"Nesta terra, em se plantando, tudo dá."
Fotos by J.U.Nassif
"Nesta terra, em se plantando, tudo dá." Foi o que escreveu Pero Vaz de Caminha na carta que enviou ao rei de Portugal anunciando a descoberta do Brasil em 1500. As fotos mostram bucha vegetal para banho cujas sementes vieram junto com o adubo recolhido no Ceasa (Centro de abastecimento de alimentos) de Piracicaba. Essas buchas nasceram naturalmente e de forma muito rápida seguiram o caminho natural: os fios de telefone!
sexta-feira, julho 03, 2009
MIGUEL MORANO JÚNIOR
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 04 de julho de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO : MIGUEL MORANO JR
Piracicaba, a Noiva da Colina, tem entre suas “Jóias da Coroa” o Rio Piracicaba, a Escola de Agronomia Luiz de Queiroz, a Primeira Cidade Geriátrica do Brasil, o Centro Cultural “Miss Martha Watts”, o Museu da Água, a Faculdade de Odontologia de Piracicaba - FOP. Aqueles que convivem de forma mais próxima com a Odontologia, como os piracicabanos gostam-na de chamar, sabem da importância dessa instituição em nosso país. Tida como centro de excelência em diversas áreas, recebe pacientes de todas as partes do Brasil e até do exterior. Além de atender pessoas de poder aquisitivo restrito, a FOP por ser um centro de referencia, concentra profissionais da mais elevada formação, que dominam recursos avançadíssimos, em conseqüência disso é comum termos em suas salas de espera para serem atendidos, pacientes recomendados pelos dentistas da suas cidades de origem. São casos em que os mais recentes e inovadores procedimentos odontológicos são aplicados com absoluta competência. Isso sem mencionarmos o inovador Centro de Identificação Humana. A identificação humana pode ser efetuada por diversos métodos, sendo a análise das impressões digitais (papiloscopia) o mais utilizado quando os tecidos moles encontram-se preservados. Entretanto, em situações onde o cadáver encontra-se carbonizado ou esqueletizado, uma análise odontolegal pode ser necessária O Prof. Dr. Eduardo Daruge é reconhecido como autoridade mundial na ciência de identificação humana. Um dos casos de repercussão internacional realizados pelo Prof. Dr. Eduardo Daruge e Prof. Dr. Nelson Massini (que entre seus diversos títulos universitários têm o diploma da FOP), foi a identificação do médico nazista Josef Mengele nascido a 16 de março de 1911 em Günzburg, na Baviera, a quem Hitler havia dado a missão de construir uma raça superior. Mengele morreu possivelmente no dia 7 de fevereiro de 1979 em Bertioga, no litoral paulista. Em 18 de novembro de 1914, em reunião no Theatro Santo Estevão, foi fundada a Escola de Pharmácia e Odontologia de Piracicaba, posteriormente chamada de Escola de Odontologia Washington Luiz. Depois de funcionar em vários locais, funcionou na rua Santo Antonio, 641, antiga casa de Prudente de Moraes, hoje Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, passando então a chamar-se Escola de Odontologia Prudente de Moraes. Após a Revolução Constitucionalista de 1932, Getúlio Vargas mandou fechar a Escola de Odontologia que funcionou até 1935, formando a sua última turma. Nesses 20 anos de funcionamento, formou inúmeros profissionais. O Prof. Dr. Miguel Morano Júnior é uma das testemunhas vivas da fundação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp. O Prof. Dr. Miguel é paulistano de nascimento, e piracicabano por opção. Aqui estudou, formou-se, exerceu suas atividades profissionais, e sempre aliando o exercício da profissão com a preocupação social, tem uma longa folha de serviços prestados a comunidade.
