sábado, dezembro 05, 2009

ELIZEU DAMASCENO GOIS


                                                    ELIZEU DAMASCENO GOIS


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 28 de novembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: ELIZEU DAMASCENO GOIS
O Presidente da Câmara Municipal de Rio das Pedras, Elizeu Damasceno Gois é natural da cidade de Marcionílio Souza, na Chapada Diamantina, próxima a Itaberaba, Estado da Bahia. Nascido em 25 de julho de 1970 é filho de Antonio Pereira Gois e Regina Damasceno Gois. Elizeu é um dos 8 filhos do casal, seu pai exerceu a atividade agrícola onde criou boa parte dos filhos, com o tempo mudou-se para um centro urbano, acabando por entrar no meio político, fez parte da administração pública, colaborou na eleição de um sobrinho como prefeito, isso no município de Marcionílio Souza.
Quem nasce em Marcionílio de Souza recebe qual denominação?
O natural de Marcionílio de Souza é marcionilense!
Esse gosto pela política demonstrado pelo pai do senhor o contagiou?
Eu acredito que sim. O político tem uma atuação social muito importante. Sou contra o assistencialismo, acredito que o bom administrador dará á população uma condição de vida melhor, a qualidade de vida depende muito da atuação de quem administra. Acompanhando a atuação do meu pai, pude ver a criação de novos projetos, desde o seu início até o seu desenvolvimento.
O senhor mudou-se para São Paulo em que ano?

Foi em 1989, eu estava já com 18 para 19 anos de idade. Trabalhei em uma empresa de terraplanagem, na área de construção civil, fazia sondagem de solo, com isso viajei muito pelo Estado de São Paulo. Eu sentia a necessidade de me fixar em algum lugar. Não me adapto em cidade muito grande, foi por isso que ao chegar á Rio das Pedras decidi que aqui deveria permanecer. Eu casei-me na Bahia, tenho dois filhos nascidos em Marcionílio de Souza e aqui em Rio das Pedras tivemos mais um filho. Vim para Rio das Pedras em 1993, tinha o desejo de fazer parte da administração pública. Em 2004 participei do pleito como candidato a vereador, tendo recebido 152 votos, não consegui ser eleito, mas fui convocado pelo prefeito Marcos Buzetto para assumir a pasta da Secretaria de Esportes. No dia 2 de janeiro de 2005 assumi a função de Secretário de Esportes. Até então eu tinha concluído apenas o ensino médio, fiz o vestibular na UNIMEP para a carreira de Gestão Pública, com o propósito de exercer a função de fato. Eu sabia que precisava me qualificar para exercer a atividade. Sabia que se fosse eleito no pleito seguinte deveria ter conhecimento técnico e prático. Em 2007 o prefeito sentiu a necessidade de que eu realizasse meu trabalho na Secretaria da Comunicação. Permanecei como Secretário da Comunicação até meados de 2008, quando me afastei do cargo para participar das eleições.
Quais são as atribuições do Secretário de Comunicação de Rio das Pedras?

Os atos administrativos têm que ser divulgados. O Prefeito Marcos Buzetto construiu muitas obras, que foram divulgadas pela Secretaria da Comunicação. Eu consegui acompanhar no período em que estive ocupando a função de secretário, foram 91 obras. Uma administração, mantidas as proporções de cada município, quase igual a do prefeito de Piracicaba, Barjas Negri.
Rio das Pedras construiu um portal monumental em uma de suas entradas, a função desse portal simboliza o que para a cidade?

Trata-se de um portal receptivo para quem chega á cidade. A primeira impressão é sempre a que permanece. Nós tínhamos uma entrada que não era tão bonita, pela SP-127, que vinha no sentido da Usina Santa Helena para Rio das Pedras, e tem outra entrada pela Rodovia Julio Bassa, que vem do sentido da Usina São José para a cidade. São as duas entradas principais da cidade. Nesta segunda entrada temos o problema de uma pequena comunidade morando á beira da pista, em habitações precárias. Foi feita a opção de construir o portal Pilé Degaspari na SP-127. Ao que consta Pilé é um apelido de origem italiana, que significa doçura, coincide com o cognome de Rio das Pedras de Cidade Doçura.
A situação dos moradores dessa comunidade está sendo estudada?

Pedi ao prefeito, inclusive mandei a minuta do projeto, para que se crie um auxilio moradia para as quinze famílias ali residentes. É um desejo meu, que essas famílias possam passar o natal em melhores condições. Hoje eles vivem em situações subumanas, correm risco de contraírem doenças, sofrerem atropelamentos. O prefeito já está remetendo o projeto de lei e estaremos aprovando esse ano ainda. A sobrevivência deles vem da reciclagem, atualmente existe o espaço onde eles moram e o local onde depositam os materiais. Vamos deixar uma área especifica para que eles façam essa armazenagem.
O senhor considera que todo político deve se qualificar tecnicamente antes de candidatar-se á um cargo?

Independente do tamanho da cidade, o legislador, o administrador público, tem que ter qualificação técnica.
O senhor foi eleito vereador em que ano?

Fui eleito em 2008.
Quantos vereadores compõem a Câmara Municipal de Rio das Pedras?
É constituída por nove vereadores.
O senhor foi eleito Presidente da Câmara já em seu primeiro mandato?

Fui eleito por unanimidade. A composição da Câmara foi praticamente reformada nas ultimas eleições. Da gestão anterior só permaneceram dois vereadores. Como faço parte dos sete novos eleitos, pelo fato de já ter assumido duas secretarias anteriormente, acredito que encontraram condições para que eu possa presidir uma câmara municipal. Não houve resistência contra a indicação de meu nome, e nem houve a necessidade de que eu pedisse algum voto de algum vereador a meu favor. Eu achava que um dos dois vereadores reeleitos deveria assumir a presidência, mas ambos declinaram.
As sessões da câmara municipal ocorrem em que dia?

Todas as quarta feiras a partir das 19 horas são transmitidas ao vivo pelo site www.camarariodaspedras.sp.gov.br Nós temos o auditório com capacidade para 100 pessoas, as sessões são abertas para quem deseje freqüentá-las.
Como é o dia a dia de um vereador em Rio das Pedras?

Pelo fato de ser uma cidade pequena, o cotidiano do vereador não é conturbado. A posição ocupada pelo Presidente da Câmara é pior, por ser responsável pela parte administrativa e legislativa da Câmara e a vereança para qual fui eleito. Com isso tenho que me desdobrar, cumprindo o mandato de vereador, falar e cobrar em nome do povo, e administrar a instituição.
A tradicional burocracia normal aos órgãos públicos envolve muitos papéis?

