sábado, dezembro 05, 2015

JOAO BUENO DE OLIVEIRA FILHO



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 de novembro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: JOAO BUENO DE OLIVEIRA FILHO

Nascido a 10 de janeiro de 1924, na cidade de Piracicaba. “Nasci no prédio que mais tarde veio a ser a Loja do Zequita, esquina com a Rua Moraes Barros”. Filho de João de Oliveira Bueno e Francisca Vaz de Melo Castanho Bueno. Ela era natural de Jaú. Tiveram doze filhos, sendo que cinco faleceram ainda muito novos. Entre os sete que cresceram estão: João, Nelson, Ilka, Themis, Cecília, Ceres e Celso.
Qual era a atividade profissional do pai do senhor?
Meu pai era comerciante. Trabalhou com diversas mercadorias, tendo se especializado
em ferragens.
O primário o senhor estudou em qual grupo escolar?
Fiz o primário no Grupo Escolar Moraes Barros. Ia de manhã, à  pé, algumas ruas eram calçadas com paralelepípedo, a maior parte era de ruas de terra. Minha primeira professora foi Dona Mimi. Ela era idosa, aposentou-se. Entrou sua filha em seu lugar: Dona Odila, que não ficou muito tempo. Veio Dona Helena Elias, que permaneceu menos tempo ainda. A seguir veio Dona Antonieta, que permaneceu bastante tempo.  Ela era esposa do Sr. José de Assis que era proprietário da Livraria Americana, situada na Rua Moraes Barros próxima a Rua Governador Pedro de Toledo, ao lado do Jornal de Piracicaba.
O ginásio em qual escola o senhor estudou?
Fui estudar na Escola Normal Oficial de Piracicaba, que mais tarde recebeu o nome de Instituto Sud Mennucci. Na época o diretor era Fausto Lex. Lá tive aulas com Thales Castanho de Andrade, que não só deu aulas, como foi o diretor da escola. Erotides de Campos foi meu professor de química, eu gostava muito dele. Fui aluno dos irmãos Dutra: Benedito, João e Arquimedes. Lamartine Coimbra foi diretor da escola após Thales Castanho de Andrade.
Qual era o uniforme utilizado pelos alunos na época?
Só as meninas utilizavam uniforme, saia azul e blusa branca, os meninos iam de roupa normal. A Escola Normal foi uma referência no ensino do Estado de São Paulo, para ingressar havia um exame seletivo que era prestado pelo aluno. Era o chamado “Exame de Admissão”. Havia na cidade diversos cursos preparatórios para fazer esse exame. Eu não fiz curso preparatório, a situação econômica familiar estava difícil. Meu pai conseguiu um livro de nome “Exame de Admissão”, Estudei pelo livro. O exame de admissão, na época, era composto por prova escrita e oral. O primeiro ano ginasial tinha onze matérias, inclusive francês e latim. Inglês era na segunda série. O curso ginasial era composto por cinco anos de estudo. Ai poderia escolher se queria fazer o Curso Normal ou seguir os estudo e prestar o vestibular, nesse caso tinha que fazer o curso preparatório fora de Piracicaba. Eu tinha o desejo de estudar Engenharia Mecânica. Só que as nossas condições estavam difíceis financeiramente. Fiquei um ano sem estudar, ajudando o meu pai. No ano seguinte decidi fazer o Curso Normal, saia com o título de professor primário.  E Fiz. Foram dois anos.
Após concluir o curso o senhor foi lecionar?
Não. O professor primário ganhava muito pouco. Acho que na época era o tempo do cruzeiro, um professor primário ganhava 380 cruzeiros. Eu ficava no balcão com o meu pai. Lá era vendido material agrícola especialmente, arados, ferramentas.
Essa loja ficava em que local?
Ficava na Rua Governador Pedro de Toledo, 1.195. Chamava-se Casa Bueno.
Os clientes compravam e pagavam a vista ou deixavam para pagar na época da safra?
Não havia fiado! A maior parte da clientela era da zona rural, eles vinham com a carrocinha, comprava enxada, machado, arame farpado, peças de arado, tintas, material para construção.
Esse material era adquirido pela loja de que forma?
Comprava-se em São Paulo, vinha transportado por trem, pela Companhia Paulista ou pela Estrada de Ferro Sorocabana. Mais pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Os carroceiros que ficavam fazendo o ponto na estação traziam até a loja. Na Estação Sorocabana havia vários carroceiros, pediam para retirar, eles retiravam. Os carroceiros ficavam mais na Estação Sorocabana, as compras que meu pai fazia vinham mais pela Companhia Paulista. Eles iam até lá, carregavam e traziam. Eram aquelas carroças com raios de madeira e aro de ferro em volta. Quando era um volume pequeno, que dava para trazer na mão eu mesmo ia buscar, ia e voltava a pé. Vendia-se de tudo, inclusive navalha, havia a navalha Solingen, era uma navalha alemã muito conceituada. Havia que dissesse que a navalha feita com aço sueco era superior. Nessa época eu tinha uns dezessete a dezoito anos. Eu nem pensava em dar aula para o curso primário. Sempre fui muito bom aluno de física, tinha sido aluno do “Dudu” de Almeida Prado. O professor catedrático de física era o Hélio Penteado de Castro, só que ele estava comissionado ocupando altos cargos na capital. O “Dudu” era o professor assistente. Apareceu um piracicabano, morador de Penápolis, ele tinha vindo à Piracicaba para visitar alguém da família, veio também com a missão de encontrar um professor de física, que estava faltando em Penápolis. Falou com um amigo nosso, um farmacêutico, perguntou-lhe se conhecia alguém que poderia dar aulas de física. Ele foi falar com o meu pai que me perguntou se queria dar aulas de física. Disse-lhe que queria. Veja a diferença, o professor primário ganhava 380 cruzeiros, o professor secundário ganhava 2.200 cruzeiros. Logo depois passou para 2.600 cruzeiros. Era um salário bom.
Qual condução o senhor usava para ir à Penápolis?
Fui residir lá. Ia de trem pela Companhia Paulista até Bauru, lá embarcava na Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Era mais ou menos 16 horas de viagem.
Lá o senhor foi morar em pensão?
Fiquei morando em um hotelzinho. Tinha outro professor, Luciano, que estava em um hotel mais caro, disse-lhe que eu iria ficar no hotel que era mais barato. Eu queria guardar dinheiro para casar. No dia seguinte o Luciano veio falar comigo, disse-me: “- João, eu acho que você tem razão!” Falei com o dono do hotel, não tinha mais quarto disponível, Ele fez um desconto, ficamos os dois no mesmo quarto.