Dr. Miguel o senhor conheceu o Prof. Dr. Carlos Henrique Robertson Liberalli? Eu o conheci em São Paulo antes de vir morar em Piracicaba. O Professor Liberalli era uma pessoa ligada ao meu pai. Meu pai era professor universitário, foi diretor do Instituto Isolado de Ensino Superior, que em sua gestão transformou-se na Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo. Em função desse cargo ele fazia parte do Conselho Estadual de Educação. Desse conselho fazia parte todos os diretores dos institutos isolados de ensino. Inclusive o próprio diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Prof. Zeferino Vaz. Foi nessa época, eu era adolescente ainda, que conheci o Prof. Liberalli na convivência familiar. Meu pai estava indo para uma reunião do Conselho Estadual de Educação, que ficava no bairro da Aclimação, em São Paulo, eu estava no carro, quando me foi apresentado o Prof. Liberalli. Nossas famílias aproximaram-se. Ora eles iam a nossa casa, ora íamos ao apartamento onde eles viviam. Ele era casado com Dona Zélia Monteiro Liberalli, uma carioca, pessoa boníssima, que depois se tornou minha comadre. Quando foi o casamento da minha irmã, formada pela USP em Farmácia, aluna do professor Liberalli, ela havia convidado o casal Liberalli para padrinhos de casamento. Meses antes do casamento o Prof. Liberalli faleceu. Fui então com Dona Zélia padrinho de casamento da minha irmã.
Quando o senhor veio para Piracicaba, ele já estava aqui como diretor da Odontologia? Ele já estava aqui. A faculdade foi criada em 1955 e o funcionamento dela foi em julho de 1957.
Começou a funcionar no prédio que havia sido o Externato São José? Ali era um prédio onde funcionava o Externato São José, um anexo do Colégio Assunção. As irmãs fizeram uma construção na Rua Boa Morte e abriram mão daquele prédio, que foi comprado pela prefeitura. A negociação começou na época do Prefeito Samuel Neve, e terminou na gestão de Luciano Guidotti.
A área em que se localiza o prédio se estende da Rua D.Pedro até a Rua Rangel Pestana, junto a Rua Rangel houve a demolição de algumas construções? Eram casas que foram desapropriadas, isso foi no período em que a faculdade estava crescendo, e a idéia inicial era construiu naquele terreno um prédio de seis andares. Iam colocar a faculdade na vertical.
Em que período o Professor Liberalli foi diretor da FOP? Ele foi nomeado por Jânio Quadros em 21 de setembro de 1955 para exercer as funções de instalador e diretor da faculdade. Ele permaneceu até o final de 1967. Ele faleceu no dia 26 de setembro de 1970.
O prédio é tombado? É tombado pelo município. Colocaram uma placa de prédio tombado. Hoje estão sendo levantados recursos através da Lei Rouanet para ser feita a restauração A equipe que está trabalhando nesse processo é a mesma que fez a restauração do Museu do Ipiranga em São Paulo.
A faculdade está envolvida nesse processo de restauração, o senhor faz parte dessa equipe? O nosso diretor é o responsável. Eu sou aposentado da FOP. Segundo o pessoal da faculdade, possuo a “plaqueta” de patrimônio! Por conhecer bastante a história do prédio, a história da FOP desde o seu início, eu integro “não oficialmente” a equipe. Eu cheguei a Piracicaba em fevereiro de 1962. A Faculdade começou em 1957. Tive a oportunidade de ser aluno da primeira turma de professores da USP contratados para dar aulas na FOP. Integro também a primeira turma de ex-alunos que foram convidados a tornarem-se professores da faculdade. Com isso estou desde a fase inicial da faculdade, conheço os percursos, toda a sua história. Consigo lembrar-me dos eventos, fatos, pessoas.
O senhor é cidadão piracicabano? Não. Ainda não! (risos).
O que será feito no prédio onde funcionava a FOP? Aquele prédio tem história. Ele foi construído como uma unidade educacional para as irmãs do Colégio Assunção. Depois a Faculdade de Odontologia transferindo-se para a Vila Rezende, e crescendo da forma que está já existe uma estrutura de dois andares. O afluxo diário na faculdade é de duas mil pessoas. No prédio central ficou instalado uma clínica de convenio, com a Prefeitura e com a ArcelorMittal. Esse convênio atende filhos de industriários na faixa etário de 6 a 12 anos, e junto a prefeitura atende as crianças das creches e das escolas de ensino fundamental de primeira a quarta série.