Em todos os setores a burocracia é grande, fato que não é privilégio da nossa cidade, mas de toda a nação. Pretendemos nas novas instalações evitar ao máximo o volume de papéis, usando os recursos da informatização. Vamos evitar a tramitação desnecessária de papéis.



No imaginário popular a figura do vereador é quem resolve todo e qualquer tipo de problema. Se a atividade própria á um assistente social garante votação eleitoral, traz também uma carga de atividades e problemas alheios a função?

A função do vereador é a mesma de um trabalhador. É uma forma de trabalho. Para a população não basta que o vereador fiscalize e cobre a aplicação dos investimentos da melhor forma possível, de tal forma que reverta em beneficio da própria população. O vereador é pago pela população para acompanhar a administração publica do executivo, para saber se realmente estão sendo aplicados os recursos naquilo que foi projetado. É um fiscal do povo. Não é um assistente social! Em Rio das Pedras a cultura assistencialista está mudando. É feito um rastreamento por uma assistente social, onde é verificada a necessidade de quem precisa participar dos programas do governo. Os que realmente necessitem serão beneficiados. Há um impulso natural do vereador em querer fazer esse papel, movido por simplicidade ou até por falta de conhecimento. Quando ele passa a atender e a contribuir com as exigências dos pedidos de alguns eleitores, ele passa a ter problemas pessoais de ordem financeira. Ele descobre que o seu salário não é suficiente para atender as solicitações.
O senhor acredita que a Câmara dos Vereadores de Rio das Pedras não dá espaço para o assistencialismo?

Não dá! Todas as pessoas que chegam com suas necessidades, nós encaminhamos para a assistência social. Lá é feita a triagem e verificada a real necessidade do solicitante.
Rio das Pedras cresceu nos últimos anos?

Cresceu bastante, em população e em orçamento municipal. A migração em si é um problema existente no Estado de São Paulo. A mudança ainda está muito lenta em outros estados. Em um passado mais remoto, Rio das Pedras teve um período em que ocorreu o incentivo de migrantes, com isso uma nova onda de possíveis eleitores, só que a justiça eleitoral se fez presente barrando as ilegalidades, principalmente quanto a domicilio eleitoral.
Como anda o orçamento da cidade?
Dobrou e está quase triplicando. Não só em função de indústrias, mas da própria administração do prefeito Marcos Buzetto.
Há algum projeto de trazer novas indústrias á Rio das Pedras?

Hoje está bastante difícil recepcionar novas indústrias em função da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não se permite mais as doações de áreas, as empresas não se contentam com a concessão de áreas, elas querem receber em doação com escritura definitiva.
A formação básica escolar feita pelo município em Rio das Pedras é tida como modelo?

São escolas com nível das escolas particulares de primeira linha. O sistema municipal de ensino público atraiu as pessoas interessadas em um ensino com qualidade.
Existe alguma perspectiva de instalação de indústrias que necessitem de funcionários especializados em Rio das Pedras?
Acredito que isso irá acontecer de forma natural. A implantação de grandes empresas em Piracicaba irá motivar a busca de novos locais para a instalação de empresas fornecedoras de componentes integrados aos produtos dessas grandes empresas. A própria saturação da cidade de Piracicaba fará essa distribuição, o valor imobiliário é um fator favorável a Rio das Pedras. O ISS, Imposto Sobre Serviços em Piracicaba é 5% em Rio das Pedras é 3%.
Há uma tendência de Piracicaba e Rio das Pedras a exemplo do ABCD paulista tornarem-se cidades sem delimitações aparentes?

Irá chegar essa hora, só que acredito que isso não irá interferir muito na administração de ambas as cidades, a exemplo do que ocorre no ABCD.
O que é o projeto de Moeda Circulante Local?

É criação minha! Fui visitar um projeto semelhante, que já existe a 12 anos no Bairro das Palmeiras, em Fortaleza, Ceará, criaram a moeda circulante local para evitar que a economia migrasse para o centro de Fortaleza. Tentei implantar em Rio das Pedras, porque percebemos que as grandes cidades sugam nossas economias, e o comércio local fica patinando. Lancei o projeto da moeda local. O prefeito atendeu a reivindicação.
Como chama essa moeda adotada por Rio das Pedras?

Lá em Fortaleza chama “Palmas”, tomou o nome do bairro Palmeiras.
Em Rio das Pedras será “Pedras”?

Seria talvez. A solução adotada foi diferente. O município adquiria cesta básica através de concorrência pública e os ganhadores eram sempre de outras cidades. Até então Rio das Pedras adquiria cestas de uma empresa de Corumbataí, quase 1.000 cestas por mês, a R$ 78,00 cada uma. É muito dinheiro! Os tributos eram recolhidos pela prefeitura de Corumbataí. O prefeito decidiu passar as cestas de R$ 78,00 para o vale alimentação no valor de R$ 150,00 praticamente dobrou o valor. Será licitado um cartão vale alimentação onde será credenciado o comércio local. Esse dinheiro será investido em Rio das Pedras. Dentro do período de 3 anos de administração do prefeito Marcos Buzetto ele irá investir no comércio local mais de 4 milhões de reais. Isso passará a vigorar a partir de janeiro. Eu acho que essa medida substituiu o projeto da Moeda Circulante Local.
Rio das Pedras tem um potencial turístico?

Eu acredito que existe. Quem explora o turismo é a iniciativa privada, o poder público contribui para o desenvolvimento inicial. Até hoje na administração municipal ninguém se interessou pela Rua Torta. Tanto é que não existe nenhum processo de tombamento, porque a partir do momento em que é feito um tombamento, a responsabilidade pelo patrimônio tombado é do poder publico. A Rua Torta já está desfigurada, pelo fato das administrações anteriores não terem atentado para isso. O que não impede que possa vir a ser feita alguma ação no sentido de dar o devido valor á Rua Torta. Isso depende não só do poder público, tem que haver a participação da iniciativa privada.































