Só agora, depois de vinte anos de violências contra a nação, nossos Galileus descobriram que o que move o mundo não são os princípios. São as taxas de juro."
Millôr Fernandes
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quinta-feira, outubro 09, 2008
domingo, outubro 05, 2008
Pico da Neblina
A atualização das altitudes feita pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e pelo IME -Instituto Militar de Engenharia confirmou que o pico da Neblina (no Estado do Amazonas) continua sendo o ponto mais alto do território brasileiro, mas ele é 20,3 metros mais baixo do que se imaginava: em vez de ter 3.014,1 metros, verificou-se que tem 2.993,8 metros.
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O nome de batismo de Dom Pedro I
O nome de batismo de Dom Pedro I é:
"Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon"
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"Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon"
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sexta-feira, outubro 03, 2008
EXPOSIÇÃO "A HISTÓRIA DA MOEDA NO BRASIL"
EXPOSIÇÃO "A HISTÓRIA DA MOEDA NO BRASIL" CHEGA A PORTO VELHO
Em comemoração aos 200 anos do Banco do Brasil, o CCBB Itinerante apresenta em Porto Velho, entre os dias 03 a 19 de outubro de 2008, no Espaço de Exposições do Sesc Centro, exposição A História da Moeda no Brasil. Objetos empregados em diferentes momentos históricos do país como mediadores das relações comerciais são dispostos como evidências das várias fases do comércio e das finanças no Brasil. Parte da coleção numismática do BB, as moedas tornam-se, em sua disposição, marcas de determinado período, sejam as cunhadas por espanhóis, holandeses e portugueses, sejam as adaptadas para lugares de difícil acesso, onde a moeda não chegava e, conseqüentemente, outros objetos passavam a desempenhar a sua função.Também estarão expostas cédulas, de diferentes projetos e momentos da economia brasileira, com seus sistemas monetários, suas mudanças de nome e de aparência do dinheiro. O Banco do Brasil é um dos vetores dessa História, iniciada ainda no século XVI, em 1568, quando Dom Sebastião determinou a circulação de moedas portuguesas na terra descoberta em 1500.O primeiro realA origem da circulação do metal monetário no país é contemporânea do desenvolvimento das atividades agrícolas e das ocupações das terras. No século 16, a moeda, assim como hoje, era o real. Em poucos anos, na pronúncia popular, tornou-se réis. Somaram-se a ela moedas espanholas, hispano-americanas, holandesas e francesas, que, apesar da variedade, não supriam a necessidade do comércio, levando açúcar, cacau e fumo, por exemplo, a fazerem o papel de moedas. A uniformização da circulação monetária se dá com o carimbo coroado, medida adotada por Dom João IV, em 1640, pela qual imprimia uma marca nas moedas portuguesas e hispano-americanas, dando-lhes maior valor de compra. No fim do século 17, é criada a Casa da Moeda no Brasil, que tinha funcionamento itinerante, saindo de Salvador para o Rio, do Rio para o Recife e do Recife para o Rio, seguindo o fluxo das demandas econômicas.A exposição cobre diferentes etapas do desenvolvimento do sistema monetário no país. Fala do surgimento do "quartinho" (quarto de réis), da "pataca" (inicialmente a moeda de 320 réis), do "patacão" (equivalente a 960 réis, criada logo após a chegada de D João VI ao Brasil) e dos primeiros bilhetes emitidos pelo Banco do Brasil, a partir de 1910, no início preenchidos e assinados à mão.Emissão da moedaEm 1853, D Pedro II sancionou a lei segundo a qual o Banco do Brasil passou a ter exclusividade pela emissão do papel moeda em todo o território nacional. A situação é alterada logo depois, com a emissão passando a ser feita também por outros bancos, um curto período ao qual se seguiu nova fase de exclusividade de emissão pelo BB, até a atividade ser transferida para o Tesouro Nacional em 1866.A História da Moeda no Brasil cobre ainda os sinais da economia na Velha República, na era Vargas, no regime militar, na Nova República e nos últimos anos, colocando os objetos de metal e de papel no cerne do desenvolvimento histórico do país, como mediadores dos fluxos financeiros em cada momento histórico e com as especificidades de cada um dos contextos.
