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segunda-feira, novembro 03, 2008
sábado, novembro 01, 2008
DEVOLVERAM A NACIONALIDADE DO HOMEM...RAPIDINHO...
Europa
Sábado, 1 de novembro de 2008, 12h56 Atualizada às 15h19
Kaddafi monta tenda e grelha de churrasco no Kremlin
O líder da Líbia, Muammar Kaddafi, ergueu uma tenda em um jardim do Kremlin antes de iniciar conversas com líderes russos neste sábado. A tenda de estilo militar foi decorada com tecidos norte-africanos e conta com uma grelha de churrasco de metal, além de uma televisão grande, de tela plana.
Kaddafi deve se encontrar com o presidente russo, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro Vladimir Putin para negociações que devem focar na venda de armas e o acesso de companhias de energia russas a projetos no Estado do norte da África.
O líder líbio, que nasceu em uma tenda de beduínos pastores em 1942, freqüentemente recebe visitantes estrangeiros em uma tenda próxima às ruínas de sua residência em Trípoli, que foi destruída em um bombardeio de aeronaves americanas em 1986.
Em uma visita a Paris no último ano para conversas com o presidente francês Nicolas Sarkozy, Kaddafi ergueu sua tenda no jardim da casa de visita presidencial.
Por sua vez, a Rússia está acostumada a se adaptar às excentricidades dos seus chefes de Estados visitantes. Em 2001, o Kremlin realizou uma grande operação logística para que o líder da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, que segundo diplomatas tem aversão a viagens de avião, pudesse fazer uma viagem de nove dias até Moscou em seu trem blindado.
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Sábado, 1 de novembro de 2008, 12h56 Atualizada às 15h19
Kaddafi monta tenda e grelha de churrasco no Kremlin
O líder da Líbia, Muammar Kaddafi, ergueu uma tenda em um jardim do Kremlin antes de iniciar conversas com líderes russos neste sábado. A tenda de estilo militar foi decorada com tecidos norte-africanos e conta com uma grelha de churrasco de metal, além de uma televisão grande, de tela plana.
Kaddafi deve se encontrar com o presidente russo, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro Vladimir Putin para negociações que devem focar na venda de armas e o acesso de companhias de energia russas a projetos no Estado do norte da África.
O líder líbio, que nasceu em uma tenda de beduínos pastores em 1942, freqüentemente recebe visitantes estrangeiros em uma tenda próxima às ruínas de sua residência em Trípoli, que foi destruída em um bombardeio de aeronaves americanas em 1986.
Em uma visita a Paris no último ano para conversas com o presidente francês Nicolas Sarkozy, Kaddafi ergueu sua tenda no jardim da casa de visita presidencial.
Por sua vez, a Rússia está acostumada a se adaptar às excentricidades dos seus chefes de Estados visitantes. Em 2001, o Kremlin realizou uma grande operação logística para que o líder da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, que segundo diplomatas tem aversão a viagens de avião, pudesse fazer uma viagem de nove dias até Moscou em seu trem blindado.
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SERÁ QUE O LÍDER LÍBIO NATURALIZOU-SE LIBANÊS?
Notícia veiculada hoje no site Terra:
Europa
Sábado, 1 de novembro de 2008, 12h56 Atualizada às 14h09
Kaddafi monta tenda e grelha de churrasco no Kremlin
O líder da Líbia, Muammar Kaddafi, ergueu uma tenda em um jardim do Kremlin antes de iniciar conversas com líderes russos neste sábado. A tenda de estilo militar foi decorada com tecidos norte-africanos e conta com uma grelha de churrasco de metal, além de uma televisão grande, de tela plana.
Kaddafi deve se encontrar com o presidente russo, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro Vladimir Putin para negociações que devem focar na venda de armas e o acesso de companhias de energia russas a projetos no Estado do norte da África.
O líder libanês (sic), que nasceu em uma tenda de beduínos pastores em 1942, freqüentemente recebe visitantes estrangeiros em uma tenda próxima às ruínas de sua residência em Trípoli, que foi destruída em um bombardeio de aeronaves americanas em 1986.
Em uma visita a Paris no último ano para conversas com o presidente francês Nicolas Sarkozy, Kaddafi ergueu sua tenda no jardim da casa de visita presidencial.
Por sua vez, a Rússia está acostumada a se adaptar às excentricidades dos seus chefes de Estados visitantes. Em 2001, o Kremlin realizou uma grande operação logística para que o líder da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, que segundo diplomatas tem aversão a viagens de avião, pudesse fazer uma viagem de nove dias até Moscou em seu trem blindado.
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Europa
Sábado, 1 de novembro de 2008, 12h56 Atualizada às 14h09
Kaddafi monta tenda e grelha de churrasco no Kremlin
O líder da Líbia, Muammar Kaddafi, ergueu uma tenda em um jardim do Kremlin antes de iniciar conversas com líderes russos neste sábado. A tenda de estilo militar foi decorada com tecidos norte-africanos e conta com uma grelha de churrasco de metal, além de uma televisão grande, de tela plana.
Kaddafi deve se encontrar com o presidente russo, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro Vladimir Putin para negociações que devem focar na venda de armas e o acesso de companhias de energia russas a projetos no Estado do norte da África.
O líder libanês (sic), que nasceu em uma tenda de beduínos pastores em 1942, freqüentemente recebe visitantes estrangeiros em uma tenda próxima às ruínas de sua residência em Trípoli, que foi destruída em um bombardeio de aeronaves americanas em 1986.
Em uma visita a Paris no último ano para conversas com o presidente francês Nicolas Sarkozy, Kaddafi ergueu sua tenda no jardim da casa de visita presidencial.
Por sua vez, a Rússia está acostumada a se adaptar às excentricidades dos seus chefes de Estados visitantes. Em 2001, o Kremlin realizou uma grande operação logística para que o líder da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, que segundo diplomatas tem aversão a viagens de avião, pudesse fazer uma viagem de nove dias até Moscou em seu trem blindado.
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domingo, outubro 26, 2008
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/
Entrevista: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/index.htm
Entrevistada: Maria José (Dona Zezé) Aparecida Fonseca Pires.
Maria José Aparecida Fonseca Pires, mais conhecida como Dona Zezé, nasceu em Tatuí, no dia 4 de outubro de 1917. Com passos firmes e ligeiros ela caminha em direção á mesa do refeitório que vamos utilizar para realizarmos nossa entrevista. Ela reside no Lar dos Velhinhos há algumas décadas. Os seus 91 anos de idade não a impedem de circular pela cidade, acompanhada de uma pessoa amiga. È impressionante a sua disposição para estar sempre realizando alguma atividade, como visitas, passeios e até mesmo algum tipo de trabalho que julga necessário e deseja realizar.
Qual era o nome dos pais da senhora?
Benedito Pires e Eulina Fonseca. Ele era muito bom músico, tocava violão. Minha mãe tocava piano. Minha mãe era professora primária, e naquele tempo tinha aulas de música em São Paulo, isso no final dos anos 1800. Naquela época os partos eram feitos em casa. Do casamento dos meus pais nasceram três filhos: dois homens e eu. Dos três só o meu irmão mais velho conseguiu formar-se como pianista. Tínhamos um piano alemão vertical (tipo armário). Eu nasci no meio de música. Meu pai tinha a profissão de alfaiate, um alfaiate com muito estilo. Minha mãe era professora primária. Em Tatuí nós morávamos á Rua Santa Cruz, 435. Trinta e cinco é o número da cobra! Tínhamos um cachorro perdigueiro chamado Nilo. Naquela época era comum caçarem codornas. O Nilo era um cão especializado em caça de codorna.
A senhora conheceu um médico muito importante?
Nós íamos passar as férias na casa do Dr. Ribas. Eu tinha uns 7 ou 8 aos de idade quando conheci Dr. Emílio Ribas. Ele morava no bairro Perdizes, á Rua Candido Espinheira. Íamos de Tatuí para São Paulo para passar o período de férias na sua residência. Nós viajávamos pela Estrada de Ferro Sorocabana, a baldeação era feita em Mairinque. (N.J. Dr. Emílio Marcondes Ribas formou-se como médico em 1887. Começou sua vida profissional como clínico geral. Casou-se e foi morar no interior de São Paulo, primeiro em Santa Rita do Passa Quatro e depois em Tatuí. Pesquisando sobre a febre amarela Dr. Ribas chegou à conclusão de que o mal não se transmitia diretamente de uma pessoa doente para outra sadia, e sim que devia existir, no caso, um transmissor, o mosquito Aedis aegypti. Criticado pela imprensa, deixou-se picar pelo mosquito infectado pelo vírus da febre amarela, em 1903. Junto com Adolfo Lutz e outros voluntários, Ribas adquiriu a doença e comprovou sua teoria ).