quinta-feira, novembro 26, 2009

Marcelo de Castro Meneghin



                                          Marcelo de Castro Meneghin







PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 de novembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: Marcelo de Castro Meneghin
Esse é um ano especial para a Faculdade de Odontologia de Piracicaba, que comemora o centenário do nascimento do Prof. Dr. Carlos Henrique Robertson Liberalli, instalador e primeiro Diretor dessa instituição de ensino. O dentista Marcelo de Castro Meneghin é vice-diretor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – FOP, unidade integrante da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professor da área de odontologia preventiva e saúde pública, do Departamento de Odontologia Social. Formado pela FOP, fez a pós-graduação, mestrado e doutoramento na Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.
O senhor é natural de qual cidade?
Sou nascido em Botucatu em 11 de maio de 1965, vim para Piracicaba em 1986, como calouro da FOP.
Os seus pais tinham alguma relação com a odontologia?
Não. Meus pais não cursaram o ensino superior, fui aluno dos bons tempos da escola pública até a oitava série. Tive a oportunidade de fazer o colegial no Colégio Arquidiocesano, após concluir o colegial fiz o exame da FUVEST e tive a honra de vir para Piracicaba. Foi aqui que encontrei Zuleica Pedroso, na época também aluna da FOP, hoje minha esposa e mãe das nossas três filhas.
Como estudante onde o senhor morou?
Inicialmente morei em república onde permaneci até a minha formatura. Passei a trabalhar no meu consultório, e morava no consultório. O dinheiro era curto, nesse inicio ingressei no setor público como dentista. Trabalhava na clínica privada e no setor público, isso me ajudou muito no desenvolvimento das minhas atividades na FOP, por ter a oportunidade de trazer a experiência do setor público para dentro do ambiente acadêmico. O desenvolvimento das atividades de pesquisa dentro da academia foi importante, para sustentar a dinâmica com os alunos, o relacionamento com o setor público. Diversos convênios sou eu quem discute com o Dr. Fernando Cárdenas, com o Prefeito Barjas Negri.
O que o levou a escolher a profissão de dentista?
A escolha não tem um motivo muito definido. Não tenho ninguém na família que tenha sido cirurgião dentista. Sempre gostei muito da área de biológicas como um todo. O que me encantava na profissão de dentista é a questão do sorriso, da estética do ser humano. Hoje a minha área é para preservar, recuperar através de um trabalho estético, como se fosse uma plástica. O sorriso como um cartão de visita das pessoas me instigava. Na escola fui descobrindo a importância da prevenção com relação á saúde. Essa pergunta é interessante, porque sou natural de Botucatu, onde há uma das melhores escolas de medicina do país e meus pais nunca esconderam que gostariam que eu seguisse a carreira de medicina. Só que eu tinha o sonho de fazer a odontologia. Até hoje, meus pais dizem de forma carinhosa: “Você tinha conquistado os pontos necessários para formar-se como médico”. Eu acho que fiz uma boa escolha, formei uma família bonita, escolhi uma boa cidade. Entendo que estou em uma posição bem situada profissionalmente.
O receio do paciente com relação á ida ao dentista é uma característica que ainda persiste?
Esse receio existe por diversos fatores, o próprio desenvolvimento tecnológico da profissão. Antigamente os equipamentos utilizados pelo profissional não eram equipamentos confortáveis ao paciente. Nem mesmo a cadeira oferecia conforto. O receio surge também pela própria dinâmica dos materiais utilizados. O processo de anestesia não tinha a eficiência que hoje existe. A nossa cultura sempre fez a ligação do profissional com um problema existente, e geralmente acompanhado de dor. O tratamento a ser feito não era fácil, era traumático, onde o paciente sofria. Nós temos uma política de saúde bucal a partir da ultima constituição, de 1988. Até então tínhamos o dentista que atendia nas escolas, sendo que muitas vezes era dito ao aluno mais travesso: “-Se você não se comportar eu te mando para o dentista!”. Era uma ameaça, com isso o dentista não era uma figura ligada á questão de saúde. Nesse aspecto abro parênteses, o Professor Miguel Morano Júnior já há 20, 25 anos, falava na questão da preservação da saúde, dentro da sua disciplina Educação Para a Saúde. O resgate do cirurgião dentista como profissional de saúde vem sendo feito aos poucos. Hoje a situação já está se tornando mais agradável, você vai ao dentista para preservar a saúde. É feita uma manutenção da saúde, um diagnóstico precoce de algum problema, o que resultará em tratamento sem o sintoma doloroso. Seguramente deverá levar ainda alguns anos para que essa mudança ocorra de forma mais abrangente.
A popularização do aparelho ortodôntico é positiva?
Como fator estético eu encaro de maneira positiva, enquanto o fator estético não atrapalhe a função saúde. Trabalho na periferia de Piracicaba e vejo a preocupação do jovem sobre a necessidade de usar um aparelho ortodôntico. Muitas vezes eles esquecem que se prevenirem uma carie dentaria terão uma aparência estética muito boa. Aproveito para associar a essa preocupação com a estética indicando um clareamento dental. Sempre que você devolver a auto-estima, confiança a uma pessoa, com seu sorriso bonito, isso será muito importante. Tudo isso deve ser sempre muito bem indicado e controlado.
Há uma faixa da população que luta muito para obter o mínimo necessário á sua sobrevivência. De que forma imagina-se que ele consiga cuidar da sua saúde bucal?
Essa questão é interessante porque muitas condições são oferecidas para que eles cuidem de sua própria saúde. Nossos alunos fazem estagio em um projeto desenvolvido junto com a prefeitura de Piracicaba, com o Ministério da Saúde, sendo que os 80 alunos do curso de graduação estão envolvidos nesse projeto. Muitos dos alunos de pós-graduação também estão envolvidos nesse processo. É importante salientar que entre os alunos de pós-graduação temos alunos de diferentes áreas: farmacêuticos, fonoaudiólogos, psicólogos. O curso é o Programa de Pós-Graduação em Odontologia, abrange algumas áreas específicas desse programa: bioquímica onde há a área de cariologia, de fisiologia, de saúde coletiva, de odontopediatria. Cada um desenvolve a sua linha de pesquisa de uma forma. Temos linhas de pesquisas na área de epidemiologia, que é o estudo da saúde publica. Temos a oportunidade de desenvolver estudos como, por exemplo, quanto um problema de desigualdade ou exclusão social interfere na questão de ter mais chances de desenvolver mais caries. Com relação aos cuidados da saúde bucal, a prefeitura tem seus programas de distribuição de escovas, pasta dental, palestras. O nosso foco é melhorar as condições de acolhimento, ou seja, como conseguir fazer com que essas pessoas procurem o serviço. O paciente idoso tem uma dificuldade maior em procurar o serviço. Uma adolescente gestante a partir do momento em que ela tem o nenê entra toda uma parte odontológica. Os pacientes diabéticos aumentam o risco de desenvolverem certas doenças, se estiver junto com o seu médico uma equipe odontológica é possível desenvolver ações para minimizar ou até evitar transtornos odontológicos. Ajudamos também na questão de organizar e qualificar as demandas, qual é o paciente que deve ser chamado com mais urgência. Qual é o setor que devemos dedicar maior atenção para os problemas não se agravarem. Encaminhamentos para unidades de especializações, um tratamento de canal para onde pode ser encaminhado.
No antigo prédio da faculdade de odontologia funciona uma clinica?
Desde 1998 funciona uma clínica grande onde atendemos uma média de 2.000 crianças por ano. É um projeto em conjunto com a prefeitura de Piracicaba, a Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, a Fundação Belgo do Grupo Arcelor Mittal. O trabalho é realizado com as crianças das escolas municipais de Piracicaba. Com as crianças da escola estadual algumas incursões estão ligadas á área da Educação Para a Saúde do Departamento de Odontologia Social, onde atuam o Professor Fábio Luiz Mialhe e Professor Miguel Morano Junior.
A Unicamp e o CNPq têm um projeto em conjunto?
É o Programa de Iniciação Científica Júnior, que nós chamamos de PIC Jr., temos 25 jovens do ensino médio que fazem iniciação cientifica, o Prof. Miguel Morano Jr. é que coordena mais essa ação. Recebem aulas e treinamento em diferentes setores da faculdade, e recentemente dentro do Congresso Internacional de Odontologia da FOP apresentaram trabalhos de pesquisas desenvolvidos por eles, foram muito bem avaliados. É um segmento nosso de despertar nesses jovens o interesse pela academia, pela pesquisa, pelo o que é ciência, sem a pretensão de que eles sigam nem a área odontológica ou a área de pesquisa, mas sim despertar essa curiosidade que irá auxiliá-los em suas vidas. Eles recebem uma bolsa do CNPq, estão vinculados á FOP e também a Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp.
A saúde bucal reflete no estado geral de saúde do indivíduo?
O que está claramente estabelecido é que a boca não é uma estrutura, um órgão separado do corpo humano. Há uma relação de saúde bucal com saúde geral. Algumas pesquisas já estabeleceram a relação da saúde bucal com a saúde de outros órgãos do ser humano, inclusive com o coração. Na há como ignorar a saúde bucal. Antigamente parecia um curso natural ter os dentes, e ao passar do tempo perdê-los. Isso não é um curso natural, é conseqüência de uma doença! Ao cuidar da saúde bucal estará sendo cuidada a saúde geral.
Quando o dentista deve ser procurado?
Vai depender de como a pessoa mantém a sua saúde bucal. Quais são os riscos de cada indivíduo. Uma pessoa diabética tem mais chances de ter uma doença na gengiva, então deve fazer um acompanhamento com o seu dentista. Quem tem pouca salivação aumenta a chance de desenvolver alguma doença. Quem pode orientar é o dentista, ele irá indicar a medicação e procedimentos necessários. Algumas pessoas precisam escovar mais vezes os dentes. Outras têm uma raiz exposta, é um local mais sensível para desenvolver uma carie. Há aqueles que têm os dentes mais agrupados, isso dificulta a higienização, aumenta a chance de desenvolver alguma doença. O retorno ao dentista que era pré-estabelecido de seis em seis meses, pode variar muito de individuo para individuo.
Qual é o numero ideal de escovação a cada dia?
O ideal é que seja sempre após as principais refeições diárias. E também antes de dormir, por ser um período onde há diminuição do fluxo salivar.
A escovação da língua é importante?
É importante como mais um meio de se fazer uma higienização. Temos que observar que a carie está no dente, á placa bacteriana forma-se no dente. Portanto escovar a língua sem escovar o dente não irá resolver nada. O consumo inteligente, controlado do açúcar, é importante. Há mães que para cessar o choro de uma criança mergulham a chupeta em açúcar e dão para que o choro termine isso proporciona o risco dessa criança desenvolver a carie. Ou mesmo os produtos líquidos como leite, achocolatados, que são oferecidos para essas crianças, com muito açúcar, para ficar bem docinho, é uma forma de carinho, só que aumenta o risco do aparecimento de carie.
Qual é a importância do flúor na água?
Os últimos levantamentos realizados no Estado de São Paulo mostram que as cidades que utilizam flúor na água têm menos caries do que aquelas cidades que não utilizam flúor. Bem controlado, essa é a questão, o flúor não traz nenhum tipo de problema. Piracicaba tem um histórico muito positivo nesse controle. A água traz um benefício direto para a população de baixa renda, é mais um veículo barato, que traz um resultado significativo. A FOP tem um mérito muito importante, é na questão da quantidade do flúor na pasta de dente.
Quando irá acabar o barulho do motorzinho no consultório dentário?
Boa pergunta! Um bom engenheiro poderia responder por que não acaba esse barulho!
A raça negra é conhecida no conceito popular por ter dentes bons. Isso é folclore?
É folclore! A estrutura de mineral é a mesma. Se forem submetidas ás mesmas condições terão idênticos desenvolvimentos. O dente dentro do ambiente da boca tem um equilíbrio dinâmico.