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Em comemoração aos 200 anos do Banco do Brasil, o CCBB Itinerante apresenta em Porto Velho, entre os dias 03 a 19 de outubro de 2008, no Espaço de Exposições do Sesc Centro, exposição A História da Moeda no Brasil. Objetos empregados em diferentes momentos históricos do país como mediadores das relações comerciais são dispostos como evidências das várias fases do comércio e das finanças no Brasil. Parte da coleção numismática do BB, as moedas tornam-se, em sua disposição, marcas de determinado período, sejam as cunhadas por espanhóis, holandeses e portugueses, sejam as adaptadas para lugares de difícil acesso, onde a moeda não chegava e, conseqüentemente, outros objetos passavam a desempenhar a sua função.Também estarão expostas cédulas, de diferentes projetos e momentos da economia brasileira, com seus sistemas monetários, suas mudanças de nome e de aparência do dinheiro. O Banco do Brasil é um dos vetores dessa História, iniciada ainda no século XVI, em 1568, quando Dom Sebastião determinou a circulação de moedas portuguesas na terra descoberta em 1500.O primeiro realA origem da circulação do metal monetário no país é contemporânea do desenvolvimento das atividades agrícolas e das ocupações das terras. No século 16, a moeda, assim como hoje, era o real. Em poucos anos, na pronúncia popular, tornou-se réis. Somaram-se a ela moedas espanholas, hispano-americanas, holandesas e francesas, que, apesar da variedade, não supriam a necessidade do comércio, levando açúcar, cacau e fumo, por exemplo, a fazerem o papel de moedas. A uniformização da circulação monetária se dá com o carimbo coroado, medida adotada por Dom João IV, em 1640, pela qual imprimia uma marca nas moedas portuguesas e hispano-americanas, dando-lhes maior valor de compra. No fim do século 17, é criada a Casa da Moeda no Brasil, que tinha funcionamento itinerante, saindo de Salvador para o Rio, do Rio para o Recife e do Recife para o Rio, seguindo o fluxo das demandas econômicas.A exposição cobre diferentes etapas do desenvolvimento do sistema monetário no país. Fala do surgimento do "quartinho" (quarto de réis), da "pataca" (inicialmente a moeda de 320 réis), do "patacão" (equivalente a 960 réis, criada logo após a chegada de D João VI ao Brasil) e dos primeiros bilhetes emitidos pelo Banco do Brasil, a partir de 1910, no início preenchidos e assinados à mão.Emissão da moedaEm 1853, D Pedro II sancionou a lei segundo a qual o Banco do Brasil passou a ter exclusividade pela emissão do papel moeda em todo o território nacional. A situação é alterada logo depois, com a emissão passando a ser feita também por outros bancos, um curto período ao qual se seguiu nova fase de exclusividade de emissão pelo BB, até a atividade ser transferida para o Tesouro Nacional em 1866.A História da Moeda no Brasil cobre ainda os sinais da economia na Velha República, na era Vargas, no regime militar, na Nova República e nos últimos anos, colocando os objetos de metal e de papel no cerne do desenvolvimento histórico do país, como mediadores dos fluxos financeiros em cada momento histórico e com as especificidades de cada um dos contextos.