Como surgiu essa amizade entre a família da senhora e a família do médico Dr. Emílio Ribas?
Naquele tempo criança não tomava parte da conversa entre adultos. Dr. Ribas era médico do serviço sanitário. A sede dele era Sorocaba, mas morava em Tatuí. Muitas noites ele não voltava para casa, tinha viajado á trabalho. Nessas ocasiões mamãe, que na época era mocinha, ia pousar com a esposa do Dr. Ribas, Dona Mariquinha. Assim que surgiu essa amizade.
Outra família muito importante também era amiga da família da senhora?
Mamãe foi estudar em São Paulo, junto com a família dos Cardoso de Mello. Ela permaneceu por quatro anos morando na Rua Helvécia, perto da Igreja Coração de Jesus.
Depois ela voltou a morar em Tatuí?
Após concluir seus estudos ela voltou para Tatuí, onde conheceu o meu pai. Casaram-se e tiveram os três filhos: José Onofre, Paulo Afonso que foi coronel da Cavalaria da Polícia Militar do Estado de São Paulo e eu.
Como se chamava a avó materna da senhora?
Era Laura Guedes. Meu avô, era de descendência portuguesa, chamava-se Joaquim Carioca Fonseca. Ele foi tropeiro. Trazia tropa de Mato Grosso.
A família da senhora mudou-se para Piracicaba?
Nós morávamos perto do Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Conheci Newton de Almeida Mello, compositor do Hino de Piracicaba. Ele era nosso vizinho.
“Piracicaba”
Numa saudade que punge e mata
Que sorte ingrata! – longe daqui,
Em um suspiro triste e sem termo,
Vivo no ermo, dês que parti.
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Em outras plagas, que vale a sorte?
Prefiro a morte junto de ti.
Amo teus prados, os horizontes,
O céu e os montes que vejo aqui.
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Só vejo estranhos, meu berço amado,
Tendo a teu lado o que perdi...
Pouco se importam com teu encanto,
Que eu amo tanto, dês que nasci...
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Qual foi a primeira escola em que a senhora estudou?
Foi na atual Sud Mennucci. Lá eu estudei até concluir o curso normal. Após formar-me como professora iniciei dando aulas em Glicério, cidade próxima a Penápolis. Fomos eu e outra colega daqui, a Eunice de Souza. Ficamos hospedadas na casa do prefeito de Glicério. De lá eu fui transferida para São Pedro.
A senhora conheceu o poeta Gustavo Teixeira?
Conheci! Duas sobrinhas dele foram minhas colegas. Eu vinha todo sábado de São Pedro para Piracicaba. Vinha de Jardineira, o motorista era o Seu Serafim. O ponto final era na Igreja São Benedito.
De São Pedro a senhora veio lecionar em Piracicaba?
Fiz uma permuta com uma professora que lecionava no Moraes Barros em Piracicaba. Naquela época São Pedro tinha a fama de curar todas as moléstias. Suas águas não eram indicadas apenas para tratamento de reumatismo. O objetivo dessa professora era conseguir a sua transferência em função do tratamento do marido que era professor na Esalq. Assim eu vim lecionar em Piracicaba, no Grupo Moraes Barros.
Em que ano a senhora passou a lecionar?
Eu formei-me em 1935, com 18 anos de idade.
A senhora conheceu Thales Castanho de Andrade?
Conheci! Ele foi meu professor de história. Na época a família Andrade tinha a Fábrica de Bebidas Andrade, em frente ao Grupo Moraes Barros. Entre outros produtos que eles fabricavam havia o refrigerante Cotubaina. Fui aluna de Antonio Dutra. Depois ele foi para Europa.
Depois de ter-se formado como professora a senhora fez outro curso?
Permaneci por cinco anos em São Paulo, na Faculdade de Medicina, onde fiz o curso de enfermagem. Trabalhei no Hospital das Clínicas, na Avenida Dr. Arnaldo. Residia na própria escola de enfermagem. Na época ainda havia o bonde em São Paulo. O famoso salão de chá do Mappin. Lembro-me de ter ido uma ou duas vezes até lá. Uma das vezes, por coincidência, estava também por lá um piracicabano, professor do Sud Mennucci, o Seu Lex. Em latin, Lex é lei! No Hospital eu fiz estágio na pediatria, na ortopedia. Doutor Lauro Abreu era um médico que trabalhava lá e tinha parentes em Tatuí.
Quem nasce em Tatuí recebe qual nome?
Uns falam tatuiense outros tatuianos.
A senhora estudou inglês?
Um professor chamado Adholfo Carvalho, durante suas aulas, me cobrava em classe a lição de inglês. Pensei, vou estudar inglês, está demais, toda aula o Seu Carvalho me chama. Fiquei craque em inglês. Acabei com isso ganhando uma bolsa de estudos para ir aos Estados Unidos. Acabei não indo para permanecer junto á meus pais.
A senhora foi aluna do tempo da palmatória?
Eu não peguei essa época. Minha mãe foi aluna do tempo da palmatória. (N.J. A palmatória usada no Brasil era uma haste que terminava em uma peça circular de madeira que, por sua vez, possuía furos em forma de cruz. Quem apanhava com o instrumento ficava com bolhas na mão similares aos desenhos dos furos. A palmatória tornou-se um símbolo de disciplina na educação).
Entre os seus milhares de alunos, destacam-se nomes bastante conhecidos em Piracicaba.
Tive muitos alunos que se destacaram. No momento me ocorre o nome de Walterly Accorsi. De Clemência Pizzigatti, a “Mença” era assim que os pais dela a chamavam, sua irmã Irene também foi minha aluna. O diretor da escola era o Seu José Martins.
Com toda a experiência de vida que a senhora possuí, e muito lúcida e atuante, diante de tantas mudanças de que forma a senhora observa a honestidade das pessoas?
Vale a pena uma pessoa ser honesta. Sendo honesta ela mesma irá sentir-se bem. Até o momento eu me senti muito bem sendo honesta!
A senhora é detalhista?
Eu faço um diário. De forma resumida.
Esse diário poderá um dia vir a ser publicado?
Por ser estritamente pessoal, não desejo vê-lo publicado.
A senhora sempre foi dona do seu nariz?
Sempre fui dona do meu nariz! Mamãe tinha amizade com a Irmã Virgínia, foi por intermédio dela que vim para cá.
O que a senhora acha da internet?
A Mença têm internet na casa dela. Não posso dizer muito á respeito. Pelo fato de estar sempre visitando pessoas amigas, onde conversamos nos reunimos e assim praticamente não conheço a internet.
Qual é a fruta que a senhora mais gosta?
Gosto de laranja! Só não gosto de laranja lima. Gosto mais de laranja ácida. Gosto de jabuticaba. Já subi em pé de jabuticaba, mas não agora! Recomendo que não subam em jabuticabeira, porque os seus galhos são frágeis.
E goiabada cascão?
Gostava de goiabada cascão. Eram colocadas em caixetas. Na época era costume das famílias guardarem as caixetas de goiabada no guarda-roupa! Quando vinha visita eram oferecidas.
Qual é a receita para ter essa vitalidade e disposição?
Preocupação sempre existe. Só não sei explicar como consegui ter uma vida tão boa. Acho que são as pessoas que me rodeiam.
A senhora pegou a fase do cinema mudo?
Conheci sim! Era mudo, e tinha que ser esguichada água para resfriar a tela. Mamãe falava para nos aprontarmos rápidos, pois ela não queria chegar depois de ter passado a água no pano. Isso foi em Tatuí, um dos cinemas era o São José. Eu era na época muito jovem
E baile de carnaval?
O carnaval de Tatuí foi muito famoso. Pelo fato de minha mãe ser muito próxima á igreja, nós não freqüentávamos o carnaval.
Como era guardado o luto em família?
As meninas usavam saia preta e blusa com bolinhas pretas. Permaneciam por seis meses guardando luto quando falecia o pai ou a mãe.
Em Piracicaba a senhora morou onde?
Primeiro morei na Rua Boa Morte, na casa que falam que foi onde Adhemar de Barros nasceu. É uma casa perto da Rua Ipiranga. Onde hoje existe um estacionamento era a casa do Seu Amadeu Castanho. Ele morava na casa de esquina. Meu irmão, que foi militar, sempre dizia que a casa onde nasceu Adhemar é onde hoje existe uma casa de queijos. Não é a casa de esquina. Moramos ali um ano. Depois descemos para a Rua Alferes com a Rua Ipiranga. Papai era gente de Tietê, que gostavam de briga de galos. Embaixo havia um porão onde havia a rinha de galos. Na época era permitida. Havia um quintal enorme, onde depois foram construídas três casas. A nossa casa tinha um portão na Rua Alferes e outro portão na Rua Ipiranga.
