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sábado, janeiro 29, 2011
Georgina Maria Antonia Pires faleceu
Georgina Maria Antonia Pires, faleceu ontem (26 de janeiro de 2011), na cidade de Rio das Pedras – SP, contava 99 anos, filha dos finados Sr. Antonio Salvador e da Sra. Maria Antonia Pires, era viúva do Sr. Otavio de Carvalho, deixa os filhos: Benedito Carvalho, casado com a Sra. Esmeralda; Antonia de Carvalho; Antonia Carvalho; Jorge Aparecido Jesus Carvalho, solteiro; Maria Aparecida de Jesus Carvalho Fragnani; Maria Margarete Oliveira Carvalho e Aparecido Carvalho. Deixa demais parentes e amigos. Seu sepultamento foi realizado hoje, tendo saído o féretro às 17h00 do velório municipal, para o cemitério daquela localidade em jazigo da família.
sexta-feira, janeiro 28, 2011
TARCISO CHIARINELLI
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 29 de janeiro de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: TARCISO CHIARINELLI
Conceituado e requisitado mestre-de-cerimônias, atuando em solenidades com a presença de autoridades de alto nível, como Presidentes da República, Governadores, Ministros, Prefeitos, presidentes de conglomerados financeiros, industriais. O constante convívio com autoridades das mais diversas áreas em nada afetou o comportamento simples e discreto desse comunicador e grande nome do rádio piracicabano, Tarcísio Chiarinelli. Sua vida pautada pela retidão de caráter reflete no seu trabalho ético e de profissionalismo admirável. Acalentou o sonho de ser um homem de comunicação, em particular do rádio, sem ser visionário e com passos em terra firme trabalhou duro até tornar o seu sonho em realidade. Tarciso Chiarinelli é um dos 10 filhos do casal Rosália Grisotto e Ernesto Chiarinelli, nasceu em 8 de janeiro de 1952 no bairro rural Monte Branco, cerca de 18 quilômetros de Piracicaba. Seu pai trabalhava como conservador de estrada e na agricultura.
Quantos anos você tinha quando sua família mudou-se para Piracicaba?
Tinha de 3 a 4 anos, fomos morar no Saibreiro, assim era denominada a região dos bairros Jardim Elite, Nova América. Logo depois fomos morar no bairro Jaraguá, na Rua Cabriúva. As lembranças que guardo da minha infância são a partir da nossa casa na Rua Dona Anésia quase na esquina com a Rua da Colônia.
Como era a ocupação da área, havia muitas casas?
As ruas não eram asfaltadas, quando chovia brincávamos nas enxurradas, jogávamos bola na rua. A minha vida foi sempre de muito trabalho, não sobrava muito tempo para as brincadeiras de infância. A nossa família cultivava uma horta, meus irmãos e eu plantávamos, a minha mãe acordava cedinho e ia cortar as verduras que deveriam ser vendidas. O meu pai trabalhava na prefeitura e saia logo cedo de casa, a Rua do Rosário foi varrida por ele por muitos anos. Aos 10 anos eu já vendia verduras nas ruas, levava-as em uma cesta de bambu, fazia uma parte da Paulista, o dinheiro apurado ajudava na manutenção da casa, éramos muito pobres. Comecei a usar sapato a partir dos 14 ou 15 anos, até então andava de pé no chão ou com chinelo. Eu tinha uma clientela mais ou menos certa, às vezes vendia logo e retornava mais cedo para casa. Outras vezes tinha que esticar mais o percurso, indo oferecer as verduras até as residências situadas á Rua Benjamin Constant. Iniciava o meu trabalho ás sete horas da manhã e tinha que vender tudo antes do meio dia para poder ir á escola na parte da tarde, estudava no Grupo Escolar Barão do Rio Branco.
Havia algum cliente marcante?
Na Avenida João Conceição, que nós chamávamos de “Rua Atrás da Estação”, havia uma senhora que adquiria verdura quase todos os dias, imagino que possa até ser para me ajudar. Fiz esse trabalho até os 12 ou 13 anos.
Qual foi seu próximo trabalho?
Fui trabalhar no Mercado Municipal, na Banca do Antonio Brancalion, ele tinha duas bancas de sua propriedade, uma em frente à outra, ambas no ramo de mercearia.
Qual foi a sua reação com relação ao novo trabalho?
Dizíamos no mercado que quanto mais forte era o santo mais cedo tinha que levantar, aos feriados ás quatro e meia da manhã eu já tinha que estar no mercado, preparar para abrir às seis horas, no inicio ia ao trabalho a pé, com o tempo comprei na Casa São Francisco uma bicicleta Göricke. Permaneci trabalhando com o Antonio Brancalion por quatro anos e meio, foi o meu primeiro registro em carteira. Recebi uma proposta para trabalhar com o Antonio Ferrante que tinha uma banca de frutas, também no mercado municipal. O forte da banca eram as frutas importadas, a clientela era mais exigente, o memorável radialista Ari Pedroso estava no auge da sua carreira, ele freqüentava a nossa banca, acredito que ele tenha sido uma das minhas fontes de inspiração para ingressar no radio. Outro cliente famoso era o Comendador Humberto D¨Abronzo, a sua esposa telefonava, encomendava as frutas e geralmente quem entregava era eu. A família Coury também realizava suas compras dessa forma.
A que horas você encerrava os seus trabalhos no mercado?
Trabalhava até o final da tarde, algumas vezes, no final da tarde, ia até Campinas, de Kombi, para trazer frutas do Ceasa.
Qual foi o seu próximo emprego?
Fui trabalhar no Centro de Energia Nuclear na Agricultura, CENA, trabalhei na portaria contratado por uma empresa terceirizada. Permaneci por pouco tempo lá. Em seguida fui trabalhar na empresa Angemar, onde permaneci por 13 anos.
Onde se situava a Angemar?
Na Avenida Dona Jane Conceição esquina com a Rua do Rosário, em frente à Praça Takaki, os proprietários eram Luiz Marchini, Antonio Marchini e Marcos Contarini. Entrei como ajudante, fui promovido para balconista e passei a chefe de expedição. Nesse local antes da Angemar se estabelecer era um terreno vazio onde se montavam parques de diversões, circos de pequeno porte, na Semana Santa havia a malhação do Judas com pau de sebo e tudo. Na esquina tinha o Bar Serenata onde hoje é a farmácia Drogal. Na época tínhamos duas farmácias na Rua do Rosário, a Farmácia Nossa Senhora da Penha e a Farmácia São Judas Tadeu, os farmacêuticos atendiam os doentes do bairro, aplicavam injeções, faziam curativos, só depois de algum tempo é que apareceu um pronto socorro na Rua São João, o transporte do paciente era precário.
Na Avenida Madre Maria Teodora circulava caminhões carregados de cana?
Éramos crianças, gostávamos quando chovia porque os caminhões não conseguiam subir o Morro do Enxofre, a rua não era asfaltada, os motoristas precisavam amarrar correntes nos pneus. A água da chuva formava enormes valetas onde nós brincávamos.
Um ponto “turístico” do bairro da Paulista era a descarregadeira de gado?
(Situava-se no terreno, hoje desocupado, entre a Droga Raia e o Restaurante Frios Paulista)
Ali era uma festa! O gado embarcava ou desembarcava do trem, fechava o trânsito na rua para passar o term. Onde hoje é o leito da Avenida Dr. Paulo de Moraes existia o beneficiamento de café colhido na Chácara Nazareth. Eu ia assistir a chegada ou a partida dos trens da Cia. Paulista. Algumas vezes fui de trem até Santa Barbara, Tupi, Caiubi. Fui usuário do bonde, ia em pé no estribo.
Conheceu o Cine Paulistinha?
Era carinhosamente chamado de “Purgueiro”! (risadas cheia de saudades!) Os acentos eram em madeira sem estofamento. Nós não tínhamos muito tempo para divertir, não só eu como meus amigos também, trabalhávamos muito. Naquele tempo havia muitas hortas no bairro da Paulista, quem cuida de horta trabalha aos domingos, feriados, era assim e continua sendo até hoje. Para molhar as verduras era comum tirar água de poço ou de algum ribeirão próximo. No fundo da Rua da Colônia havia um pessoal que cultivava agrião no próprio ribeirão, a água naquele tempo era boa. No domingo a tarde era comum ver os meus colegas cortarem agrião para embalarem e serem vendidos na segunda feira.
Há uma fotografia em que você aparece com barba e cabelo enormes qual era o motivo?
Fiz uma promessa e consegui a graça, a promessa era de ficar um ano sem cortar a barba e o cabelo. Era moda ter cabelos e barba compridos, desde que fossem cuidados, e no meu caso não despontava nem aparava. Nessa época eu já era casado com a Neusa, e tinha o nascido o meu filho Fábio, depois nasceu a Aline. Tenho dois netos, o Fernando e o Murilo. (Tarciso guarda diversas fotos dos netos em algumas de suas gavetas, apressa-se em mostrar, com muito orgulho). Quando fui cortar a barba e o cabelo recorri ao meu pai que também era barbeiro, além de trabalhar na limpeza de rua, ao chegar em casa aplicava injeção nas pessoas que necessitavam e cortava cabelo de quem o procurasse. Após aposentar-se ele trabalhou como jardineiro, guardo comigo a alfange de marca São Floriano, que lhe pertenceu. (Tradicional marca de origem austríaca). Quando fui cortar o cabelo e a barba levei o meu filho junto, ele tinha uns 5 anos, e poderia assustar-se em ver o pai sem o cabelo e a barba compridos. Mantive desde aquela data o uso de bigode.