Quanto tempo o senhor ficou lecionando lá?
Fiquei uns quatro anos. Até hoje me envaideço, sempre fui um bom professor, recebi e recebo muitas visitas de ex-alunos. Eu os motivava a gostarem de estudar física. Se o aluno gostar da matéria ele aprende.
Qual é o segredo para aprender física?
Não tem nenhum segredo. Tem que gostar da matéria e estudar. A física envolve muita matemática. Até hoje eu gosto! As quatro operações eu faço através de calculo mental, não preciso escrever. Os cálculos pequenos eu faço rapidamente. Após quatro anos em Penápolis fiz o concurso para lecionar física e passei. Fui dar aulas em Tietê, na Escola Estadual Plínio Rodrigues de Morais, fiquei alguns anos lá. Eu ia de ônibus,  diariamente para Tietê, meu pai estava precisando de mim aqui em Piracicaba, por comodidade me transferi para Capivari, ia e voltava todos os dias pela Estrada de Ferro Sorocabana. Prestei concurso e vim dar aulas em Piracicaba, no Sud Mennucci. Isso foi pro volta de 1960. Fui aluno, professor e diretor do Sud Mennucci. Muitos daqueles que haviam sido meus professores ainda estavam lá.  Erotides de Campos ainda estava lecionando. Antonio Maria Sampaio o “Atonello”. Arlindo Ruffatto era o diretor. Quando ele tirou férias me indicou e o substitui por 30 dias. Achei que precisava melhorar meu salário, e em Capivari havia sobra de aulas de matemática, eu poderia assim ter um salário maior. Nessa época eu já tinha três filhos: João, Marilia e Célia. Eu me casei no dia 12 de fevereiro de 1946 com Marília Zita Pedroso. Em Piracicaba morei um bom tempo na Rua São João perto da Rua D.Pedro I.
O senhor prestou mais algum concurso no Estado?
Fiz três concursos para diretor, fui aprovado nos três. O que achei mais interessante foi em Matinópolis. Fui para lá com a família. Permaneci uns cinco ou seis anos. Fui me removendo, queria voltar à Piracicaba. Não me lembro mais a ordem, mas entre as cidades em que fui diretor, uma delas foi São Sebastião, no litoral. Muito marcante foi uma escola que dirigi em uma cidade denominada São Bento do Sapucaí. Permaneci lá uns sete ou oito meses. Gostei muito de lá. Fui para Martinópolis. Fiz concurso para supervisor de ensino.  Fui Supervisor de Ensino em Mogi das Cruzes. Depois me removi para Guarulhos. Em Guarulhos tornei-me Delegado de Ensino. Permaneci por vários anos lá. Guarulhos já era uma cidade importante. Em 1980 aposentei-me, como Supervisor, Delegado de Ensino era um cargo feito por nomeação. O secretário da educação era José Bonifácio Coutinho Nogueira.
O senhor conheceu algum Governador de Estado?
Conheci quando era menino. Meu pai não era político, mas tinha boas relações, houve um banquete no Clube Coronel Barbosa, em homenagem a Armando Salles de Oliveira, meu pai disse-me: “Vou levá-lo para você ver o governador!” . Fui.  Vi o homem entrar, ele me abraçou, era alto, magro.
Em 1980 o senhor aposentou-se, qual foi sua próxima iniciativa?
Quando faltavam quatro anos para me aposentar, pesei: “- O que vou fazer quando aposentar-me?”. Fui fazer a Faculdade de Direito em Mogi das Cruzes, na Faculdade Brás Cubas. Aposentei-me e fui advogar, atuei na área civil, publiquei três livros na área de direito. Advoguei por quase 20 anos.
O senhor deve ter muitos casos curiosos que ocorreram em sua atuação como advogado.
Tive uns três ou quatro casos em que fiz a conciliação do casal apenas aconselhando-s a refletir um pouco mais sobro o que de fato desejavam. Se deixei de perceber honorários ganhei em ver que meus conselhos foram proveitosos.
Qual é a maior dificuldade encontrada no direito?
É o português! A redação. Algumas vezes o juiz não sabe exatamente o que a pessoa quer, a redação é feita de forma incompreensível.
Os artigos que o advogado cita em uma petição ele tem que saber de memória?
O advogado não precisa decorar todos os artigos e parágrafos. Sempre tive boa memória e guardava o número do artigo e a que ele se referia. Eu tinha uma boa biblioteca. E lia.
Em que ano o senhor parou de advogar?
Mais ou menos em 2000.
Os clientes dão preferência aos jovens advogados?
Já pensei dessa forma, hoje já não penso mais assim. O advogado com mais tempo de experiência pode levar vantagens.
O senhor também é luthier?
Eu faço. Às vezes sai muito bom.
Que instrumentos musicais os senhor fabrica?
Instrumentos de corda: viola, violão. Pego a madeira crua, trabalho, corto.
Que madeira o senhor usa?
A que aparece, não dá para escolher. Não se acha mais cedro, jacarandá. Compro a tábua, grossa, tem que ir afinando.
Quanto tempo o senhor leva para fazer uma viola?
É difícil responder, posso levar uma semana ou um mês. Depende de uma série de fatores, da minha disposição, do que eu tenho pronto, do estado da madeira. 
Som de viola é como impressão digital, nenhum som é igual ao de outra viola?
É exatamente isso. Eu tinha duas harpas, o restaurante “Coisas di Buteco” que fica na Rua Alferes José Caetano, 1232 ficou sabendo, interessou-se por uma delas e adquiriu uma harpa mais para efeito decorativo. Fui muito amigo do Sebastião Rodrigues Pinto, proprietário da Casa Edson, eu tinha conhecimento técnico de rádio, às vezes dava uma mão para ele quando algum técnico, daí surgiu uma grande amizade, ele é pai da Cidinha Mahle. Perguntei-lhe: “Será que o seu marido quer uma harpa de presente?”. Ela disse que sim.
Quantas cordas tem uma harpa?
A que eu fiz tem 36.
Como o senhor aprendeu a fazer instrumentos musicais?
Não aprendi, fui vendo.
O que senhor sente quando termina um instrumento musical?
Sempre gostei de mexer com ferramentas. Para se fazer uma idéia, quando fui completar cinco anos meu pai perguntou-me qual era o presente que eu desejava. Disse-lhe: “-Um martelo!” Meu pai sugeriu que eu pedisse um brinquedo, eu respondi-lhe que com o martelo eu poderia fazer meus próprios brinquedos. No dia do meu aniversário ele trouxe um martelo, eu recusei. Não era um martelo de sérico, era um enfeite, não era um martelo de orelha daqueles que se tira o prego. Passado um tempo ele disse-me: “-Troquei o martelo para você!”
Qual é o segredo para ter a sua disposição física e mental?
É ter uma vida com frugalidade!