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Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria
A Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria estará lançando mais uma obra literária: “Na Trilha do Passado Paulista – Piracicaba, Século XIX, Fazendas, Engenhos e Usinas”. Será no próximo dia 26 de setembro, ás 19 horas e 30 minutos, na
Estação da Paulista. Em companhia do Professor Doutor Manoel Lelo Bellotto (pai de Tony Bellotto), ela esteve dia 20 de setembro, sábado passado, nos estúdios da Rádio Educadora de Piracicaba onde ambos participaram do programa Piracicaba Histórias e Memórias. Conforme o Professor Doutor Manoel Bellotto observa no preâmbulo do livro: “Neide Marcondes neste Na Trilha do Passado Paulista, permite-se descrever, abordar e analisar uma realidade geográfica, arquitetônica, agroindustrial e empresarial, que abrange não só uma poética dimensão histórica, pois se reporta às últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, mas que mostra também, exuberante e promissora nesta inquietante realidade. Sua definição espacial foi pela macro-região de Piracicaba, na então Província e no atual Estado de São Paulo; a preocupação fundamental foi , além das referências às terras piracicabanas e ás suas atraentes histórias, descrever e caracterizar o aí edificado patrimônio rural, construído e disseminado em fazendas, engenhos, usinas e engenhos-centrais, com suas arquiteturas, ambiências e entornos, e sua exuberante realização agrícola consubstanciada no plantio e na colheita do café e da cana, desta derivando a produção do açúcar, de amplo consumo no Brasil e no exterior”. A autora já publicou entre outras obras: “O Partido Arquitetônico Rural, São Paulo do Século XIX”, “Na Trilha do Passado Paulista: Jesuíno do Monte Carmelo, o Mestre de Itu”, “Entre Ville e Fazendas”, “(Des) velar a Arte”, “Bernini...O Êxtase Religioso em Dobras e Catástrofes”, “O êxtase do Martírio , São Sebastião em Bernini e Debussy”, “Labirintos e Nós: Imagens Ibéricas em Terras da América”, “Turbulência Cultural em Cenários de Transição, O Século XIX Ibero-Americano”, “Cidades Históricas, Mutações Desafios”. É intensa a promoção de exposições e instalações propiciadas por Neide Marcondes, com obras de sua autoria em inúmeras cidades do Brasil e do exterior como na Espanha, Itália, França, Holanda. Obras suas integram os acervos artístico-culturais da Universidade de Poitiers, na França.
A senhora escolheu a cidade de Piracicaba para fazer o lançamento do livro, principalmente por ser a região abordada por ele?
Esse trabalho é resultado de uma tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo, na Escola de Comunicação e Artes. Isso já faz algum tempo. Essa pesquisa foi toda elaborada para transformar-se em livro. Mais interessante para se ler do que propriamente uma tese com todas as fases científicas. Sou professora titular de História e Teoria da Arte da Unesp fiz livre docência também na Unesp, no Instituto de Artes e fui professora na Pós-Graduação da ECA, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fiz meu doutorado.
Quanto tempo á senhora levou para escrever esse livro?
O início foi essa pesquisa de mestrado em artes, ainda na década de 70. Toda essa pesquisa realizada progrediu na década de 80 tornando-se quase uma continuação da pesquisa realizada para o mestrado.
Quantos livros a senhora já escreveu?
Além de artigos, periódicos, são oito livros. Alguns apenas coordenando junto com o Professor Bellotto e outros autores, inclusive espanhóis e portugueses. Em 1996 foi publicado um outro trabalho em que trata da influência dos mestres de obras italianos na propriedade rural paulista, aqui de Piracicaba e região de Tietê.
Como são escolhidas as capas dos seus livros?
Tenho escolhido as capas. Tenho uma filha que faz designer gráfico e em algumas das capas ela também trabalhou. Eu também faço uma linguagem artística de pintura e colagem.
Como foi que a senhora realizou as ilustrações e plantas dessas construções rurais?
As propriedades rurais geralmente não possuem plantas, nem a programação de todo o terreno, de toda a propriedade. Foi necessário que eu fizesse um croqui na hora da pesquisa. Nem a própria planta baixa da casa é encontrada. Existia a idéia ainda do chamado “risco no chão”. Era feito um risco no chão, que era por onde deveria subir as paredes. Para realizar essas plantas, fui fazendo esse risco no papel, e com a participação de arquitetos, como Edgar Couto, foi que procedeu nessa linguagem arquitetônica das plantas e da programação das próprias fazendas.