Esse projeto está se ampliando. A faculdade abriga o museu odontológico. Que começou há muitos anos com a APCD. O museu cresceu muito, não havia mais espaço.
O senhor tem idéia de qual é o número de peças constantes no museu da FOP? Segundo o Dr. Reinaldo José Ferraz Salvego que é o diretor do museu, existem praticamente 4800 peças catalogadas. É um acervo que mostra variadas épocas, muito material de consumo, instrumentais, equipos, uma biblioteca histórica. As peças estão catalogas e digitalizadas. Há um projeto de fazer o mesmo com os livros.
O famigerado “motorzinho” do dentista até umas décadas era visto com terror por alguns pacientes. A exposição desses instrumentos pode causar calafrios em alguns? Temos em nosso acervo, o primeiro equipamento, que funcionava acionando um pedal e trabalhando com um sistema de roldanas. Hoje todo o material é desenvolvido utilizando um chip de computador. As cadeiras eram mecânicas. Hoje são elétricas. Os equipamentos antigos eram pesadíssimos. Hoje são extremamente leves. Ergonomicamente perfeitos, tanto para o paciente como para o profissional. Houve sem sombra de dúvidas um período em que e confundia o profissional de odontologia com barbeiro, isso no tempo de Tiradentes! Quem exercia o oficio da odontologia era o mesmo elemento que fazia a barba, cortava o cabelo. Existe uma grande evolução, e a função desse museu é mostrar essa evolução tecnológica e a evolução do tratamento de saúde. Hoje a ação do profissional é muito mais efetiva do que á exercida algumas décadas passadas. A odontologia brasileira é muito nova, a primeira faculdade de odontologia é de 1864, na Bahia, junto com a Faculdade de Medicina.
O por muitos temidos barulho do motorzinho acabou? Diminuiu bem, e a cada ano que passa as empresas se preocupam em melhorar. A alta-rotação do motor é movida a ar por um compressor. Todo aparelho movido a ar faz pressão, movimenta as turbinas, os rolamentos, e o barulho é decorrente do ar que passa. Os aparelhos mais antigos eram bem maiores dos que hoje se apresentam. A evolução está sendo muito rápida. Alguns instrumentos que foram utilizados há quatro ou cinco anos já esta indo para o nosso museu.
Ainda funciona algum curso no prédio antigo? Existe o curso de protético que é realizado meio período por dia, durante dois anos. É um curso técnico. Existem 25 vagas, estão todas preenchidas, é um curso muito procurado. Funcionava até dois anos atrás o Curso de Técnica em Higiene Dental e Auxiliar de Consultório. Foi suspenso em função da reestruturação, temos quase a certeza de que a partir do ano que vem começa outra vez a funcionar, porque a procura era grande e havia a necessidade de adequar a escola para o período de estágio que deve ser feito e em função dos dois convênios que existem lá.
O departamento de identificação humana, entre inúmeros trabalhos apresentou um a respeito dos Inconfidentes Mineiros? O Prof Daruge é a pessoa que possui melhores condições para comentar a respeito. Mas posso adiantar que as identificações de três inconfidentes, deportados na época da Inconfidência Mineira tiveram seus ossos repatriados na época de Getulio Vargas em 1930, estavam no Museu de Ouro Preto, o diretor do museu entrou em contato com o Prof. Daruge que entre outras coisas, conseguiu reestruturar um esqueleto.
O senhor é integrante de uma comissão que organiza uma grande homenagem ao fundador da FOP? Exatamente! O Professor Liberalli Terceiro-Vice-Presidente por duas oportunidades do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, membro efetivo da Academia da História e da Ciência, da Real Academia de Farmácia de Madrid, da Sociedade Brasileira de Farmácia e Química. Formado em Farmácia pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, Formado em Medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hanemaniano do Rio de Janeiro, Químico, Doutor em Farmácia e Odontologia ela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo, Professor Catedrático pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP, Professor Titular da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. No dia 13 de setembro estaremos comemorando o centenário de nascimento dele. Estamos fazendo uma comemoração onde queremos envolver as forças vivas de Piracicaba. O seu trabalho está relacionado com a história da odontologia, que também está relacionado com a história da própria cidade. O Professor Liberalli é Piracicabano, pois lhe foi concedido o título de Cidadão Piracicabano em 1966. A praça central em frente a FOP tem o nome dele.