sexta-feira, novembro 13, 2015

ARACY DUARTE FERRARI

Entrevista realizada a 10 de novembro de 2015
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 14 de outubro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: ARACY DUARTE FERRARI

Aracy Duarte Ferrari nasceu a 12 de julho, em Presidente Alves, é filha de Anselmo Duarte Filho e Maria da Conceição Rodrigues Duarte que tiveram os filhos: Alice, Ayres, Aurora e Aracy. A atividade principal do seu pai era comerciante, tinha um restaurante em Presidente Alves. O trevo de Presidente Alves tem o nome do seu pai: Anselmo Duarte Filho. A Sociedade de Beneficência Portuguesa de Bauru tem o nome do seu avô: Anselmo Duarte.
O grande ator Anselmo Duarte tem algum grau de parentesco com sua família?
Eu conversei com ele em uma das reuniões do Clube dos Escritores, ele disse-me na época que sua mãe tinha o sobrenome Duarte e que ele mantinha o nome de sua mãe. A irmã dele chama-se Aurora Duarte o mesmo nome da minha irmã! Quem passa pelo trevo da Rodovia Marechal Rondon imagina que o nome Anselmo Duarte é uma homenagem ao artista, muitos não sabem que esse nome foi dado em homenagem a meu pai.
O grupo escolar você estudou em que localidade?
O grupo escolar estudei em Presidente Alves, no Grupo Escolar Coronel José Garcia, minha primeira professora foi Da. Maria dos Santos. Sou da primeira turma formada nesse grupo escolar. Como não havia ginásio na cidade a prefeitura mantinha um serviço de transporte de escolares entre Presidente Alves e Pirajui. Ainda era estrada de terra. Estudava no Instituto de Educação Alfredo Pujol. Lá fiz o ginásio, magistério e fiz especialização para cursar a faculdade. Fui fazer a faculdade em Bauru, sou da segunda turma da FAFIL, da Universidade Sagrado Coração de Jesus – USC. Quando fui morar em Bauru já estava casada com Aldo Ferrari, que era gerente do Bradesco. Fomos morar na Rua Adolfo Lutz.  Casamo-nos na Igreja Matriz de Santa Cecília em Presidente Alves, a 16 de julho de 1961. Quando o meu marido faleceu, eu tinha 59 anos, ficamos casados por 35 anos e meio. Contrai segundas núpcias com José de Arruda Ribeiro, agente administrativo da ESALQ. Formei-me como Pedagoga especializada em Psicologia. Eu comecei a lecionar a 2 de julho de 1960. Meu pai faleceu quando eu tinha onze anos. Minha avó Rosa Tereza de Souza tinha muita cultura, meu tio-avô foi governador do Acre. Em Ourinhos tem uma rua chamada Souza Soltelo, é o nome do irmão da minha avó.
Você além de lecionar passou a ocupar outros cargos?
Depois fui coordenadora pedagógica, diretora, na Escola Coronel José Garcia e depois em Bauru na Escola Estadual Professora Ana Rosa Zucker D'Annunziata, lá permaneci como diretora uns oito anos. Dei aulas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em São Manoel. Trabalhei por 17 anos na Escola Professor Jose Aparecido Guedes de Azevedo, em Bauru.
Quantos filhos vocês tiveram?
São quatro: Cristiane, Aldo José, Marcio Anselmo e Patrícia.
Além de Bauru, você trabalhou em alguma outra cidade após essa etapa?
Fui coordenadora de matemática em São Paulo, trabalhei na Divisão Regional de Ensino, conheci Thales Castanho de Andrade, tenho um livro dele “Caminhos da Roça”, ele foi supervisor na Região de Bauru e Presidente Alves também. Sempre gostei de saber por que determinada rua tem determinado nome, qual é o significado. As cores nacionais não têm nada a ver com as cores simbólicas da bandeira. Elas advêm dos imperadores: o verde é da família de Bragança de Portugal a qual D. Pedro pertencia. O amarelo é da família de  Habsburgo da Imperatriz Leopoldina.
Existe uma versão de que a cor verde da bandeira brasileira significa as extensas matas e florestas de todo o Brasil. O amarelo representa popularmente o ouro e a riqueza do país.
A meu ver é uma forma de apresentação das cores verde e amarelo de uma visão romântica.
Como pesquisadora, você pode afirmar que a história tem várias facetas?
Infelizmente, algumas vezes o conhecimento dado ao aluno é falho mais por responsabilidade do professor que desconhece certos fatos. Falta-lhe conhecimento da matéria que propõe a ensinar.  Ele tem um conhecimento livresco, ele limita-se a um programa a ser cumprido, ele está apoiado em um livro pedagógico, apoiado pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP). Há pouco tempo discutimos em reunião o conteúdo de alguns livros, eles foram excluídos. Não critico o professor que segue as diretrizes, ele está baseado em um contexto onde há a programação que ele deve cumprir. Portanto, o professor muitas vezes não vai além por falta de conhecimento e também porque tem que cumprir a programação pré-estabelecida. O conteúdo programático.
Aracy, dentro da sua trajetória, pode-se dizer que atingiu um cargo relevante com qual denominação?
Foi o de Supervisora de Ensino, isso dentro de uma unidade escolar. Na CENP situada na Rua João Ramalho, eu também fui uma das coordenadoras do Projeto Geometria Experimental, nas quatro Delegacias de Ensino: Bauru, Lins, Jaú e Botucatu.
Sob seu ponto de vista, o que piorou o nível dos professores ou o nível dos alunos?
