domingo, setembro 02, 2018

CLÉIA MARIA DA LUZ RIVERO


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 10 de abril de 2018.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: CLÉIA MARIA DA LUZ RIVERO


 

A Secretária da Educação do Município de São Pedro, Profa. Dra. Cléia Maria da Luz Rivero elegeu a Educação como seu objetivo profissional. Foi uma escolha muito acertada do prefeito desse município paulista, Hélio Donizete Zanatta, para compor a sua equipe administrativa. A Professora Cléia ao longo dos anos acumulou larga experiência em formular e desenvolver projetos educacionais de ampla escala. Os resultados estão aparecendo a olhos vistos. Quando muitos brasileiros concluem que sem formação educacional o país não se desenvolve, prefeituras sofrem com dificuldades de verbas para a educação, a cidade de São Pedro, sob a dinâmica e competente administração na área educacional, dá o exemplo de como superar dificuldades.   
A senhora é natural de São Pedro?
Nasci a 10 de maio em Quarai, situada no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai, atravessando o Rio Quarai situa-se a cidade de Artigas, Departamento do Uruguai. Meus pais tinham propriedade em Quaraí, depois meus pais mudaram-se para Santana do Livramento também fronteira com outra cidade do Uruguai: Rivera. Sou filha de João da Luz Filho e Hulda Rosa da Luz que tiveram os filhos: Cléia, La-Hire, João Antonio e Rosa Maria.
 
                                                      MUNICIPIO DE SÃO PEDRO
 
 
A senhora realizou seus primeiros estudos em que cidade?
Sempre em Santana do Livramento. Quando mudamos de Quarai eu não tinha idade escolar. Comecei os meus estudos em Santana do Livramento.