A senhora chegou a conhecer uma sinagoga que havia ali perto?
Essa sinagoga ficava na Rua Ipiranga. Cheguei a conhecer externamente. A família de Newton de Mello morava umas duas ou três casas abaixo da sinagoga. Eu passava em frente. Ficava entre a Boa Morte e a Rua Governador. Como éramos católicos não podíamos entrar na sinagoga. Nós freqüentávamos a igreja do Monsenhor Rosa, a catedral. Quando passamos a residir na Rua Alferes, passamos a freqüentar a Igreja dos Frades, tempo do Frei Liberato, Frei Vital.
A senhora conheceu a família Gonzaga?
Conheci! O Seu Luiz Gonzaga, seu filho Bento Dias Gonzaga que era amicíssimo de papai. Fui professora da Mariazinha, irmã do Bento. A mãe deles era Dona Arminda, de família de São Carlos.
A senhora veio morar no Lar dos Velhinhos já a alguns anos.
Eu escolhi o Lar dos Velhinhos para vir morar! Eu admiro muito o Dr. Jairo por causa dessa casa que ele fez. Ele se desdobrou em energia para fazer essa casa dos idosos. É uma pessoa que merece muita consideração da nossa parte. Tem gente aguardando a vez para poder vir para cá. Eu falo que morar aqui é desfrutar.
A senhora recentemente matriculou-se em um curso de pintura?
Eu já tinha estudado pintura, isso faz alguns anos. Hoje tenho aulas com a professora Duzolina. Vou á aula ás quintas-feiras, em uma escola particular, fora do Lar dos Velhinhos.
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A Tribuna Piracicabana
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Entrevista: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/index.htm
Entrevistada: Maria José (Dona Zezé) Aparecida Fonseca Pires.
Maria José Aparecida Fonseca Pires, mais conhecida como Dona Zezé, nasceu em Tatuí, no dia 4 de outubro de 1917. Com passos firmes e ligeiros ela caminha em direção á mesa do refeitório que vamos utilizar para realizarmos nossa entrevista. Ela reside no Lar dos Velhinhos há algumas décadas. Os seus 91 anos de idade não a impedem de circular pela cidade, acompanhada de uma pessoa amiga. È impressionante a sua disposição para estar sempre realizando alguma atividade, como visitas, passeios e até mesmo algum tipo de trabalho que julga necessário e deseja realizar.
Qual era o nome dos pais da senhora?
Benedito Pires e Eulina Fonseca. Ele era muito bom músico, tocava violão. Minha mãe tocava piano. Minha mãe era professora primária, e naquele tempo tinha aulas de música em São Paulo, isso no final dos anos 1800. Naquela época os partos eram feitos em casa. Do casamento dos meus pais nasceram três filhos: dois homens e eu. Dos três só o meu irmão mais velho conseguiu formar-se como pianista. Tínhamos um piano alemão vertical (tipo armário). Eu nasci no meio de música. Meu pai tinha a profissão de alfaiate, um alfaiate com muito estilo. Minha mãe era professora primária. Em Tatuí nós morávamos á Rua Santa Cruz, 435. Trinta e cinco é o número da cobra! Tínhamos um cachorro perdigueiro chamado Nilo. Naquela época era comum caçarem codornas. O Nilo era um cão especializado em caça de codorna.
A senhora conheceu um médico muito importante?
Nós íamos passar as férias na casa do Dr. Ribas. Eu tinha uns 7 ou 8 aos de idade quando conheci Dr. Emílio Ribas. Ele morava no bairro Perdizes, á Rua Candido Espinheira. Íamos de Tatuí para São Paulo para passar o período de férias na sua residência. Nós viajávamos pela Estrada de Ferro Sorocabana, a baldeação era feita em Mairinque. (N.J. Dr. Emílio Marcondes Ribas formou-se como médico em 1887. Começou sua vida profissional como clínico geral. Casou-se e foi morar no interior de São Paulo, primeiro em Santa Rita do Passa Quatro e depois em Tatuí. Pesquisando sobre a febre amarela Dr. Ribas chegou à conclusão de que o mal não se transmitia diretamente de uma pessoa doente para outra sadia, e sim que devia existir, no caso, um transmissor, o mosquito Aedis aegypti. Criticado pela imprensa, deixou-se picar pelo mosquito infectado pelo vírus da febre amarela, em 1903. Junto com Adolfo Lutz e outros voluntários, Ribas adquiriu a doença e comprovou sua teoria ).
Como surgiu essa amizade entre a família da senhora e a família do médico Dr. Emílio Ribas?
Naquele tempo criança não tomava parte da conversa entre adultos. Dr. Ribas era médico do serviço sanitário. A sede dele era Sorocaba, mas morava em Tatuí. Muitas noites ele não voltava para casa, tinha viajado á trabalho. Nessas ocasiões mamãe, que na época era mocinha, ia pousar com a esposa do Dr. Ribas, Dona Mariquinha. Assim que surgiu essa amizade.
Outra família muito importante também era amiga da família da senhora?
Mamãe foi estudar em São Paulo, junto com a família dos Cardoso de Mello. Ela permaneceu por quatro anos morando na Rua Helvécia, perto da Igreja Coração de Jesus.
Depois ela voltou a morar em Tatuí?
Após concluir seus estudos ela voltou para Tatuí, onde conheceu o meu pai. Casaram-se e tiveram os três filhos: José Onofre, Paulo Afonso que foi coronel da Cavalaria da Polícia Militar do Estado de São Paulo e eu.
Como se chamava a avó materna da senhora?
Era Laura Guedes. Meu avô, era de descendência portuguesa, chamava-se Joaquim Carioca Fonseca. Ele foi tropeiro. Trazia tropa de Mato Grosso.
A família da senhora mudou-se para Piracicaba?
Nós morávamos perto do Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Conheci Newton de Almeida Mello, compositor do Hino de Piracicaba. Ele era nosso vizinho.
“Piracicaba”
Numa saudade que punge e mata
Que sorte ingrata! – longe daqui,
Em um suspiro triste e sem termo,
Vivo no ermo, dês que parti.
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Em outras plagas, que vale a sorte?
Prefiro a morte junto de ti.
Amo teus prados, os horizontes,
O céu e os montes que vejo aqui.
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Só vejo estranhos, meu berço amado,
Tendo a teu lado o que perdi...
Pouco se importam com teu encanto,
Que eu amo tanto, dês que nasci...
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Qual foi a primeira escola em que a senhora estudou?
Foi na atual Sud Mennucci. Lá eu estudei até concluir o curso normal. Após formar-me como professora iniciei dando aulas em Glicério, cidade próxima a Penápolis. Fomos eu e outra colega daqui, a Eunice de Souza. Ficamos hospedadas na casa do prefeito de Glicério. De lá eu fui transferida para São Pedro.
A senhora conheceu o poeta Gustavo Teixeira?
Conheci! Duas sobrinhas dele foram minhas colegas. Eu vinha todo sábado de São Pedro para Piracicaba. Vinha de Jardineira, o motorista era o Seu Serafim. O ponto final era na Igreja São Benedito.
De São Pedro a senhora veio lecionar em Piracicaba?
Fiz uma permuta com uma professora que lecionava no Moraes Barros em Piracicaba. Naquela época São Pedro tinha a fama de curar todas as moléstias. Suas águas não eram indicadas apenas para tratamento de reumatismo. O objetivo dessa professora era conseguir a sua transferência em função do tratamento do marido que era professor na Esalq. Assim eu vim lecionar em Piracicaba, no Grupo Moraes Barros.
Em que ano a senhora passou a lecionar?
Eu formei-me em 1935, com 18 anos de idade.
A senhora conheceu Thales Castanho de Andrade?
Conheci! Ele foi meu professor de história. Na época a família Andrade tinha a Fábrica de Bebidas Andrade, em frente ao Grupo Moraes Barros. Entre outros produtos que eles fabricavam havia o refrigerante Cotubaina. Fui aluna de Antonio Dutra. Depois ele foi para Europa.
Depois de ter-se formado como professora a senhora fez outro curso?
Permaneci por cinco anos em São Paulo, na Faculdade de Medicina, onde fiz o curso de enfermagem. Trabalhei no Hospital das Clínicas, na Avenida Dr. Arnaldo. Residia na própria escola de enfermagem. Na época ainda havia o bonde em São Paulo. O famoso salão de chá do Mappin. Lembro-me de ter ido uma ou duas vezes até lá. Uma das vezes, por coincidência, estava também por lá um piracicabano, professor do Sud Mennucci, o Seu Lex. Em latin, Lex é lei! No Hospital eu fiz estágio na pediatria, na ortopedia. Doutor Lauro Abreu era um médico que trabalhava lá e tinha parentes em Tatuí.