Honestamente acredito que ambos sofreram um desnível. Os alunos desenvolveram-se na área de informática desde muito jovens, a escola não tem essa estrutura de informática para acompanhar essa nova metodologia. Nosso ensino está totalmente retrógrado.
O Brasil não investe em tecnologia?
Acho que em nível superior sim. Mas no ensino fundamental os investimentos em tecnologia são parcos.
Você aposentou-se em que ano?
Aposentei-me duas vezes. Trabalhei 35 anos no Estado. Aposentei-me em 1987 e em 1995.
Ao aposentar-se, sua intenção foi de não se dedicar a mais nada?
Muito pelo contrário, sempre tive essa ansiedade de realizar outras atividades. Ao chegar a Piracicaba, em 1996, o meu genro trabalha em uma empresa em Piracicaba, sabia que poderia ser útil à minha filha, meus netos ainda eram pequenos. Além do que, os outros filhos estavam na região e outra filha já morava aqui.
No período em que você trabalhou em São Paulo, continuava morando em Bauru?
Eu ia e voltava todos os dias de ônibus, pelo Expresso de Prata. Dei aulas em Araçatuba também. Íamos em um grupo as sextas-feiras a noite dar aulas na faculdade. Foi um período áureo para os professores, eram valorizados e respeitados.
Quando você mudou de Bauru para Piracicaba onde foi morar?
Fui morar na Rua Ipiranga. Eu estava procurando o que fazer. Através dos periódicos acompanhava todos os lançamentos, reuniões abertas, eu ia a todas. Vi um artigo escrito no Jornal de Piracicaba, “Amar, amar Piracicaba”. Escrevi um artigo sobre o tema. O Carlos de Moraes Júnior do Clube dos Escritores leu e teve sua atenção despertada. Concomitantemente tive contato com o Clip - Centro Literário de Piracicaba e com o  Golp - Grupo Oficina Literária de Piracicaba. Na gestão da Maria Helena Corazza fui convidada pela Rosaly Aparecida Curiacos de Almeida Leme para participar como integrante da Academia Piracicabana de Letras. Agora na gestão do professor Gustavo Jacques Dias Alvim fui convidada como bibliotecária para preservar o acervo.
Além da literatura você participa de alguma outra manifestação cultural?
Comecei a participar das artes plásticas, pintura em óleo e pastel. Estudei com a Luiza Libardi, com o Gil, Denise Storer.
Quantos livros você tem publicados?
Estou preparando o quinto livro. O primeiro deles é “Presenteando o Passado”, “Memórias em Galhos Floridos”, “Mergulho Interior” e “Tardes de Prosa”. O quinto ainda estou pensando em um nome. Em Piracicaba além de outras pessoas tive inicialmente o apoio decisivo de Lino Vitti, Cecília Bonachela e Carlos Moraes Júnior.

Quando você fala em coletâneas como podemos explicitar o seu significado?
Por exemplo, a coletânea Fênix de São Paulo, você participa de um movimento literário, resolvem ter a produção de um livro e todos participam do livro. Outras coletâneas passam por um processo de seleção. Com uma dessas coletâneas ganhei um prêmio em Pirajuí. Falo realmente da Estação da Estrada de Ferro Noroeste.








A sua forma de expressão mais utilizada é a crônica ou a poesia?
Segundo Lino Vitti e o professor Hildebrando Afonso de André, o meu forte são crônicas.
Como surge a inspiração para escrever essas crônicas?
O que me ajuda muito são as músicas. Ao ouvi-las fico sensibilizada, quem lê os meus livros diz: “Aracy! Eu li você!”. Eu me coloco muito nos livros. Gosto muito de músicas clássicas, mas ouço até forró universitário. Ouço o Padre Fábio de Mello. Gosto muito das musicas de José Augusto.
Você gosta de dançar?
Danço demais! Sempre dancei! Tenho até um texto a respeito. “Quem sou explico: Mãe e avó super protetora, corintiana pé de valsa, danço bolero, samba e salsa”.
Escrever funciona como uma terapia?
Acho que sim! Uma coisa curiosa é que meu marido Aldo Ferrari foi meu aluno de magistério, ele era contador! Havia 105 alunos na sala de aula, já éramos casados, por seis meses ninguém soube, até que um dia ele colocou a mão em meu ombro e todos ficaram sabendo.
Você viajou para vários países?
Viajei pelo  Friendship Force International, fiz viagens por conta própria também. Recebo muitas pessoas de outros países através do Frienship, geralmente são casais. Quando perdi meu esposo fiquei noventa dias na Europa, eu tenho uma filha que morava na Alemanha. O pessoal em Presidente Alves achava que meu marido e eu éramos professores de dança. Quando ele faleceu passei a freqüentar grupos de orações, festas beneficentes. Até que um dia uma das minhas filhas percebeu que eu sentia falta de dançar, era uma atividade constante na minha vida e na vida do meu marido. Sempre tive meu único namorado que depois foi meu marido. Não me imaginava com outra pessoa.
Atualmente além de bibliotecária na Academia Piracicabana de Letras você é secretária no Clube dos Escritores?
Participo do CLIP, do GOLP, e da APAP- Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos. Já estou há 19 amos em Piracicaba, já me sinto piracicabana. Uma das atividades que pratico é a corrida, a última corrida que participei foram, 10 quilômetros. Faço hidroginástica. Procuro sempre uma conversa saudável, sem falar de remédios, receitas e assuntos pertinentes.




