terça-feira, março 05, 2019

ANTONIO VALENTIM BERTIM (Mazzola)


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 26 de janeiro de 2019.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/                     
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: ANTONIO VALENTIM BERTIM (Mazzola)

Antonio Valentim Berttin nasceu a 11 de fevereiro de 1938, às 8:00 horas da manhã, natural do bairro rural Cillos, município de Americana. Hoje essa região pertence ao município de Nova Odessa.  Antonio é um homem de larga experiência de vida, dinâmico, Gosta de trabalhar. Aposentado, ainda faz visitas a alguns cliente-amigos, pelas cidades próximas. Ele mesmo dirige seu veículo. Já não se arrisca a longas viagens como fazia antigamente, nem vai mais a sua querida Curitiba, onde tinha um amigo, o Professor Dalton Áureo Moro, cujo filho o Sérginho é hoje o Ministro Dr. Sérgio Fernando Moro. Antonio Valentim Berttin é filho de Primo Berttin e Carolina Angela (Tegon) Berttin, que tiveram quatro filhos: Olga, Zilda, Irene e Antonio. Seu pai era empreiteiro de mais de cem alqueires de cana-de-açúcar, que ficava aos cuidados da família, tios, totalizando 17 pessoas. Formava uma colônia. Tinha uma água que vinha da nascente, fizeram um condutor de bambu, a água passava na porta da cozinha, caía dentro de uma caixa, servia também para irrigar a horta. Em Santa Bárbara d´Oeste, todos os sábados seu pai ia ao barbeiro fazer a barba, depois ia trocar uma prosa com os amigos em um bar que havia no centro da cidade, de onde moravam até lá dava uns seis quilômetros, iam de carrocinha.
O senhor estudou em qual escola?
Até o quarto ano primário estudei no Cillos, minha primeira professora foi Maria Amélia Camargo, a segunda professora foi sua irmã Aída Camargo, no terceiro ano foi Dona Maria Helena depois veio Dona Judite. Após concluir o quarto ano fui trabalhar em uma fábrica de tecidos de propriedade do Sr. Ítalo Scuro. Eu tinha 12 anos, fui registrado, tudo conforme a legislação, Aposentei-me com 48 anos. Aos 12 anos fazia trama para fazer tecidos. Aos 14 anos passei a ser tecelão, já na fábrica de Roviglio Antonio Cordenonsi. Foi quando meu pai faleceu aos 45 anos. Permaneci por um ano aproximadamente na tecelagem, em seguida fui trabalhar com Geraldo Gobbo. Estudava em uma escola situada atrás da Matriz antiga de Americana. Nas proximidades tinha a Fábrica de Adubo do Zanaga, que espalhava as vezes um odor desagradável. A Basílica Santuário de Santo Antônio de Pádua é o maior templo católico construído ao estilo neoclássico no Brasil, conhecida como “Catedral Nova”, ocupa um quarteirão quadrado, ali foi um colégio de freiras. Pasei a estudar como torneiro mecânico em Campinas, trabalhava na tecelagem das cinco horas da manhã até as cinco horas da tarde, saía, correndo, tomava banho, ia até a estação da Companhia Paulista de Estadas de Ferro de Americana. Pegava o trem as 23:03 em Campinas de volta, chegava em casa meia noite, meia noite e pouco. As quatro horas da manhã me cutucavam, para levantar e ir trabalhar. Fiz isso por dois anos. Continuei os estudos em Piracicaba e me formei na Escola Coronel Febeliano da Costa Piracicaba, conhecida na época como Escola Industrial.
Como o senhor veio morar em Piracicaba?
Decidi batalhar por minha conta, a princípio iria para Campinas, estava à espera da condução, quando vi o ônibus que vinha para Piracicaba, como eu tinha parentes aqui, os Moniz, decidi pegar esse ônibus. A família Chiquito são meus parentes, uma dessas tias tinha criado o meu pai, quando o meu avô faleceu. Muitos anos depois, meu pai pegava o trem na Estação Cillos, toda vez que fazia linguiça trazia para essa minha tia. Na safra de feijão ele vinha da Estação da Paulista até próximo ao Seminário Seráfico São Fidelis com o saco de 60 quilos de feijão nas costas.
