segunda-feira, fevereiro 09, 2009

E.C. XV de Novembro de Piracicaba

DR. LUIZ ROBERTO LORDELLO BELTRAME

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 07 de fevereiro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: DR. LUIZ ROBERTO LORDELLO BELTRAME
PRESIDENTE DO XV DE NOVEMBRO DE PIRACICABA


Jornalista João Umberto Nassif

O E.C. XV de Novembro de Piracicaba tem sua diretoria constituída com a seguinte composição: Presidente: Luis Roberto Lordello Beltrame; Vice-Presidente: João Carlos Maiolo; 1º Diretor Secretário: Roberto Jaoude; 2º Diretor Secretário: Ledy Anderson Nascimento; 1º Diretor Tesoureiro: Antonio César de Pádua; 2º Diretor Tesoureiro: Luiz Antonio Lopes; Diretor de Futebol: Renato Bonfiglio; Diretores Adjuntos de Futebol: Valmir Aparecido Benedito de Freitas (Profissional); Mário José Brunelli (Base); Vicente Antonio Naval (Base); Diretor do Departamento Jurídico: João Carmelo Alonso; Diretor de Patrimônio: Celso Norberto Christofoletti; Diretor de Relações. Públicas e Marketing: Francisco Carlos Malosá Junior; Diretor Social: Rafael Brunelli; Diretor do Departamento Médico: Edison José Aparecido Angeli; Diretores Adjuntos do Departamento Médico: José Roberto Ferraciu Alleoni, Francisco Carlos Malosá, Paulo Henrique Paes, Gerente Administrativo: Antonio Carlos Fernandes; Assessor de Imprensa: Alaor Antonio Menegalle. O XV de Novembro de Piracicaba foi fundado no dia 15 de novembro de 1913, constituído por duas equipes da cidade o Esporte Clube Vergueirense e 12 de Outubro entraram em um acordo para se fundirem e convidaram o o cirurgião-dentista e Capitão da Guarda Nacional Carlos Wingeter para presidir o novo clube. O capitão aceitou, e sugeriu que o nome da agremiação fosse dado em homenagem à Proclamação da República Confederativa do Brasil. Seu primeiro título foi em 1914, quando conquistou uma competição amadora da cidade de Piracicaba, vencendo a Associação Esportiva Piracicaba por 3 a 2. Em 1918 o XV filiou-se a Associação Paulista de Esportes Atléticos e passou a disputar campeonatos pelo interior, onde conquistou os títulos de campeão regional em 1918 e vice-campeão em 1920. Em 1931, o clube conseguiu conquistar seu primeiro título de maior expressão: Campeão do Interior. Na década seguinte, em 1948, o XV de Piracicaba alcançou mais uma vez uma conquista. Desta vez foi campeão da Segunda Divisão do Futebol Paulista (correspondente a atual Série A2), participando, a partir de 1949, da Primeira Divisão (atual A1), junto com os times grandes do Estado. A história do XV é muito rica, reflete aspectos interessantes da cidade. Figuras quase mitológica como o Comendador Humberto D`Abronzo, Romeu Ítalo Ripoli ajudaram a divulgar a imagem do XV praticamente pelo país todo. Por muitos anos, o piracicabano ao visitar qualquer outra localidade era de imediato questionado: Como está o XV? O Mirante do Rio Piracicaba está com muito peixe? E a cachaça de Piracicaba? Eram três perguntas para as quais tinha que ter a resposta na ponta da língua. O XV de Piracicaba está entranhado de tal forma na alma do piracicabano, esportista ou não, que é praticamente uma extensão da sua identidade com Piracicaba.
Presidente o senhor é piracicabano?
Nasci em Piracicaba no dia 23 de setembro de 1963. Sou filho de Moacyr Beltrame e Maria Aparecida Lordello Beltrame. Sou advogado militante na Comarca de Piracicaba. Formei-me pela Unimep, turma de 1984. Meus estudos, eu iniciei na Escola Peixinho Vermelho, depois estudei na escola Benedito Ferreira da Costa, onde minha mãe era professora. Estudei no Dom Bosco, Sud Mennucci. O ano passado fiz especialização na área de Direito do Trabalho, que é a área onde atuo. Meu pai por muitos anos foi vogal da Justiça do Trabalho, depois passou a Juiz Classista, ele foi o segundo Juiz Classista mais antigo do Brasil. Ele permaneceu por 31 anos na Justiça do Trabalho, ele faleceu em 1993. Minha mãe graças a Deus está viva, é muito ativa junto á comunidade piracicabana, particularmente atendendo aos mais necessitados, através de entidades assistenciais. Somos três irmãos: o mais velho que é o Moacir, o Carlos e eu.
O senhor é uma pessoa de estatura avantajada, com altura ideal para a prática de basquete. Chegou a praticar esse esporte ou algum outro?
Eu apenas brincava em meus tempos de escola. Jogava basquete no Sud Mennucci no tempo do professor de educação física Mezzacapa. Tive aula de educação física com o professor Cantoni.