Quem nasce em Tatuí recebe qual nome?
Uns falam tatuiense outros tatuianos.
A senhora estudou inglês?
Um professor chamado Adholfo Carvalho, durante suas aulas, me cobrava em classe a lição de inglês. Pensei, vou estudar inglês, está demais, toda aula o Seu Carvalho me chama. Fiquei craque em inglês. Acabei com isso ganhando uma bolsa de estudos para ir aos Estados Unidos. Acabei não indo para permanecer junto á meus pais.
A senhora foi aluna do tempo da palmatória?
Eu não peguei essa época. Minha mãe foi aluna do tempo da palmatória. (N.J. A palmatória usada no Brasil era uma haste que terminava em uma peça circular de madeira que, por sua vez, possuía furos em forma de cruz. Quem apanhava com o instrumento ficava com bolhas na mão similares aos desenhos dos furos. A palmatória tornou-se um símbolo de disciplina na educação).
Entre os seus milhares de alunos, destacam-se nomes bastante conhecidos em Piracicaba.
Tive muitos alunos que se destacaram. No momento me ocorre o nome de Walterly Accorsi. De Clemência Pizzigatti, a “Mença” era assim que os pais dela a chamavam, sua irmã Irene também foi minha aluna. O diretor da escola era o Seu José Martins.
Com toda a experiência de vida que a senhora possuí, e muito lúcida e atuante, diante de tantas mudanças de que forma a senhora observa a honestidade das pessoas?
Vale a pena uma pessoa ser honesta. Sendo honesta ela mesma irá sentir-se bem. Até o momento eu me senti muito bem sendo honesta!
A senhora é detalhista?
Eu faço um diário. De forma resumida.
Esse diário poderá um dia vir a ser publicado?
Por ser estritamente pessoal, não desejo vê-lo publicado.
A senhora sempre foi dona do seu nariz?
Sempre fui dona do meu nariz! Mamãe tinha amizade com a Irmã Virgínia, foi por intermédio dela que vim para cá.
O que a senhora acha da internet?
A Mença têm internet na casa dela. Não posso dizer muito á respeito. Pelo fato de estar sempre visitando pessoas amigas, onde conversamos nos reunimos e assim praticamente não conheço a internet.
Qual é a fruta que a senhora mais gosta?
Gosto de laranja! Só não gosto de laranja lima. Gosto mais de laranja ácida. Gosto de jabuticaba. Já subi em pé de jabuticaba, mas não agora! Recomendo que não subam em jabuticabeira, porque os seus galhos são frágeis.
E goiabada cascão?
Gostava de goiabada cascão. Eram colocadas em caixetas. Na época era costume das famílias guardarem as caixetas de goiabada no guarda-roupa! Quando vinha visita eram oferecidas.
Qual é a receita para ter essa vitalidade e disposição?
Preocupação sempre existe. Só não sei explicar como consegui ter uma vida tão boa. Acho que são as pessoas que me rodeiam.
A senhora pegou a fase do cinema mudo?
Conheci sim! Era mudo, e tinha que ser esguichada água para resfriar a tela. Mamãe falava para nos aprontarmos rápidos, pois ela não queria chegar depois de ter passado a água no pano. Isso foi em Tatuí, um dos cinemas era o São José. Eu era na época muito jovem
E baile de carnaval?
O carnaval de Tatuí foi muito famoso. Pelo fato de minha mãe ser muito próxima á igreja, nós não freqüentávamos o carnaval.
Como era guardado o luto em família?
As meninas usavam saia preta e blusa com bolinhas pretas. Permaneciam por seis meses guardando luto quando falecia o pai ou a mãe.
Em Piracicaba a senhora morou onde?
Primeiro morei na Rua Boa Morte, na casa que falam que foi onde Adhemar de Barros nasceu. É uma casa perto da Rua Ipiranga. Onde hoje existe um estacionamento era a casa do Seu Amadeu Castanho. Ele morava na casa de esquina. Meu irmão, que foi militar, sempre dizia que a casa onde nasceu Adhemar é onde hoje existe uma casa de queijos. Não é a casa de esquina. Moramos ali um ano. Depois descemos para a Rua Alferes com a Rua Ipiranga. Papai era gente de Tietê, que gostavam de briga de galos. Embaixo havia um porão onde havia a rinha de galos. Na época era permitida. Havia um quintal enorme, onde depois foram construídas três casas. A nossa casa tinha um portão na Rua Alferes e outro portão na Rua Ipiranga.
A senhora chegou a conhecer uma sinagoga que havia ali perto?
Essa sinagoga ficava na Rua Ipiranga. Cheguei a conhecer externamente. A família de Newton de Mello morava umas duas ou três casas abaixo da sinagoga. Eu passava em frente. Ficava entre a Boa Morte e a Rua Governador. Como éramos católicos não podíamos entrar na sinagoga. Nós freqüentávamos a igreja do Monsenhor Rosa, a catedral. Quando passamos a residir na Rua Alferes, passamos a freqüentar a Igreja dos Frades, tempo do Frei Liberato, Frei Vital.
A senhora conheceu a família Gonzaga?
Conheci! O Seu Luiz Gonzaga, seu filho Bento Dias Gonzaga que era amicíssimo de papai. Fui professora da Mariazinha, irmã do Bento. A mãe deles era Dona Arminda, de família de São Carlos.
A senhora veio morar no Lar dos Velhinhos já a alguns anos.
Eu escolhi o Lar dos Velhinhos para vir morar! Eu admiro muito o Dr. Jairo por causa dessa casa que ele fez. Ele se desdobrou em energia para fazer essa casa dos idosos. É uma pessoa que merece muita consideração da nossa parte. Tem gente aguardando a vez para poder vir para cá. Eu falo que morar aqui é desfrutar.
A senhora recentemente matriculou-se em um curso de pintura?
Eu já tinha estudado pintura, isso faz alguns anos. Hoje tenho aulas com a professora Duzolina. Vou á aula ás quintas-feiras, em uma escola particular, fora do Lar dos Velhinhos.
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PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
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Entrevistado: JOSÉ CARLOS MARTINS, ZÉ DO JOCA.
O Professor José Carlos Martins, mais conhecido como Zé do Joca, é uma pessoa bastante expressiva em Rio das Pedras. Daquelas que quando cumprimentam, transmite no aperto de mão, tipo “alicate”, a força da sinceridade. De hábitos simples, exímio artesão com madeira, fabrica quebra cabeças, jogos, todos muito bem elaborados, pintados á mão. São brinquedos que ele constrói e faz a doação ás crianças da cidade, escolhidas ao acaso. Suas telas retratam a Rio das Pedras que ficou gravada em sua retina. Obras minuciosas, detalhadas. Homem de princípios muito bem estruturados extravasa seus pensamentos filosóficos, políticos, humanistas, revivendo os primórdios dos atuais jornais. A pé, entrega de casa em casa, á uma ávida clientela, seus já famosos escritos. Sem qualquer tipo de remuneração ou patrocínio. As pessoas que se mudam da cidade pedem para que ele os mande pelo correio. Com isso ele ultrapassou as fronteiras do município, atingindo até outros estados.
Por que o senhor é conhecido em Rio das Pedras como Zé do Joca?
Meu pai João Batista Martins, o Joca, era barbeiro, aqui na cidade de Rio das Pedras. Meu nome é José Carlos Martins, mas passei a ser conhecido como Zé do Joca. Nasci em 6 de junho de 1937. Não sou riopedrense! Nasci em São Paulo, porque a minha mãe naquela época já achava que Rio das Pedras naquela época não daria muitas chances para o futuro dos filhos. Ela passou a estimular meu pai para mudarmos para São Paulo. Meu pai achava a idéia boa, só que ele tinha raízes aqui. Ele disse á minha mãe para ir com os meninos, a princípio morar com uma irmã dela, enquanto ele liquidava os negócios dele aqui. Na época além da barbearia ele fazia a escrita contábil de uns 20 ou trinta engenhos da região. Meu pai ia todo mês para São Paulo. Eu nasci um ano após minha mãe voltou para Rio das Pedras, ela viu que meu pai não ia mesmo embora. A barbearia do meu pai era a barbearia do Joca, ficava no local onde foi a Padaria Cristal, hoje é uma escola. Vizinho a estação de trem. Ali tinha uma porteira. Na realidade foram três tipos de porteira que existiram naquele local. A primeira onde passa o trem. Deixava a rua livre. Depois teve uma que cada vez que ela fechava tomava toda a rua. O terceiro tipo era uma porteira com uns 10 metros de comprimento, era de correr, como foi à segunda porteira. A minha casa ficava bem pertinho da estação. Após ter mudado para São Paulo, a primeira vez em que voltei á Rio das Pedras, a impressão que tive era de que o trem estava entrando na minha casa. Quando eu morava ali, nunca tinha percebido isso. Eu estava tão acostumado com o trem, que o trem das cinco horas da manhã que ia para São Paulo, nunca antes eu tinha ouvido chegar ou apitar. Na época era a chamada Maria Fumaça, trem movido a vapor. A composição do trem era formada pela máquina, uma parte dela onde se carregava água e lenha, depois vinha um vagão onde ficava o chefe de trem e os objetos transportados pelo trem. Em seguidas vinha o carro de segunda classe, e por último o carro de primeira classe, era colocado no fim da composição para pegar menos fuligem e faíscas que saiam da locomotiva. Esse era o trem de passageiros.