Como surgiu o rádio em sua vida?
Desde criança tive atração pelo rádio. O Alcides Spironello tinha uma banca no mercado municipal, ele me emprestou um gravador, na época uma verdadeira raridade, eu pegava as propagandas impressas em jornais, os chamados “reclames”, e ficava lendo praticando, fazia isso na minha casa, como havia as vezes muita gente em casa, eu saia e ia até onde estavam fazendo o loteamento da Chácara Nazareth, que tinha ainda muitos pés de café, eu entrava ali perto da Rua do Rosário, e na sombra de um pé de café gravava comerciais, notícias de jornal. Eu ouvia o que havia gravado, gravava novamente, buscando atingir a melhor apresentação possível. Devolvi o gravador e passei a ter contato com pessoas que trabalhavam na “Rádio A Voz Agrícola”, eles me arrumaram uns textos. Naquela época os textos eram apresentados ao vivo nas rádios, não eram gravados. Quem me deu um empurrão foi Antonio José, o Gordo, ele trabalhava como produtor do Garcia Neto, na Rádio Educadora, quando ainda era na Rua São José, esquina com a Rua Governador.
Como você ingressou em uma rádio?
Decidi conversar com o Garcia Neto, foi em uma quinta feira à noite, no horário em que ele apresentava um programa de esporte. Ao chegar ele me perguntou: “-O que você quer menino?” Respondi-lhe: “- Quero ser locutor!”. Perguntou-me se tinha experiência, disse-lhe que não, ele então sugeriu que fizesse um teste. Eu tinha treinado, mas não deu certo, o nervosismo bateu forte. Ele chamou o Gordo e mandou que me desse dois textos para que eu lesse. O Garcia disse que eu poderia ser um bom locutor, mas que no momento necessitava de um profissional com experiência. Encaminhou-me para a Rádio A Voz Agrícola, aos cuidados do Francisco Caldeira, diretor da rádio, ela estava instalada na Rua Moraes Barros ao lado do Chaveiro Expresso. O Caldeira disse-me que não precisava de ninguém naquele momento. Perguntei-lhe se eu poderia ficar apenas olhando o pessoal trabalhar. Eu trabalhava no mercado, tinha o domingo à tarde de folga, ele aceitou. Passei a observar o trabalho feito na rádio, surgiu a Jornada Esportiva, após algum tempo o rapaz que fazia o plantão saiu da rádio, ele era do Mato Grosso. Na época o Abel Bueno tinha um programa de cururu nos domingos á noite, eu passava a tarde acompanhando a Jornada Esportiva, ficava só olhando, de vez em quando o mato-grossense dizia-me: “-Dê esses resultados desses jogos!”.
Você operava a parte técnica?
Nunca operei, nem sei como é que se liga! Nunca fiz técnica.
Como foi o seu progresso profissional na Rádio A Voz Agrícola?
Após determinado tempo o Abel Bueno me disse: “-Ajude-me a fazer o programa!”. Passei a apresentar, a ler uns comerciais, isso foi na década de 70. Era um programa muito solto, muito tranqüilo. A primeira vez que falei ao microfone disse ao Abel que iria ler o texto, ao que ele disse que não deveria ler nada, deveria falar de improviso. Fiz improvisado, e tremendo! Depois surgiu o Márcio Terra, na época ele era diretor de esportes, me convidou para fazer o plantão esportivo, acabei assumindo estimulado pelo Márcio Terra, procurando melhorar cada vez mais. Fiz plantão esportivo por 33 anos!
O que a sua esposa dizia dessa sua dedicação ao rádio?
Ela sempre me apoiou e me incentivou, ela sabia que era isso que eu queria! Eu a conheci na Igreja São José, quando eu tinha uns 20 anos.
Você freqüentava o Cesac?
Fui coordenador de uma SEJOPAC - Semana Jovem para Cristo. Quando havia as festas no Cesac eu era o locutor que dizia: “O rapaz de camisa branca oferece esta música para a moça de vestido azul”, e assim por diante! O Cônego Luiz deu uma grande força para mim!
Quando ocorreu o momento decisivo, de dedicar-se apenas ao rádio?
Fiquei na Rádio Alvorada uns 10 anos. O Roberto Moraes me convidou para fazer o plantão esportivo na Rádio Difusora, ele tinha a equipe completa só faltava o plantonista. Em 1991 eu e o Vanderlei Albuquerque fomos para a Rádio Difusora onde permaneço até hoje, só não faço o plantão esportivo. Sempre tive dois empregos, sempre trabalhei muito. Atualmente já não faço transmissão de carnaval de madrugada. Eu trabalhava na Angemar e por um ano e mio trabalhei em São Paulo. A minha rotina era apresentar um programa sertanejo, “Manhãs na Roça”, na Rádio Alvorada, das quatro horas da manhã até as sete, ia trabalhar o dia todo na Angemar e a noite estudava. Eu já era casado e tinha meus dois filhos. Surgiu a oportunidade de trabalhar em São Paulo, na Rádio Gazeta, na Avenida Paulista, fazia o plantão esportivo, Dinival Tibério tirou e publicou uma foto onde dizia que era mais um piracicabano que ia para São Paulo, isso na década de 70. Fiz um acordo com o Luiz Marchini da Angemar, eu saia do serviço no sábado as 10 horas, tomava um ônibus, ia até São Paulo, fazia o plantão no sábado a tarde e a noite, dormia em São Paulo, na própria rádio, terminava a Jornada Esportiva as onze e meia ou meia noite, acabava dormindo no próprio estúdio, Antônio José Quartarollo, o Tony José, foi quem me levou para a Rádio Gazeta. Logo em seguida ele foi para a Rádio Bandeirantes. Cheguei a fazer plantão em São Paulo na quarta feira à noite. O programa “Manhãs na Roça” tinha um espaço da Secretaria de Serviços Públicos, o secretário municipal era José Flavio Leão que ia até a rádio para dar informações principalmente ás pessoas da zona rural. Após algum tempo ele me convidou para prestar uma assessoria junto a sua pasta. O prefeito era o Dr. Adilson Maluf, o meu contrato de trabalho não tinha nenhuma estabilidade, tive o apoio do Luiz Marchini, que deixou as portas abertas para quando eu quisesse voltar. São fatos que nunca irei esquecer.
Os cerimoniais como surgiram em sua carreira?
Surgiu na época em que o prefeito era o Dr. Adilson Maluf, o chefe do cerimonial e diretor de comunicação da prefeitura era Jamil Neto, Xilmar Ulisses, Gaiad, Benedito Hilário e Waldemar Bilia também participavam. Quando fui trabalhar na prefeitura fiz o cerimonial da inauguração do Campo do Jaraguá, com o apoio do Jamil e dos outros integrantes da equipe. O Jamil trabalhava com muito profissionalismo. Dessa ocasião em diante passei a fazer cerimoniais para a prefeitura.
Qual é o segredo para realizar um bom cerimonial?
É agir com responsabilidade, não subestimar nenhum cerimonial, por mais modesto que pareça ser, cada evento é um desafio e todos têm a mesma importância. Não é qualquer pessoa que enfrenta um público, uma coisa é ser locutor de estúdio e outra é ter um publico á sua frente. Um cerimonial exige uma preparação detalhada antes de ser realizado, conhecimento de cada detalhe, é necessário ter muito jogo de cintura, após ter o cerimonial pronto, normalmente ele se desvirtua. No lançamento da pedra fundamental do novo prédio da FUMEP fui cumprimentado por um ministro de estado pela realização do cerimonial em decorrência de situação anômala e pela forma como conduzi o evento. O cerimonial público tem normas, a lei federal de número 7274 de 9 de março de 1972 regulamenta todos os cerimoniais.. Não é só chegar, pegar e falar.
Você contou quantos cerimoniais já realizou?