Quando foi a primeira vez em que o senhor entrou em um estádio de futebol?
Eu acompanhava o meu pai, ele era quinzista apaixonado pelo XV. Tenho lembraças do XV no período em que eu tinha onze ou doze anos de idade. Isso por volta de 1963, 1964, nós vínhamos ao Estádio Barão de Serra Negra.
O senhor conheceu uma das figuras mais importantes da história do esporte piracicabano, Delphin Ferreira da Rocha Netto?
Conheci. Tive a oportunidade de conversar algumas vezes com ele.
A atuação do senhor na diretoria do XV iniciou-se em que ano?
Participo da diretoria desde 2002. Vim pelas mãos do Dr. Renato Bonfiglio. Em 1985, ainda cursando a faculdade eu era assistente do Dr. Renato no Sindicato dos Metalúrgicos, quando ele assumiu a presidência do XV em 2002 ele me convidou para integrar o Conselho do XV e depois da diretoria.
O que move o cidadão a dedicar-se ao XV de Novembro?
O XV tem um significado importante para a cidade. Acaba-se envolvendo, passa a ter uma satisfação em trabalhar por ele, e o fato de desenvolver um trabalho pela instituição, procurando resgatar as glórias da equipe isso passa a ser um ideal. O clube passa a receber um tratamento especial, como se fosse um filho, nós sentimos a necessidade de tratar essa agremiação com carinho, estimular seu progresso. Quando percebemos estamos tão envolvidos que passa a ser um hábito estar sempre lutando pelo XV. A unificação processual dos processos trabalhistas, em que o XV foi pioneiro no Estado de São Paulo foi uma conquista minha.
O senhor foi eleito presidente do XV em que dia?
Como membro da diretoria executiva, assumi por um período que foi no período de maio de 2008 até novembro de 2008, que foi um mandato tampão. No dia 15 de novembro de 2008 fui eleito presidente para o biênio seguinte.
Ser presidente do XV de Piracicaba é altamente significativo junto á comunidade piracicabana, como o senhor vê essa condição?
O sentimento de responsabilidade é muito grande. O XV é um ícone da cidade de Piracicaba. Quando vemos o estádio lotado sentimos uma grande satisfação em saber que fazemos parte dessa enorme festa. Imagine mais de vinte mil pessoas no estádio, e sabermos que tudo que possa acontecer depende das decisões que tomamos no cotidiano. Em 2008 o XV foi o clube que teve o maior público do interior. Foi o quinto maior público do Estado de São Paulo. Isso ele estando na série A-3. Tivemos mais pessoas presentes aqui no Estádio Barão de Serra Negra do que no final do campeonato Paulista entre Ponte Preta e Palmeiras. Um público maior do que esteve presente quando o Guarani subiu em sua classificação.
Quantos torcedores cabem no Estádio Barão de Serra Negra?
Nesse estádio cabem umas vinte e seis mil pessoas. Porém com o advento do Estatuto do Torcedor, foi diminuída a capacidade dele. Hoje a capacidade oficial do Estádio Barão de Serra Negra é em torno de dezenove mil e quinhentos lugares.
Existe um Estatuto do Torcedor?
Existe. É como se fosse um estatuto do consumidor, do idoso, do menor. Ele é voltado para a proteção do torcedor. É uma legislação voltada para proteção do torcedor. Prevê os direitos do torcedor, os estádios são divididos em seções, cada uma delas pintada de uma cor, tem que haver um ouvidor para os reclamos do torcedor, assistência médica. Um detalhe que não é muito conhecido do público, mas pagamos em todos os jogos, uma determinada quantia que corresponde ao seguro do torcedor. Quem faz a apólice é a Federação Paulista e nós pagamos determinada quantia por torcedor.
Qual é a situação atual do XV em termos de elenco e classificação?
O elenco é extremamente competente. Foi Vice-Campeão da Copa Federação 2008. Conseguimos manter esse grupo de atletas, vieram mais alguns do mesmo nível, é um elenco forte. Quem faz a análise do Campeonato Paulista, na série A-3 indica o XV como um dos favoritos, até para a disputa do título. Só que não deixamos que esse tipo de comentário influencie no comportamento do time. Começamos agora o Campeonato Paulista, o primeiro jogo foi no sábado passado, XV e Bandeirantes de Birigui quando empatamos marcando um gol cada equipe. Estamos recebendo um novo técnico, o Emerson Alcântara, que veio do Penapolense. No próximo sábado vamos jogar contra o XV de Jaú.
O XV hoje está classificado na divisão A-3?