Se contarmos desde o início das pesquisas até hoje decorreram 38 anos, essas propriedades ainda permanecem?
Aqui em Piracicaba algumas casas já não existem mais. De uma forma geral todas permanecem. Inclusive algumas foram restauradas. Outras propriedades, como a antiga Usina Monte Alegre, os edifícios anteriormente utilizados para a produção, bem como as casas então denominadas de casas de colonos, estão completamente abandonados. O bairro ali está inteiro. O Engenho Central em Piracicaba está sendo utilizado com finalidades culturais. Quando eu fiz todo esse trabalho de pesquisa, houve também um processo de conscientização dos proprietários. Alguns diziam: “A senhora documenta e registra, porque isso eu vou por abaixo, de velho chega eu!”. Eu procurava dizer que o fato dele possuir tanto terreno permitia que ele preservasse aquele espaço. Acho que deveria haver um diário de pesquisa, porque muita coisa acontece! Alguns proprietários recebem o pesquisador muito bem, outros sentem um pouco de medo, são a princípio desconfiados. Para realizar as fotos é necessário enfrentar dificuldades naturais. Coisas interessantes acontecem! Ao lado desse levantamento de campo, há a idéia da pesquisa histórica junto a documentos da propriedade, e também o que foi feito no arquivo do Estado de São Paulo, no arquivo de Piracicaba, nos Cartórios, para termos a origem dessa terra.
Como a senhora vê a preservação de imóveis antigos, inclusive na área urbana?
Existem várias controvérsias. Alguns arquitetos defendem a restauração, mesmo que seja utilizado outro tipo de material diferente do utilizado originalmente. Outra idéia, muito comum na Europa, é permanecer a construção original, e eles constroem edifícios modernos ao lado ou atrás da construção primitiva. Um exemplo que temos em São Paulo foi o que aconteceu na Avenida Paulista na Casa das Rosas. Foi conservada a construção anterior e construído o edifício abraçando aquela casa. Há uma integração. Isso é bastante novo. O pensamento de algum tempo atrás era por abaixo e construir os novos edifícios. Esse novo conceito está prevalecendo agora, junto ao patrimônio, arquitetos e historiadores.
Existem casos em que construções históricas evaporaram na calada da noite.
Existe a atuação da especulação imobiliária. Foi o que aconteceu também na Avenida Paulista, em São Paulo, com a casa da família Matarazzo. O alto preço do metro quadrado praticado naquela região fez com que muitas casas construídas no período áureo do café, desaparecessem na calada da noite.
Quem perde com isso?
É uma situação de cultura. Naturalmente quem perde é a própria população, o entorno desse local.
A senhora acredita que é interessante para alguns não conservar marcas do passado?
Também! Por razões pessoais, ou por simplesmente não haver interesse.
Em seu livro a senhora cita que “só o novo, completo e belo é valorizado”.
Exatamente. Existe uma situação também em que o restauro é muito caro. É muito mais fácil e construir outra coisa.
São gastos milhões em outras atividades, porque não há interesse em investir em cultura?
Já existe uma ligeira idéia em investir-se em cultura. A publicação de livros, por exemplo, é uma ação muito dispendiosa. Tem que ser feito um trabalho árduo existe leis que regulamentam o setor, e o apoio pode sair ou não. Em particular, no caso deste livro, me sinto honrada por ter uma publicação do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.
Qual foi a maior dificuldade que a senhora encontrou para realizar esse livro?