Mais de mil com certeza! Não sou o único que faz na cidade e nem na prefeitura. (Realizando os cálculos da média mensal pelos anos trabalhados descobrimos que Tarciso já realizou mais de 5.000 cerimoniais).
sábado, janeiro 22, 2011
GEORGINA MARIA ANTONIA PIRES
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 22 de janeiro de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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No Brasil há um século documentos pessoais era quase um requinte a que muitos não se davam ao luxo Em eventos, como casamentos e óbitos, quem fazia os registros era a Igreja Católica, embora em 1875, tivessem sido criados os primeiros cartórios, e em 1888 o registro de nascimentos, casamentos e mortes deveria ser feito obrigatoriamente por órgãos do Estado. Georgina Maria Antonia Pires conforme a sua data de nascimento de 12 de maio de 1911, que consta em seu título eleitoral, estará completando 100 anos de vida. Pelos registros verbais ela nasceu dois anos antes, em 1909, isso implica que ela está com 102 anos de idade pelos relatos orais. Esse diferencial de dois anos é irrelevante em uma vida tão profícua. Nascida em Piracicaba, na tradicional Rua do Porto, é filha do casal Antonio Salvador e Maria Antonia Pires que tiveram doze filhos. Quando tinha seis anos de idade a sua família mudou-se para a vizinha cidade de Rio das Pedras. O que desperta muito a atenção do interlocutor de Da. Georgina é a sua vivacidade, sua alegria de viver, excelente estado físico e mental. Do alto da sua centenária experiência de vida sabe selecionar com extremo bom senso que tipo de informação quer receber da mídia televisiva. Dispensa programações que acha sensacionalista, assim como as apelativas ou indutoras de maus costumes. Incentivada pelas filhas, netas, bisnetas, deixa-se levar pela pintura das suas unhas com desenhos decorativos, tão em moda atualmente. Recentemente ela teve a oportunidade de conhecer o mar pela primeira vez, gostou tanto que já voltou e pensa em futuras viagens. Buscou um terreno mais firme na praia, e sentou-se, tendo o mar aos seus pés. Ela que foi mãe, na roça cortando cana, criou muitos filhos. Dona Georgina, centenária, tem em seu sorriso o verdadeiro retrato da alma brasileira. Simples, de grande sabedoria, dona de fé inabalável na vida e na existência de Deus. A quem o trabalho e a atividade de mãe de família nunca impediram que externasse sua alegria de alma cabocla, nos dias consagrados a festas, onde as músicas, e as danças estiveram presentes com pureza de sentimentos.
A senhora freqüentou escola em Rio das Pedras?
Estudei até o quarto ano primário, tive como professoras no primeiro ano a Dona Maria Augusta, esposa do Seu Neves, no segundo ano foi Dona Olga, no terceiro ano tive aulas com Dona Ladir, Dona Francisca foi a minha professora no quarto ano. Após concluir o primário permaneci ajudando a minha mãe nos serviços domésticos.
Como era a cidade de Rio das Pedras naquela época?
Era um sítio! As ruas não eram calçadas, o trem era muito usado como transporte para Piracicaba, havia o trem de carga, havia também o “lastro” que transportava lenha.
Como era a alimentação cotidiana?
Arroz, feijão, pão feito em casa, não havia padaria, comia-se lingüiça, torresmo.
Havia bailes nessa época?
Existia sim, eu gostava muito de dançar, tocava-se mazurca, valsa, os bailes varavam a noite, eram brincadeiras sadias e de respeito.
Como a senhora conheceu o seu marido?
Conheci Otávio Carvalho quando ainda éramos crianças, ele ia á escola com suas primas. Quando eu tinha dezesseis anos, após três meses de namoro no dia 2 de julho de 1927 casamos na Igreja Matriz de Rio das Pedras. O escrivão foi José Leite Negreiros que trabalhava com o Sr. Osório Martins. Passamos a morar na barreira do Horacio Limonge, depois moramos no Zeca Leite, no Nicolau Marino. Sempre moramos nessas imediações.
Quantos filhos a senhora teve?
Sou mãe de nove filhos, tenho 36 netos vivos, 56 bisnetos e 7 tataranetos.
A senhora sabe o nome de todos?
De um “terno” (uma parte) eu sei, de outro não sei.
Qual era o trabalho que o seu marido fazia?
Trabalhava com enxada, com burros, cortava e plantava cana. Eu o ajudava a trabalhar na roça, além de fazer o serviço de casa. Eu cortava e amarrava duzentos a duzentos e cinqüenta feixes de cana por dia. Levava as crianças na roça, não havia creche para deixar. Com meu filho tracei (serrei) madeira nas terras do Inácio Leite, era cabriúva, guarantã, peroba, cedro, todas madeira de lei.
Qual é a sua religião?
Bastante católica, tenho muita fé em Deus, rezo também para diversos santos como Santo Antonio, Santa Luzia. Toda quartas-feiras eu comungo.
A senhora sempre gostou de festas?
Sempre fui muito festeira, gostava de ir a missa, freqüentar as festas da igreja. Deus nunca me deixou passar por tristeza, Ele quer alegria. Eu com a idade que tenho, como bem. Durmo bem. Passeio. Na semana passada voltei de um passeio que fiz em Itanhaém.
Quem a acompanhou até lá?
Fui com a minha filha e com a minha neta que tem uma casa lá.
Já conhecia o mar?
Fui conhecer agora, achei muito bonito. Entrei nas águas do mar, é muito salgada.
Como a senhora compara os dias atuais com os de antigamente?
Para trabalhar a pessoa tem que estar preparada, tem que estudar. Antigamente mesmo sem estudar a pessoa trabalhava e conseguia ter um salário que o sustentava. Hoje quem não estuda não tem como trabalhar.
A senhora assiste televisão?
Gosto de assistir a missa. Não assisto novela, não me simpatizo com as que são apresentadas atualmente. Gostava de ver “Meu Pé de Laranja Lima”. As notícias do tele jornal eu assisto, são noticias feias! Parece que o mundo vai acabar em água!
A vida para a dona de casa está mais fácil atualmente?
Para a mulher que sabe trabalhar há mais facilidades. Algumas parecem que não estão nunca satisfeitas com o que tem.
Como é a sua saúde?
Ontem eu pesei a minha pressão, estou com 12 por 8. Não tenho diabetes.
E a sua alimentação como é?
Como de tudo, arroz, feijão polenta. Só não como veneno porque mata!
Ao chegar a algum determinado lugar, quem a vê imagina que tenha menos idade?
É comum acharem que sou mais nova. Quando descobrem a minha idade forma-se uma roda em minha volta. Gostam de conversar. Adoram-me!
Nos tempos da sua juventude, como era tratada uma dor de dente?
Colocava-se algum remedinho para passar a dor. Se por acaso a dor não passasse tinha que ir ao dentista extrair o dente. Em Rio das Pedras tinha o Serapião que fazia esse trabalho.
Alguma vez a senhora foi ao cinema?
Fui uma vez, no cinema que havia na Rua Prudente de Moraes, em Rio das Pedras, no prédio onde hoje funciona o fórum local. O filme era sobre a vida da dupla Tonico e Tinoco. Eu gostava muito de ir aos circos que vinham à cidade.
Não havia geladeira, como era conservada a carne?
O toucinho nós dependurávamos em uma espécie de varal, carnes conservávamos submersa em uma vasilha com banha de porco. Fazíamos lingüiça em casa, era bem temperada.
Como eram os colchões utilizados pela família?
Eram feitos com palha de milho, rasgava a palha, cortava com o podão e preenchia. O travesseiro era feito de macela.
Atualmente as pessoas parecem muito agitadas, era assim há alguns anos?
Não era assim! Hoje o povo se afastou de Deus, deu oportunidade para acontecer os roubos, violência, uso de drogas.
A senhora é vaidosa?
Não sou! (Ela diz sorrindo!). Quando tenho uma roupa boa gosto de usar. Eu fazia roupa para todos os filhos, usava-se o tecido de riscado, ou pano bravo mesmo, chamado de “ranca-toco” (arranca toco). Sacos de açúcar eram tingidos e usados para confeccionar as roupas. Éramos muito pobres. Andava-se descalço. Colocava-se paletó e sem sapato, era comum isso, alguns usavam paletó, colete e descalço. Naquele tempo tinha que ir ao sapateiro, tirar as medidas dos pés e encomendar o sapato. Não era comum encontrar calçados prontos para serem adquiridos e usados. Para ir a roça ia descalço, machucava os pés com espinhos.
Lembra-se dos campeonatos de corte de cana?
Meu filho, já falecido, foi campeão de corte de cana, ele chegou a ponto de cortar mil feixes de cana em um dia de trabalho. Cortava e amarrava os feixes. O Américo Guião está vivo até hoje, pode confirmar o fato.
A senhora trabalhou em lavoura de café?
Carpi café, apanhei , plantei e cobri café. Para cobrir o café eram colocados uns pauzinhos sobre a muda nova, formando uma casinha, dando sombra á mudinha. Trabalhei com café na Fazenda Nova Java. Morávamos na cidade, na zona urbana, mas tinha que ir trabalhar nos sítios da região, íamos a pé.
A senhora ajudou a construir alguma casa de taipa?
Ajudei a fazer, fincava-se a madeira no chão, trançava as taquaras, ficava uma pessoa pelo lado interno e outra pelo lado externo das paredes, jogava-se o barro de forma alternada, com isso construíam-se as paredes. Muitos adicionavam estrume ao barro. Para cobrir a casa usava-se o sapé.
Como era o banheiro?
Não existia, usavam-se as imediações da casa como banheiro, ao ar livre. O banho era tomado em bacias, a água aquecida era despejada sobre a bacia. A cada um que se banhava sucedia outra pessoa, o ultimo a banhar-se às vezes já estava cochilando, cansado e com sono. Era comum muitas vezes a pessoa lavar apenas os pés antes de dormir, o banho ficava para o dia seguinte.
Qual é a sua impressão sobre a cidade de São Paulo?
Para mim não tem nada igual a minha terrinha aqui em Rio das Pedras!