SANTANA DO LIVRAVENTO RS PRAÇA GENERAL OSÓRIO FRONTEIRA COM RIVERA NO URUGUAI
A senhora lembra-se do nome da sua primeira professora?
Lembro-me sim! Madre Joana! Eu estudava no colégio das Irmãs Teresianas. Era uma escola muito grande das Teresianas, uma irmandade católica que só tinha em três lugares no Brasil: Em Santana do Livramento  por terem vindo do Uruguai; uma escola em Porto Alegre e outra no Rio de Janeiro. Lá estudei desde o jardim da infância até me formar na Escola Normal, concomitantemente com a Escola Normal fiz também o Curso Científico. Fiz os dois curso hoje considerados de ensino médio. Estudava o dia inteiro. Desde pequena eu queria ser professora!
A senhora casou-se?
Casei-me em Livramento com um moço de Quarai: Carlos Roberto Rivero. Por acaso nos encontramos na juventude, em uma festa, namoramos por quatro anos. Tivemos três filhos: Martha Helena, João Miguel e Paulo Roberto. Fruto dos dois filhos, cinco netos.
Qual é a profissão do seu marido?
Ele sempre trabalhou com comércio. Quando viemos do Rio Grande do Sul para Piracicaba foi em função do seu trabalho: couro e artefatos de couro. No Rio Grande do Sul ele trabalhava com curtume e couros, junto com meu pai, inclusive exportavam tapetes, depois meu pai aposentou-se, fechou a empresa, o Roberto passou a trabalhar com uma empresa que se chama Fasolo S/A, ele foi escolhido para vir para São Paulo, para trazer a grife de artefatos de couro, cintos e carteiras. A marca Fasolo não tinha  em São Paulo, foi ele quem introduziu essa grife no Estado de São Paulo. Achamos por bem instalarmo-nos em Piracicaba, eu já tinha bastante conhecimento com o pessoal da UNIMEP, desde quando residíamos no Rio Grande do Sul. Era também uma forma para que eu continuasse meus estudos. Nunca parei de estudar. Eu vim de lá com 15 anos de carreira como professora do Estado, já tinha sido diretora e supervisora de ensino. Isso foi em 1982. Chegando aqui, já nos instalamos, ele começou a prospecção de clientes no Estado de São Paulo, eu mandei meu currículo para a UNIMEP, eu já tinha sido professora universitária no Rio Grande do Sul, dali a 15 dias o Reitor Professor Elias Boaventura mandou me chamar. Disse-me “- Professora eu vi o seu currículo, quero convidá-la para assumir a coordenação pedagógica do Colégio Piracicabano, estou sem coordenadora”. Ele estava 6 meses sem coordenadora. Disse-me: “O Colégio comporta muitos alunos, no momento temos só um decréscimo de alunos. Estamos com menos de seiscentos, vou confiar à senhora para fazer uma campanha para esse alunato crescer”. Disse-lhe: “Reitor, venho do Rio Grande do Sul, não vou negar a minha experiência de 15 anos, tanto de sala de aula como de coordenação, direção, supervisão. Mas preciso me ambientar, venho de um Estado diferente de São Paulo. Creio que há muitas questões, tenho que primeiro me atualizar.”. Ele disse-me: “-Não! Sei que vai dar certo! A senhora pode começar já!” Isso foi no comecinho do mês de fevereiro, comecei levando o professorado para o planejamento deparei-me com algumas coisas que aqui nem havia sido lançadas, na escola fundamental e de ensino médio. Tinha muitos cursos profissionalizantes no colégio. A primeira recomendação que o Reitor me deu foi: “-Faça um regimento comum da escola. Novo. A diretoria de ensino está pedindo e nós precisamos renovar”. A minha primeira dedicação foi arrumar a documentação da escola, depois me dediquei ao pedagógico e trabalhei por dois anos e meio como coordenadora lá. Quando saí tínhamos 1080 alunos!
A senhora saiu e foi para onde?
Fui para a UNIMEP! Para o Departamento de Ciências Humanas. Eu já estava fazendo o meu mestrado em Educação nessa época. Estava quase para defender a minha dissertação, quando fui chamada pelo diretor, perguntando-me se eu não queria assumir algumas aulas na sua área, na área de política educacional, de didática geral específica para os alunos. Das licenciaturas ou da pedagogia. Com isso sai do Colégio e fui para a UNIMEP, onde fiquei por 25 anos, como professora, lutando pela educação, sempre com a formação de professores. Trabalhei nas licenciaturas, no Curso de Pedagogia, na Pós-Graduação em Educação, isso depois que completei meu doutorado. Sou da primeira turma de doutorado da UNIMEP. Isso foi em 1996. A educação é a minha paixão, eu acredito ainda na educação. Acho que esse País no dia em que acreditar na Educação e colaborar para que os municípios possam fazer uma educação de qualidade, é através da Educação que o País irá se salvar. Não acredito em mais nada. Só na Educação!  
O título de cidadã piracicabana e são-pedrense já lhe foi concedido?
Ainda não! Nenhum dos dois! Recebi uma moção da Câmara de São Pedro.
Quantos livros foram escritos pela senhora?
Publicados tenho três livros, técnicos, na área da educação: “Interfaces da Gestão Escolar”; “Formação Profissional dos Educadores”; “Formação do Professor na Sociedade do Conhecimento”
A senhora assumiu como Secretária Municipal da Educação de São Pedro quando?
Foi em março de 2014, eu tinha mudado de Piracicaba para São Pedro fazia um ano e alguns meses, era o sonho do meu marido vir para São Pedro assim que se aposentasse. A minha tranqüilidade durou um ano. Recebi um telefonema de que o prefeito queria falar comigo. Disse-lhe: “-Se o senhor está procurando uma pessoa política, não encontrou!” Não sou política. Na administração anterior eu já tinha feito um trabalho de capacitação de professores através de uma empresa que criei para atender aos municípios que começaram a me chamar. Disse-lhe “-O meu voto foi em Piracicaba!” Mas tecnicamente se o senhor precisar do meu trabalho, eu estou em São Pedro. Ele disse-me: “Na Educação eu quero uma pessoa técnica! Se alguém quiser fazer política, faço eu!” Ele foi muito honesto e franco. Pedi-lhe uns dias para pensar, conversar com meu marido e dar-lhe a resposta. Eu já sabia o que significava ser uma Secretária da Educação. Os diretores que tenho até hoje, quase todos foram capacitados por mim.