Fiz uma especialização em História da Arquitetura com Leonardo Benévolo (N.J. Nascido em Orta, Itália em 1923, Leonardo Benévolo estudou arquitetura em Roma e doutorou-se em 1946. Desde então passou a ensinar História da Arquitetura nas Universidades de Roma, Florença, Veneza e Palermo. Leonardo Benevolo é o mais conhecido estudioso italiano da história da arquitetura. Publicou já muitas obras dentro da sua área. Fonte de referência: Livraria Almedina) , quando ele esteve em São Paulo dando esse curso. Os professores Nestor Goulart, Benedito Lima de Toledo foram incentivadores desse trabalho. Inclusive o Professor Nestor, em tom de brincadeira disse-me para realizar um trabalho envolvendo o interior de São Paulo, porque os arquitetos não gostam muito de sair para longe da sua prancheta. Assim foi que comecei. Primeiro conheci a região localizando-a no mapa, a prefeitura ajudou muito contribuindo com idéias, e em seguida indo a campo. Pegando o carro e saindo! Foi necessário adaptar a linguagem para poder obter informações sobre as construções. Muitas vezes recebia a resposta; “Tem uma casa velha lá, aquela casa não serve para nada, porque a senhora quer ir para lá?” Eu então tinha que explicar. Foi um período de várias visitas á Piracicaba e região. Fazer esse trabalho de entrar, pedir. Em alguns momentos fui muito bem recebida. Como na Chácara Nazareth, pelo então Deputado João Pacheco e Chaves. Isso foi em 1980.
Em suas pesquisas de campo foram encontradas telhas, tijolos com marcas identificando-os?
Encontrei! Telhas da Fazenda Milhã, tijolos com algumas iniciais. Guardo algumas peças comigo. Geralmente eram símbolos das próprias olarias. Na Fazenda Pau D`Alho o que pode ser chamada de senzala tanto a estrutura como as paredes eram feitas com pedras.
Existe alguma diferença entre as fazendas da região de Piracicaba e as do Vale do Paraíba?
Na História da Arte conheci a arquitetura exuberante, deslumbrante, que nós temos do Norte, do Nordeste, da Bahia, do Rio de Janeiro. São Paulo sempre teve essa arquitetura, das casas bandeiristas, da casa do Padre Inácio. (O Sítio do Padre Inácio, com sua casa grande, tombado pelo IPHAN, constitui marco importantedo ciclo bandeirista-jesuístico e depois tropeiro na cidade de Cotia). São construções com soluções plásticas muito significativas, embora bastante simples. As casas do Vale do Paraíba são mais antigas, pela entrada do café, que se iniciou no Vale do Paraíba e depois veio para São Paulo e Oeste de São Paulo. Hoje existem muitas casas restauradas, que se transformaram em pousadas. São casas mais bem elaboradas plasticamente. Inclusive em seu mobiliário.
A senhora freqüenta um ambiente bastante intelectualizado em São Paulo e também o ambiente mais simples do interior. Como o intelectual do grande centro vê o interior?
Há um interesse muito grande no interior de São Paulo, que é um interior muito rico culturalmente. Estão descobrindo esta parte do interior de São Paulo. Inclusive esse trabalho já foi apresentado em um congresso em Carmona, Sevilha. A arquitetura rural, especialmente a de Piracicaba, foi apresentada aos espanhóis. Já há um interesse muito grande nesse interior, particularmente de São Paulo.
O Brasil que se resumia no eixo Rio-São Paulo está voltando seus olhos para o interior?
Sim. Inclusive com preocupação com essa plantação progressiva da cana de açúcar. Podemos imaginar essa plantação próxima do Pantanal, próxima da Floresta Amazônica. Em 1980, quando fui entrevistar o dono da Fazenda Milhã, ele disse-me que estava bastante preocupado. Note que isso foi em 1980. Ele disse-me: “Em qualquer época vamos ter só cana, não teremos mais arroz e feijão. Isso me preocupa”.
Essas propriedades que a senhora visitou são todas produtivas?
Todas elas são produtivas. Algumas com produção de subsistência. Todas elas tem uma produção.