quinta-feira, novembro 19, 2009

CORCOVADO ANTES DO CRISTO REDENTOR


RARIDADE: FOTO DO CORCOVADO ANTES DO CRISTO REDENTOR
by J. Eduardo
Independente da coloração política, todo trabalho sério merece o apoio da população, em especial do eleitor. Transcrevemos aqui a mensagem do Veredor, militar reformado do Exército Nacional, que tem buscado exercer seu mandato de forma efetiva:
"Na enquete que realizamos no mês de outubro contamos com a participação de 1.600 amigos internautas, dos quais, 864 (54%) responderam que a segurança é o fator que mais preocupa a população, nos dias de hoje.
Na primeira quinzena de novembro, em uma nova enquete, contamos com a participação de 891 participantes, dos quais, 222 (25%) responderam que o desemprego é o fator que mais reflete na violência, seguidos da falta de ensino (25%) e da impunidade (21%).
Pois bem, nesta segunda quinzena de novembro, em uma nova enquete perguntamos se o internauta já foi vítima de algum tipo de violência.
Nesta nova enquete que é fundamental para o relatório que apresentaremos as autoridades governamentais (municipais, estaduais e federais) responsáveis pela segurança da nossa população.
Aos amigos internautas desde já, agradecemos a participação na enquete que está no nosso site
www.camarapiracicaba.sp.gov.br/capitaogomes
Ao término desta relevante pesquisa encaminharemos o nosso relatório final.
Capitão Gomes - Vereador"





sábado, novembro 14, 2009

Traditional Jazz Band

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 07 de novembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADOS: Traditional Jazz Band




Alcides de Oliveira Lima “Cidão”