Há algum envolvimento da Câmara Municipal nessas solenidades? Todas as instituições de Piracicaba estão convidadas a participar da organização das festividades, direta ou indiretamente. É uma data memorável. O Prof. Liberalli é uma pessoa de muita importância na área de ensino não só de São Paulo, como no Brasil.
Até hoje quantos profissionais a FOP já formou? Até o cinqüentenário ela já tinha habilitado quase três mil profissionais.
O senhor acredita que embora esses profissionais estejam presentes nos mais diversos rincões do nosso país eles estarão presentes na época de comemoração do centenário de nascimento do Prof. Liberalli? Sem sombra de duvida. Principalmente àqueles que eram mais ligados á sua época.
Piracicaba, a Noiva da Colina, tem entre suas “Jóias da Coroa” o Rio Piracicaba, a Escola de Agronomia Luiz de Queiroz, a Primeira Cidade Geriátrica do Brasil, o Centro Cultural “Miss Martha Watts”, o Museu da Água, a Faculdade de Odontologia de Piracicaba - FOP. Aqueles que convivem de forma mais próxima com a Odontologia, como os piracicabanos gostam-na de chamar, sabem da importância dessa instituição em nosso país. Tida como centro de excelência em diversas áreas, recebe pacientes de todas as partes do Brasil e até do exterior. Além de atender pessoas de poder aquisitivo restrito, a FOP por ser um centro de referencia, concentra profissionais da mais elevada formação, que dominam recursos avançadíssimos, em conseqüência disso é comum termos em suas salas de espera para serem atendidos, pacientes recomendados pelos dentistas da suas cidades de origem. São casos em que os mais recentes e inovadores procedimentos odontológicos são aplicados com absoluta competência. Isso sem mencionarmos o inovador Centro de Identificação Humana. A identificação humana pode ser efetuada por diversos métodos, sendo a análise das impressões digitais (papiloscopia) o mais utilizado quando os tecidos moles encontram-se preservados. Entretanto, em situações onde o cadáver encontra-se carbonizado ou esqueletizado, uma análise odontolegal pode ser necessária O Prof. Dr. Eduardo Daruge é reconhecido como autoridade mundial na ciência de identificação humana. Um dos casos de repercussão internacional realizados pelo Prof. Dr. Eduardo Daruge e Prof. Dr. Nelson Massini (que entre seus diversos títulos universitários têm o diploma da FOP), foi a identificação do médico nazista Josef Mengele nascido a 16 de março de 1911 em Günzburg, na Baviera, a quem Hitler havia dado a missão de construir uma raça superior. Mengele morreu possivelmente no dia 7 de fevereiro de 1979 em Bertioga, no litoral paulista. Em 18 de novembro de 1914, em reunião no Theatro Santo Estevão, foi fundada a Escola de Pharmácia e Odontologia de Piracicaba, posteriormente chamada de Escola de Odontologia Washington Luiz. Depois de funcionar em vários locais, funcionou na rua Santo Antonio, 641, antiga casa de Prudente de Moraes, hoje Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, passando então a chamar-se Escola de Odontologia Prudente de Moraes. Após a Revolução Constitucionalista de 1932, Getúlio Vargas mandou fechar a Escola de Odontologia que funcionou até 1935, formando a sua última turma. Nesses 20 anos de funcionamento, formou inúmeros profissionais. O Prof. Dr. Miguel Morano Júnior é uma das testemunhas vivas da fundação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp. O Prof. Dr. Miguel é paulistano de nascimento, e piracicabano por opção. Aqui estudou, formou-se, exerceu suas atividades profissionais, e sempre aliando o exercício da profissão com a preocupação social, tem uma longa folha de serviços prestados a comunidade.