O campeonato Paulista está classificado em três divisões profissionais: A-1, A-2 e A-3. Abaixo disso existe a série B, que é uma série de acesso para qualquer time profissional que queira disputar e seguir as classificações seguintes. Em 2005 o XV subiu para a série A-2 em 2006 ele disputou a série A-2, não foi feliz e caiu para a série A-3 novamente. O intuito nosso é subir o XV para a série A-2 que é o caminho para voltar para a série A-1, onde está a elite do futebol.
No time profissional quantos atletas o XV possui?
É composto por 28 atletas.
E para bancar isso tudo, de onde vêm os recursos?
Contamos com os patrocinadores, hoje em número de aproximadamente oito.
Qual é faixa salarial de um atleta do XV?
Para os meninos que subiram da categoria de base a principio recebem o salário mínimo. Até atletas que recebem na ordem de quatro mil reais.
Outras agremiações ficam de olho em alguns atletas do XV?
Tivemos umas disputas no final do campeonato, no começo deste campeonato, vários clubes se interessaram por diversos jogadores nosso.
Não há interesse para o XV vender o passe desses atletas?
Não! Não, porque nós conseguimos montar esse elenco, extremamente competente, aguerrido, com espírito de luta, com vontade de subir o time. O que nos interessa é subir o XV. Dispor desses valores profissionais pode ser uma forma de fortalecer o adversário.
Os atletas ficam alojados onde?
Temos alojamentos. Quem tem família constituída, é casado, fica com sua família em apartamento. Isso tudo é acertado quando o atleta é contratado.
Piracicaba revelou grandes talentos do futebol?
Inclusive nomes da Seleção Brasileira. Chicão, recentemente falecido foi um deles. De Sordi. Mazzolla. Coutinho.
A Escolinha do São Paulo Futebol Clube é um exemplo a ser seguido?
É um exemplo. Só que temos que olhar a realidade do XV. O São Paulo deve ter uns seiscentos meninos, para custear isso são valores elevados. Existem meninos que pertencem á categoria de juniores, ainda não são profissionais, mas que recebem salários muito significativos. Qualquer menino, que seja profissionalizado mais que ainda não estão jogando no time principal ganha cinco, dez mil reais.
Piracicaba tem cerca de 350.000 quinzistas?
Em tese. Não é todo mundo que acompanha futebol, que gosta de futebol. Eu sei que o XV bate recordes sucessivos de público. Nessa primeira rodada, que começou o Campeonato Paulista, o XV foi recordista de público de todos os outros jogos. Mesmo quem não gosta de futebol tem uma simpatia pelo XV. Até o mesmo o símbolo do Nhô Quim, do caipira, acaba gerando uma simpatia. É interessante observar que não só na região de Piracicaba, mas também em regiões bem mais distantes como no Nordeste, no Sul, onde você for, quando ficam sabendo que a sua origem é Piracicaba há um grande interesse de pessoas que querem saber sobre o XV de Novembro. Tenho vários relatos de pessoas que vêm aqui na sede comprar uma camisa. Eles dizem que estavam, por exemplo, em Porto Alegre e tiveram que dar a camisa do XV para alguém que a pediu. Isso aconteceu nas mais diversas localidades do país. O XV comemorou no ano passado 95 anos, nós fizemos uma camisa comemorativa, que é uma camisa baseada no modelo que foi utilizado nas décadas de 20, 30. Vendemos mais de mil peças dessas camisas. Há pessoas das mais diversas regiões do país, inclusive do exterior, que acompanham os jogos do XV pela internet.
Como é a relação do clube com a Federação Paulista de Futebol?
Muito boa. O Presidente Marco Pólo Del Nero é uma pessoa ciente dos problemas que ocorrem com os times do interior. É uma relação extremamente saudável. No final na copa no ano passado ele e o Vice-Presidente Dr. Reinaldo Carneiro estiveram presentes aqui em Piracicaba. Eles dizem que o XV de Novembro de Piracicaba não é um time para ficar na série A-3. A estrutura, a tradição que o time tem é própria de times pertencentes á série A-1. O XV é uma equipe que conta com departamento médico, fisioterapeutas, fisiologistas, nutricionistas. O nosso fisiologista é o Professor Doutor Sérgio Camarda. Isso nem todos os times grandes possuem.
O presidente e os diretores do XV recebem algum salário do time?
Não. É um trabalho voluntário. Ás vezes nós acabamos custeando do próprio bolso algumas coisas necessárias ao time.
Qual é o site oficial do XV de Novembro de Piracicaba?
O Site oficial do Esporte Clube XV de Novembro é:
www.xvpiracicaba.com.br