O que é Jazz? Ainda que muitos dicionários e estudiosos tentem definir, talvez a melhor definição esteja na frase atribuída a Louis Armstrong: "Se você pergunta o que é jazz, você jamais saberá o que é". De 1618 até 1808, quando foi legalmente proibida á comercialização de escravos na América, milhões de africanos foram trazidos, sendo a maioria levada aos estados do sul dos Estados Unidos. Grande parte dos escravos vieram do oeste da África e trouxeram fortes tradições da música tribal. No porto de Nova Orleans, estivadores negros ficaram famosos pelas suas canções de trabalho. Essas canções mostravam complexidade rítmica, na tradição africana eles tinham uma linha melódica com o padrão pergunta e resposta. No começo do século XIX, um número crescente de músicos negros aprendiam a tocar instrumentos do ocidente, particularmente o violino. A música era vibrante, quase sempre, improvisada. Diferente do nosso samba, também de origem afro, o jazz sempre se notabilizou, principalmente, por seus instrumentos clássicos: sax, trompete, piano, bateria, trombone, baixo Enquanto no Brasil era permitido aos negros cantarem e dançarem nas senzalas, o mesmo não acontecia nos Estados Unidos. Várias bandas marciais foram formadas, aproveitando a disponibilidade dos instrumentos usados nas bandas do exército. Um pianista negro não podia ser aceito em salas de concertos, mas poderia ser encontrado tocando na igreja ou tinham oportunidades de trabalho em bares, clubes e bordéis. Diversas bandas marciais, encontraram serviço particularmente em funerais luxuosos. Neles, se tocava música solene no caminho do cemitério. Alcides de Oliveira Lima, carinhosamente chamado de “Cidão” relata um pouco da história desse fenomeno musical brasileiro que já dura 45 anos, o Traditional Jazz Band, ou TJB para os seus admiradores.
Cidão você nasceu em que cidade?
Nasci em Sorocaba no dia 7 de julho de 1940, estou com 69 anos de idade mas com um corpinho de 68 anos! Cursei o Primário no Grupo Escolar "Visconde de Porto Seguro" minha primeira professora foi Dona Messias, era muito boazinha. Depois fiz a OSE. Eu fazia teatro amador em Sorocaba, fizemos a peça “Eles Não Usam Black-Tie” de Gianfrancesco Guarnieri. O Guarnieri foi assistir, gostou da minha atuação e me convidou para substituir o Flávio Migliacio que hoje está na Rede Globo. Era para fazer o papel do Chiquinho na peça. Fui, gostei da experiência e com 18 anos de idade, incompletos, eu mudei-me para São Paulo para fazer teatro. Fiz algumas peças, mas vi que a coisa era difícil para manter uma vida financeiramente estável. Acabei concluindo meus estudos e me formei em economia indo trabalhar na indústria automobilística.
Logo que você mudou-se para São Paulo foi morar onde?
Fui morar no bairro Ipiranga. Minha tia tinha a Padaria Silva Bueno, ficava perto do Grupo Escolar Visconde de Itaúna, quando tinha de 11 a 13 anos de idade , ia com meu irmão passar as férias na padaria. Era a minha diversão! As minhas férias mais maravilhosas era ajudar a minha tia na padaria. Eu tenho um carinho especial pelo bairro do Ipiranga.
Em qual escola você formou-se?
Fiz a Escola de Administração de Negócios na FAAP Fundação Armando Álvares Penteado, do Largo São Francisco. Eu já tinha feito contabilidade na OSE Organização Sorocabana de Ensino.
Você já tocava algum instrumento musical nessa época?
Eu tocava bateria desde os 16 anos de idade. Na Orquestra Irmãos Cavalheiro formada por quatro irmãos eu tocava bongô, como se dizia na época eu era “de menor”. O Comissário de Menores ia até o local do show para ver se havia algum menor presente. Os músicos eram pessoas com altura superior a um metro e noventa, eles ao perceberem a presença da autoridade, ficavam em pé e com isso ninguém me via. Dava-se o inusitado acontecimento do “bongô mágico”, ouvia-se o som do instrumento sem que soubessem quem era o artista que estava tocando! Depois passei a tocar tumbodora, que são dois bongôs maiores, juntos. A banda explorava um show de meia hora durante o baile, era um show de chá-chá-chá, mambo. Estava no auge! Passei a tocar tumbadora, maraca, durante o show eu usava aquelas roupas todas coloridas. Com isso passei a ter cada vez mais ritmo. O baterista, João Cavalheiro disse que iria me ensinar a tocar bateria. Aos 16 anos de idade comprei a minha primeira bateria, nacional, marca Gope. Logo depois adquiri uma bateria Pingüim. Um dia o João Cavalheiro me disse: “Cidão, você está pronto para apresentar-se como um bom baterista, já tem 18 anos de idade. Eu gostava muito de um tema do filme “O Homem do Braço de Ouro” é um tema específico para bateria, fiz, e no final chorei de emoção por ter realizado aquele solo.
Em seguida você mudou-se para São Paulo?
Cheguei a São Paulo para fazer teatro, fui fazer a peça “Arena Conta Zumbi”, e nessa peça precisava fazer uns batuques, umas músicas meio misteriosas da África. Disseram-me: “- Batuque você pode fazer, mas precisamos de um clarinete, saxofone, algo assim”. Deram-me uma indicação de que o Tito Martino tocava clarineta, ele já fazia jazz em um quarteto. Ele me convidou para fazer parte de um grupo de jazz. Disse-lhe: “- Só que não tenho bateria, eu vendi a minha quando vim para São Paulo”. Ele então respondeu: “- Vamos até o bairro Ipiranga, tem uma pessoa que tem uma bateria, ele pretende ser o baterista, mas acho que não reúne as condições necessárias”. Fomos até lá, peguei a bateria, passei a tocar, a impressão é de eu já a tocava por uns quinhentos anos! A pessoa emprestou a bateria, eu fazia teatro ao mesmo tempo. Estava concluindo meus estudos, passei a trabalhar no meu primeiro emprego, foi na Ford. Logo depois comprei a minha própria bateria e começamos a tocar.
Você é filho único?
Somos quatro filhos: meu irmão mais velho, com 10 anos a mais do que eu, falecido, outro é o Armando de Oliveira Lima, jornalista em Sorocaba, foi professor de filosofia pura na Faculdade de Filosofia. Outro irmão, nascido dois anos antes de mim, e que é promotor público aposentado. Eu sou o irmão caçula!
Como é o nome dos seus pais?
Meu pai é  Antenor de Vieira Lima e minha mãe Amélia Marchesini Lima.
Seu pai era músico também?
Só o meu tio Agenor, irmão do meu pai é que tocava violão. Mais ninguém na família era músico. Não tenho essa veia musical da família, acho que a inaugurei! Meu filho já toca bateria.
E o músico que faz parte do TJB, o Carlos Lima, é seu parente?
Não é meu parente, mas é meu compadre! Tive o prazer de batizar o filho dele.
Em que ano você casou-se?