Em suas recentes viagens á praia, a senhora andou de barco?
Andei, no meio do passeio comecei a ficar com medo, se caísse na água afundaria como um martelo!
Em sua opinião, após aposentar-se a pessoa deve se recolher em seu canto ou deve passear, divertir-se?
Deve divertir-se, viver. Quando tenho vontade de sair eu saio. Há pessoas muito mais novas do que eu e que não estão com disposição igual a minha. Deus me deu essa condição eu toco para frente até quando Ele quiser.
Ao deitar-se, pela sua cabeça passa uma espécie de filme recordando o passado?
Passa sim.
O que a senhora imagina que possa existir após a morte?
Quem morre se acaba. Ninguém veio contar o que existe após a morte. Assim como Jesus Cristo morreu e ressuscitou, nós também deveremos morrer e ressuscitarmos.
Há a necessidade de se ter muito dinheiro para ser feliz?
Não, basta ter saúde! O dinheiro não trás a felicidade é importante ter dinheiro, pois sem ele não se vive.
Havia caça nas proximidades da sua casa em Rio das Pedras?
Próximo onde hoje estão localizadas as casas da Conferência São Vicente de Paula, existiam coelhos lebres, tatu, lagarto.
Residência de Dona Georgina na Vila Vicentina, da Conferência São Vicente de Paula de Rio das Pedras
Residência de Dona Georgina na Vila Vicentina, da Conferência São Vicente de Paula de Rio das Pedras
O que a senhora mais deseja atualmente?
Desejo que Deus dê saúde para nós todos, que todos estejam sempre alegres.
A senhora ouve rádio?
Ganhei um do Dr. Antonio Costa Galvão, que assim como Oscar Waldemar Gramani sempre foram amigos da nossa família. Ambos foram prefeitos de Rio das Pedras.
A seu ver o tratamento entre as pessoas mudou?
Antigamente havia mais respeito, as roupas eram mais recatadas.
Se alguém lhe oferecer uma passagem de avião a senhora viaja pela primeira vez?
Tenho receio, mas se aparecer uma passagem eu vôo! Imagine se eu tiver medo de tudo! Não se pode ter medo!
A senhora tem medo da morte?
Não tenho! Todos nós temos que passar por ela, na hora em que ela chegar eu estou pronta. Com a idade que atingi já cumpri a vontade de Deus, mas se for da sua vontade que eu passe mais um pouco aqui neste mundo eu fico!
A senhora teve um filho que faleceu aos sessenta anos, como é a dor de perder um filho?
Essa dor nunca acaba! Estou contente porque ele está com Deus, a quem ele pertencia.
Existem pessoas que são muito caladas, o fato de não se comunicarem facilmente as prejudica?
Sendo uma atitude existente por habito e não por revolta, temos que respeitar sua postura em não ser tagarela.
Qual é a sua opinião sobre a doença depressão?
(Após um longo silencio, Dona Georgina responde). Acho que um bom serviço resolve! Deixar a depressão de lado e tocar a vida para frente é o melhor remédio.
CESAC: CENTRO SOCIAL DE ASSISTÊNCIA E CULTURA PARÓQUIA SÃO JOSÉ
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 15 de janeiro de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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Regiane, Joelma, Mel, Cidinha e Sueli
ENTREVISTA: CESAC: CENTRO SOCIAL DE ASSISTÊNCIA E CULTURA PARÓQUIA SÃO JOSÉ
O CESAC é uma entidade assistencial constituída em 29 de maio de 1967, são 43 anos de serviços prestados promovendo ações que possam melhorar a qualidade de vida da população da nossa cidade. O seu relacionamento com seus diversos públicos: beneficiários, colaboradores, voluntários, setor público e privado, comunidade, é pautado por valores éticos, profissionalismo e uma extensa relação de excelentes resultados. Situa-se na Avenida Marquês de Monte Alegre, 777, telefone 34342020. Aparecida Lizanêa de Lima Albino é assistente social do CESAC e da Creche Maria Maschietto Juliani, com seu auxílio é possível conhecer um pouco melhor essa instituição que poderá ser desconhecida por alguns, mas cuja atuação fez uma grande diferença na vida de muitos.
Quem é o atual presidente do CESAC ?
Luis Antonio Penteado é o atual presidente, função que iniciou em 5 de setembro de 2009 e cujo mandato termina em 4 de setembro de 2011. O Padre Marcelo Salles, pároco da Paróquia São José é diretor nato, conforme dispõe o estatuto.
Que trabalhos o CESAC realiza?
Seu inicio foi com uma obra social, encabeçada pelo Monsenhor Luiz Gonzaga Juliani,
três anos após a sua vinda á paróquia, vendo que havia muita pobreza na comunidade, o Bispo D. Aniger tinha uma visão voltada para o social, convidou o Monsenhor para realizar uma obra voltada ao social, com isso criou-se o CESAC. O inicio foi com o próprio Monsenhor Luiz dando as aulas de datilografia. A Vila Cristina era conhecida como Risca Faca, foi nessa comunidade carente que ele iniciou o trabalho com famílias, o curso de corte e costura foi um dos primeiros a ser implantados e que existe até hoje. A informática substituiu a datilografia. Desenvolvimento de habilidades que inclui curso de cabeleireiro, manicure, artesanato, corte e costura, panificação, padaria artesanal, é um projeto que engloba todos esses cursos, eles acontecem não só no CESAC, mas em diversas periferias da cidade, em todos os CRAS Centro de Referência da Assistência Social. Há o CRAS do bairro Mario Dedini, do Jardim São Paulo, do Piracicamirim, da Vila Sonia, ao todo são sete CRAS. Há outros projetos como Apoio e Orientação a Gestantes, Programa do Trabalhador Aprendiz, Construído Laços. Em conjunto com a prefeitura o projeto Pró-Família atendeu em 2009 a 4.697 famílias. O CESAC depende da sua parceria com a prefeitura para manter seus profissionais. O Programa Nacional de Assistência Social exige que o quadro seja constituído por profissionais. Essas verbas passadas pela União, Estado e Município com a finalidade de assistência social nos CRAS são administradas pelo CESAC. No critério adotado o gestor é o responsável, quem executa é o governo, a sociedade civil, que inclui entidades como a nossa, fazem as parcerias.
Como funciona o projeto Pró-Família?
Em cada CRAS existe uma equipe de assistente social e psicóloga que realiza o trabalho sócio-educativo, envolve as famílias integrantes do programa de transferência de renda, como a Renda Cidadã e a Bolsa Família, são famílias que estão em vulnerabilidade social. O CESAC tem os projetos em parceria com a prefeitura através da Secretaria de Desenvolvimento Social, mas ele também é que faz a gestão dos projetos realizados nos CRAS. As contratações de recursos humanos para administrarem esses projetos em outros CRAS são feitas pelo CESAC.
A Creche Maria Maschiett Juliani atende a quantas crianças?
Em 2010 foram 137 crianças de 2 a 5 anos, matriculadas.
Em Piracicaba quantas famílias estão cadastradas para receberem a Bolsa Família ou Renda Cidadã?
Cadastradas existem em torno de 15 mil famílias, tanto para o programa Bolsa Família que é um programa do Governo Federal, a Renda Cidadã é uma iniciativa do Governo do Estado, são similares, em alguns casos as famílias pode se beneficiar dos dois.
Há opiniões de que ao receber um desses auxílios ocorre certa acomodação por parte do beneficiado, isso ocorre?
Pode acontecer só que o objetivo do projeto é realizar a emancipação dessas famílias, e isso tem de fato acontecido. O exercício da Assistência Social porta várias outras éreas como a saúde, habitação, educação. Há um relatório anual feito pela prefeitura onde são relatadas as ocorrências com esses projetos, inclusive informando o número de famílias desligadas do projeto. Para uma família receber esses benefícios ela passa por três crivos: da saúde, educação e assistência social. As crianças dessas famílias têm que ser levadas para serem vacinadas regularmente, é verificada a freqüência dessas crianças á escola, na falta de cumprimento de algum critério a família é desligada. O cadastro único é de alcance nacional, a prefeitura faz através das assistentes sociais visitas e monitoramento, essas informações são enviadas a Brasília no caso da Bolsa Família, nesse caso é o governo federal que aprova o cadastro.
Qual é a posição que Piracicaba ocupa no cenário nacional?
Piracicaba não é considerada uma cidade pobre. Às vezes temos dificuldades em receber recurso federal ou estadual pelo fato da cidade ser considerada rica, desenvolvida.
Temos bolsões de pobreza?
Exatamente.
Como está a situação no território em que o CESAC atua diretamente?
Atualmente o meu trabalho envolve mais a parte administrativa. Quando atendo no CESAC ás pessoas que nos procuram em busca de cesta básica, vaga na creche, ou outras opções procura orientá-las. Ao chegarem aqui identifico á que território elas pertencem em função do seu domicilio, encaminho ao CRAS correspondente. A porta de acesso ao atendimento do serviço social é o CRAS.
Quantas pessoas trabalham no CESAC?
Em 2009 o total assalariados eram 73 pessoas. Voluntários permanentes eram 40 e voluntários eventuais 200, estes incluem os que trabalharam na barraca da Festa das Nações.