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Estação da Paulista. Em companhia do Professor Doutor Manoel Lelo Bellotto (pai de Tony Bellotto), ela esteve dia 20 de setembro, sábado passado, nos estúdios da Rádio Educadora de Piracicaba onde ambos participaram do programa Piracicaba Histórias e Memórias. Conforme o Professor Doutor Manoel Bellotto observa no preâmbulo do livro: “Neide Marcondes neste Na Trilha do Passado Paulista, permite-se descrever, abordar e analisar uma realidade geográfica, arquitetônica, agroindustrial e empresarial, que abrange não só uma poética dimensão histórica, pois se reporta às últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, mas que mostra também, exuberante e promissora nesta inquietante realidade. Sua definição espacial foi pela macro-região de Piracicaba, na então Província e no atual Estado de São Paulo; a preocupação fundamental foi , além das referências às terras piracicabanas e ás suas atraentes histórias, descrever e caracterizar o aí edificado patrimônio rural, construído e disseminado em fazendas, engenhos, usinas e engenhos-centrais, com suas arquiteturas, ambiências e entornos, e sua exuberante realização agrícola consubstanciada no plantio e na colheita do café e da cana, desta derivando a produção do açúcar, de amplo consumo no Brasil e no exterior”. A autora já publicou entre outras obras: “O Partido Arquitetônico Rural, São Paulo do Século XIX”, “Na Trilha do Passado Paulista: Jesuíno do Monte Carmelo, o Mestre de Itu”, “Entre Ville e Fazendas”, “(Des) velar a Arte”, “Bernini...O Êxtase Religioso em Dobras e Catástrofes”, “O êxtase do Martírio , São Sebastião em Bernini e Debussy”, “Labirintos e Nós: Imagens Ibéricas em Terras da América”, “Turbulência Cultural em Cenários de Transição, O Século XIX Ibero-Americano”, “Cidades Históricas, Mutações Desafios”. É intensa a promoção de exposições e instalações propiciadas por Neide Marcondes, com obras de sua autoria em inúmeras cidades do Brasil e do exterior como na Espanha, Itália, França, Holanda. Obras suas integram os acervos artístico-culturais da Universidade de Poitiers, na França.
A senhora escolheu a cidade de Piracicaba para fazer o lançamento do livro, principalmente por ser a região abordada por ele?
Esse trabalho é resultado de uma tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo, na Escola de Comunicação e Artes. Isso já faz algum tempo. Essa pesquisa foi toda elaborada para transformar-se em livro. Mais interessante para se ler do que propriamente uma tese com todas as fases científicas. Sou professora titular de História e Teoria da Arte da Unesp fiz livre docência também na Unesp, no Instituto de Artes e fui professora na Pós-Graduação da ECA, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fiz meu doutorado.
Quanto tempo á senhora levou para escrever esse livro?
O início foi essa pesquisa de mestrado em artes, ainda na década de 70. Toda essa pesquisa realizada progrediu na década de 80 tornando-se quase uma continuação da pesquisa realizada para o mestrado.
Quantos livros a senhora já escreveu?
Além de artigos, periódicos, são oito livros. Alguns apenas coordenando junto com o Professor Bellotto e outros autores, inclusive espanhóis e portugueses. Em 1996 foi publicado um outro trabalho em que trata da influência dos mestres de obras italianos na propriedade rural paulista, aqui de Piracicaba e região de Tietê.
Como são escolhidas as capas dos seus livros?
Tenho escolhido as capas. Tenho uma filha que faz designer gráfico e em algumas das capas ela também trabalhou. Eu também faço uma linguagem artística de pintura e colagem.
Como foi que a senhora realizou as ilustrações e plantas dessas construções rurais?
As propriedades rurais geralmente não possuem plantas, nem a programação de todo o terreno, de toda a propriedade. Foi necessário que eu fizesse um croqui na hora da pesquisa. Nem a própria planta baixa da casa é encontrada. Existia a idéia ainda do chamado “risco no chão”. Era feito um risco no chão, que era por onde deveria subir as paredes. Para realizar essas plantas, fui fazendo esse risco no papel, e com a participação de arquitetos, como Edgar Couto, foi que procedeu nessa linguagem arquitetônica das plantas e da programação das próprias fazendas.