Aqui em Piracicaba o senhor foi trabalhar em qual empresa?
O Gino da AVA Auto Viação Americana, era muito meu amigo. Quando desci do ônibus, na agência AVA, próxima onde hoje é o Edifício Canadá, na esquina da Rua Santo Antonio com a Rua Prudente de Moraes, encontrei-me com ele que perguntou-me: “O que você está fazendo aqui menino?” Disse-lhe que eu havia tido uma desavença em casa, e que precisava arrumar um emprego de torneiro mecânico. O Gino Disse-me: “Tem uma pessoa no Dedini que é gerente e me deve muita obrigação, vai lá e diz que eu pedi para arrumar-lhe um emprego!”.  Fui, a pé, até o ponto final do bonde da Vila Rezende. Cheguei lá, pedi para chamar o gerente, expliquei o que o Gino tinha dito. Eles respondeu-me: “Não posso negar nada para o Gino! Mas eu não tenho lugar para você aqui! Você vai na MAUSA fala que eu mandei, eles estão precisando de um torneiro mecânico lá!”. Mandou que pegasse o bonde de volta e perguntasse ao Gino onde era o prédio da MAUSA, pois eu não sabia. Voltei a pé da Vila Rezende, perguntei ao Gino, ele me explicou. Quando cheguei, já tinha sido combinado com o Artemio Bottene, tinha terminado de acertar para no dia seguinte começar a fazer a experiência. Nisso o Toninho, amigo do Gino, que tinha me atendido na Dedini, chegou com seu automóvel Galaxie perguntou-me: “Filho! Você tem onde ficar?”. Falei que pretendia ficar na casa da minha tia Pina Chiquito. Ele mandou-me entrar no Galaxie, disse-lhe que meus pertences estavam no Gino, e o Toninho me levou na casa da minha tia. Ela era a irmã mais velha do meu pai. Ela nasceu na Itália, meu avô Antonio após algum tempo no Brasil, as trouxe: Clementina, Pina, Marieta e Antonia, vieram da região de Veneza.
Voltando ao ingresso na MAUSA o senhor continuou seus estudos?
Conclui o curso, o terceiro ano, no Industrial. O meu professor de português era Orlando Veneziano. 
Quem era o seu chefe na MAUSA?
Era hábito cada um ter o seu apelido próprio, meu chefe era conhecido como “Galo”. Se perguntar por Bertim ninguém sabe quem é, mas se perguntar por Mazzola a cidade inteira sabe quem é.
Por que o apelido do senhor é Mazzola?
O jogado de futebol Mazzola estava no auge, fisicamente eu era parecido com o jogador. Até hoje os conhecidos daquele tempo me chamam de Mazzola. Fui candidato a vereador duas vezes com o nome “Mazzola”. A primeira vez tive mais de 400 votos, só que o partido era muito forte, prevaleceram outros candidatos. A segunda vez foi com o João Hermann Netto candidato a prefeito e José Borghesi candidato a vice-prefeito. Eu vendia grade para aradora que o João fabricava, para o José Borghesi eu vendia elásticos, cordas de varal e cordas de amarrar caminhão. Através do José conheci o João.
Voltando a sua admissão na MAUSA, o senhor continuou morando com a Tia Pina?