O trem ia lotado de passageiros?
Não. Quem viajava muito de trem eram os empregados da Sorocabana, pelo fato de viajarem de graça usavam muito o trem. O trem ficava lotado em época de festas de igreja, procissão. O pessoal vinha dos sítios, das fazendas. Do lado de Mombuca vinha muita gente da Fazenda Estrela, Fazenda do Banco. Saindo de Piracicaba á Jundiaí, as estações existentes e que me lembro eram a parada da Fazenda Ludovico Felipe ou Chave do Chicó, Chave do Barão, Rio das Pedras, Fazenda Santa Cruz a Parada do Banco, da Fazenda Estrela, aí vinha Mombuca. Em seguida Rafard, Capivari, Tibúrcio, Elias Fausto, Chave Stein, Cardeal, Indaiatuba, Itaici, Quilombo, Monte Serrat, Itupeva, Ermida, Jundiaí. Em Jundiaí a Sorocabana parava. Era então feita a baldeação, e ia para São Paulo pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Quantos filhos o pai do senhor teve?
Meu pai casou duas vezes. Côa a sua primeira esposa, minha mãe, eles tiveram cinco filhos. Com a segunda esposa eles tiveram duas filhas. Minha madrasta era Dirce Mattiazzo Martins.
Essa casa em que o senhor morou, situada onde hoje é o Colégio Ibrafem de Rio das Pedras, como era?
Era uma casa curiosa. Era um sobrado, porém ao invés de subir, descia! Em cima tinha o salão do meu pai, a barbearia, nossa sala de visitas e dois quartos. Descendo uma escada havia a copa, cozinha, mais um quarto, banheiro. Ela foi feita em um terreno que era um barranco. Tínhamos também um porão, onde eram guardados objetos de pouco uso. O Ribeirão Tijuco Preto passava a uns 50 a 60 metros. Meu avô Valério Fernandes Martins e meu bisavô, pai da minha avó, Antonio Garcia Prates foram fundadores da cidade. Antonio Garcia Prates era padeiro em São Paulo, e veio para Rio das Pedras na construção da estrada de ferro. Veio fornecendo comida para os trabalhadores. Entre esses trabalhadores veio Valério Fernandes Martins. Estabeleceram-se em Rio das Pedras, construíram uma casa em frente á estação de trem, onde hoje fica estacionado um trailer de lanches. Hoje existe apenas o armazém de cargas, a estação foi demolida, para dar lugar á uma rua! No começo a estação era tudo. Foi o Barão de Serra Negra que pediu essa estrada de ferro. Havia um projeto para que o trajeto dessa estrada passasse pelo Bonjardim, para embarcar o café do Barão. Rio das Pedras tinha uma ou outra casinha isolada. Depois que a Rua Debaixo foi-se formando. Por isso que a Rua Torta é torta, ela seguiu o projeto natural de uma estrada. Era o caminho mais fácil. Ela não pode ser endireitada por ter ficado entre o rio e a estrada de ferro. Meu pai foi telegrafista por vários anos. Depois meu pai tinha barbearia em frente á igreja, onde hoje existe uma avicultura. Ali existia uma casinha velha. Ele mudou-se para uma casa vizinha á igreja, que hoje não existe mais, ficava ao lado da igreja, no meio da praça, existia ao lado o Hotel do Polesi.
Os seus primeiros estudos foram feitos onde?
Aqui em Rio das Pedras só havia o curso primário. Ficava na Escola Barão de Serra Negra, que era a única escola da cidade, e funcionava em um período só. Rio das Pedras era considerada uma vilinha. O pessoal dos sítios e fazendas das proximidades, quando vinha para Rio das Pedras diziam: “–Vamos para a vila!”. Não diziam que vinham para a cidade. O meu pai era um autodidata, lia muito. Ele dizia que primeiro eu tinha que estudar para depois escolher uma profissão. Quando terminei a quarta série do primário, fui para Capivari, que ficava mais fácil para mim. Isso em 1949, lá eu fiz o ginásio e o magistério na Escola Normal e Ginásio Estadual de Capivari. Depois estudei História em Guaxupé, Minas Gerais. Mais tarde cursei Educação Artística em Ribeirão Preto, e posteriormente Pedagogia. Leio muito e escrevo bastante!
Ainda menino, onde o senhor foi morar e Capivari?
Morava em pensão. Eu tinha 11 anos na época. Se eu fosse viajar todos os dias de Rio das Pedras para Capivari, teria que levantar ás 4 horas da manhã. Já havia alguns estudantes de Rio das Pedras que moravam em uma pensão, meu primo Leo, o Vadão Miori, o Celso Piva. Eu fui morar nessa pensão, que pertencia á uma senhora que havia ficado viúva. Eu era um menino, morando em uma pensão. Minha mãe, Deolinda Rossa Martins, faleceu quando eu tinha menos de 3 anos de idade. As mães dos meus colegas tinham pena de mim. Eu ia estudar com meus colegas vinham bandejas de lanches, frutas! Eu era paparicado!
Após ter-se formado em Capivari o senhor trabalhou em Rio das Pedras?
Eu permaneci trabalhando na prefeitura. Na época o Caetano Oscar Waldemar Gramani era o prefeito, em 1956. Em minha opinião, foi o melhor prefeito que conheci, não só de Rio das Pedras, mas de toda a região. Trabalhei com ele eu vi. Na prefeitura eu fazia de tudo. Havia o propósito do prefeito de realizar uma cobrança de impostos predial e territorial um pouco mais elevado. Na ocasião era muito baixo o valor cobrado. Na época eu e o Geraldo Gordo, que era fiscal da prefeitura, medimos todas as frentes das casas, da cidade inteira. Perguntamos quantos cômodos tinha cada casa, quantos bicos de luz havia, quantas torneiras, perguntávamos qual era a metragem da frente aos fundos, para evitar de entrar nas propriedades das pessoas. Baseado nessas informações foi que o Prefeito Gramani calculou o imposto predial. O pessoal da cidade ficou bravo comigo! Achavam que eu é que tinha feito o cálculo do imposto, pelo fato de ter medido o imóvel! No departamento de água eu tomava conta de todo o material, as barras de cano chegavam quase todos os dias. Foi o Prefeito Gramani que trocou o encanamento de três quartos para o de 5 ou 6 polegadas. Acho que até hoje existe por ai encanamento feito por ele. Várias vezes o Prefeito Gramani foi até a minha casa, ás duas, três horas da manhã. Ele me chamava: “-Oh Zé!”. Ele queria naquela hora da madrugada ver o que estava acontecendo, porque no dia seguinte ia á São Paulo. Queria ver nas esquinas, onde havia vários tipos de encanamentos, se estavam colocando as peças que ele havia mandado colocar. Foi ele quem estudou tudo isso aí. O projeto foi ele quem fez. Ele descia nas valetas e dizia: “Veja para mim se tal peça está certa”. Depois de conferir tudo ele ia dormir sossegado. No dia seguinte viajava. Passava uns 15 ou 20 dias e lá estava ele de novo me chamando de madrugada! Na época eu era solteiro, morava com a minha madrasta, meu pai tinha falecido.
Em que ano o senhor foi morar em São Paulo?
Foi em 1958. Para o professor escolher cadeira era necessário fazer pontos. Eu precisava trabalhar, não tinha jeito de fazer pontos em escolas. Fui trabalhar em Santo André, na Companhia Swift. Permaneci por 7 anos no Departamento de Contas á Pagar. Eram abatidas de 800 a 1000 cabeças de gado por dia. Os produtos da Swift eram todos famosos. No local aonde ela existia foram construídas 600 ou 800 casas. Em seguida fui trabalhar em uma editora no bairro da Lapa. Trabalhei uns dois anos como revisor. Em seguida fui secretário de uma escola particular de padres. Em seguida fui lecionar.
O senhor como professor de História considera fundamental a didática do professor para desenvolver o interesse do aluno pela matéria?