Você é religiosa?
Sou. Participei de movimentos religiosos. Participei do Movimento Familiar Cristão com o Frei Augusto Giroto. Trabalhei com catequese durante nove anos.
A biblioteca da Academia Piracicabana de Letras é restrita aos associados?

Ela não é uma biblioteca aberta, como a Biblioteca Pública Municipal. É utilizada apenas para consulta da própria diretoria e acadêmicos. 

domingo, novembro 08, 2015

JURANDIR BERTONCELOS



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 07 de novembro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: JURANDIR BERTONCELOS



Jurandir Bertoncelos é filho de Ernesto Bertoncello e Inês Campeão Bertoncello que tiveram 11 filhos: Antonio, Maria, Jurandir, Maria Helena, Ernesto, Humberto, Nivaldo, Marisa, Márcia, Silvana e José que faleceu ainda muito movo.
O senhor nasceu em que cidade?
Nasci em Piracicaba, na Avenida Rui Barbosa, onde mais tarde demoliram a nossa casa e construíram um banco. Ficava bem na esquina, logo após a Farmácia Droga Vila, a “Farmácia do Zézinho”. Meu umbigo está enterrado ali! Nasci a 22 de março de 1947. Na época em que nasci a Avenida Rui Barbosa era chão de terra. Já havia o bonde. Conheci a venda do Papini, ficava em frente ao jardim que existe até hoje, no local mais tarde foi uma filial da PANSA- Padaria Nossa Senhora Aparecida, no nosso tempo já existia o jardim em frente a Matriz da Vila Rezende. Eu ia até o Papini buscar compra para a minha nona (avó). As moças da Vila Rezende quadravam o jardim. Nós ficávamos esperando elas passarem. Na Avenida Rui Barbosa havia o boche do Papini, os famosos pastéis da Gigeta. Na época na Avenida Rui Barbosa quase não tinha comércio. Conheci a fábrica de vassouras do Gianetti e do Paulo Sega. Sua irmã Anita Sega é a pessoa responsável por trazer para Piracicaba a entidade AA - Alcoólicos Anônimos. Eu pregava latinhas em volta de um determinado tipo de vassoura que ele produzia. Meu irmão Antonio pintava cabos de vassouras na Fábrica de Vassouras Elefante, onde um dos proprietários era o Giovanni (Joanne) Vassoureiro. A palha da vassoura vinha da Argentina, pelo trem da Sorocabana chegava até Piracicaba.
Só podia quadrar aquele jardim quem morava na Vila Rezende?
Quem era de outro bairro e passava pela ponte iria enfrentar uma guerra. Era briga na certa. Inclusive o pessoal dos próprios bairros da Vila Rezende, Paieiro com a Bimboca, Nhô Quim com Bimboca não se entendiam.
Logo passando o Grupo Escolar José Romão, existe uma baixada, qual é o nome correto dessa baixada?
Ali é o Nhô Quim! Na verdade é bairro São Luiz, mas foi apelidado de Nhô Quim. A Bimboca é acima da Igreja São Luiz. E lá para cima é o Paieiro.
O senhor conheceu o Mario Areas Witier, popularmente conhecido como “Mário da Baronesa”?
Minha irmã Maria Conceição, foi pajem da Isa, sua filha caçula. Eu vivia na casa do Mário jogando futebol. Sua filha mais velha, a Ana, casou-se com o Mauro. A Nice é casada com o Mazzonetto.
Quantos filhos o Mário teve?
Teve a Ana, a Nice, o Mário e a Isa. O Mário teve muita proteção da Baronesa de Rezende. Ele começou trabalhando como uma espécie de carteiro, ou mensageiro, do Barão de Rezende. O Mário considerava o Barão e a Baronesa como se fossem seus pais. Eles eram pessoas muito simples. Éramos tratados como se fossemos da família. Os franceses já eram proprietários do Engenho Central. Meu pai trabalhou na casa de um dos franceses.
O senhor chegou a freqüentar escola?
Não. Aprendi a ler e a escrever como autodidata. Comecei a trabalhar muito novo, com seis a sete anos de idade já ia marrar feixes de cana para a minha mãe, que cortava a cana. 
Qual era a área pertencente a Mário Witier?
Ela ia de onde hoje é o Hospital dos Fornecedores de Cana até a beira do Rio Piracicaba. Abrangia toda aquela região onde hoje é a Nova Piracicaba, Jardim Monumento. A beira do Rio Piracicaba pertencia ao Engenho Central.  Do Nhô Quim em diante era tudo brejo, na época quando pisávamos ali parecia areia movediça, o pé afundava na terra preta. Ali foi plantado muito eucalipto, a idéia era que o eucalipto absorvesse a água.
O senhor conheceu o bairro do Pitá?
Morei lá quando nem luz não havia, era tudo lamparina.
Havia duas linhas de trem, uma do Engenho Central e outra da Sorocabana. O senhor ouviu falar de uma tragédia ocorrida com um maquinista do Engenho Central?
Ocorreram várias, uma que o povo comentava era sobre um maquinista, negro, que trabalhava para o Engenho Central, sua casa era ao lado da linha, quando passava por ela reduzia ao máximo a velocidade da locomotiva, corria até sua casa que ficava ao lado da linha, tomava um café e voltava dirigindo a máquina. Até que um dia escorregou e perdeu uma perna quando uma das rodas da locomotiva passou sobre ela. Presenciei atropelamentos. O Antonio Matavelli era parente nosso, ele foi maquinista do Engenho Central durante muito tempo.
O bairro Areão fica exatamente onde?
Fica ali perto do Oratório São Mário, da atual Faculdade de Odontologia de Piracicaba, para cima, é o Areão. Inclusive onde se localiza o Shopping Piracicaba. Era tudo mato. Onde é o Shopping Piracicaba era despejado os resíduos da laminação Dedini, foram inúmeros caminhões de resíduos industriais que foram depositados ali para soterrar e nivelar o terreno, era depositada areia que havia sido utilizada na fundição.
Após ajudar a sua mãe qual foi outra profissão que o senhor exerceu?
Fui trabalhar como aprendiz de sapateiro, com o Juca Santin, na Rua Dona Francisca. Na época sapatão fazíamos com prego normal e com torno (prego de madeira), para lugar alagado tinha que ser o prego de madeira senão não durava nada. O couro usado era a vaqueta. O mais fino era o sapato de cromo alemão. Só milionário que usava. Quem tinha ficava sempre limpando com um lencinho! Aprendi a fazer sapato com cromo.
E a sua carreira artística quando começou?
Comecei a cantar em 1957 na Rádio Difusora de Piracicaba, no programa patrocinado pelo Café Morro Grande, o apresentador era o Atinilo José. Na época ali havia um auditório na rádio. Éramos muito pobres, o cachê era um pacotão de Café Morro Grande e um pacotão de Bolachas Júpiter, a embalagem era amarela e azul. Toda semana eu ganhava.
Que estilo de música você cantava?
Na época as músicas de Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto. Canto até hoje, só que agora canto seresta. Na época formei uma banda, a “Geniais”. Em outro local mais boêmio da cidade a mesma banda era conhecida como “Os Apaches”. Havia um certo preconceito por parte dos clubes, onde tínhamos que nos apresentarmos como “Geniais”. Nós tocávamos onde o pessoal pagasse, até em velório se fosse necessário, embora isso nunca tenha ocorrido. No Clube de Campo de Piracicaba fizemos um contrato para nos apresentarmos por um ano, éramos os “Five Boys”. Quem compunha a banda era eu, o Marcos Cavalari, artista plástico, era o guitarrista, Jamil Ravelli, o Tutão, trabalha na Hima, é um baterista muito bom, Gilberto Zen, tocava o teclado, Alvaro de Castro tocava o baixo, eu era o vocalista. Eu tinha uma voz que se destacava, era muito considerado na região, cheguei a ganhar um troféu como melhor vocalista no “Brinco de Ouro”, que é o ginásio da Guarani de Campinas. Na época participava o Gilson de Souza, aquele que cantava “Poxa, como foi bacana te encontrar de novo...”.