No dia seguinte o Toninho me levou para ficar na “Pensão da Vó”, era assim conhecida a pensão que ficava em frente ao Laticínio Noiva da Colina, que ficava na Rua São João e Rua XV de Novembro, A “Pensão da Vó” era na Rua XV de Novembro. Hoje tem um prédio grande onde era a pensão. Isso foi em 1956, em 1958 eu arrumei uma namorada Laila Chuhi, casamos em 24 de maio de 1959. Infelizmente a sua família não apoiava o nosso namoro. Na época a Avenida Independência era terra ainda. Eles tinham uma mansão depois da Santa Casa. Eram muito ricos. Eles tinham fábrica de calcário. Onde era o salão da MAUSA que hoje está desativado, na Rua D. Pedro ali eles só processavam o produto.   Tinha a MAUSA funcionando na Rua Santa Cruz. A mina de calcário era na Estrada de São Pedro, na fazenda deles. Surgiu uma oportunidade para que eu fosse trabalhar em Jundiaí, na Vigorelli, fábrica de máquinas de costura. Eu trabalhava no período da noite, das 22:00 às 6:00 horas. Meu sogro foi fazer-nos uma visita, e viu que nossa situação financeira não era das melhores. Disse que estava abrindo uma empresa em Piracicaba, ia falar com eles. Dali uns dias ele voltou. Viemos de volta para Piracicaba. Provisoriamente fiquei na garagem da casa dele. Ele foi falar com Leonildo(Borrachudo) Checoli, irmão do Paulo. O Borrachudo perguntou ao meu sogro se por acaso o seu genro não era o Mazzola. Ele pediu para o meu sogro me trazer o mais rápido possível. Fiz o teste, passei, e comecei a ganhar o dobro do que ganhava em Jundiaí. Eles tinham um Torno de Revolver Automático que ninguém conseguia virar. Eu sabia porque tinha aprendido na MAUSA. Assim fui trabalhar na Auto Pira S/A Indústria Comércio Peças. Nessa época eu morava na Rua Aquilino Pacheco. Saí da Auto Pira e fui ser corretor. Eu saia da Auto Pira e ia vender o carnê Erontex, o Carnet da Sorte, nome comercial da Empresa Brasileira de Comércio Exportação Ltda. Fundada na década de 50 por Eronides Alves de Oliveira, conhecido por Eron, vendia carnês que sorteavam prêmios e distribuíam cortes de tecidos.
O senhor percebeu que era bom de vendas?
 Batia de porta em porta, no fim ganhava mais do que na Auto Pira. Surgiu o Hospital São Lucas em Americana, com o cunhado do Chafi Elias Aidar, pai da psicóloga Edazima Aidar, ao mesmo tempo fiquei cobrador do Bela Vista Nauti Clube, cobrava só os sócios com pagamento atrasado. Acabei conquistando a simpatia dessas pessoas, a ponto de muitos deixarem de pagar no dia correto pela atenção que eu dava quando ia receber. Não sei explicar, mas aumentou muito o número de sócios que só pagavam as mensalidades atrasadas. O empreendedor, que construiu o clube era o Luiz Guidotti, conhecido pela sua precisão em atirar. Ele colocava uma pessoa segurando um cigarro nos lábios e cortava o cigarro com um tiro de revólver. Apresentou-se várias vezes na televisão, era conhecido como “Rei do Gatilho”. Ele não estava nem um pouco satisfeito com o rumo que os pagamentos dos sócios estavam tomando. Todos os domingos eu saia de casa, ia a pé com a minha cestinha fazer compras no Mercado Municipal. Encontramo-nos lá, ele estava irado, disse que o pessoal estava pagando atrasado por minha causa, e descarregou uma série de ofensas, O mercado parou. Embora soubesse que ele estava armado, respondi-lhe a altura. O dono da banca em que estávamos em frente tremia, sabia que algo grave poderia acontecer. Continuei vendendo Erontex. Aí surgiu o loteamento das chácaras acima do Carrefour. Era do dono da Casa Espéria. Vendi muitas chácaras. Fundaram o Hospital Regional São José de Campo Mourão, Paraná. Como eu já tinha vendido filiação para os associados em Americana, naquela época não havia plano de saúde, você comprava a cota e ficava sócio do hospital. Fui de avião para Campo Mourão, Todo dinheiro que eu tinha deixei coma minha mulher, Fui com o dinheiro da passagem e o suficiente para ficar uns dois dias na cidade. Colocaram-me