Dr. Miguel o senhor conheceu o Prof. Dr. Carlos Henrique Robertson Liberalli? Eu o conheci em São Paulo antes de vir morar em Piracicaba. O Professor Liberalli era uma pessoa ligada ao meu pai. Meu pai era professor universitário, foi diretor do Instituto Isolado de Ensino Superior, que em sua gestão transformou-se na Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo. Em função desse cargo ele fazia parte do Conselho Estadual de Educação. Desse conselho fazia parte todos os diretores dos institutos isolados de ensino. Inclusive o próprio diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Prof. Zeferino Vaz. Foi nessa época, eu era adolescente ainda, que conheci o Prof. Liberalli na convivência familiar. Meu pai estava indo para uma reunião do Conselho Estadual de Educação, que ficava no bairro da Aclimação, em São Paulo, eu estava no carro, quando me foi apresentado o Prof. Liberalli. Nossas famílias aproximaram-se. Ora eles iam a nossa casa, ora íamos ao apartamento onde eles viviam. Ele era casado com Dona Zélia Monteiro Liberalli, uma carioca, pessoa boníssima, que depois se tornou minha comadre. Quando foi o casamento da minha irmã, formada pela USP em Farmácia, aluna do professor Liberalli, ela havia convidado o casal Liberalli para padrinhos de casamento. Meses antes do casamento o Prof. Liberalli faleceu. Fui então com Dona Zélia padrinho de casamento da minha irmã.
Quando o senhor veio para Piracicaba, ele já estava aqui como diretor da Odontologia? Ele já estava aqui. A faculdade foi criada em 1955 e o funcionamento dela foi em julho de 1957.
Começou a funcionar no prédio que havia sido o Externato São José? Ali era um prédio onde funcionava o Externato São José, um anexo do Colégio Assunção. As irmãs fizeram uma construção na Rua Boa Morte e abriram mão daquele prédio, que foi comprado pela prefeitura. A negociação começou na época do Prefeito Samuel Neve, e terminou na gestão de Luciano Guidotti.
A área em que se localiza o prédio se estende da Rua D.Pedro até a Rua Rangel Pestana, junto a Rua Rangel houve a demolição de algumas construções? Eram casas que foram desapropriadas, isso foi no período em que a faculdade estava crescendo, e a idéia inicial era construiu naquele terreno um prédio de seis andares. Iam colocar a faculdade na vertical.
Em que período o Professor Liberalli foi diretor da FOP? Ele foi nomeado por Jânio Quadros em 21 de setembro de 1955 para exercer as funções de instalador e diretor da faculdade. Ele permaneceu até o final de 1967. Ele faleceu no dia 26 de setembro de 1970.
O prédio é tombado? É tombado pelo município. Colocaram uma placa de prédio tombado. Hoje estão sendo levantados recursos através da Lei Rouanet para ser feita a restauração A equipe que está trabalhando nesse processo é a mesma que fez a restauração do Museu do Ipiranga em São Paulo.
A faculdade está envolvida nesse processo de restauração, o senhor faz parte dessa equipe? O nosso diretor é o responsável. Eu sou aposentado da FOP. Segundo o pessoal da faculdade, possuo a “plaqueta” de patrimônio! Por conhecer bastante a história do prédio, a história da FOP desde o seu início, eu integro “não oficialmente” a equipe. Eu cheguei a Piracicaba em fevereiro de 1962. A Faculdade começou em 1957. Tive a oportunidade de ser aluno da primeira turma de professores da USP contratados para dar aulas na FOP. Integro também a primeira turma de ex-alunos que foram convidados a tornarem-se professores da faculdade. Com isso estou desde a fase inicial da faculdade, conheço os percursos, toda a sua história. Consigo lembrar-me dos eventos, fatos, pessoas.
O senhor é cidadão piracicabano? Não. Ainda não! (risos).