 Noriel Vilela que fez muito sucesso com a música que cantava: 
                                          ZECA PAGODINHO


                                          NORIEL VILELA SÓ O OME
 Você compunha músicas?
Eu compunha e vendia as letras. Eu, um amigo da Vila Boyes, o Paulo Batateiro, o Bebeto Surian, que inclusive teve musica gravada pelo Roberto Carlos. Na época era muito difícil gravar um disco.
Qual música sua fez muito sucesso?
Não está em meu nome, mas é a musica Tijolinho: “Sei que se esperar mais um pouquinho, Meu amor e meu carinho a você voltar” Nós a compomos e depois a vendemos, quem a gravou foi Boby De Carlo. Depois o grupo “Polegar” também gravou. 




Você tem quantos filhos?
Do primeiro casamento com Maria Luiza Ventura tenho três filhos, do segundo com Suzilaine tenho um filho com 16 anos.
Além da banda você trabalhava no que?
Eu tinha uma sapataria na Bimboca. Na esquina da Rua Dona Santina com a Rua Dr. Eulálio. Lá eu trabalhava só com conserto de calçados.
Além do Clube de Campo, você tocou em outro lugar famoso em Piracicaba?
Toquei no Jardim da Cerveja. Teve um período em que nomes de projeção nacional estiveram no Jardim da Cerveja. Nos intervalos a minha banda tocava. Quem me ensinou a manusear com a técnica correta o microfone foi Agnaldo Timóteo. Minha voz era bem alta, existe toda uma técnica para que o som saia de forma perfeita. Tive a oportunidade de cantar com ele no Clube Cristóvão Colombo, na Rua Governador Pedro de Toledo, no então “Palácio de Cristal”. Tem uma musica dele que gosto muito: “o véu da noite vai chegar e docemente vai nublar”. 



