PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado11 de janeiro de 2013.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado11 de janeiro de 2013.
Entrevista: Publicada aos sábados
na Tribuna Piracicabana
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http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ ENTREVISTADO: MARCO PELLEGRINO (PAULISTINHA)
Marco Pellegrino nasceu no dia 4
de agosto de 1925, na Rua Cipriano Barata, 1088, Bairro Ipiranga, São Paulo.
Filho primogênito de Francisco Pelegrino e Ida Gumiero Pellegrino, são seus
irmãos Concheta Pellegrino, Maria Pellegrino, Eugênio Pellegrino, Odila
Pellegrino e Norberto Pellegrino. Casou-se com Adélia Zambom Pellegrino com
quem teve quatro filhos: Marco Antonio, Márcia, Francisco Carlos e Paulo
Roberto. Em 1938 juntamente com seus pais e irmãos mudou-se para
Piracicaba. Nesse mesmo ano participa da
fundação de uma fábrica de carretel e entra para o time de futebol Clube
Palmeiras Cidade Alta de Piracicaba. Com o passar dos anos tem participação em
diversas empresas como a Serraria e Carpintaria Gobeth e Pellegrino, Olaria
Pelegrino, Granja Nova Suiça, Exploração de Madeira Barreiro Rico, Covadis
Comércio de Assessórios para Usina. Dedicou-se por mais de 70 anos ao carnaval
da cidade, tornando-se membro da Diretoria da Escola de Samba Ekypelanka e
fundador da Escola de Samba Caxanga. Em 2009 recebeu o Premio de Honra ao
Mérito oferecido pela Prefeitura Municipal de Piracicaba – Secretaria Municipal
do Turismo, como carnavalesco mais antigo. Por Decreto Legislativo de 10 de
fevereiro de 2011 recebeu o título de Cidadão Piracicabano.
Quando sua família mudou-se para Piracicaba
foram morar em que bairro?
Tínhamos a fábrica de carretel em
São Paulo, ao chegarmos em Piracicaba fomos morar na Rua José Pinto de Almeida,
próximo a Casa Periañes. Fabricávamos carretéis para linha de costura e
artefatos de madeira, pincéis, cabo de broxa. A madeira utilizada era a
guatamurana, havia em torno de Piracicaba, era mandada daqui para São Paulo. Fomos
morar na Rua Otávio Teixeira Mendes, a fábrica era na Rua José Pinto de
Almeida. Fazia fundo com a Serraria do Paschoal Guerrini.
Quantos anos você tinha nessa época?
Tinha treze anos, estudava na
antiga Escola Normal. Em São Paulo estudei no Grupo José Bonifácio, na antiga Rua
Viação, no Ipiranga.
O seu pai tinha um apelido?
Ele era conhecido como Chico
Carretel, todo mundo tinha medo dele no Campo do XV, se falassem mal do XV
perto dele apanhavam. Ele batia mesmo. Os sócios, Gobeth, Romeu Gerds, já
avisavam: “-Não falem mal do XV perto do Chico!”.
Você acompanhava seu pai nos dias de jogo?
Ia algumas vezes, era no Estádio
Roberto Gomes Pedrosa. Em 1947 assistimos quase todos os jogos do
XV. Em 1948 assistimos todos os jogos do XV. Tínhamos um automóvel coupe ano
1947, cor de vinho, que meu pai comprou do Gianetti, íamos em todos os lugares,
Taubaté, Batatais. Mais tarde eu fui até diretor do XV. Nunca quis jogar no XV.
Jogava no Paulista de graça e não jogava no XV.
Você era bom de bola?
Quando cheguei de São Paulo onde
é o Colégio Dom Bosco o Independência treinava lá. Para baixo quem jogava era o
Sorocabano. Estavam treinando, um
jogador me perguntou: “-Menino! Você não quer pegar umas bolas no gol?”. Eu
peguei todas as bolas. Ai começou a história, diziam, “- Tem um paulista bom de
bola!”. A turma do Palmeirinha veio lá e me levou para disputar o primeiro
campeonato infantil em 1938. Ficamos campões e fui o melhor jogador do torneio.