O que será feito no prédio onde funcionava a FOP? Aquele prédio tem história. Ele foi construído como uma unidade educacional para as irmãs do Colégio Assunção. Depois a Faculdade de Odontologia transferindo-se para a Vila Rezende, e crescendo da forma que está já existe uma estrutura de dois andares. O afluxo diário na faculdade é de duas mil pessoas. No prédio central ficou instalado uma clínica de convenio, com a Prefeitura e com a ArcelorMittal. Esse convênio atende filhos de industriários na faixa etário de 6 a 12 anos, e junto a prefeitura atende as crianças das creches e das escolas de ensino fundamental de primeira a quarta série.
Esse projeto está se ampliando. A faculdade abriga o museu odontológico. Que começou há muitos anos com a APCD. O museu cresceu muito, não havia mais espaço.
O senhor tem idéia de qual é o número de peças constantes no museu da FOP? Segundo o Dr. Reinaldo José Ferraz Salvego que é o diretor do museu, existem praticamente 4800 peças catalogadas. É um acervo que mostra variadas épocas, muito material de consumo, instrumentais, equipos, uma biblioteca histórica. As peças estão catalogas e digitalizadas. Há um projeto de fazer o mesmo com os livros.
O famigerado “motorzinho” do dentista até umas décadas era visto com terror por alguns pacientes. A exposição desses instrumentos pode causar calafrios em alguns? Temos em nosso acervo, o primeiro equipamento, que funcionava acionando um pedal e trabalhando com um sistema de roldanas. Hoje todo o material é desenvolvido utilizando um chip de computador. As cadeiras eram mecânicas. Hoje são elétricas. Os equipamentos antigos eram pesadíssimos. Hoje são extremamente leves. Ergonomicamente perfeitos, tanto para o paciente como para o profissional. Houve sem sombra de dúvidas um período em que e confundia o profissional de odontologia com barbeiro, isso no tempo de Tiradentes! Quem exercia o oficio da odontologia era o mesmo elemento que fazia a barba, cortava o cabelo. Existe uma grande evolução, e a função desse museu é mostrar essa evolução tecnológica e a evolução do tratamento de saúde. Hoje a ação do profissional é muito mais efetiva do que á exercida algumas décadas passadas. A odontologia brasileira é muito nova, a primeira faculdade de odontologia é de 1864, na Bahia, junto com a Faculdade de Medicina.
O por muitos temidos barulho do motorzinho acabou? Diminuiu bem, e a cada ano que passa as empresas se preocupam em melhorar. A alta-rotação do motor é movida a ar por um compressor. Todo aparelho movido a ar faz pressão, movimenta as turbinas, os rolamentos, e o barulho é decorrente do ar que passa. Os aparelhos mais antigos eram bem maiores dos que hoje se apresentam. A evolução está sendo muito rápida. Alguns instrumentos que foram utilizados há quatro ou cinco anos já esta indo para o nosso museu.
Ainda funciona algum curso no prédio antigo? Existe o curso de protético que é realizado meio período por dia, durante dois anos. É um curso técnico. Existem 25 vagas, estão todas preenchidas, é um curso muito procurado. Funcionava até dois anos atrás o Curso de Técnica em Higiene Dental e Auxiliar de Consultório. Foi suspenso em função da reestruturação, temos quase a certeza de que a partir do ano que vem começa outra vez a funcionar, porque a procura era grande e havia a necessidade de adequar a escola para o período de estágio que deve ser feito e em função dos dois convênios que existem lá.
O departamento de identificação humana, entre inúmeros trabalhos apresentou um a respeito dos Inconfidentes Mineiros? O Prof Daruge é a pessoa que possui melhores condições para comentar a respeito. Mas posso adiantar que as identificações de três inconfidentes, deportados na época da Inconfidência Mineira tiveram seus ossos repatriados na época de Getulio Vargas em 1930, estavam no Museu de Ouro Preto, o diretor do museu entrou em contato com o Prof. Daruge que entre outras coisas, conseguiu reestruturar um esqueleto.