Os diretores recebem alguma remuneração?
São voluntários, não recebem nada pelo seu trabalho.
Quais são os riscos que envolvem as pessoas com vulnerabilidade social presentes na área de atuação administrada pelo CESAC?
O que mais influi é a deficiência de educação. Enquanto essa camada não se conscientizar continuaremos a ter sérios problemas sociais. Muitos procuram emprego para uma função á qual eles não estão classificados.
Há diretriz orientada aos professores da rede estadual de ensino para evitar reprovações de alunos, em sua opinião, isso é bom?
Considero isso ruim. A falta de educação é uma realidade nacional. O Plano Nacional de Educação está passando por mudanças.
O que falta para evoluir a educação?
Falta conscientização da sua importância no desenvolvimento individual e coletivo.
Os problemas que acometem aqueles que procuram assistência social são de difíceis soluções?
As pessoas nos procuram com um objetivo, ou é conseguir uma vaga na creche ou ganhar uma cesta básica. Conversando com a pessoa descobrimos o subjetivo, o que está atrás da sua procura, não é exatamente aquilo que ela fala inicialmente que quer. Muitas vezes com esses argumentos nos procuram, mas na verdade elas querem é serem ouvidas! Procuram atenção e acolhimento. Quando elas saem daqui não levam cesta básica, ao nos deixar saem orientadas. Ao recebermos alguém que nos foi encaminhado fazemos um levantamento da sua família, realizamos o diagnóstico socioeconômico dessa família. O trabalho técnico é diferente do assistencialismo.
Há atuações de pessoas e entidades que movidas pelas boas intenções promovem ações pontuais de assistência humanitária, qual é sua opinião a respeito?
Na maioria dos casos estão contribuindo para quem recebe o benefício não queira mais deixar de tê-lo. Uma coisa é assistência social que faz parte de uma política pública, onde existe diretrizes para trabalharmos dentro desses parâmetros, outra coisa são atitudes cristãs de amor ao próximo. O assistencialismo impede o crescimento do indivíduo, ele permanece inerte, age apenas como receptor de benefícios. O objetivo da assistência social é conscientizar a pessoa de que ela pode emancipar-se.
Elevar a auto-estima de um indivíduo é um ato de caridade?
Considero que sim.
Há políticos que se valem do assistencialismo para a autopromoção?
Não se pode generalizar, mas existem políticos que usam o assistencialismo para capitalizar votos. Se ele entendesse o que é assistência social ele não faria isso. O nosso trabalho sócio educativo tem como objetivo fazer com que as famílias caminhem pelas suas próprias pernas.
Orientar o indivíduo pode ser tão importante quanto fornecer-lhe algo?
Sem dúvida! Muitas vezes o objetivo da pessoa não é aquele que ela expõe ao nos procurar. O seu objetivo verdadeiro é revelado se tivermos a disposição de ouvi-la. Das dezenas de pessoas que estiveram comigo no ano de 2010, a grande maioria a medida que passei a ouvi-las, descobri que elas procuram de fato algo totalmente diferente daquilo que inicialmente haviam pedido.
É uma característica própria de indivíduos pertencentes a classes menos favorecidas?
Não! Isso abrange a todas as classes sociais.
A dependência química em todas as suas versões, incluindo o álcool, afeta as famílias?
Muito! Bastante! A principal atitude a ser tomada é ter muita paciência e amor. Existem programas por parte do Estado, embora para a classe menos privilegiada seja muito difícil manter uma pessoa em uma clinica especializada. É um aspecto que envolve a área da saúde. Só que a demanda é maior do que a capacidade que a saúde tem em atender, passa a ser um problema administrado pela assistência social! Se há um dependente químico em uma família ela adoece com ele. Quando um membro dessa família nos procura para buscar uma cesta básica pode até existir a necessidade da mesma, mas o fator que o trouxe de fato é o problema que o envolve. É isso que necessitamos entender. Temos que oferecer oportunidade á quem quer evoluir, não adianta orientarmos se a pessoa não quer ter atitudes diferentes, se ela não se conscientizar de que ela quer mudar, não será assistente social que a fará mudar.
Atualmente qual é o foco principal do CESAC?
É a gestão administrativa. Pelos seus estatutos o CESAC privilegia a família, isso se torna um fator importante a favor da nossa instituição. O Programa Nacional da Assistência Social trabalha voltado á família. Quando faço entrevista com alguma família, pergunto se ela tem algum principio religioso, independente de qual seja, percebo que as famílias que professam alguma fé administram melhor os seus problemas. O CESAC hoje está dividido em programas de um projeto: com adolescentes, famílias, gestantes, desenvolvimento com habilidades.
Na creche ao identificar um problema com alguma criança qual é a ação a ser tomada?
No programa Construindo Laços cuidamos da relação das famílias com as crianças da Creche Maria Maschietto Juliani. Às vezes acontece de alguma mãe dizer que não consegue educar seu filho, acha que a creche tem essa obrigação. Ao analisarmos a estrutura e a convivência da família descobrimos que não é a criança que deve ser trabalhada, e sim os pais. Há muitas crianças educadas sem nenhum limite. Filhos de pais separados tornam-se “parafusos”, o pai fala uma coisa à mãe fala outra, é quando temos que chamar a ambos e mostrar a situação.
Quais são as atitudes de uma criança educada sem limites?
Ela é agressiva com as professoras e com outras crianças, se o pai está envolvido com alguma atividade escusa ela diz que pretende ser igual a ele, é seu referencial, considera-o como seu ídolo. Cada caso é um caso em particular. A creche através de seus horários para as diversas atividades ensina a criança a ter disciplina. Geralmente a criança problemática é o reflexo da sua família. Tivemos o caso de um menininho que mordia determinada menina na bochecha. Fizemos um estudo mais detalhado do fato e descobrimos que quando os pais brigavam a mãe mordia o pai na bochecha! A criança via e fazia a mesma coisa.
domingo, janeiro 09, 2011
MADRE MARIA CELINA DA IMACULADA CONCEIÇÃO e IRMÃ MARIA ANTONIA DE SANTANA GALVÃO
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 08 de janeiro de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
Irmã Maria Antonia e Madre Maria Celina
ENTREVISTADAS: MADRE MARIA CELINA DA IMACULADA CONCEIÇÃO e IRMÃ MARIA ANTONIA DE SANTANA GALVÃO
Segundo o teólogo, músico, filósofo e médico Albert Schweitzer “um homem não é grande por aquilo que ele faz e sim por aquilo a que ele renuncia”. Dr. Wanderley Ribeiro Pires, médico, professor universitário e consultor organizacional, afirma que os caminhos que conduzem a felicidade passam, necessariamente pelo altruísmo, solidariedade e compaixão. Afirma ainda: “Quando não estamos centrados naquilo que estamos fazendo, não estamos vivendo. Desperdiçamos muito tempo com preocupações irrelevantes, não percebemos a vida passar enquanto estamos ausentes, sonhando com o futuro ou vasculhando as lembranças do passado”. Os mosteiros ou monastérios cristãos ocidentais também são chamados de abadias, a vida em comum de um mosteiro cristão é chamada cenobítica, ela surgiu quando eremitas (homens do deserto) ou anacoretas (homens que se retiram) concluíram que viver sozinho podia conter o perigo da falta de discernimento, de orientação. Segundo a tradição, no século III, Antão do Deserto foi o primeiro cristão a adotar este estilo de vida. Dr. Wanderley R. Pires em seu livro “Qualidade de Vida” diz que “a humanidade está sofrendo “excesso de exteriorização”, vivemos ansiosos, tensos, sonhando com um lugar tranquilo, cada vez mais dificil de ser encontrado. A alternativa que se apresenta é procurar esse refugio dentro de nós mesmos, na paz e no silêncio do nosso mundo interior”. Com isso concluimos que a vida das irmãs do Mosteiro Imaculada Conceição está bem proxima da tão sonhada felicidade almejada por todos nós e oferecida em cada produto novo que a mídia introduz no mercado. Isso não significa que para descobrir a felicidade seja necessária uma conversão em massa da população, mas sim uma descoberta de onde encontra-se exemplos práticos de exercícios de auto conhecimento e fé. Aproximar-se destas monjas pode ser que determine novos parametros, novos pontos de vista sobre a exisntência humana. No próximo domingo, dia 9 de janeiro de 2011, Madre Celina, Abadessa do Mosteiro da Imaculada Conceição, das Monjas Concepcionistas completará 60 anos de vida religiosa. A comunidade cristã estará festjando essa ocasão de grande alegria. O Mosteiro localizado na Avenida Armando Cesare Dedini, 891, telefones números 3421 0319 e 3421 2249 deverá receber um grande afluxo de pessoas de todos os credos, alguns para conhecerem a Abadessa Madre Celina, cumprimetá-la, outros para agradecerem pelas suas orientações e orações.