Se contarmos desde o início das pesquisas até hoje decorreram 38 anos, essas propriedades ainda permanecem?
Aqui em Piracicaba algumas casas já não existem mais. De uma forma geral todas permanecem. Inclusive algumas foram restauradas. Outras propriedades, como a antiga Usina Monte Alegre, os edifícios anteriormente utilizados para a produção, bem como as casas então denominadas de casas de colonos, estão completamente abandonados. O bairro ali está inteiro. O Engenho Central em Piracicaba está sendo utilizado com finalidades culturais. Quando eu fiz todo esse trabalho de pesquisa, houve também um processo de conscientização dos proprietários. Alguns diziam: “A senhora documenta e registra, porque isso eu vou por abaixo, de velho chega eu!”. Eu procurava dizer que o fato dele possuir tanto terreno permitia que ele preservasse aquele espaço. Acho que deveria haver um diário de pesquisa, porque muita coisa acontece! Alguns proprietários recebem o pesquisador muito bem, outros sentem um pouco de medo, são a princípio desconfiados. Para realizar as fotos é necessário enfrentar dificuldades naturais. Coisas interessantes acontecem! Ao lado desse levantamento de campo, há a idéia da pesquisa histórica junto a documentos da propriedade, e também o que foi feito no arquivo do Estado de São Paulo, no arquivo de Piracicaba, nos Cartórios, para termos a origem dessa terra.
Como a senhora vê a preservação de imóveis antigos, inclusive na área urbana?
Existem várias controvérsias. Alguns arquitetos defendem a restauração, mesmo que seja utilizado outro tipo de material diferente do utilizado originalmente. Outra idéia, muito comum na Europa, é permanecer a construção original, e eles constroem edifícios modernos ao lado ou atrás da construção primitiva. Um exemplo que temos em São Paulo foi o que aconteceu na Avenida Paulista na Casa das Rosas. Foi conservada a construção anterior e construído o edifício abraçando aquela casa. Há uma integração. Isso é bastante novo. O pensamento de algum tempo atrás era por abaixo e construir os novos edifícios. Esse novo conceito está prevalecendo agora, junto ao patrimônio, arquitetos e historiadores.
Existem casos em que construções históricas evaporaram na calada da noite.
Existe a atuação da especulação imobiliária. Foi o que aconteceu também na Avenida Paulista, em São Paulo, com a casa da família Matarazzo. O alto preço do metro quadrado praticado naquela região fez com que muitas casas construídas no período áureo do café, desaparecessem na calada da noite.
Quem perde com isso?
É uma situação de cultura. Naturalmente quem perde é a própria população, o entorno desse local.
A senhora acredita que é interessante para alguns não conservar marcas do passado?
Também! Por razões pessoais, ou por simplesmente não haver interesse.
Em seu livro a senhora cita que “só o novo, completo e belo é valorizado”.
Exatamente. Existe uma situação também em que o restauro é muito caro. É muito mais fácil e construir outra coisa.
São gastos milhões em outras atividades, porque não há interesse em investir em cultura?
Já existe uma ligeira idéia em investir-se em cultura. A publicação de livros, por exemplo, é uma ação muito dispendiosa. Tem que ser feito um trabalho árduo existe leis que regulamentam o setor, e o apoio pode sair ou não. Em particular, no caso deste livro, me sinto honrada por ter uma publicação do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.
Qual foi a maior dificuldade que a senhora encontrou para realizar esse livro?