Foi em 1964, na cidade de Santos. A minha esposa Vera Lúcia é de Santos. Tudo começou quando fui com um dos meus irmãos fazer uma palestra, eu estava no palco, com meu irmão, na platéia estava a Vera. Olhei para ela e um ano e nove meses depois casamos. Foi em 19 de dezembro de 1964. Dia 19 de dezembro próximo estaremos completando 45 anos de casados. Um único casal completar esse período de tempo casados é marcante. Casar diversas vezes e somar esse tempo de casado é fácil. Temos três filhos maravilhosos: Miriam, Márcia e Marcelo.
Você continua viajando muito ainda?
Trabalho em uma empresa de consultoria, eu visito as distribuidoras Toyota. Acabei de chegar de Feira de Santana. Isso sem falar que viajo com a banda.
Quem fez o logotipo da banda?
Foi João de Deus Cardoso, ele é um artista gráfico. O piston é um instrumento líder da banda e o verde e amarelo são as cores do Brasil. Viajamos bastante com a banda para o exterior.
Como a sua esposa Vera encara a sua profissão de músico?
Quando nos casamos eu já era músico. Voltava tarde para casa, ela foi muito compreensível, sei que não foi fácil para ela, ter um marido que chegava de madrugada. Quando as crianças nasceram, o intervalo de tempo de nascimento entre uma e outra foi próximo. Da Miriam para a Márcia foram 18 meses, da Márcia para o Marcelo foram 13 meses. Com isso eu fiquei afastado da música por um período de sete anos.
Você pratica algum esporte?
Lá no passado, bem no passado, eu joguei futebol na posição de meia-direita, jogava bem mal. Joguei o que chamávamos de pingue-pongue, hoje tênis de mesa. Pouca gente sabe, mas eu fui campeão paulista de futebol de botão! Na Ford tínhamos um clube dos funcionários, cheguei a ser diretor social desse clube e começamos a fazer competições com times de outras indústrias automobilísticas. Existia a Federação Paulista de Futebol de Mesa, envolvendo uma série de outros clubes.
Além do jazz você gosta de outro tipo de música?
Gosto de todas as músicas, para mim só existem dois tipos de música: de boa qualidade e de má qualidade.
Grandes nomes da música nacional estão movimentando-se para diminuir a carga tributária que incide sobre as mídias (CD, DVD), com o intuito de tornar mais acessível para o grande público as obras gravadas. Qual é a sua opinião a respeito?
O problema que existe no Brasil é de natureza cultural. Nós estamos disponibilizando os nossos CDs na internet, no portal UOL. Praticamente paramos de gravar CDs para a venda. Na minha opinião, mesmo diminuindo a carga tributária não irá resolver o problema.
Você ja escreveu algum livro?
Não. Ainda não. Estamos com o projeto de escrever.
O que você sente ao executar uma música de jazz?
Eu não sei explicar. Na primeira vez em que estive em New Orleans me senti em casa. Com essa sensibilidade, quando faço jazz me sinto transportado para essa época, 1910, 1912, 1915, 1930. Acho que sempre fui jazzista e não sabia disso. Executando jazz sinto que preencho a minha vida, não consigo me imaginar sem o jazz tradicional. Quando eu parei de tocar por sete anos, disse para mim mesmo, agora pretendo não parar nunca mais. Após trabalhar por 35 anos na indústria automobilística, me aposentei. Disse a minha mulher: “- Vera! Vou fazer o que eu gosto!”. E comecei a trabalhar com música, 90 dias depois eu estava tocando, fazendo música e infeliz! Perguntei a Vera o que estava acontecendo. Ela disse-me: “- Você precisa fazer uma coisa diametralmente oposta a música para que você possa merecer a música!”. As mulheres são sabias. Passei a trabalhar com consultoria, nunca mais tive esse tipo de problema. Merecendo a música, eu me transportava de novo!
Qual foi a sua mais grata surpresa?
A minha mais maravilhosa surpresa são os meus netos! Filho é maravilhoso, mas netos...
Quantos netos você tem?
Sou um avô babão, tenho três netos, uma menina de 12 anos, a Priscila, um menino de 10 chamado Henrique e uma pequenininha, o nosso encanto, chamada Isabella, que fez um ano em 13 de novembro. No mundo musical a grata surpresa é nós da banda termos conseguido realizar 70 por cento da escola jazzistica.
Qual foi o show mais contagiante?
Existem vários, citar especificamente um é dificil. Um muito marcante foi quando fomos tocar para um hospital nos Estados Unidos, eram crianças com necessidades especiais, montaram tudo para nós, fizeram botons, lembro-me perfeitamente que ao término do show uma criança com um braço muito fininho começou a carregar a cadeira para guardar no lugar correto. Eu quiz ajudar, ao que a menina respondeu: “- Você fez a sua parte muito bem feita, agora é a minha parte!”. Isso foi tocante.
Durante um show sempre tem o indivíduo incoveniente. Você lembra-se de algum?
Tem! Há uma história de tres mulheres incovenientes. Adoro fazer trocadilhos, é um humor inteligente. Nós estavamos tocando no Opus 2004 e dissemos assim: “-Vamos fazer 15 minutos de intervalo e voltaremos mais bebados do que nunca!”. Diziamos isso em tom de brincadeira. Os 15 minutos de músicos não deve ser levado a sério. Foram 35 minutos! Quando voltamos, peguei o microfone, tinha três senhoras, aquelas de tailleur, aspecto de executivas, uma delas passou a mão no meu microfone, não pediu licença e disse para mim: “-Olha, nós consumidores estamos sendo enganados! Esta figura que está aqui no palco mentiu para nós! Disse que o intervalo seria de 15 minutos, eu marquei no relógio exatos 37 minutos! Isso é uma afronta! Eu de posse do microfone disse-lhe: “A senhora tem razão! Em homenagem a senhora daqui para frente vamos fazer menos pausa!” O público não se conteve! Temos também os chatos de plantão.
Tem aquela figura que pede para tocar uma música que não tem absolutamente nada a ver com jazz?
Têm! A música que esse tipo sempre pede é o “Parabéns Á Você”! Nós tivemos até que fazer um arranjo especeial. Dizem: “-Toca poque hoje estou com a minha namorada e é aniversário dela! Ou é a mãe, a sogra. Fazemos jazzisticamente o “Parabéns Á Você”. Os que não entendem de jazz pedem músicas que estão nas paradas de sucesso! Isso nós não fazemos. Em Nova Iorque pediram que fizesemos um sambinha. O Edo Callia sugeriu que fizessemos o “In the Mood” que é o “Edmundo”, a letra em português. Saimos durante o dia, fomos comprar tamborim, pandeiro, e a noite apresentamos. Acabamos incluindo em nossos shows até hoje.
Onde foi o local mais exótico onde vocês tocaram?
Foi em Porto Velho, em um restaurante que ficava em cima de uma árvore. Colocaram entre duas árvores um tabladão, era um restaurante, tocamos lá. Outro local exótico foi dentro do avião da VASP.
Em New Orleans há a tradição de uma banda de jazz acompanhar um enterro. Já ocorreu isso com vocês no Brasil?
Já acompanhamos três enterros e uma missa de sétimo dia. Dois enterros foram no Cemitério da Consolação. Outro falecido deixou em testamento que fosse enterrado nos moldes dos funerais de New Orleans.