Madre Maria Celina tem o nome civil de Maria da Conceição de Souza, nasceu em São Paulo no dia 13 de fevereiro de 1926, filha de Francisco Antonio de Souza e Ana de Souza que foram pais de 11 filhos, dos quais duas filhas seguiram a vocação religiosa: além da Madre Maria Celina a sua irmã Maria de Lourdes de Souza optou pela ordem salesiana. Uma das contemporâneas da Madre Maria Celina no Mosteiro da Luz é a Irmã Maria Antonia de Santana Galvão, que nasceu em 2 de maio de 1935, tem o nome civil de Maria das Dores Valente Paraiso é filha de Aureliano Paraiso e Anália Franco, originários da cidade de São Manoel.
Sua família era muito religiosa Madre Celina?
Sua família era muito religiosa Madre Celina?
Iniciei o estudo do curso primário em uma escola no Belém, depois minha família mudou para a Penha, lá passei a estudar no colégio das Irmãs Vicentinas, ia diariamente de bonde aberto para as aulas. A minha família era muito religiosa, meus pais eram de comunhão diária, lembro-me que eles frequentavam a Igreja de São José do Belém. As minhas brincadeiras de infância eram tipicas das crianças da época, brincava com boneca e demais atividades normais á idade, eu era uma criança ativa, espertinha, saudável. As vezes acompanhava pessoas da minha família que iam até o centro de São Paulo realizar alguma compra, atravessava a cidade para visitar o meu irmão casado. Eu levava uma vida comum a todas as moças da minha idade que moravam em nosso bairro.
Em que ano a senhora ingressou na ordem religiosa?
Foi em 1949, eu tinha 23 anos.
O que motivou a senhora a ingressar na vida religiosa?
O desejo de perfeição! Uma entrega total á Deus. Manifestei a minha intenção á minha mãe e ao Conêgo Mayer, vigário da Paraóquia de São José do Belém. A minha mãe me acompanhou até a porta de entrada do Mosteiro da Luz, na Avenida Tiradentes. Após alguns meses pasei a utilizar o habito religioso, algum tempo depois fiz a primeira profissão de fé, mais três anos fiz a segunda, permanecendo até hoje na vida religiosa. Na vestição o meu nome civil foi trocado pelo nome utilizado na vida religiosa.
Mosteiro da Luz - Fachada
Irmã Maria Antonia, a senhora nasceu em que cidade?
Nasci a 2 de maio de 1935 em São Paulo, no bairro Campos Elísios, estudei com as Irmãs Vicentinas nas dependências localizadas atrás do Liceu de Artes e Ofícios, de lá fui para Guaratinguetá estudar com as Irmãs Salesianas. Em 1952, com 16 anos ingressei no Mosteiro da Luz que na época contava com 29 irmãs.
Ambas são fundadoras do Mosteiro de Piracicaba?
Atendendo o convite do Bispo Dom Ernesto de Paula, viemos á Piracicaba, no início éramos cinco irmãs: Madre Maria Celina, Madre Maria Helena do Espírito Santo, Madre Oliva do Coração de Jesus, Irmã Maria Cecília do Menino Jesus e eu Irmã Maria Antonia de Santana Galvão. Em 15 de agosto de 1956 fundamos o mosteiro em Piracicaba, que funcionou por 16 anos á Rua 13 de Maio, em uma casa de propriedade da Diocese de Piracicaba. Recebíamos muitas noviças. Em 1972 foram construídas as instalações do Mosteiro da Imaculada Conceição, das Monjas Concepcionistas, com a importante participação do prefeito Francisco Salgot Castillon. Em 9 de janeiro de 1979 Madre Maria Celina tornou-se Madre Abadessa (superiora e responsável pelo mosteiro).
Como é a vida em clausura?
Saímos da clausura apenas para ir a alguma consulta ou tratamento médico e para cumprir o dever cívico de votar nas eleições.
Há algum contato com o mundo externo?
Antes não havia nenhum contato. Nem jornal, rádio ou qualquer outro tipo de veículo de comunicação.
Como se sente uma pessoa isolada dessa forma?
Quando ingressamos á ordem, movidas pela vocação sentimos que Deus preenche o nosso coração, não há nenhum tipo de aflição ou preocupação. Não sentimos a necessidade de ficarmos impacientes.
Atualmente sofremos um verdadeiro bombardeio de informações e mensagens, ao que parece isso está gerando stress. Como à senhora, Irmã Maria Antonia, vê isso?
Quando se tem Deus no coração ele preenche tudo. Isso basta!
A vida reclusa aumenta a profundidade da fé?
Aumenta muito, há um isolamento do turbilhão que envolve o mundo. Atualmente por aconselhamento superior, acompanhamos as principais noticias que são veiculadas pela televisão. Procuramos sintonizar as programações das emissoras católicas. É uma mudança que ocorreu, antes estávamos totalmente isoladas.
A imprensa noticiou que em uma reforma que foi feita no Mosteiro da Luz descobriu-se que em algumas paredes havia os restos mortais de algumas irmãs. Isso era um fato conhecido internamente?
Sabíamos que nas paredes estavam restos mortais das irmãs falecidas ha muitos anos. Era uma prática corrente na época, havia também um cemitério nos moldes mais conhecidos. Existia uma orientação deixada pelo Frei Galvão de que não se mexesse nesses sepulcros.
As pílulas milagrosas de Frei Galvão estão disponíveis em Piracicaba?
Nós produzimos aqui no mosteiro. São confeccionadas a partir de papel higienizado, que já vem com a frase escrita: "Post partum, Virgo, inviolata permanansisti! Dei Genitrix, intercede pro nobis!” "(Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta!
Mãe de Deus, intercede por nós! Antônio de Sant'Ana Galvão, Frei Galvão, em 2 de fevereiro de 1774, fundou o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência, hoje Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição. No dia 11 de Maio de 2007, Frei Galvão foi canonizado pelo Papa Bento XVI, a Irmã Helena Maria do Espírito Santo empenhou-se muito para que ocorresse a fundação do Mosteiro da Luz. Essas pílulas foram originariamente criadas por ele, o principal elemento ativo delas é a fé.
Quem quiser ingressar na ordem é só ir até o mosteiro mais próximo?
Buscamos encontrar novas vocações, fazemos a divulgação dessa disponibilidade em aceitar novas candidatas a vida religiosa.
Madre Maria Celina poder comemorar 60 anos de vida religiosa a faz sentir como?
Sinto-me muito feliz! Completamente realizada. (Nesse momento chega a Irmã Elizabete, da ordem carmelita e que veio da cidade de Franca, especialmente para assistir ao ingresso á ordem de uma nova religiosa, fato que deve ocorrer no dia seguinte)
Como é a cerimônia de ingresso a ordem?
Como é a cerimônia de ingresso a ordem?
A postulante despede-se dos seus familiares á porta do mosteiro. Em seguida é conduzida a Sala do Capítulo, há duas ocasiões em que essa sala é ocupada por uma irmã, no seu ingresso á ordem ou quando vai á Casa do Pai, ao falecer é nessa sala que a religiosa é exposta até ser sepultada. A vocação é o principal motivo para se levar uma vida reclusa e voltada para os propósitos de Deus. Tendo isso, a religiosa começa a passar pelos estudos filosóficos e teológicos, que dão seqüência nos processos e nas regras do mosteiro, os quais envolvem cerimônias e rituais de confirmação da vocação
A visita as dependências do mosteiro é livre?
Só é permitida se houver a necessidade de um operário dar manutenção ao prédio, a rotina diária do nosso trabalho é feita por nós, vivemos o regime de Clausura Papal. O bispo da diocese a cada três anos nos faz uma visita canônica. Há uma sala chamada parlatório, reservada para atendimentos.
Religioso de outra ordem pode entrar no ambiente de clausura?
Não é permitida a sua entrada. A capela aberta ao público é distinta da nossa capelinha interna.
No mosteiro são feitos trabalhos de restauro?
Fazemos trabalhos de restauro, montamos terços, costuramos nossos trajes e vestes, realizamos todos os trabalhos necessários á nossa sobrevivência, cozinhamos, lavamos, passamos, cuidamos da horta.
A quem se reporta o Mosteiro local?
Cada mosteiro é autônomo, temos uma federação que reúne todos os mosteiros.
Há internet instalada no mosteiro?
Ainda não, mas a tendência é de logo ser instalada
Apesar de reclusas há trabalhos realizados com a comunidade?
Realizamos obras sociais, uma das mais conhecidas é a construção da escolinha “Menino Jesus” e do Centro Comunitário Santa Beatriz, no bairro Novo Horizonte, realizadas com o apoio dos nossos amigos e colaboradores.
Madre Maria Celina a senhora foi homenageada pela Câmara Municipal?
Recebi o título de Cidadã Piracicabana, sendo que a cerimônia de entrega do título foi feita aqui no mosteiro, pelo impedimento da minha saída do mesmo, entre as autoridades presentes estava o Vice-Prefeito Dr. Sérgio Pacheco, e sua esposa a vereadora Márcia Pacheco, o vereador Capitão Gomes, o deputado federal Antonio Carlos de Mendes Thame.
Na mão direita das irmãs há uma aliança, qual é o significado?
Na mão direita das irmãs há uma aliança, qual é o significado?