Fiz uma especialização em História da Arquitetura com Leonardo Benévolo (N.J. Nascido em Orta, Itália em 1923, Leonardo Benévolo estudou arquitetura em Roma e doutorou-se em 1946. Desde então passou a ensinar História da Arquitetura nas Universidades de Roma, Florença, Veneza e Palermo. Leonardo Benevolo é o mais conhecido estudioso italiano da história da arquitetura. Publicou já muitas obras dentro da sua área. Fonte de referência: Livraria Almedina) , quando ele esteve em São Paulo dando esse curso. Os professores Nestor Goulart, Benedito Lima de Toledo foram incentivadores desse trabalho. Inclusive o Professor Nestor, em tom de brincadeira disse-me para realizar um trabalho envolvendo o interior de São Paulo, porque os arquitetos não gostam muito de sair para longe da sua prancheta. Assim foi que comecei. Primeiro conheci a região localizando-a no mapa, a prefeitura ajudou muito contribuindo com idéias, e em seguida indo a campo. Pegando o carro e saindo! Foi necessário adaptar a linguagem para poder obter informações sobre as construções. Muitas vezes recebia a resposta; “Tem uma casa velha lá, aquela casa não serve para nada, porque a senhora quer ir para lá?” Eu então tinha que explicar. Foi um período de várias visitas á Piracicaba e região. Fazer esse trabalho de entrar, pedir. Em alguns momentos fui muito bem recebida. Como na Chácara Nazareth, pelo então Deputado João Pacheco e Chaves. Isso foi em 1980.
Em suas pesquisas de campo foram encontradas telhas, tijolos com marcas identificando-os?
Encontrei! Telhas da Fazenda Milhã, tijolos com algumas iniciais. Guardo algumas peças comigo. Geralmente eram símbolos das próprias olarias. Na Fazenda Pau D`Alho o que pode ser chamada de senzala tanto a estrutura como as paredes eram feitas com pedras.
Existe alguma diferença entre as fazendas da região de Piracicaba e as do Vale do Paraíba?
Na História da Arte conheci a arquitetura exuberante, deslumbrante, que nós temos do Norte, do Nordeste, da Bahia, do Rio de Janeiro. São Paulo sempre teve essa arquitetura, das casas bandeiristas, da casa do Padre Inácio. (O Sítio do Padre Inácio, com sua casa grande, tombado pelo IPHAN, constitui marco importantedo ciclo bandeirista-jesuístico e depois tropeiro na cidade de Cotia). São construções com soluções plásticas muito significativas, embora bastante simples. As casas do Vale do Paraíba são mais antigas, pela entrada do café, que se iniciou no Vale do Paraíba e depois veio para São Paulo e Oeste de São Paulo. Hoje existem muitas casas restauradas, que se transformaram em pousadas. São casas mais bem elaboradas plasticamente. Inclusive em seu mobiliário.
A senhora freqüenta um ambiente bastante intelectualizado em São Paulo e também o ambiente mais simples do interior. Como o intelectual do grande centro vê o interior?
Há um interesse muito grande no interior de São Paulo, que é um interior muito rico culturalmente. Estão descobrindo esta parte do interior de São Paulo. Inclusive esse trabalho já foi apresentado em um congresso em Carmona, Sevilha. A arquitetura rural, especialmente a de Piracicaba, foi apresentada aos espanhóis. Já há um interesse muito grande nesse interior, particularmente de São Paulo.
O Brasil que se resumia no eixo Rio-São Paulo está voltando seus olhos para o interior?
Sim. Inclusive com preocupação com essa plantação progressiva da cana de açúcar. Podemos imaginar essa plantação próxima do Pantanal, próxima da Floresta Amazônica. Em 1980, quando fui entrevistar o dono da Fazenda Milhã, ele disse-me que estava bastante preocupado. Note que isso foi em 1980. Ele disse-me: “Em qualquer época vamos ter só cana, não teremos mais arroz e feijão. Isso me preocupa”.
Essas propriedades que a senhora visitou são todas produtivas?
Todas elas são produtivas. Algumas com produção de subsistência. Todas elas tem uma produção.
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