Observe a parte superior, sobre o teto do veículo, as acomodações para uma melhor visão do passeio.



domingo, fevereiro 08, 2009

Como funciona a caixa preta dos aviões?

A caixa preta é constituída de sistemas eletrônicos de gravação que registram automaticamente todos os dados relativos ao vôo, bem como os últimos 30 minutos de conversação na cabine de comando.
Essas informações são de vital importância para os peritos que investigam as causas de um acidente aéreo.
Apesar do nome, a caixa preta é, na verdade, vermelha ou alaranjada, caso caia no mar ou em florestas esta cor a diferenciaria do ambiente, ela possui ainda um transmissor de sinais justamente para facilitar a localização nesses casos.
Para resistir aos choques e a grandes impactos, as caixas ficam na cauda da aeronave e são fabricadas com materiais ultra-resistentes como titânio e/ou fibra de carbono, podendo suportar temperaturas de até 1000 graus Celsius.
Ela tem ainda uma bateria que garante seu funcionamento independentemente do avião. A conexão da caixa preta à aeronave é feita por cabos semelhantes aos usados para ligar aparelhos portáteis como impressoras, câmeras fotográficas e celulares ao computador.

O aparelho que revolucionou o setor aéreo foi idealizado pelo cientista aeronáutico australiano David Warren em 1957. No começo a invenção não foi bem recebida porque os pilotos se sentiam vigiados durante o vôo, mas logo os ingleses e norte-americanos perceberiam a importância da caixa preta de Warren, que foi incorporada às aeronaves destes dois países um ano depois.
Bruna Bernardi.




sábado, fevereiro 07, 2009

Era uma vez um castelo...