Quantas escolas estão sob a responsabilidade do município?
São 20 escolas. Temos 5.520 alunos. Isso na rede municipal. Depois existem as escolas estadual e particulares. Quando assumi acho que não chegava a 3.600 alunos.
Como a senhora consegue manter uma rede municipal com esse número de alunos em uma cidade de 40.000 habitantes?
Recorremos ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vamos para Brasília, lutamos pela verba, sou da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo (UNDIME-SP), represento um dos pólos da UNDIME, o pólo 33. É composto por 11 municípios.
Como está a nossa Educação?
Eu acredito que aqui em São Pedro a nossa educação está caminhando. Cada dia melhor. O corpo educacional une-se mais em torno de uma proposta. Não tínhamos uma proposta fechada, a minha equipe, são 18 pessoas, mais os diretores e coordenadores, atendemos desde a creche a partir de 4 meses até o 9º ano.
A creche é período integral?
Quase todas em período integral. Ensino fundamental do primeiro ao nono ano (antigo ginásio). As Escolas Estaduais cuidam do ensino médio (antigo científico). Não tem ginásio do Estado, só do Município de São Pedro. O currículo é elaborado por nós, pela equipe. Seguem as normas federais, adequado a nossa realidade. Nossa proposta, principalmente na educação infantil e parte da educação fundamental, é uma proposta muito lúdica, eles compreendem tudo de forma lúdica, essas crianças tem muita energia, não são mais crianças criadas em uma família sedentária, como era antigamente. Agora elas não têm mais família completa em casa, são famílias com outra formação, quando tem o pai e a mãe juntos os dois trabalham, as crianças precisam se socializar na escola.
Eles ficam em período integral na escola?
Tenho programa de educação integral. Não tenho em toda a rede. Tenho período integral que começou com subvenção federal, depois as escolas nossas que tiveram o Ideb alto (Ideb é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) eles não estão mais subvencionando o integral, só permaneceram com subvenção as que ficaram com Ideb baixo, que tem maior número de bolsas famílias, vulnerabilidade social. A nota da escola não atingiu o nível suficiente comparado com as outras, isso não deu margem para que ela também fosse dispensada do programa de tempo integral, que o governo subsidia. Essa minha escola que tem 400 alunos ainda é subsidiada para o tempo integral pelo Governo Federal. As outras todas minhas eu tenho tempo integral, mas com subvenção própria. O município custeia.
Como o município consegue obter renda para isso?
É uma renda muito bem gestada! Muito bem administrada! São Pedro foi considerado no Estado de São Paulo o Primeiro Município Gestor. Que tem a melhor gestão! No Brasil ele está em terceiro lugar!
O foco do Município de São Pedro é a Educação?
O foco do Município de São Pedro é Educação e Saúde! A Saúde alavancou uma qualidade! Tanto que cirurgia de média complexidade já está em parceria com Piracicaba. Quando eles não têm vaga lá, mandam para operar aqui!
Há uma história curiosa sobre a criação de uma mascote pelos alunos?
Surgiu em 2017, ano passado, o Governo Municipal junto com a Saaesp (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Pedro) implantaram um projeto na Educação Ambiental, com o foco na reconquista do Selo Verde e Azul. (O programa analisa o desempenho em dez diretivas, onde são avaliadas ações nas áreas: esgoto tratado, lixo, recuperação da mata ciliar, arborização urbana, educação ambiental, habitação sustentável, uso da água, poluição do ar, estrutura ambiental e conselho de meio ambiente). São Pedro é uma cidade turística. Com isso, nossas escolas foram chamadas pela Secretaria da Educação para fazermos com as crianças muitos projetos da área de  Educação Ambiental,e a nossa resposta foi quando veio o Vice-Prefeito Tiago Silva que ao mesmo tempo é diretor da Saaesp. Uma empresa externa veio implantar o projeto, fomos chamados para que os nossos diretores incentivassem os alunos a terem projetos a fim de que todo esse arsenal fosse também considerado nesse projeto maior do município. Demos o nosso depoimento que no nível escolar nós já fazíamos isso. Nós já tínhamos tudo pronto: projetos da água, do plantio, horta. Só não tínhamos bem estruturada a questão seletiva do lixo. Tivemos o aval, isso incentivou mais essa parte. Até que chegou o momento em que eles quiseram fazer uma caminhada, da Praça Central até a Praça Santa Cruz. Para conscientização, era o dia da conscientização. Muitas das nossas crianças foram, na caminhada, mas antes da caminhada, teve um concurso, eles queriam uma mascote. Nossas crianças fizeram uns desenhos, as coordenadoras classificaram os desenhos, montamos um júri com os desenhos considerados mais destacados, o júri tirou três desenhos mais expressivos. Dos três o que tirou o primeiro lugar foi a formiga! A Dona Catarina! Nosso corpo docente é bastante comprometido com o ensino de excelência. Temos sempre o que fazer para melhorar, nunca digo que a coisa está completamente boa! Mas estamos no caminho!

                                                    Dona Catarina
                    A formiguinha símbolo criada por uma criança!
 
Turisticamente São Pedro oferece muitas opções, mas dá-se a impressão de que não é muito explorado.
Ele não era, estava muito tímido. Neste governo é que alavancou muito mais. Esportes radicais, saltos de ultraleves. A serra. Vem gente de todos os lugares. Final de semana fica lotado. 
Como a senhora se sente em São Pedro?
Eu me sinto muito bem, se tivesse que escolher de novo não escolheria outra cidade, eu viria para cá. Aqui é a nossa cidade. Gosto muito daqui.

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