em um avião errado em São Paulo! Era avião da Redes Estaduais Aéreas Ltda. - Real Transportes Aéreos! Fui parar em Curitiba! Dessa maneira que conheci Curitiba. Depois por 27 anos trabalhei visitando clientes em Curitiba. A Real pagou o hotel, onde fiquei até o dia seguinte, quando teria voo pra Campo Mourão. Isso foi no dia em que nasceu o meu filho. Tivemos três filhos: Wagner, Silvia e Adriana. Quando desci em Campo Mourão, a pista de pouso não era asfaltada. Do aeroporto até a cidade dava uns dois quilômetros, pensei em ir a pé. Quando sai na estrada era um lodo só. Parou um homem dirigindo um Simca, perguntou se eu queria carona. De repente o carro encalhou, descemos para empurra-lo. Ele perguntou-me qual era a finalidade da minha ida, quando falei que fui para vender títulos do Hospital São José, ele disse que várias empresas já haviam tentado, trazendo prejuízos aos compradores, faltou honestidade dos vendedores. Ele era dono de uma casa lotérica, fui até o hotel, deixei as minhas coisas e fui até o escritório da empresa, onde tinha um funcionário me esperando. Os demais corretores tinham arrumado uma confusão e estavam me esperando detidos na delegacia. Fui até uma papelaria, peguei um talão de recibo, naquela época vendia-se talão de cheque em papelaria. Adquiri um. Você colocava o nome do banco, o número da conta do cliente, ele assinava, você ia a agência em que ele tinha conta e recebia. Comprei ainda um talão de Notas Promissórias. A entrada de cada plano era de 2.500,00 cruzeiros. Fui até a delegacia, no caminho fui vendendo planos, tinha vendido quatro títulos do hospital. Encontrei-me com Osvaldo Bená, que tinha sido meu barbeiro em Piracicaba, a barbearia dele ficava em frente à Igreja Bom Jesus. Havia a carência de um hospital, os médicos faziam consultas de forma precária, no hotel. Permaneci por 40 dias em Campo Mourão. Arrumei um parceiro que conhecia toda a região, fomos de jipe até uma localidade próxima, fomos até uma farmácia, lá vendemos ao farmacêutico um título de fundador. Tinha um homem sentado nos escutando, Ele nos convidou para ir até o escritório dele, era uma serraria enorme, tudo movido a água. Ele moia madeira para fazer compensado ou aglomerado. Ele pediu-me que repetisse o que tinha dito na farmácia. Disse que iria até o local onde o hospital estava sendo construído, se fosse verdade iria comprar um título para cada funcionário, eram mais de 100 funcionários. Fechamos o negócio. Fui ao hotel, paguei a minha conta e fui até o aeroporto onde alugava-se taxi aéreo, estava lá o Paulo Poli, que era deputado da região. Pedi para ele me levar para Maringá. Em Maringá peguei outro avião da Real que descia em Londrina. Vim para São Paulo, em seguida para Piracicaba.
Aqui o senhor continuou trabalhando como corretor?
Fui vender para o Seu Hermínio Petrin uma chácara, ele disse-me que eu era um vendedor especial, deveria trabalhar com um produto que rendesse um pouco todo dia. Recomendou-me para ir falar com seu filho, Júnior, “Fala que eu mandei ele dar dinheiro para você viajar e dar um itinerário para você. Você vai vender balas Atlante”. (Bons produtos garante. Era o slogan). Ele me deu 30.000,00 cruzeiros. Deixei 25.000,00 cruzeiros com a minha mulher. Comecei a fazer as vendas em Tietê. O primeiro lugar em que entrei já vendi. No fim da semana estava em Sorocaba. Eu não tinha carro, ia de ônibus e a pé. Eu dormia no jardim, para não pagar hotel. Deixava minhas coisas guardadas com um dono de um bar onde parava o ônibus de Sorocaba. Uma madrugada ele passou, me viu sentado no jardim, perguntou o que eu estava fazendo ali, respondi que estava descansando um pouco, não tinha como pagar pensão. Ele me levou para a casa dele. Ele era japonês. Fiquei três dias em Sorocaba, dormia e comia na casa dele. Fui para São Roque, e cidades próximas. Quando voltei para Piracicaba, no final da semana, eu tinha 7.000 quilos de balas vendidas. Era