Castelo do deputado Edmar Moreira gera discussão.
Um castelo com 32 suítes, 18 salas, 8 torres, piscina com cascata, fontes, espelhos d`água e 275 janelas transformou-se em uma notícia de repercussão nacional. Em qual país ? No Brasil mesmo, mais precisamente em São João do Nepomuceno, interior de MG. Moreira foi apelidado pelos colegas de parlamento de Duque de São João Nepomuceno, por conta do castelo.



sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Histórias interessantes

Em suas memórias, Ted Sorensen conta de que maneira Kennedy e ele preparavam meticulosamente os ditos espirituosos, as citações, as palavras de encerramento dos discursos do presidente. Sem qualquer improvisação ou espontaneidade, Kennedy tomava nota das histórias interessantes contadas por algum orador a fim de utilizá-las posteriormente. Sorensen arremata : "eu possuía um volumoso 'dossiê humorístico' que crescia continuamente. Como em geral os textos dos discursos entregues à imprensa eram expurgados das anedotas, era possível voltar a utilizá-las em outro discurso".




Nomes de peso

Os bancos brasileiros estão entre as 35 instituições financeiras com as marcas mais valiosas do mundo, segundo estudo da consultoria de imagem Brand Finance. Na pesquisa, o nome Bradesco vale US$ 7,698 bilhões e figura no 12º lugar, superior ao de casas bancárias centenárias como Crédit Suisse (US$ 7,688 bilhões), Barclays (US$ 7,583 bilhões) e Deutsche Bank (US$ 6,703 bilhões). A marca Itaú - ainda sem o Unibanco - é avaliada em US$ 5,593 bilhões, acima de Morgan Stanley (US$ 4,775) e Sumitomo (US$ 3,428 bilhões).




quinta-feira, fevereiro 05, 2009

CARMELA PEREIRA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com Sábado, 31 de janeiro de 2009
A Tribuna Piracicabanahttp://www.tribunatp.com.br/Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:http://www.tribunatp.com.br/http://www.teleresponde.com.br/ Nos sites: www.teleresponde.com.br No Blog BLOG DO NASSIF (Letras Maiúsculas mesmo, no jargão jornalístico, caixa alta) http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADA : CARMELA PEREIRA