O senhor é integrante de uma comissão que organiza uma grande homenagem ao fundador da FOP? Exatamente! O Professor Liberalli Terceiro-Vice-Presidente por duas oportunidades do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, membro efetivo da Academia da História e da Ciência, da Real Academia de Farmácia de Madrid, da Sociedade Brasileira de Farmácia e Química. Formado em Farmácia pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, Formado em Medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hanemaniano do Rio de Janeiro, Químico, Doutor em Farmácia e Odontologia ela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo, Professor Catedrático pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP, Professor Titular da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. No dia 13 de setembro estaremos comemorando o centenário de nascimento dele. Estamos fazendo uma comemoração onde queremos envolver as forças vivas de Piracicaba. O seu trabalho está relacionado com a história da odontologia, que também está relacionado com a história da própria cidade. O Professor Liberalli é Piracicabano, pois lhe foi concedido o título de Cidadão Piracicabano em 1966. A praça central em frente a FOP tem o nome dele.
Há algum envolvimento da Câmara Municipal nessas solenidades? Todas as instituições de Piracicaba estão convidadas a participar da organização das festividades, direta ou indiretamente. É uma data memorável. O Prof. Liberalli é uma pessoa de muita importância na área de ensino não só de São Paulo, como no Brasil.
Até hoje quantos profissionais a FOP já formou? Até o cinqüentenário ela já tinha habilitado quase três mil profissionais.
O senhor acredita que embora esses profissionais estejam presentes nos mais diversos rincões do nosso país eles estarão presentes na época de comemoração do centenário de nascimento do Prof. Liberalli? Sem sombra de duvida. Principalmente àqueles que eram mais ligados á sua época.
domingo, junho 28, 2009
A Revista
O Malho começou a ser veiculado em 20 de setembro de 1902. Fundada por Luís Bartolomeu de Souza e Silva, a revista tinha em seu corpo de ilustradores o traço já maduro e consagrado de J.Carlos, Angelo Agostini, Lobão, Adolfo Aizen, Crispim do Amaral , Guimarães Passos, L. Peixoto, Leonidas Freitas, Nássara, ao lado dos jovens talentos que começavam a surgir como Raul, Kalixto, Storni e tantos outros. Foi a primeira publicação brasileira a substituir a pedra litográfica por placa de zinco. Agregando a esta inovação tecnológica o talento e a verve de seus desenhistas, deu um novo impulso à arte da charge e da ilustração em nossa imprensa, divertindo e informando o leitor da época. Ainda que focada principalmente na vida política do país, a cultura e a crítica de costumes sempre estiveram ali presentes, tanto nas charges como em artigos escritos por Olavo Bilac, Pedro e Emílio de Rabelo, Arthur Azevedo, Álvaro Moreyra e outros mais. Em 1930, O Malho combateu a Aliança Liberal de Getúlio Vargas, e com a posterior vitória da revolução Getulista, a redação da revista foi empastelada, sede incendiada e a publicação impedida de circular por um breve período. Sobrevive como revista de noticias e literária, de 1935 a 1954, quando sai o último número.
O Malho começou a ser veiculado em 20 de setembro de 1902. Fundada por Luís Bartolomeu de Souza e Silva, a revista tinha em seu corpo de ilustradores o traço já maduro e consagrado de J.Carlos, Angelo Agostini, Lobão, Adolfo Aizen, Crispim do Amaral , Guimarães Passos, L. Peixoto, Leonidas Freitas, Nássara, ao lado dos jovens talentos que começavam a surgir como Raul, Kalixto, Storni e tantos outros. Foi a primeira publicação brasileira a substituir a pedra litográfica por placa de zinco. Agregando a esta inovação tecnológica o talento e a verve de seus desenhistas, deu um novo impulso à arte da charge e da ilustração em nossa imprensa, divertindo e informando o leitor da época. Ainda que focada principalmente na vida política do país, a cultura e a crítica de costumes sempre estiveram ali presentes, tanto nas charges como em artigos escritos por Olavo Bilac, Pedro e Emílio de Rabelo, Arthur Azevedo, Álvaro Moreyra e outros mais. Em 1930, O Malho combateu a Aliança Liberal de Getúlio Vargas, e com a posterior vitória da revolução Getulista, a redação da revista foi empastelada, sede incendiada e a publicação impedida de circular por um breve período. Sobrevive como revista de noticias e literária, de 1935 a 1954, quando sai o último número.
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