Só faz História quem gosta. Lecionar História é um problema, a maioria dos professores segue livros, querem ouvir a repetição do que foi dado em aula, enchem o aluno de data. Sempre disse aos meus alunos que deveriam situar o fato dentro de um período, como por exemplo: “No século tal...”, o professor tem partir do aluno. História é a análise de um fato. Não há necessidade de decorar texto. Eu criava uma dinâmica entre os alunos, por exemplo, em assuntos que envolviam Brasil e Portugal, eu dividia a classe em duas partes. Tudo deve ser analisado por vários pontos: politicamente, religiosamente, tudo deve ser analisado. O fato quando acontece é porque aquela época exigia ou permitia aquilo. Existem pessoas que dizem que antigamente é que era bom. Não é antigamente que era bom. Antigamente você era jovem! Tudo se repete. Só que com outro colorido, com outros pontos de vista, novas tecnologias aparecem.
A verdade histórica transcrita nos livros corresponde á verdade histórica real?
A História verdadeira não é contada como realmente aconteceu. Uma notícia quando atravessava o país ia sendo deturpada. Cada um falava o que tinha entendido. Esquecia como era. Não eram todos bonitinhos, heróis. Eram pessoas que estavam lutando para ganhar a vida. Destacaram-se porque uns apareceram mais do os outros.
Quais os pontos de interesse histórico de Rio das Pedras?
Rio das Pedras não tem sua história escrita. Não se encontram dados. Referencias. É muito difícil fazer um livro, tem que ir em busca de dados em fontes fora da cidade. De relevante para Rio das Pedras é o Barão de Serra Negra. Foi ele quem deu início a tudo que existe na cidade. Distribuiu terras, queria ver o local colonizado. Na Fazenda Bonjardim, a igreja existente á beira da estrada foi o local onde foi sepultado o Barão de Serra Negra, onde seus restos mortais permaneceram até a família transladar para Piracicaba. Ele exigiu que o seu caixão na ocasião do seu sepultamento fosse carregado por quatro escravos. Eu não tive nenhuma informação escrita, mas ouvi falar que D.Pedro II esteve na fazenda.
A igreja matriz de Rio das Pedras foi construída em que ano?
Foi construída em 1910. Havia outra igreja no local, com duas torres, mais baixinha.
Qual era o caminho original entre Piracicaba e Rio das Pedras?
Era pelo Taquaral, saía pelo Bom Retiro, no fim da Rua Prudente de Moraes virava á esquerda, subia o Morro do Serapião. Na volta de lá para cá tinha o Morro do Sabão. Esse caminho ia sair lá no Piracicamirim em Piracicaba. Ia-se para Piracicaba de trem. Na havia quase veículos aqui. Naquela época as vezes que fui á Piracicaba de carro, fui com o Chalita Sarkis, que tinha uma baratinha. Em uma ocasião levamos quatro horas para voltar de Piracicaba á Rio das Pedras. Quem subia no Morro do Sabão?
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Entrevistado: JOSÉ CARLOS MARTINS, ZÉ DO JOCA.
O Professor José Carlos Martins, mais conhecido como Zé do Joca, é uma pessoa bastante expressiva em Rio das Pedras. Daquelas que quando cumprimentam, transmite no aperto de mão, tipo “alicate”, a força da sinceridade. De hábitos simples, exímio artesão com madeira, fabrica quebra cabeças, jogos, todos muito bem elaborados, pintados á mão. São brinquedos que ele constrói e faz a doação ás crianças da cidade, escolhidas ao acaso. Suas telas retratam a Rio das Pedras que ficou gravada em sua retina. Obras minuciosas, detalhadas. Homem de princípios muito bem estruturados extravasa seus pensamentos filosóficos, políticos, humanistas, revivendo os primórdios dos atuais jornais. A pé, entrega de casa em casa, á uma ávida clientela, seus já famosos escritos. Sem qualquer tipo de remuneração ou patrocínio. As pessoas que se mudam da cidade pedem para que ele os mande pelo correio. Com isso ele ultrapassou as fronteiras do município, atingindo até outros estados.
Por que o senhor é conhecido em Rio das Pedras como Zé do Joca?
Meu pai João Batista Martins, o Joca, era barbeiro, aqui na cidade de Rio das Pedras. Meu nome é José Carlos Martins, mas passei a ser conhecido como Zé do Joca. Nasci em 6 de junho de 1937. Não sou riopedrense! Nasci em São Paulo, porque a minha mãe naquela época já achava que Rio das Pedras naquela época não daria muitas chances para o futuro dos filhos. Ela passou a estimular meu pai para mudarmos para São Paulo. Meu pai achava a idéia boa, só que ele tinha raízes aqui. Ele disse á minha mãe para ir com os meninos, a princípio morar com uma irmã dela, enquanto ele liquidava os negócios dele aqui. Na época além da barbearia ele fazia a escrita contábil de uns 20 ou trinta engenhos da região. Meu pai ia todo mês para São Paulo. Eu nasci um ano após minha mãe voltou para Rio das Pedras, ela viu que meu pai não ia mesmo embora. A barbearia do meu pai era a barbearia do Joca, ficava no local onde foi a Padaria Cristal, hoje é uma escola. Vizinho a estação de trem. Ali tinha uma porteira. Na realidade foram três tipos de porteira que existiram naquele local. A primeira onde passa o trem. Deixava a rua livre. Depois teve uma que cada vez que ela fechava tomava toda a rua. O terceiro tipo era uma porteira com uns 10 metros de comprimento, era de correr, como foi à segunda porteira. A minha casa ficava bem pertinho da estação. Após ter mudado para São Paulo, a primeira vez em que voltei á Rio das Pedras, a impressão que tive era de que o trem estava entrando na minha casa. Quando eu morava ali, nunca tinha percebido isso. Eu estava tão acostumado com o trem, que o trem das cinco horas da manhã que ia para São Paulo, nunca antes eu tinha ouvido chegar ou apitar. Na época era a chamada Maria Fumaça, trem movido a vapor. A composição do trem era formada pela máquina, uma parte dela onde se carregava água e lenha, depois vinha um vagão onde ficava o chefe de trem e os objetos transportados pelo trem. Em seguidas vinha o carro de segunda classe, e por último o carro de primeira classe, era colocado no fim da composição para pegar menos fuligem e faíscas que saiam da locomotiva. Esse era o trem de passageiros.
O trem ia lotado de passageiros?
Não. Quem viajava muito de trem eram os empregados da Sorocabana, pelo fato de viajarem de graça usavam muito o trem. O trem ficava lotado em época de festas de igreja, procissão. O pessoal vinha dos sítios, das fazendas. Do lado de Mombuca vinha muita gente da Fazenda Estrela, Fazenda do Banco. Saindo de Piracicaba á Jundiaí, as estações existentes e que me lembro eram a parada da Fazenda Ludovico Felipe ou Chave do Chicó, Chave do Barão, Rio das Pedras, Fazenda Santa Cruz a Parada do Banco, da Fazenda Estrela, aí vinha Mombuca. Em seguida Rafard, Capivari, Tibúrcio, Elias Fausto, Chave Stein, Cardeal, Indaiatuba, Itaici, Quilombo, Monte Serrat, Itupeva, Ermida, Jundiaí. Em Jundiaí a Sorocabana parava. Era então feita a baldeação, e ia para São Paulo pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Quantos filhos o pai do senhor teve?
Meu pai casou duas vezes. Côa a sua primeira esposa, minha mãe, eles tiveram cinco filhos. Com a segunda esposa eles tiveram duas filhas. Minha madrasta era Dirce Mattiazzo Martins.
Essa casa em que o senhor morou, situada onde hoje é o Colégio Ibrafem de Rio das Pedras, como era?
Era uma casa curiosa. Era um sobrado, porém ao invés de subir, descia! Em cima tinha o salão do meu pai, a barbearia, nossa sala de visitas e dois quartos. Descendo uma escada havia a copa, cozinha, mais um quarto, banheiro. Ela foi feita em um terreno que era um barranco. Tínhamos também um porão, onde eram guardados objetos de pouco uso. O Ribeirão Tijuco Preto passava a uns 50 a 60 metros. Meu avô Valério Fernandes Martins e meu bisavô, pai da minha avó, Antonio Garcia Prates foram fundadores da cidade. Antonio Garcia Prates era padeiro em São Paulo, e veio para Rio das Pedras na construção da estrada de ferro. Veio fornecendo comida para os trabalhadores. Entre esses trabalhadores veio Valério Fernandes Martins. Estabeleceram-se em Rio das Pedras, construíram uma casa em frente á estação de trem, onde hoje fica estacionado um trailer de lanches. Hoje existe apenas o armazém de cargas, a estação foi demolida, para dar lugar á uma rua! No começo a estação era tudo. Foi o Barão de Serra Negra que pediu essa estrada de ferro. Havia um projeto para que o trajeto dessa estrada passasse pelo Bonjardim, para embarcar o café do Barão. Rio das Pedras tinha uma ou outra casinha isolada. Depois que a Rua Debaixo foi-se formando. Por isso que a Rua Torta é torta, ela seguiu o projeto natural de uma estrada. Era o caminho mais fácil. Ela não pode ser endireitada por ter ficado entre o rio e a estrada de ferro. Meu pai foi telegrafista por vários anos. Depois meu pai tinha barbearia em frente á igreja, onde hoje existe uma avicultura. Ali existia uma casinha velha. Ele mudou-se para uma casa vizinha á igreja, que hoje não existe mais, ficava ao lado da igreja, no meio da praça, existia ao lado o Hotel do Polesi.