Carmela Pereira nasceu em Piracicaba no dia 28 de abril de 1936, filha de Berbelina Maria de Jesus e Aprígio Pereira, que tiveram doze filhos. Nascida no sítio Rio Acima, de propriedade dos seus avós, que ficava no bairro Monte Alegre. Seguindo pela estrada que vai até o Aeroporto de Piracicaba, as terras situadas em frente ao Centro de Tecnologia da Copersucar pertenciam aos seus avós. A avó tinha o mesmo nome da mãe, Berbelina Maria de Jesus e o avô era Bonifácio Jesuíno de Souza. Carmela é uma verdadeira usina de criatividade. De personalidade forte, tem a seu favor a disciplina adquirida ainda na infância e adolescência, com as religiosas do Lar Escola, situado á Rua Boa Morte. Ali ela recebeu uma visão de cultura que sempre norteou sua vida. Desenvolveu seu talento para artes plásticas e literatura. Hoje é uma escritora de sucesso, embora muitos em Piracicaba desconheçam o fato. Algumas de suas obras publicadas: S.O.S. Lambari, 500 Anos De Brasil -305 Anos Sem Zumbi Dos Palmares, A Galinha Carijó, Era Uma Vez, Estrada Sem Fim, Manual da Empregada Doméstica, Felipe, A Gata Malhada, Um Rapaz Chamado Aprígio, O Natal Hoje, O Menino Riacho Itapeva, Nossa Senhora Dos Prazeres, O Manual da Bruxinha Boa ( Coletânea de 8 volumes), Abecedário do Irado Que Joga No Lixo, O Folclore de Piracicaba, Conflito Entre Astros, Engenho Central, Prefeitura, Casa Do Povoador, Evidencias Em Ponto Cruz. Como artista plástica ela revela uma autenticidade preocupada com as coisas de Piracicaba. Carmela encarna a genialidade latente da população. Acometida de uma deficiência visual decorrente da pressão ocular (glaucoma), Carmela como uma guerreira que sempre foi, prossegue em sua luta, realizando primorosos trabalhos de artesanato, pintura e literatura. Sua figura física tem um ar soberano, que pode ter origem nos seus antepassados trazidos á força da África. Carmela Pereira é uma pessoa carismática.
A senhora morou no sítio onde nasceu até que idade?
Quando eu tinha sete anos de idade meu pai faleceu. Houve uma grande confusão com relação á nossa propriedade. Meu pai contava que havia perdido parte das terras em um jogo de carteado denominado 21. Segundo a sua narrativa antes de falecer, a aposta era referente a apenas uma parte da propriedade. Acabamos perdendo tudo.
Como a menina Carmela foi parar no asilo para menores?
Meu pai faleceu, minha mãe contraiu tuberculose e teve que ser tratada em Campinas, sendo que logo que ela voltou para Piracicaba acabou falecendo. O Comendador Morganti foi quem providenciou para que eu na época com sete anos de idade e minha irmã Margarida, com dois anos e pouco, fosse para o Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe, localizado á Rua Boa Morte 1955. Na época chamava-se Asilo de Órfãs Coração de Maria Nossa Mãe. Hoje qualquer criança tem acesso aos veículos de comunicação, nós na época não tínhamos essa facilidade de recebermos informações.
Como era o seu dia vivendo como interna no Lar Escola?
Acordava ás cinco e meia da manhã. Na época existiam 102 meninas internas. Havia um dormitório para as meninas na minha faixa etária, outro para os bebes, e um terceiro onde ficavam as meninas já adolescentes. Mãe Nhana (Mamãe Ana), abria a cortina da clausurinha dela que era composta por uma cama, um criado mudo e uma cadeira. Ficava dentro do grande dormitório. Ela saia já paramentada com seu hábito de freira. Batia por três vezes as palmas da mão. Levantávamos, escovávamos os dentes, arrumávamos a nossa cama, não podia deixar uma rusga na cama. Em seguida íamos á capela, assistíamos á missa, rezávamos até as sete horas da manhã. As missas eram celebradas por Frei Evaristo, Frei Anselmo. Em seguida íamos para o refeitório, onde comíamos um pão, sem nenhum recheio, e uma xícara de café com leite. As freiras davam o que podiam oferecer. Depois íamos para o lazer. Só que lazer não significava ir brincar e sim trabalhar. Umas varriam, outras limpavam os banheiros, separavam roupas. Descascar batatas. Molhar plantas, lavarmos as meias. Isso tudo até as dês e meia