sábado, novembro 07, 2009

A presença masculina no ballet

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 07 de novembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/
http://blognassif.blogspot.com/




Legenda da Fotografia:
Da esquerda para a direita:
Sentadas: Cinthia Andriota Corrêa, Giulia Achek Torquetto, Mariana Etezarife de Toledo Ferreira. Logo atrás seus pares: Danilo Chiodi, Cesar Augusto Stenico da Silva, John Albert Almeida Machado da Silva. Em pé os professores: Marcelo Rodrigues de Moraes, Jussara Maria Siqueira Sansígolo e Dayane Keller Ribeiro . Foto: João Umberto Nassif.
ENTREVISTADOS: ALUNOS DO BALLET CLÁSSICO JUSSARA SANSÍGOLO
(A presença masculina no ballet)
Em Piracicaba a escola Ballet Jussara Sansígolo se empenha em desmistificar o balé para os rapazes. É emocionante ver a compenetrada Mariana Etezarif dançando com o pequeno John Albert. A dupla formada por e Giulia e Cesar Augusto parece estar dançando em meio a nuvens, hipnotizam a atenção de quem assiste. A sincronia de movimentos precisos, técnica perfeita da dupla Cinthia e Danilo mostra uma dança de muita expressão, grande vigor, fruto de provavelmente muitas horas de ensaio. Os professores de ballet Dayane e Marcelo formam um belo casal, já na fase dos preparativos para o casamento, entreolham-se de forma apaixonada na vida real, retratando o que ocorre no palco. John Albert Almeida Machado da Silva nasceu em 28 de julho de 2001 em Salvador, Bahia, é soteropolitano como faz questão de afirmar. Em poucos instantes percebe-se que é um garoto espontâneo, desinibido. Cesar Augusto Stenico da Silva nasceu em Piracicaba em 13 de abril de 1995, está em plena fase de adolescência. Danilo Chiodi é natural de Piracicaba, nascido em 8 de março de 1992, já planeja seu futuro com todas as opções que visualiza.
John Albert você é um bom aluno?
Sou! Estudo na segunda série. Sou capoeirista, jogo futebol no Pinta de Craque, onde sou meio de campo. Terça-feira meu time ganhou de 3 a 1, eu fiz 2 gols. Sou surfista, tenho uma prancha de um metro e meio, ela é vermelha e branca. Pratico o surf quando vou á praia, costumo freqüentar Iguape. Treino judô também.
O que você pensa em ser quando crescer?
Jogador de futebol da Seleção Brasileira, e pretendo continuar a dançar ballet.
Cesar Augusto como você descobriu o ballet?
Eu fazia dança de salão, quando a minha amiga e colega de escola, Luana, começou a falar sobre ballet. Faço a oitava série do estudo fundamental.
Danilo quando você conheceu o ballet?
Eu já nasci dançando! Desde que me conheço por gente eu já dançava, em casa, era só tocar uma música eu já estava dançando. Minha mãe conta que ainda muito pequeno eu gostava de dançar. Praticamente dançava dentro do berço! A minha atenção despertou para o ballet quando eu tinha 15 anos de idade, ao assistir a uma apresentação pela televisão. Passei a procurar uma escola de ballet, estou aqui com a professora Jussara já faz um ano. Estudo no terceiro ano colegial. Quando estou praticando o ballet despejo toda a pressão, stress do dia-a-dia. Se eu ficar uma semana sem ensaiar passo a me sentir estressado. A minha relação com o ballet é muito intensa. Eu trabalho dançando! É só estar tocando uma música que eu gosto e passo a ensaiar algum passo, não de forma tão explicita como na escola de ballet. Ao ouvir uma música posso criar um passo, e naquele exato momento tento ensaiar esse passo, se não fixar no momento exato mais tarde é difícil de lembrar. Isso as vezes pode ocorrer em meio a uma multidão!
Ao ouvir uma música sertaneja você acompanha os compassos da música dançando ballet?
Acompanho! Não que seja a minha música preferida para dançar, mas sou bem eclético.
Danilo, nessa fase da sua vida, existem inúmeras opções de carreiras a seguir, você já definiu alguma?
Há um leque de opções, tenho alguns planos. Para tomar a decisão acertada tem que ser fruto de uma análise cuidadosa. Trabalho em uma empresa já há dois anos.
Danilo, você percebe algum tipo de preconceito pelo fato de praticar ballet?
É interessante observar que da parte dos jovens da minha idade eu não sinto um preconceito efetivo, isso não significa que foi totalmente eliminado, mas as manifestações de preconceito são quase inexpressivas. Houve uma evolução da cultura, a geração atual está mais liberal. Algumas pessoas de gerações anteriores ainda conservam certos conceitos da sua época, onde havia um forte preconceito em relação ao ballet.
Cesar você recomenda o ballet como atividade física?
Para quem gosta de dançar eu recomendo. Para mim o ballet é mais do que uma dança.
Quando pratico o ballet me desligo bastante dos problemas do cotidiano.
Você já se pegou distraidamente ensaiando algum passo em plena rua?
Já! E bastante. Quando eu saio da aula de ballet, vou embora á pé, caminho ainda “viajando”!
Quando você está em casa, ao surgir uma cena de dança na televisão seus familiares o chamam para ver?
Esses dias em uma novela a Ana Botafogo, primeira-bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro estava participando. Minha avó e meu pai me chamaram para ver a apresentação dela.
John quem foi a primeira pessoa que você viu dançando ballet?
A minha mãe, que é professora de ballet. Eu disse que também queria dançar, isso foi em Salvador, só tinha eu como aluno, o resto da turma era formada por meninas.
Você achou bom em ser o único garoto entre tantas meninas?
Achei. Elas falavam que eu era bonitinho.
Quando você realizou sua primeira apresentação pública?
Eu tinha três anos de idade, foi “Soldadinho de Chumbo”. Dançar ballet me deixa muito feliz.
É fácil apoiar-se nas pontas dos dedos dos pés?
É só ficar na ponta dos dedos dos pés e ter postura, deixar á costa reta.
Mariana Etezarife de Toledo Ferreira, você nasceu em 1 de agosto de 2002, hoje tem sete anos de idade.
O John é seu parceiro de dança, qual é sua opinião sobre ele?
Ele é legal, muito divertido, acompanha meus movimentos.
Giulia Achek Torquetto você nasceu em Piracicaba em 18 de março de 1999. Quando você descobriu o ballet?