Recebemos em ocasião solene, simboliza o nosso casamento com Jesus Cristo.
segunda-feira, janeiro 03, 2011
ADILSON BENEDITO MALUF
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 01 de janeiro de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: ADILSON BENEDITO MALUF
Adilson Benedito Maluf foi prefeito de Piracicaba de 31 de janeiro de 1973 a 31 de janeiro de 1977, eleito pela segunda vez assumiu o cargo de 01 de fevereiro de 1983 até 1989. Em 7 de abril de 1993 tomou posse como deputado federal. Em 1973 fez viagem aos EUA com o objetivo de trazer investimentos para Piracicaba, nesse mesmo ano esteve em viagem oficial para intercâmbio cultural com Sung-Nan, Coréia do Sul, cidade irmã de Piracicaba. No ano de 1985 realizou viagem oficial à China, a convite do governo chinês, como representante da cidade de Piracicaba, para conhecer o regime político. Em 1993 esteve em missão oficial, como membro da Comitiva de Parlamentares Brasileiros em visita ao Líbano, a convite do Presidente da Assembléia Nacional da República do Líbano. Foi presidente do E.C. XV de Novembro de Piracicaba. No seu governo em 06 de setembro de 1973 foi instituída a Unidade Industrial Leste UNILESTE. Como prefeito Adilson Maluf criou condições para que empresas de grande porte como Caterpillar e Philips viessem a instalarem-se em Piracicaba. Um bom número de outras empresas seguiu-se a estas. Com isso Piracicaba abriu novas perspectivas de trabalho, diversificou seu parque industrial, ganhou maior estabilidade financeira. Suas inúmeras escolas formaram mão de obra especializada, a vida da provinciana cidade passou a ser oxigenada, formando uma sólida base para a próxima etapa desenvolvimentista. Foi nesse período que Piracicaba criou o seu Shopping Center, reflexo de que a sociedade estava mudando seus hábitos. Avaliar com precisão o quanto significou á Piracicaba as medidas da administração de Adilson Maluf é uma tarefa que cabe a História realizar, mas pelo curto espaço de tempo decorrido, percebe-se que a direção dada naquela época foi acertada. Adilson Benedito Maluf nasceu em Piracicaba, no dia 27 de junho de 1944, são seus pais Hide (Santo) Maluf e Olinda Issa Maluf.
Como surgiu o Benedito que compõe o seu nome?
Minha mãe era muito católica, ela teve seis filhos: Myriam, Hadir, Antonio de Pádua (Califa), Marileide, Adilson e Hide Júnior. A cada um ela deu um nome composto, sempre acompanhado do nome de um santo, quando eu estava para nascer ela dirigia-se a igreja de São Benedito para rezar, São Benedito dava risada para ela, como na época não havia meios para saber se o bebe era menino ou menina, ela determinou que fosse Benedito ou Benedita.
É possível ver o riso de São Benedito?
Eu vejo também! São sinais. (Adilson deixa transparecer sua fé robusta).
Seus pais nasceram em que localidades?
Meu pai nasceu no Líbano, fui conhecer a casa em que ele viveu, estavam demolindo quando cheguei, trouxe uma pequena pedra da parede que guardo comigo até hoje. Minha mãe nasceu no Bairro Chinês, que ficava na esquina da Rua do Rosário com a Rua Prudente de Moraes, para o tamanho de Piracicaba na época, as proximidades do Grupo Moraes Barros, da Igreja São Benedito, era um bairro, e era assim denominado.
Onde ocorreu o seu nascimento?
Foi na Rua do Rosário, 620 em parto realizado pela Dona Mariquinha, só depois que a Santa Casa abriu uma maternidade.
O seu pai tinha qual atividade?
Ele tinha a maior loja de materiais de construção que existia na época, chamava-se Depósito de Madeiras Maluf, ficava na Rua Prudente de Moraes, 1104, os prédios existem até hoje.
Em que escola foi feito os seus primeiros estudos?
Estudei no Grupo Escolar Moraes Barros, a minha primeira professora foi Dona Irene Gatti Bergamin, um fato me marcou bastante, em uma festa de comemoração ao dia Primeiro de Maio, as escolas foram conclamadas a participarem, eu representava o Trabalho, fui caracterizado como trabalhador, meu pai mandou fazer um martelo de madeira, que eu levava em uma das mãos. Brincávamos muito no Grupo Escolar Moraes Barros, em volta do mesmo, nos jardins que existem até hoje, éramos em muitos amigos, entre eles, Chiquinho Botene, Henrique, Procópio, Candinho, Candão, éramos vizinhos.
Muito popular entre as crianças de então, Bento Chulé foi seu conhecido?
Onde foi o bar do Bento Chulé foi construída a nossa casa! Na esquina formada pela Rua Voluntários de Piracicaba com a Rua do Rosário, uma casa que já foi ocupada pela CETESB e hoje abriga atividades comerciais. Foi a primeira casa em Piracicaba que teve um banheiro privativo, uma suíte, assim como o azulejo da cozinha até o teto, o projeto da residência é do renomado arquiteto Andreas Kerecz, europeu de origem judaica, refugiado de guerra. .
Qual era o encanto que o bar do Bento Chulé exercia sobre a criançada?
Eu ia comprar paçoquinha, lembro-me até hoje daquele sabor. Ele era um senhor de cabelos brancos, todos o tratavam por Bento Chulé, com a concordância dele. Na Rua Prudente de Moraes entre a Rua Tiradentes e a Rosário havia a sorveteria do Castilho, no meio dessa quadra tinha a sorveteria do Seu Zé, um sorvete muito gostoso, custava cinqüenta centavos da unidade monetária da época. Íamos á matinê do Cine São José, todos os domingos a tarde, já era uma sessão especial para a nossa idade, com os astros Tom Mix, Roy Rogers. Não existiam bermudas, os menores usavam calças curtas sempre desejando usar calças compridas o mais rápido possível. As bolas de meias eram costuradas pelas nossas mães, o nosso campo eram as ruas vizinhas as nossas casas. A Rua do Rosário era calçada até o cruzamento com a Rua Voluntários de Piracicaba, dali em diante era terra, eu vi calçando aquele trecho. Havia o “Girdão”, nome dado ao primeiro ônibus “cara chata” que Piracicaba ganhou, de propriedade do Sr. Luiz Marchiori. Fazia o ponto atrás da catedral, na esquina da Rua Boa Morte com a XV de Novembro, ele concorria com o bonde, percorria a mesma linha para a Vila Rezende. Eu ganhava “cincão” (cinco unidades monetárias da época) de semanada dada pelo meu pai, com 2,50 ia á matinê do São José, sorvete eram 50 centavos, pagava a passagem de 50 centavos e passeava de Girdão, ia até a Vila Rezende e voltava. Quando tínhamos uma bola de verdade íamos jogar na Escola Agrícola.
Como era o atleta Adilson no campo de futebol?
Eu era um jogador ruim! Meu pai dava a bola, o uniforme do primeiro e segundo times, e de vez em quando mandava os meus tios, sócios dele, levarem a garotada para jogar na Agronomia. Eu jogava no segundo time, na ponta esquerda, posição que não fazia nada, mas jogava! O técnico era o Mé. O time era o São João da Montanha Futebol Clube.
Em que escola você fez o ginásio?
Tanto o ginásio como o colégio estudei no Colégio Dom Bosco, tendo como primeiro diretor o Padre Pedro Baron. Na semana passada (segunda quinzena de dezembro de 2010) o Padre Guedes me ligou convidando para assistir a missa em comemoração aos seus 50 anos de sacerdócio, aceitei em ser o coroinha da missa, tive que recordar a seqüência em que as galhetas de água e vinho deveriam ser ofertadas, ao tocar o sino eu voltei a minha infância, as lembranças do colégio e dos meus colegas vieram nitidamente.
No período em que realizou seus estudos no Dom Bosco como era o uniforme?
A cor era caqui, tanto para a camisa como para a calça. Dependendo da idade a calça era curta ou comprida. A camisa tinha lapelas nos ombros. Quando passávamos em frente ao Sud Mennucci os alunos ao nos avistarem com aquele uniforme já gritavam: “- Correio!” pela semelhança com o uniforme dos carteiros. Não era permitido fumar nos 100 metros próximos ao colégio. As datas cívicas eram celebradas com festejos. Toquei tarola na fanfarra do Dom Bosco. O dia 24 de maio é celebrado como Dia de Nossa Senhora Auxiliadora data em que eram realizados belos desfiles do Colégio Dom Bosco pelas ruas centrais da cidade. Participei de concursos de fanfarras que havia no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. O uniforme era composto por camisa e calça brancas, com punhos azuis.
Algum esporte despertou seu interesse?
Joguei razoavelmente basquete. Havia um time, “Água Seca Basquetebol Clube”, comandado pelo Dr. Duvilio Ometto, que tinha um filho com a nossa idade, assim como Dona Nida, Armando Dedini, tinham filhos na mesma faixa etária. Dr. Duvilio fundou o time, contratou o Paulinho, irmão do Pecente como nosso técnico. Assim aprendemos a jogar basquete. O brasão do uniforme foi desenhado por mim, no centro iam as iniciais “ASBC”, as cores eram azul, branco e vermelho. Havia diversos times de basquete na cidade que realizavam disputas: Água Seca, Dom Bosco, Moraes Barros, Colégio Piracicabano, e outros.