da manhã. Nessa hora, uma irmã batia as palmas da mão, como sinal para voltarmos ao refeitório. Comíamos arroz, feijão, polenta. Quando havia mistura (acompanhamento do prato principal), era uma verdurinha, chuchu. Nós sentíamo-nos felizes. Voltamos para o trabalho. Umas iam para a sala de costura, outras para a sala de bordados. Bordávamos muito enxoval de noivas. Ás quatro horas da tarde descíamos, comíamos metade de um pão, sem nada dentro. Depois que comíamos, brincávamos um pouco. Tinha a hora de brincar. Quando encerrava o tempo de brincadeiras, lavávamos os pés, íamos jantar. Normalmente o jantar era constituído de uma sopa, de feijão, de macarrão, de fubá, era sopa do que tinha. Voltávamos á capela onde rezávamos o terço. Rezávamos tudo o que tínhamos direito! Depois íamos dormir.
Aos domingos havia algum tipo de refeição diferente?
Ás vezes havia carne moída com pão. Comíamos retalhos de hóstia. As hóstias eram fabricadas pelas irmãs. (N.J. Este jornalista, como coroinha da Igreja Sagrado Coração de Jesus, por muitas vezes foi buscar hóstias no Lar Escola, era comum a irmã oferecer retalhos de hóstia, que tem um sabor agradável).
Quantas irmãs havia no Lar Escola na época?
Eram doze irmãs: Clara, Luiza, Joana, Escolástica, Maria Bernadete, Madre Gertrudes, Maria da Glória, Mamãe Cecília, Raimunda, as mais temidas, eram as Irmã Maria Ermelinda e Irmã Sofia.
Da Madre Cecília do Coração de Maria, a Mamãe Cecília, o que a senhora pode dizer?
Eu prestei um depoimento para o Vaticano sobre a Mamãe Cecília. Pelas suas realizações espirituais e materiais, a Congregação Irmãs Franciscanas do Coração de Maria em 1992, deu início ao processo de sua canonização. Todas as crianças que conviveram com ela foram procuradas para depor sobre a convivência com Mamãe Cecília no Asilo. Eu disse em meu depoimento, que lá foi o meu lar. Eu não tinha um outro local para ficar. Lembro-me claramente que logo que cheguei ao Asilo eu não conhecia absolutamente nada a respeito das regras de disciplina estabelecidas no local. Eu morava em sítio, na roça. Quando eu entrei no Asilo parecia que tinha uma melancia na goela (garganta). Deram-me uma saia azul marinho. Essa saia tinha um buraquinho. Eu enfiei o dedo naquele buraquinho, que já estava esgarçado. A Irmã Sofia viu e me falou que eu estava rasgando a saia. Eu disse-lhe que a saia já estava assim. Ela então me disse que pelo fato de eu ter enfiado o dedo o buraco ficou maior. Eu disse então que tinha sido um gesto sem a intenção de aumentar o defeito da saia. Ela pediu-me que a acompanhasse. Fomos até a lavanderia, ela deu-me uma agulha, e ordenou que eu costurasse o buraco. Costurei do jeito que eu sabia. Ela disse-me então que não estava bom, mas dava para passar. Disse-me ainda, que eu tinha que fazer o curso de corte e costura. Recebi também 12 bolachas na mão. De palmatória. Até hoje sou alérgica a batida. Fiquei triste. Fiquei sem vontade de comer. Mamãe Cecília mandou me chamar. Ela já era idosa, estava sentada com um cobertor sobre as pernas. Perguntou por que eu não comia. Eu contei-lhe sobre o fato acontecido. Ela disse-me, que sentasse no seu colo. Sentei-me. Então ela quis ver as minhas mãos. Mostrei. Ela perguntou-me porque a Irmã Sofia havia batido em minhas mãos. Eu contei a historia do buraquinho que já existia quando vesti a saia. Ela então argumentou que a causa da repreensão tinha sido o fato de eu aumentar o furo da saia. Eu disse para Madre Cecília: “-Ela (Irmã Sofia) bateu em mim porque ela não é a minha mãe. Minha mãe jamais faria isso”. Mamãe Cecília respondeu: “-Mas eu estou aqui”. Foi um momento muito especial. Esse meu depoimento está no Vaticano.
Como era o uniforme utilizado pelas internas do Asilo?
Nos dias comuns, usávamos as roupas que ganhávamos, o “se me dão”. Não tinha cor á escolher. Era marrom, preto, branco, o que tivesse usávamos. Mas nós tínhamos também quatro “pareio” de uniforme. Tinha um que era xadrez vermelho. Era um vestido com manga comprida. Tinha azul. Outro a saia era azul e a blusa era branca. O de gala era de fustão branco. Meu primeiro serviço foi o de engomadeira do uniforme de gala. O sapato era o correinha. Um sapato preto com uma tirinha. Parecia sapato de boneca. As meias eram brancas e o sapato preto. Nos dias em que não era de gala, o sapato era marrom. Sempre com meias.