Eu sempre gostei muito de dança, a minha mãe freqüentava um curso, comecei a fazer-lhe companhia, foi quando vi uma moça dançando ballet. Curiosa, perguntei que dança era aquela. Logo depois passei matriculei-me na escola Jussara Sansígolo, e estou aqui já faz sete anos. Estudo na quarta série escolar.
Como é o Cesar Augusto como parceiro de dança?
Muito legal! Uma simpatia imensa.
O que as suas amigas acham do fato de você dançar ballet?
Todas as minhas amigas praticam algum tipo de dança. Elas me prestigiam bastante, vão assistir ás minhas apresentações.
Você faz algum tipo de regime alimentar?
Não faço nenhum tipo de regime. Como de tudo.
Você recomenda o ballet para manter a forma física?
Recomendo!
Cinthia Andriota Correa, você nasceu em Piracicaba a 31 de março de 1989, é parceira de dança do Danilo. Qual faculdade você freqüenta?
Estou cursando o terceiro ano de Direito.
Seus colegas de faculdade sabem que você dança ballet?
Sabem, eles adoram! Sempre me perguntam quando será a minha próxima apresentação.
Você pretende exercer a profissão de advogada?
Quero atuar na área, mantendo a também a minha dedicação ao ballet, pretendo ser professora de dança.
Em sua opinião, a atuação masculina no ballet tem alguma descriminação?
Acredito que o fator cultural influencia muito, mas vejo que há um preconceito, são pessoas que falam de um assunto que não conhecem.
Como é o ambiente com a participação dos rapazes?
É uma delícia! A cada dia sentimos sentimo-nos em uma família. Somos amigos em todos os momentos, nos dias felizes, em nossos desabafos.
Seu namorado não é uma pessoa que pratica ballet. Qual é a opinião dele?
Ele me apóia muito.
Qual é a sensação de se apresentar em um palco como bailarina?
É uma sensação inexplicável. Sinto tudo ao mesmo tempo, medo de errar, alegria, cada coreografia passa um sentimento.
A vida de uma bailarina é disciplinada?
Os hábitos devem ser os mais saudáveis possíveis. O consumo de álcool e o uso do tabaco são totalmente excluídos. Durmo cedo. O ballet reflete o estado de saúde da pessoa.
Como é o Danilo, seu parceiro de dança?
Faz tudo certinho! Ele tem uma estatura ótima para dançar com um metro e oitenta e cinco centímetros de altura.
Marcelo Rodrigues de Moraes, você é nascido em São Paulo, em 28 de novembro de 1973. Você chegou a Piracicaba quando?
Minha família veio residir em Piracicaba quando eu tinha 3 anos de idade. Fiz os estudos básicos, fui aluno da escola Sud Mennucci, fiz o curso de Tecnólogo em Sistemas Produtivos, conclui o curso de pós-graduação na área.
Como você conheceu o ballet?
Houve uma apresentação para os funcionários do então Banespa, no Teatro Municipal de Piracicaba, a minha tia era funcionária do banco e me convidou para assistir o espetáculo. Eu gostei do desempenho do artista, saltando, girando, até então eu tinha praticado caratê, jogava futebol. O que me despertou a atenção foi o fato de perceber que não era apenas uma seqüencia de movimentos mecânicos, a pessoa colocava a alma naquilo que estava apresentando. É inexplicável. Em 1992 iniciei o curso de ballet, em 1995 a Jussara precisava de um bailarino e eu vim para esta escola.
No inicio, passou pela sua cabeça o fato de haver quase que só mulheres como alunas?
No começo, que foi em outra academia, eu não comprei nenhum dos itens necessários á prática de ballet. Eu queria ter a certeza de que era isso mesmo que eu queria. Após 3 meses, percebi que o ballet estava me beneficiando, fui fazendo aulas, gostando. Em 1992 o preconceito era muito mais pesado do que é hoje, nem se compara. Senti isso até por parte do meu pai. Ele dizia que isso não é coisa que homem faz.
Isso é coisa que homem faz?
É. Qualquer coisa é permitida ao ser humano realizar. Temos mulheres dirigindo ônibus, jogando futebol. Para a pessoa fazer sua opção sexual ela não tem a necessidade de dançar ballet.
Dayane Keller Ribeiro com quantos anos você iniciou o ballet?
Eu tinha seis anos de idade, foi em 1985. Meu tio que também era meu padrinho me fez estudar ballet clássico, violão, depois me matriculou no curso de piano. Aos dez anos de idade ele achou que eu deveria fazer uma opção, pois eu estava já com muitas atividades simultâneas. Eu escolhi o ballet clássico. Meu inicio já foi na Academia Jussara Sansígolo.
O ballet é uma atividade que exige muita disciplina?
O ballet motiva tudo: disciplina, postura, educação. Amo o ballet, a minha terapia é a dança. Limpa o corpo, a alma. Não é apenas dançar, tem que ser trabalhado o corpo e a mente, é necessário o uso do raciocínio. Ballet é saúde, paz de espírito.
Você e o Marcelo são professores da escola, como é conviver com essas idades tão diferentes que freqüentam os cursos?
Eu dou aula para pequenos como o John, para adolescentes, e é interessante observar que os adolescentes que são nossos alunos não se enquadram na denominação “aborrecentes”. Isso dentro e fora da escola.
Quando você conheceu o Marcelo?
Foi em 1995, quando ele foi convidado para dançar aqui na academia, eu fazia o papel principal e era necessário ter um bailarino. Na época ele tinha uma namorada. Em 1996 dançamos o ano todo juntos, no final do ano, em novembro ele deixou a namorada. Até então éramos apenas bons amigos. No dias 26,27 e 28 de novembro de 1996 dançamos juntos. Em 1997 começamos a namorar.
Marcelo como você idealiza a cerimônia do seu casamento com a Dayane?
Nós queríamos dançar Pas de Deux de Quebra Nozes no Teatro Municipal. Hoje existe uma burocracia na igreja que impede a vinda do padre até o local. Há também a questão financeira relativa á locação do teatro. Nem que seja necessário ensaiar por seis meses, eu desejo realizar meu sonho.

domingo, novembro 01, 2009

PALESTRA IMPERDÍVEL

Dia 28 de Novembro, palestra de Jean-Claude Relegieux tendo como tema: “Engenho Central e Presença Francesa na Região de Piracicaba”



Local: Museu Pedagógico Prudente de Moraes, Rua Santo Antonio, 641


Horário: 9:00 horas da manhã. Entrada Franca.

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