uma carga dos caminhões da época. O Júnior pagou metade da comissão adiantada. Comecei a vender outras coisa também, vendia gaiolas para o João Canomena, eram as Gaiolas Piracicabana. Em 1966 eu comprei uma Lambretta com cardam, ia daqui até Brasilia, coloquei um porta mala, onde ia minha mala, e a pastinha com as amostras de balas ia na minha frente, até Uberlândia era asfalto, De Uberlândia para frente eu ia de ônibus. Deixava a Lambrtetta guardada em algum lugar já combinado. Ia até Goiás Velho. Quando João Goulart caiu, eu estava em Brasília. Tinha sete ministérios, eu vendia para as lanchonetes dos sete ministérios. O irmão da minha mulher, meu cunhado, Eduardo, era ajudante de ordens de João Goulart. Esse cunhado gostava do meu esforço. Ele morava em um apartamento, eu dormia na sala. Quando João Goulart caiu, ele disse-me que teria que levar o presidente deposto e eu teria que sair do apartamento. Foram ele, o filho de Assis Brasil e João Goulart, até o Uruguai. Voltaram para o Brasil, o filho de Assis Brasil foi morto, e o meu cunhado foi preso. Depois por uns tempos ele ficou morando na fazenda do Gibran Athié Coury, ficou uns seis meses, preparou a defesa dele e foi para Brasília. Teve todos os seus direitos restituídos, foi promovido, foi quatro vezes deputado, e por dois anos Governador do Rio de Janeiro.
O senhor vendia em Curitiba também?
Em Curitiba, passava, fazia a clientela e seguia em frente. Lá eu vendia implementos agrícolas, ração de sabiá, gaiolas. Tinha um fornecedor de gaiolas de São Paulo, chamado Páscoa Eram gaiolas bonitas, coloridas. Vendia os produtos do José Borghesi. no dia em que caiu o governador de Goiás, Mauro Borges afastado por intervenção federal após o golpe de 1964, tendo seus direitos políticos cassados em 1966. Fiquei apavorado, apareceram soldados de todos os cantos, paraquedistas, apareceu um carrão, desceu um militar que deu ordens: “Algeme o Mauro! Algeme todo mundo, menos esse menino! Ele que saia daqui agora!” Como eu vendia sabão Rabeque, de Itatiba, após 60 dias fui para Brasília, pegava o ônibus em Campinas. Vendia no SAPES era uma divisão de abastecimento, assim como o SESI também foi. Seu José, gerente do SAPES disse-me que eu tinha que falar com o Coronel Carlos de Meira Matos. Deu-me o endereço. Fui lá. Dali a pouco ele chegou. Disse: “- Meu Deus! Menino entre!”. Ele disse-me que no dia da tomada do palácio, foi de muita tensão, e ele havia me tratado rispidamente. Perguntou-me o que eu desejava, disse-lhe que o Seu José havia me mandado, eu precisava vender sabão. Ele disse-me: “Você tem que ir em Uberlândia, procurar tal pessoa, fale que eu mandei ele comprar o seu sabão!”. Pegou o telefone, ligou e disse: “Luzia! Hoje eu estou feliz! O menino da bala está aqui e ele vai almoçar conosco.”. Em Uberlândia fui procurar a pessoa indicada. Ele perguntou se eu tinha amostra, testamos com água. Acertamos os detalhes, ele comprou uma quantidade de sabão que na história ninguém vendeu até hoje! Três vagões da Mogiana! Com esse dinheiro, eu tinha já adquirido o terreno, comprei todo material para construir a minha casa. Na Casa Perianes Materiais Para Construcao Ltda. Trabalhei por 50 anos com as confecções Elite, de Matão. Quando começamos, tinha eu, como vendedor, o Lourenço, e quatro funcionários. Hoje tem 1500 funcionários, só no escritório tem mais de 50 pessoas. Atualmente uso muito o Facebook e o WhatsApp.
A história de Mazzola, é muito rica em detalhes, edificante pela sua garra em vencer com determinação e trabalho, e talvez o principal fator é que ele é um profundo conhecedor da natureza humana. Sabe como tratar cada um, da forma que gosta de ser tratado. Seu sucesso é consequência dessa soma de fatores. Há um ditado popular que diz: “Se um cavalo selado passar perto de você, suba porque pode ser que ele passe apenas uma vez”



io de Peças

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