O Asilo foi importante na sua vocação cultural?
Tudo que eu sei eu aprendi lá. Era regra o ensino ser ministrado até o quarto ano. A Irmã Maria da Glória, de forma muito discreta dava aulas particulares para mim: geometria, história natural, ela tentou ensinar francês para mim. Aprendi muito com essa grande irmã.
A senhora permaneceu no Asilo até que idade?
Até quase quinze anos de idade. Eu tinha então que dar espaço para outras crianças. Senti que deveria enfrentar um desafio: ter que encarar a vida de frente, praticamente sozinha. Uma das minhas irmãs me levou para São Paulo, fui de trem pela Companhia Paulista. Fiquei abismada por São Paulo. Trabalhei na tecelagem Manufatura de Tecidos Santa Helena. Voltei a ser interna em um colégio para menores em São Paulo, quando faltavam uns seis meses para completar 18 anos, vim para Piracicaba. Trabalhei na casa de Dona Gessy Nogueira Leitão. Eu dormia no emprego. Eu disse á Dona Gessy que ia bordar o enxoval da sua filha Amelinha. Quando completei dezoito anos de idade fui embora para São Paulo. Tinha uma irmã que trabalhava na Rua Frei Caneca, dormi lá. De lá fui para Santos, onde permaneci por quatro anos trabalhando como ajudante de cozinha do extinto Hotel Amapá. Bem no centro de Santos.
O que a senhora achou do mar?
Eu tinha 18 anos de idade. Levantava as cinco horas da manhã, pegava o bonde 32, ia até a praia, tomava um banho de mar voltava correndo, fazia almoço e lavava cem lençóis por dia. Ali permaneci até a idade de 22 anos. Folgava aos domingos das quatro da tarde até as seis horas. Eram duas horas de folga por semana.
Voltei para São Paulo. Passei a trabalhar no Hospital Santa Cruz. Foi quando conheci meu marido. Eu freqüentava o programa do apresentador Manoel da Nóbrega, pai do Carlos Alberto de Nóbrega. Ele tinha o programa “Balança Mas Não Cai”. Ficava na Rua Barão de Itapetininga. Lá comecei a namorar meu marido. Ele era pedreiro. Comprei um lote de terra em Santo Amaro, paguei em dez anos. Fiz uma casa de pau a pique. Tomava o ônibus Santo Amaro a Parque Primavera. A partir daí passei a trabalhar nas melhores casas. Trabalhei na casa do Dr. Ermírio de Moraes, Rodrigues Alves, para os donos do Leite Mococa. Eu era cozinheira dos funcionários que trabalhavam na sua casa. Eram 30 empregados. Ele era muito discreto, mas sempre educado. Cumprimentava a todos de forma amistosa. Uma ocasião eu cozinhei milho verde. Não era para fazer. Um dos seus filhos pediu para que eu cozinhasse milho para ele. Eu disse-lhe que não podia atender um pedido sem ordem da sua mãe. Ele insistiu tanto, que acabei fazendo. O menino devorou a espiga de milho cozido. Dr. Antonio passou e viu. Foi quando perdi meu emprego. Ele disse que as ordens dele eram para serem obedecidas. Meus filhos não podem comer nada fora de hora. Voltei para casa. Trabalhei na casa de Dona Maria Helena Rodrigues Alves, neta do presidente Rodrigues Aves. Na Rua Barão de Itapetininga em São Paulo havia uma agencia chamada Agencia Carusi de Serviços Domésticos. Trabalhei 22 anos através dessa agencia como faxineira profissional. Eu fazia uma faxina de dar gosto. Cheguei a ficar no 22º andar de um prédio, limpando vidro pelo lado de fora. Trabalhei seis anos para os Talans, cinco anos para a família de um químico da empresa Alfa Laval.
Como surgiu a escritora Carmela Pereira?
Eu sempre escrevi. Desde criança. Assim como a pintora também. Eu procurei me especializar em nosso folclore. O primeiro livro editado foi “A Gata Malhada”, voltado para o público infantil. Assim como a “Galinha Carijó”. O “Conflito Entre Os Astros” é um dos livros que eu gosto muito. O “Manual Da Empregada Doméstica” sozinha eu consegui vender 350 exemplares.

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