AGNALDO TIMÓTEO - MAMÃE
Em sua opinião qual é a melhor voz que você admirava?
Em minha opinião era a de um cantor que era gago: Nelson Gonçalves. Ele é pai de uma empresária famosa a Lilian Gonçalves. Eu a conheci no Programa do Bolinha, o Edson Coury. Houve uma época em que quem não tinha a carteira da Ordem dos Músicos não podia cantar. O Maestro Vicente Gimenes era o representante da Ordem dos Músicos em Piracicaba. Eu consegui obter a carteirinha de musico profissional. Quando o Bolinha esteve em Piracicaba fui classificado, mas pelo fato de ter a carteira de cantor profissional não podia participar do show de calouros do Edson “Bolinha” Coury em São Paulo, na televisão. Isso foi em 1971. Aqui em Piracicaba só teve um calouro classificado, cujo apelido era Dori Ruspioso. O Bolinha era uma pessoa muito coerente, o que ele era no palco era fora do palco. Sempre tratou a todos com muito respeito. Conheci o Wanderley Cardoso. Conheci também o Wilson Simonal, era bem vaidoso, em compensação o Jair Rodrigues sempre tratou a todos da mesma forma. Sempre rindo, sempre contente, alto astral.
As suas roupas de apresentação como artista eram feitas por quem?
Eu desenhava e minha tia costurava. Uma ocasião fui tocar no Oratório São Mário, o Padre Nery doou uma peça de tecido preto, mandei fazer camisa para o conjunto todo, eram camisas pretas com renda branca. Eu tinha uma Lambretta ano 1957, vermelha e branca.
O conjunto permaneceu até que ano?
Permaneceu até 1973 a 1974.
Você conheceu Armando Dedini?
Fiz a churrasqueira da chácara dele. O Armandinho tinha um coração que não era dele, era uma pessoa boa demais. Ele trazia Altemar Dutra pare cantar em seu rancho. Cheguei a conversar com Altemar. Nos anos 60 eu fazia a programação para o Ciro Ambrosano na Rádio Educadora de Piracicaba, ele tinha um programa às terças feiras das 20 às 22 horas. Tocava música só dos anos 60. Altemar Dutra faleceu nos Estados Unidos, a primeira rádio a dar a notícia em Piracicaba foi a Rádio Educadora, eu tinha ouvido a notícia em outra rádio.
Você conheceu o famoso radialista Titio Luiz?
Conheci! Fui catequista com ele na Matriz da Vila Rezende. O pai dele trabalhava no Engenho Central. Nós éramos crianças, íamos buscar açúcar mascavo no Engenho Central, era de graça e era o único doce que tinha. Mais tarde Titio Luiz começou a trabalhar como torneiro mecânico no Dedini. De lá ele saiu e entrou na Rádio Educadora de Piracicaba. Eu participei do movimento jovem TLC - Treinamento de Liderança Cristã. Conheci Babico Carmignani, Humberto D `Abronzo, Romeu Ítalo Ripoli. Fui diretor do XV de Novembro, em 1976 quando o XV ficou vice-campeão fazia parte do conselho do XV.
Você desempenhou outras profissões?
Tive outras atividades, uma delas foi ser serralheiro, profissão pela qual me aposentei. Trabalhei na Auto-Pira cujo proprietário era Luiz Holland.
Você nessa época tinha uma motocicleta?
inha uma Leonette. Tive três Leonetttes, uma de farol quadrado, mais antiga e duas de farol redondo, mais moderna.


 Fui três anos à Pirapora de Leonette, sozinho, estrada de terra, sem capacete. Levei umas seis horas para chegar lá. Fui de Lambretta, de Jawa 250 cilindradas, sem farol. Entrei na Auto-Pira sem conhecer nada, aos poucos fui aprendendo, até que com o Zezo Simioni aprendi a interpretar desenho mecânico. No fim cheguei a ser encarregado. Meu compadre João Desuó saiu da Dedini e convidou-me para montar uma serralheria. Após algum tempo vendi minha parte para ele mas continuei trabalhando com ele.  Até que sofri um acidente de carro e fui aposentado. Fiquei vários dias em coma, Dr. Walter Gravena que me atendeu.
Você desfilou em carnaval?
Fui puxador de samba na Avenida Armando Salles. Era o tempo em que havia cordão, tinha o cordão da Neidona, lá do Pitá. Eu freqüentava a Sociedade Treze de Maio, meu pai era cacifeiro do baralho, era quem vendia fichas, servia café. Piracicaba era pequena, Taquaral, Santa Rosa, era tudo fazendas. Por muito tempo cantei em uma boate, a “Brinco de Ouro” em Santos, perto do cais, ficava na General Câmara. Ganhava bem, morava na boate, tinha muitos estrangeiros que freqüentavam. Quando vim embora eu tinha um automóvel Simca Chambord Três Andorinhas, novo. 



Fui gerente do hotel de propriedade de Clarício de Jesus, o Cruz, ficava na Rua José Pinto de Almeida.Em 1992 meu filho apareceu com nove cartelas para o jogo da sena. Preenchi, ele jogou na Lotérica Copa 70, comecei a olhar, na época o salário mínimo era 42.000 cruzeiros, ganhei na quina dois milhões seiscentos e cinqüenta e oito mil cruzeiros. Comprei uma mobilette zero, comprei um jogo de sofá, uma televisão a cores, um vídeo cassete, fui com meus filhos para a Argentina, o resto do dinheiro estourei com a minha molecada! Passamos um mês na Argentina, onde tinha um casal amigo. 


História do TLC

 

 