Os seus primeiros estudos foram feitos onde?
Aqui em Rio das Pedras só havia o curso primário. Ficava na Escola Barão de Serra Negra, que era a única escola da cidade, e funcionava em um período só. Rio das Pedras era considerada uma vilinha. O pessoal dos sítios e fazendas das proximidades, quando vinha para Rio das Pedras diziam: “–Vamos para a vila!”. Não diziam que vinham para a cidade. O meu pai era um autodidata, lia muito. Ele dizia que primeiro eu tinha que estudar para depois escolher uma profissão. Quando terminei a quarta série do primário, fui para Capivari, que ficava mais fácil para mim. Isso em 1949, lá eu fiz o ginásio e o magistério na Escola Normal e Ginásio Estadual de Capivari. Depois estudei História em Guaxupé, Minas Gerais. Mais tarde cursei Educação Artística em Ribeirão Preto, e posteriormente Pedagogia. Leio muito e escrevo bastante!
Ainda menino, onde o senhor foi morar e Capivari?
Morava em pensão. Eu tinha 11 anos na época. Se eu fosse viajar todos os dias de Rio das Pedras para Capivari, teria que levantar ás 4 horas da manhã. Já havia alguns estudantes de Rio das Pedras que moravam em uma pensão, meu primo Leo, o Vadão Miori, o Celso Piva. Eu fui morar nessa pensão, que pertencia á uma senhora que havia ficado viúva. Eu era um menino, morando em uma pensão. Minha mãe, Deolinda Rossa Martins, faleceu quando eu tinha menos de 3 anos de idade. As mães dos meus colegas tinham pena de mim. Eu ia estudar com meus colegas vinham bandejas de lanches, frutas! Eu era paparicado!
Após ter-se formado em Capivari o senhor trabalhou em Rio das Pedras?
Eu permaneci trabalhando na prefeitura. Na época o Caetano Oscar Waldemar Gramani era o prefeito, em 1956. Em minha opinião, foi o melhor prefeito que conheci, não só de Rio das Pedras, mas de toda a região. Trabalhei com ele eu vi. Na prefeitura eu fazia de tudo. Havia o propósito do prefeito de realizar uma cobrança de impostos predial e territorial um pouco mais elevado. Na ocasião era muito baixo o valor cobrado. Na época eu e o Geraldo Gordo, que era fiscal da prefeitura, medimos todas as frentes das casas, da cidade inteira. Perguntamos quantos cômodos tinha cada casa, quantos bicos de luz havia, quantas torneiras, perguntávamos qual era a metragem da frente aos fundos, para evitar de entrar nas propriedades das pessoas. Baseado nessas informações foi que o Prefeito Gramani calculou o imposto predial. O pessoal da cidade ficou bravo comigo! Achavam que eu é que tinha feito o cálculo do imposto, pelo fato de ter medido o imóvel! No departamento de água eu tomava conta de todo o material, as barras de cano chegavam quase todos os dias. Foi o Prefeito Gramani que trocou o encanamento de três quartos para o de 5 ou 6 polegadas. Acho que até hoje existe por ai encanamento feito por ele. Várias vezes o Prefeito Gramani foi até a minha casa, ás duas, três horas da manhã. Ele me chamava: “-Oh Zé!”. Ele queria naquela hora da madrugada ver o que estava acontecendo, porque no dia seguinte ia á São Paulo. Queria ver nas esquinas, onde havia vários tipos de encanamentos, se estavam colocando as peças que ele havia mandado colocar. Foi ele quem estudou tudo isso aí. O projeto foi ele quem fez. Ele descia nas valetas e dizia: “Veja para mim se tal peça está certa”. Depois de conferir tudo ele ia dormir sossegado. No dia seguinte viajava. Passava uns 15 ou 20 dias e lá estava ele de novo me chamando de madrugada! Na época eu era solteiro, morava com a minha madrasta, meu pai tinha falecido.
Em que ano o senhor foi morar em São Paulo?
Foi em 1958. Para o professor escolher cadeira era necessário fazer pontos. Eu precisava trabalhar, não tinha jeito de fazer pontos em escolas. Fui trabalhar em Santo André, na Companhia Swift. Permaneci por 7 anos no Departamento de Contas á Pagar. Eram abatidas de 800 a 1000 cabeças de gado por dia. Os produtos da Swift eram todos famosos. No local aonde ela existia foram construídas 600 ou 800 casas. Em seguida fui trabalhar em uma editora no bairro da Lapa. Trabalhei uns dois anos como revisor. Em seguida fui secretário de uma escola particular de padres. Em seguida fui lecionar.
O senhor como professor de História considera fundamental a didática do professor para desenvolver o interesse do aluno pela matéria?
Só faz História quem gosta. Lecionar História é um problema, a maioria dos professores segue livros, querem ouvir a repetição do que foi dado em aula, enchem o aluno de data. Sempre disse aos meus alunos que deveriam situar o fato dentro de um período, como por exemplo: “No século tal...”, o professor tem partir do aluno. História é a análise de um fato. Não há necessidade de decorar texto. Eu criava uma dinâmica entre os alunos, por exemplo, em assuntos que envolviam Brasil e Portugal, eu dividia a classe em duas partes. Tudo deve ser analisado por vários pontos: politicamente, religiosamente, tudo deve ser analisado. O fato quando acontece é porque aquela época exigia ou permitia aquilo. Existem pessoas que dizem que antigamente é que era bom. Não é antigamente que era bom. Antigamente você era jovem! Tudo se repete. Só que com outro colorido, com outros pontos de vista, novas tecnologias aparecem.
A verdade histórica transcrita nos livros corresponde á verdade histórica real?
A História verdadeira não é contada como realmente aconteceu. Uma notícia quando atravessava o país ia sendo deturpada. Cada um falava o que tinha entendido. Esquecia como era. Não eram todos bonitinhos, heróis. Eram pessoas que estavam lutando para ganhar a vida. Destacaram-se porque uns apareceram mais do os outros.
Quais os pontos de interesse histórico de Rio das Pedras?
Rio das Pedras não tem sua história escrita. Não se encontram dados. Referencias. É muito difícil fazer um livro, tem que ir em busca de dados em fontes fora da cidade. De relevante para Rio das Pedras é o Barão de Serra Negra. Foi ele quem deu início a tudo que existe na cidade. Distribuiu terras, queria ver o local colonizado. Na Fazenda Bonjardim, a igreja existente á beira da estrada foi o local onde foi sepultado o Barão de Serra Negra, onde seus restos mortais permaneceram até a família transladar para Piracicaba. Ele exigiu que o seu caixão na ocasião do seu sepultamento fosse carregado por quatro escravos. Eu não tive nenhuma informação escrita, mas ouvi falar que D.Pedro II esteve na fazenda.
A igreja matriz de Rio das Pedras foi construída em que ano?
Foi construída em 1910. Havia outra igreja no local, com duas torres, mais baixinha.
Qual era o caminho original entre Piracicaba e Rio das Pedras?
Era pelo Taquaral, saía pelo Bom Retiro, no fim da Rua Prudente de Moraes virava á esquerda, subia o Morro do Serapião. Na volta de lá para cá tinha o Morro do Sabão. Esse caminho ia sair lá no Piracicamirim em Piracicaba. Ia-se para Piracicaba de trem. Na havia quase veículos aqui. Naquela época as vezes que fui á Piracicaba de carro, fui com o Chalita Sarkis, que tinha uma baratinha. Em uma ocasião levamos quatro horas para voltar de Piracicaba á Rio das Pedras. Quem subia no Morro do Sabão?
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sábado, outubro 11, 2008
PARABÉNS... VOCÊ SOBREVIVEU E EU TAMBÉM...
PARABÉNS A TODOS OS MENINOS E MENINAS QUE SOBREVIVERAM OS ANOS 1930, 40, 50 , 60 E 70!!