Algum outro esporte despertou a sua atenção?
Conquistei a “Taça Severino Galdi” de futebol de botão! Foi uma época de ouro desse esporte, naquela época os botões eram de celulóide, de paletós, havia o botão de dois chutes, eram botões de dois planos. O meu time era o quadro do Vasco da Gama, melhor time carioca na época. Havia muito cuidado no armazenamento e transporte das peças do jogo. Hoje garotos da mesma faixa etária estão divertindo-se com Jet Ski e outras modernidades.
Em sua juventude você participava de outras formas de lazer?
Freqüentava as brincadeiras dançantes do Clube Coronel Barbosa, que foi onde conheci a minha esposa Rosa Maria Bologna Maluf, começamos a namorar em 1968, casamos em 1972.
A sua decisão em estudar engenharia civil surgiu como?
O meu pai costumava ir á Santos, acompanhado da família toda, ficávamos hospedados no Hotel Avenida Palace de propriedade de Eugenio Rigatto mais conhecido como “Seu Tola”, piracicabano. Um dos automóveis que usamos nessas viagens foi um Kaiser. Quando eu tinha seis ou sete anos de idade construía na areia da praia castelos, caminho com palitos de sorvetes fazia pontes, tudo isso nas areias da Praia do Gonzaga. Aos 10 anos de idade eu andava muito a pé pela cidade, quando via alguma obra gostava de entrar, conhecer. Acompanhei a construção da enorme casa situada na esquina da Rua São José com Rua do Rosário, que mais tarde funcionou como meu gabinete na função de prefeito municipal. Atualmente ela é ocupada pela Uniodonto.
Em que escola o senhor formou-se em engenharia?
Cursei na Escola de Engenharia de Taubaté, em 1964 quando eu estava indo fazer a minha matricula os tanques do exército estavam ao longo da estrada, eu não sabia bem o que estava acontecendo. Montamos uma república a RAU, República Árabe Unida, só tinha descendente de árabes, além de mim, morava lá meu irmão Hadir, Juca Abdalla, Ferez Kairalla, tinha um judeu também Moisés Resemberg. Na época quase ninguém tinha automóvel, no pátio da minha escola entre alunos e professores não passava de 10 o número de carros estacionados. Eu tinha um fusca bege, zero quilômetro que o meu pai tinha me dado.
Em que ano o senhor formou-se?
Foi em 1969, voltei a Piracicaba conhecendo engenharia civil, fiz estágio por três anos com um grande arquiteto, Manoel Carlos Carvalho.
O senhor já tinha planos para o futuro?
Eu sabia que após me formar iria voltar a Piracicaba, o meu pai me ajudaria a montar uma construtora, iria ser prefeito de Piracicaba, um sonho de infância, do tempo em que ainda usava calças curtas. Eu falava para todo mundo que iria ser prefeito da nossa cidade. Desde a infância, em todas as campanhas políticas que apareciam a minha família participava e eu estava entre eles. Minha família era ademarista.
O senhor chegou a conhecer Adhemar de Barros?
Conheci! Era um homem bem gordo, mas muito simpático. Meu tio Abrahão era o presidente do PSP local, quando ele vinha hospedava-se na casa dele.
Após montar a sua construtora qual foi a primeira obra executada por ela?
O meu foco era executar projetos, lembro-me que a prefeitura de Piracicaba abriu uma concorrência para construir umas pontes, grupos escolares, o prefeito era Cássio Padovani, entrei nessa concorrência, havia a necessidade de um currículo de obras realizadas, contratei um engenheiro que havia se formado dois anos antes, ganhei a concorrência para construir três pontes e duas escolas, superando uma conhecida empresa local. A demora em homologar o resultado acabou fazendo com que junto com o meu pai fossemos até o gabinete do prefeito em busca de uma noticia sobre o andamento do processo. Recebidos pelo Cássio Paschoal Padovani, sentado em uma cadeira com forro de palhinha, ainda no prédio que já foi derrubado, o Dr. Pedro Negri era chefe de gabinete, ao sentar diante do Cássio disse-lhe: “-Senhor Prefeito, daqui a dois anos o senhor irá passar essa cadeira para mim!”. Fizemos a reunião, sai com a incumbência de construir duas pontes e uma escola.
O senhor tinha tecnologia para construir pontes?
De posse do contrato e do projeto fui procurar Estevan Madaraz, que havia sido meu professor de pontes na faculdade. Por duas horas ele explicou o que deveria ser feito, após realizar parte da obra, consultei o Dr. Carlos Moraes de Toledo, o Carlão da Equipav, que aprovou a qualidade do trabalho que eu estava fazendo. A partir daí, junto com meus irmãos, realizamos muitas obras, dentro e fora de Piracicaba.
A sua eleição para prefeito como ocorreu?
Piracicaba estava passando por um período de sucessivas mudanças de prefeitos, por questões políticas ou motivo de saúde, até mesmo de morte, dos ocupantes do cargo. Foi feita uma reunião no Clube Ítalo Brasileiro, onde foi formado o chamado “Grupo dos 100” eram pessoas bem intencionadas, alguns colegas me incentivaram a participar dessa reunião. Lá me coloquei a disposição para ser candidato a prefeito, fui votado, mas perdi a indicação para João Fleury. O deputado Francisco Antonio Coelho era do MDB, ele me procurou para que eu me filiasse ao seu partido, até então eu desconhecia a necessidade de ser filiado a algum partido político. Cada partido tinha que apresentar três candidatos pelo MDB era Bentão, Jorge Angeli, o terceiro fui eu. A ARENA tinha o João Guidotti que acumulou o lugar de dois candidatos e o João Fleury. A soma dos votos dos candidatos do MDB foi superior, e a minha votação entre os três foi a maior, com isso fui eleito prefeito de Piracicaba. Em 7 de outubro de 1972 eu me casei na capela do Colégio Dom Bosco, no dia 1 de fevereiro de 1973 tomei posse como prefeito.
A mudança da sede administrativa da prefeitura foi realização do seu governo?
O projeto e a construção do Centro Cívico, do Parque da Rua do Porto, são de minha autoria, dei expediente dois dias no prédio novo e passei o mandato para o prefeito que me sucedeu.
Como o senhor analisa a sua atuação na prefeitura de Piracicaba?
Mudei um pouco a economia de Piracicaba, de totalmente agrícola, com suas indústrias de base totalmente voltadas á agricultura, particularmente para o setor sucroalcooleiro, diversifiquei o parque industrial, trouxe as indústrias Caterpillar, Philips, sendo que esta empresa por contencioso com o governo federal mudou-se para Manaus, e em seu lugar veio a General Motors. Em seguida muitas empresas estabeleceram-se em Piracicaba. Com isso chegaram muitas pessoas com novas idéias. Piracicaba passou a ser menos provinciana, embora eu ainda a considere como provinciana. Tivemos a oportunidade de mudar um pouco, e deu certo, com isso Piracicaba tornou-se mais rica. Os metalúrgicos da nossa cidade foram os maiores agraciados, essas empresas estrangeiras trouxeram benefícios que as empresas brasileiras não proporcionavam, por falta de conhecimento, por conservadorismo ou ainda por falta de exigência da parte dos sindicatos. Atualmente Piracicaba é uma cidade agradável, que oferece boa qualidade de vida, com abastecimento de água em todos os domicílios. Ela tem seus problemas, como existe no mundo todo.
Como foi a reação das indústrias locais com relação a vinda de outras indústrias?
Até eu assumir a prefeitura havia um mito de que em Piracicaba só existiam as Indústrias Dedini e que outras empresas não se estabeleciam aqui por que o Dedini não deixava. Dr. Duvilio Ometto, presidente das Indústrias Dedini me ajudou a trazer a Caterpillar para a nossa cidade. Ofereci um almoço para Bill Norman, presidente internacional da Caterpillar, realizado na casa da minha mãe. Entre os convidados estava o Dr. Duvilio Ometto que atestou as boas condições que Piracicaba oferecia para a implantação de uma indústria do porte da Caterpillar. A área onde está situada a Caterpillar foi negociada com o então proprietário, José Adolpho da Silva Gordo, em uma reunião ocorrida na casa do Dr. Nelson Meirelles. Inicialmente a área escolhida era entre as estradas de Limeira e Rio Claro, próxima onde esta sendo instalada a Hyundai.
Como surgiu a idéia de trazer a Caterpillar a Piracicaba?
Ouvi alguém dizer que ela estava estudando a região para transferir-se de Santo Amaro para o interior, tanto Americana como Limeira eram duas cidades bem cotadas, com a idéia fixa de seus diretores de origem norte americana residirem em Campinas. Marquei uma reunião com o presidente da Caterpillar e fui até São Paulo onde expus os recursos que Piracicaba oferecia inclusive a escola que eles desejavam para os filhos, mantida pelo Instituto Educacional Piracicabano, seu diretor, Richard Senn teve importante participação na decisão da Caterpillar vir á Piracicaba, sem demérito para todos aqueles que se empenharam nessa tarefa.
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