Em 1964 chega ao Brasil Pe. Haroldo J. Rahm (SJ) vindo de El Paso, Texas, onde já trabalhava com o Cursilho de Cristandade. Ao chegar ao Brasil, participou do 40 Cursilho realizado em Campinas, S. Paulo. A partir deste encontro, Pe. Haroldo começou a atuar como um dos diretores espirituais do Cursilho no Brasil. Por volta de 1967, Pe. Haroldo junto com um grupo de leigos (jovens e adultos), decidi criar uma espécie de Cursilho para jovens. Combinando técnicas dos exercícios espirituais de St. Inácio, da Congregação de Maria, da Legião de Maria, da Ação Católica, documentos do Concílio Vaticano II e do movimento Search for Christian Maturity, surge o TLC. A partir da sua criação, o TLC se espalhou rapidamente por todo o Brasil. Pe. Haroldo e todo o grupo eram freqüentemente convidados a participar de TLCs do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Hoje, além de participar do TLC, Pe. Haroldo faz um forte trabalho de recuperação e de prevenção de dependentes químicos na Fazenda do Senhor Jesus em Campinas, enquanto o projeto AE (Amor Exigente) trata da melhora de relacionamento entre pais e filhos, prevenindo assim o surgimento de futuros dependentes químicos. Objetivo O T.L.C. objetiva ser essencialmente um movimento de evangelização, de chamado dos mais afastados da Igreja, de levar as palavras de Cristo a todos em todos os níveis ("Ide pelo mundo e pregai o evangelho a toda a criatura" Mc 16,15). Ele também objetiva despertar uma verdadeira liderança cristã dentro das pessoas, através de uma conversão lenta porém constante. Hoje, mais do que nunca, as palavras de Mc 16,15 ressoam dentro da Igreja Católica. Às portas do Jubileu de N. Senhor Jesus Cristo, tantas e tantas pessoas nunca ouviram falar de Cristo nem conhecem a fundo os seus ensinamentos. Não conhecem a importância dos sacramentos, da Família e da oração. Por isso, leigos de boa vontade, se juntam para levar a um maior número possível de pessoas esses ensinamentos, esta alegria de Cristo. O T.L .C. é um grande e maravilhoso instrumento de evangelização. Durante dois dias completos, leigos de vivência se reúnem para falar das coisas de Deus, para mostrar uma Igreja alegre, viva, entusiástica. O T.L.C. se propõem a isso, através de nosso testemunho no dia a dia (em nossa casa, no trabalho, na escola, etc...) transmitir o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. N. Senhora de Guadalupe, Padroeira do T.L.C., Rogai por nós, e olhai por todos os T.L.C.'s do Brasil. O T.L.C. só faz sentido se estiver a serviço da Igreja em todos os níveis (Diocesano, Vicarial e Paroquial). Por isso o TLC deve, e sempre caminhará, em sintonia com as diretrizes da Igreja Católica e de seus pastores. É isso que nós pretendemos com o TLC, fazer um trabalho conjunto de evangelização pelo crescimento do Reino de Deus ("Por melhor que eu seja, eu nunca serei tão bom ou tão eficiente quanto todos nós juntos" - Pe. Harold). Por Cristo, com Cristo e em Cristo. Alegria.... Sempre mais Alto !

Obs: Texto retirado da Home Page do Secretariado do TLC do Rio de Janeiro

Pe. Haroldo

 

 

 
O Padre J. Rahm em 1978, juntamente com Professor Osvaldo Cândido Ferreira e a socióloga Núbia França, fundam a entidade filantrópica então denominada Associação Promocional Oração e Trabalho. Muito antes disso, já desenvolvia trabalhos sociais nos Estados Unidos, país onde nasceu com jovens marginalizados na fronteira com o México. No Brasil desde 1965, naturalizou-se brasileiro em 1986. Já ministrou dezenas de cursos, recebeu diversos prêmios e até hoje ministra o curso de Yoga Cristã e apresenta um Programa de TV na Rede Vida de Televisão. O FUNDADOR Padre Haroldo Rahm, SJ, um iluminado, criativo, obstinado, amoroso e Terrível Jesuíta!

 Trabalhos Realizados: 

Autobiografia: Este terrível jesuita - Rahm, Harold – Ed. Loyola. Nasceu em 22 de fevereiro de 1919 em Tyler, Estado do Texas nos EUA.

1952-1964 - Trabalhou com jovens e adolescentes marginalizados na Zona Chamizal na cidade de El Paso e fundou o “Our Lady’s Youth Center”, que funciona até hoje.

1964 – Chegou ao Brasil e veio para Campinas.

1965 – Criou o Movimento de Liderança Cristã – TLC que se espalhou pelo Brasil todo e chegou à Itália e até hoje trabalha na formação e desenvolvimento de jovens lideranças cristãs – TLC de Campinas.Fundou o Centro Social Presidente Kennedy em Campinas que tem dado formação profissional a dezenas de milhares de jovens e adolescentes até hoje.

1972 - Fundou o movimento da Renovação Carismática no Brasil - RCC.

1978 - Fundou em Campinas a Comunidade Terapêutica Fazenda do Senhor Jesus para o tratamento e recuperação de adultos dependentes químicos e de álcool.

1984 - Implantou o Movimento “Amor Exigente”, adaptação ao Brasil do Movimento “Tough Love” dos Estados Unidos e que hoje está presente em todo Brasil, Argentina, Uruguay, através da FEAE trabalhando a prevenção e apoio às famílias Amor Exigente.
Fundou o CEPROMM - Centro de Estudos e Promoção da Mulher Marginalizada no Jardim Itatinga em Campinas CEPROMM Centro de Estudos e Promoção da Mulher Marginalizada - CEPROMM

1990 - Co-fundador da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas – FEBRACT

1992 - Fundou a Federação Latina Americana de Comunidades Terapêuticas - FLACT

2000 – Encabeçou a Campanha da Fraternidade: “Por um mundo sem drogas” gerando um alerta nacional e dentro das comunidades religiosas para a questão da drogadicção. Fundou a Pastoral da Sobriedade - uma ação concreta da Igreja católica que evangeliza pela busca da Sobriedade como um modo de vida www.sobriedade.org.br.

2006 – Iniciou a Campanha de Prevenção às drogas através da Espiritualidade um movimento ecumênico que chamou-se “Fé na prevenção” e gerou uma cartilha de orientação a religiosos e famílias publicada pela SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas).

2007 – Iniciou cursos de Yoga Cristã, levando esta prática a várias cidades do Brasil. Yoga significa união com Deus, com a natureza e consigo mesmo.

2010 - Fundou o Programa Além da Rua em parceria com a Prefeitura Municipal de Campinas para enfrentamento à situação de rua com serviços de abordagem de rua e serviços de acolhimento de meninos e meninas que estão vivendo nas ruas da cidade.

 

 

 

 


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