Primeiro, sobrevivemos sendo filhos de mães que fumavam, bebiam, enquanto 'nos esperavam chegar'... Nem elas nem nós, morremos por isso...
Elas tomavam aspirina, comiam queijos curtidos e azulados sem serem pasteurizados, e não faziam teste do pézinho ou de diabete.
E depois do traumático parto, nossos berços eram pintados com tintas a base de chumbo em cores brilhantes lead-based e divertidas.
Não tínhamos tampinhas protetoras para chupetas ou mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas, e quando andávamos nas nossas bicicletas, não usávamos capacetes, isto sem falar dos perigos que corríamos quando pedíamos caronas.
Sendo crianças, andávamos nos carros sem cintos de segurança, air-bags e não ficávamos só nos bancos de trás...
E andar no bagageiro ou na carroceria de uma pick-up num dia ensolarado de verão era uma diversão premiada.
Bebíamos água no jardim da mangueira e não de uma garrafa plástica. E era água pura.
Compartilhávamos um refrigerante com outros quatro amigos todos bebendo da mesma garrafa e ninguém que eu me lembre ficou sequer doente por isso .
Comíamos bolos, pão com manteiga e tomávamos refrigerantes açucarados, mas não ficávamos gordos de ficar lesos, simplesmente porque ESTÁVAMOS SEMPRE BRINCANDO NA RUA, NA CALÇADA, NO QUINTAL OU NO JARDIM, OU NA PRAÇA.
Saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro, desde que voltássemos antes das luzes da rua se acenderem.
Ninguém conseguia falar com a gente o dia todo. E estávamos sempre bem tanto que sobrevivemos...
Passávamos horas construindo carrinhos de caixote para deslizarmos morro abaixo e só quando enfiávamos o nariz em alguma arvore é que nos lembrávamos que precisava ter freios. Depois de alguns arranhões, aprendemos a resolver isto também, por nossa conta...
Não tínhamos Playstations, Nintendos, Arquivos X, nenhum vídeo game, nem 99 canais de seriados violentos ou novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD ou VT ou VHS, nem sistemas de som surround sound, muito menos telefones celulares, ou computadores de bolso, ou Internet ou salas de Chat ...
a m i g o s
. . TÍNHAMOS AMIGOS. . . Íamos lá pra fora e os encontrávamos ou conhecíamos de novo!
Caimos de árvores, nos cortávamos, quebrávamos uma canela, um dente, e ninguém processava ninguém por isso. Eram acidentes.
Inventávamos jogos com paus e bolas de tênis e até minhocas e sapos eram dissecados por nós, cortávamos rabos de lagartixa para ficar olhando nascer um novo, e nos diziam o que ia acontecer se não nos comportássemos, mas nada acontecia nem quando engolíamos uma minhoca pra ser mais valente que o outro.
Íamos de bicicleta ou a pé para a casa de algum amigo e batíamos na porta ou tocávamos a campainha ou simplesmente abríamos a porta e entravamos e ficávamos conversando com eles ou brincando.
Os dentes de leite tinham jogos de teste, mas nem todo mundo passava nem ficava desesperado. Nem os papais interferiam com suas carteiras ou com suas vozes de poder. Tínhamos que aprender a ficarmos decepcionados. Imagine só!!
Quebrarmos uma lei ou outra não resultava em castigo nem bronca homérica? Eles até estavam sempre ao lado da lei e da ordem... E agora?
Foi essa geração que produziu alguns dos mais aventureiros solucionadores de problemas, inventores e autores de todos os tempos!
Nos últimos 50 anos nós somos testemunhas de uma explosão de novidades e novas idéias.
Tínhamos liberdade, podíamos errar, fracassar, ter sucesso e responsabilidade, e aprendemos que não há nada melhor que ter
NASCIDO LIVRES
POIS SÓ ASSIM APRENDEMOS A VIVER E SOBREVIVER!
VOCÊ que está me lendo provavelmente é um de nós!
PARABÉNS
Talvez você queira compartilhar isso com mais um de nós que você conhece e conheceu naquele tempo, no tempo que nós tivemos a sorte de sermos crianças, antes que estragassem nossas vidas de vez nos transformando em bibelôs e barbies, gordos, incapazes, burros e que nunca jogaram bola de gude...
by A.L.
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PARABÉNS A TODOS OS MENINOS E MENINAS QUE SOBREVIVERAM OS ANOS 1930, 40, 50 , 60 E 70!!
Primeiro, sobrevivemos sendo filhos de mães que fumavam, bebiam, enquanto 'nos esperavam chegar'... Nem elas nem nós, morremos por isso...
Elas tomavam aspirina, comiam queijos curtidos e azulados sem serem pasteurizados, e não faziam teste do pézinho ou de diabete.
E depois do traumático parto, nossos berços eram pintados com tintas a base de chumbo em cores brilhantes lead-based e divertidas.
Não tínhamos tampinhas protetoras para chupetas ou mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas, e quando andávamos nas nossas bicicletas, não usávamos capacetes, isto sem falar dos perigos que corríamos quando pedíamos caronas.
Sendo crianças, andávamos nos carros sem cintos de segurança, air-bags e não ficávamos só nos bancos de trás...
E andar no bagageiro ou na carroceria de uma pick-up num dia ensolarado de verão era uma diversão premiada.
Bebíamos água no jardim da mangueira e não de uma garrafa plástica. E era água pura.
Compartilhávamos um refrigerante com outros quatro amigos todos bebendo da mesma garrafa e ninguém que eu me lembre ficou sequer doente por isso .
Comíamos bolos, pão com manteiga e tomávamos refrigerantes açucarados, mas não ficávamos gordos de ficar lesos, simplesmente porque ESTÁVAMOS SEMPRE BRINCANDO NA RUA, NA CALÇADA, NO QUINTAL OU NO JARDIM, OU NA PRAÇA.
Saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro, desde que voltássemos antes das luzes da rua se acenderem.
Ninguém conseguia falar com a gente o dia todo. E estávamos sempre bem tanto que sobrevivemos...
Passávamos horas construindo carrinhos de caixote para deslizarmos morro abaixo e só quando enfiávamos o nariz em alguma arvore é que nos lembrávamos que precisava ter freios. Depois de alguns arranhões, aprendemos a resolver isto também, por nossa conta...
Não tínhamos Playstations, Nintendos, Arquivos X, nenhum vídeo game, nem 99 canais de seriados violentos ou novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD ou VT ou VHS, nem sistemas de som surround sound, muito menos telefones celulares, ou computadores de bolso, ou Internet ou salas de Chat ...
a m i g o s
. . TÍNHAMOS AMIGOS. . . Íamos lá pra fora e os encontrávamos ou conhecíamos de novo!
Caimos de árvores, nos cortávamos, quebrávamos uma canela, um dente, e ninguém processava ninguém por isso. Eram acidentes.
Inventávamos jogos com paus e bolas de tênis e até minhocas e sapos eram dissecados por nós, cortávamos rabos de lagartixa para ficar olhando nascer um novo, e nos diziam o que ia acontecer se não nos comportássemos, mas nada acontecia nem quando engolíamos uma minhoca pra ser mais valente que o outro.
Íamos de bicicleta ou a pé para a casa de algum amigo e batíamos na porta ou tocávamos a campainha ou simplesmente abríamos a porta e entravamos e ficávamos conversando com eles ou brincando.
Os dentes de leite tinham jogos de teste, mas nem todo mundo passava nem ficava desesperado. Nem os papais interferiam com suas carteiras ou com suas vozes de poder. Tínhamos que aprender a ficarmos decepcionados. Imagine só!!
Quebrarmos uma lei ou outra não resultava em castigo nem bronca homérica? Eles até estavam sempre ao lado da lei e da ordem... E agora?
Foi essa geração que produziu alguns dos mais aventureiros solucionadores de problemas, inventores e autores de todos os tempos!
Nos últimos 50 anos nós somos testemunhas de uma explosão de novidades e novas idéias.
Tínhamos liberdade, podíamos errar, fracassar, ter sucesso e responsabilidade, e aprendemos que não há nada melhor que ter
NASCIDO LIVRES
POIS SÓ ASSIM APRENDEMOS A VIVER E SOBREVIVER!
VOCÊ que está me lendo provavelmente é um de nós!
PARABÉNS
Talvez você queira compartilhar isso com mais um de nós que você conhece e conheceu naquele tempo, no tempo que nós tivemos a sorte de sermos crianças, antes que estragassem nossas vidas de vez nos transformando em bibelôs e barbies, gordos, incapazes, burros e que nunca jogaram bola de gude...
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quinta-feira, outubro 09, 2008
Só agora, depois de vinte anos de violências contra a nação, nossos Galileus descobriram que o que move o mundo não são os princípios. São as taxas de juro."
Millôr Fernandes
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