém do Gildo Menegatti.
Naquela época as pessoas andavam armadas?
A maioria andava armado. Ninguém mexia.
O Abel Pereira morava no início da Rua Governador. Tinha um caminhãozinho. Ele puxava madeira.
O senhor freqüentava a Igreja dos Frades?
Ia sim, era pertinho de casa, lembro-me de Frei Liberato, Frei Ambrosio, Frei Guilherme. Construí a Igreja da Serra de São Pedro, aquela igrejinha no patrimônio eu quem construí.
Os homens que tinham a constituição física mais avantajada na época eram quem?
Era o Hugo Olivetto, o Churilli, o Chico Aguello que morava em Anhumas.
O senhor conheceu o Itapeva quando ainda era aberto?
Conheci. A maioria do trecho era aberta.
Na Avenida Independência com a Rua Benjamin Constant havia uma casa funerária?
Era a Funerária Libório.
Na Rua Benjamin Constant a uma quadra acima da Avenida Independência existia um armazém?
Era o Nê Barbosa. Atacadista também. Seu Zé Ferraz era o vendedor dele. Na esquina da Rua São Francisco com a Rua Benjamin havia o Armazém do Angeli.
A ordem dos títulos de nobreza nas ilhas britânicas, do mais graduado ao menos graduado, é:
· duque (e duquesa): o nome é derivado do latim dux, que significa líder. A maioria dos ducados carrega o nome de um lugar, embora isso signifique pouco para os títulos atuais, já que seus detentores não são senhores de terras;
· marquês (e marquesa): este título surgiu na Inglaterra com a conquista da Normandia e foi dado aos nobres encarregados das fronteiras. O nome é relacionado a palavras antigas que designavam fronteira;
· conde (e condessa): o nome vem da palavra norueguesa jarl, que significa líder. É equivalente a conde na nobreza européia;
· visconde (e viscondessa): em inglês sua pronúncia é "VI-count", este título deriva do latim "veio para acompanhar" e seria uma espécie de assistente dos nobres no passado;
· barão (e baronesa): o mais baixo título de nobreza também veio dos normando se é derivado de uma palavra que significa homem livre. Caso você possua um título obtido em vida, este é o título mais alto que você poderá obter.
Abaixo destes existe a baixa nobreza que carrega os títulos:
· baronete: este título é conferido aos membros de classes altas da sociedade, conhecidas como pequena nobreza. Conta-se que o rei Jaime I criou o título para arrecadar dinheiro;
· cavaleiro: na era medieval, os cavaleiros eram soldados do rei ou de príncipes. Nos dias de hoje, a rainha concede o título de cavaleiro àqueles que obtiveram grande sucesso em suas profissões. Paul McCartney, ex-Beatle, foi agraciado com o título de cavaleiro. O equivalente feminino é dama;
· escudeiro: na época medieval, um escudeiro era um candidato ao título de cavaleiro. Atualmente é aplicado aos membros da alta sociedade, abaixo dos cavaleiros.
· duque (e duquesa): o nome é derivado do latim dux, que significa líder. A maioria dos ducados carrega o nome de um lugar, embora isso signifique pouco para os títulos atuais, já que seus detentores não são senhores de terras;
· marquês (e marquesa): este título surgiu na Inglaterra com a conquista da Normandia e foi dado aos nobres encarregados das fronteiras. O nome é relacionado a palavras antigas que designavam fronteira;
· conde (e condessa): o nome vem da palavra norueguesa jarl, que significa líder. É equivalente a conde na nobreza européia;
· visconde (e viscondessa): em inglês sua pronúncia é "VI-count", este título deriva do latim "veio para acompanhar" e seria uma espécie de assistente dos nobres no passado;
· barão (e baronesa): o mais baixo título de nobreza também veio dos normando se é derivado de uma palavra que significa homem livre. Caso você possua um título obtido em vida, este é o título mais alto que você poderá obter.
Abaixo destes existe a baixa nobreza que carrega os títulos:
· baronete: este título é conferido aos membros de classes altas da sociedade, conhecidas como pequena nobreza. Conta-se que o rei Jaime I criou o título para arrecadar dinheiro;
· cavaleiro: na era medieval, os cavaleiros eram soldados do rei ou de príncipes. Nos dias de hoje, a rainha concede o título de cavaleiro àqueles que obtiveram grande sucesso em suas profissões. Paul McCartney, ex-Beatle, foi agraciado com o título de cavaleiro. O equivalente feminino é dama;
· escudeiro: na época medieval, um escudeiro era um candidato ao título de cavaleiro. Atualmente é aplicado aos membros da alta sociedade, abaixo dos cavaleiros.