O Dino Corazza não sabia o que fazer para mim. Do Palmeirinha vim para o
Paulista, ficava no início da Avenida São Paulo, o Heitor Pompermayer jogava de
zagueiro. Tive proposta do Fluminense do Rio de Janeiro, do Guarani de
Campinas, um monte de time. Meu primo Osvaldo Genari era o maior atleta do
Palmeiras naquela época, meu tio foi presidente do Palmeiras em 1942, eu fiquei
no Palmeiras para fazer testes. Quando chego na Praça da Sé encontrei com o
Marcos da Luiz de Queiroz, e ele me disse: “- Amanhã o Paulista vai jogar com o
XV!”. É feriado, dia 13 de Maio. Sem falar nada para ninguém peguei o trem e
vim embora. Quando eu cheguei o Rocha Netto começou a anunciar na rádio;
“-Chegou o Porta de Aço!”. Entrei em campo, 19 minutos de jogo me deram um
chute que quebrou a clavícula, foi o Otacílio, centro-avante do Rio Claro. O
Juca Mattos era farmacêutico, aplicou uma injeção de cibalena eu joguei até o
fim com a clavícula quebrada. Eu tinha 18 anos. Ganhamos o jogo de 3X2, fui o
melhor homem em campo. Nesse tempo meu primo veio me buscar para jogar no
Botafogo, o Mario Vizioli queria me levar para o Guarani de Campinas. Meu tio Hygino
Pellegrini era presidente do Palmeiras.
Nessa época você trabalhava?
Trabalhava na fábrica de
carretel.
Como se faz carretel?
É feito utilizando uma ferramenta
chamada torno copiativo. Pegava-se uma árvore redonda, cortava-se em fatias,
depois em uma serra tubular saia o bloquinho furado, a seguir colocava-se esse
bloquinho no torno de carretel e puxava. O trono fazia 100 grosas por dia.
(14.400 carretéis). A produção da fábrica era de 60.000 carretéis por dia. Nossos
clientes eram Assad, Fungali, e outra fábricas de linhas, geralmente
localizadas em São Paulo.
O seu pai só fazia carretel ou
produzia outra coisa?
Nós fizemos sociedade com o Romeu
Gerds, Gobeth, Pelegrini e Companhia Ltda. ficava na Avenida Dr. João
Conceição, próximo a Morlet. Fazia carretel, carroceria, móveis, portas,
janelas. (Marco Pelegrino faz questão de mostrar os móveis do seu quarto, uma obra
prima feita por Eugenio Nardin em madeira chamada caviúna. Ele explica que é
uma madeira tão rara que em 200 alqueires de terra é possível encontrar de
quatro a cinco arvores de caviúna. Ele explica que tirou as árvores do mato,
serrou e um italiano que veio da Itália fez os demais móveis. São peças
raríssimas, de grande valor). Isso é de 1947. Eu me casei em 4 de dezembro de
1948 na Igreja dos Frades onde fiz as bodas de prata e as bodas de ouro.
Como você ganhou o apelido de
Paulistinha?
Quando eu cheguei de São Paulo
faltou alguém para treinar entre Belarba, Fogo Verde, eu entrei e “abafei”,
estava com 12 para 13 anos. Fiz quatro ou cinco treinos no Palmeirinha, já
passei a titular. No campeonato de 1938 ficamos invictos. Ganhamos de todo o
mundo: 2x0 do XV; 6 do Paulista, 4 do Atlético, ganhamos de todos.
Naquele tempo o futebol era visto de outra
forma?
O Campeonato Piracicabano era
disputadíssimo, a Luiz de Queiroz com um time que tinha Maninho, Helio, Totó,
Pirumbá, era uma estudantada boa de bola. Nós que quebramos a invencibilidade
da Luiz de Queiroz, depois de quase três anos, foi no campo do Atlético,
ganhamos de 3x0. Tufi Coury jogava, o Natin de Rio das Pedras era bom goleiro.
Como se deu a sucessão comercial da empresa
em que eram sócios?
A sociedade permaneceu até 1950,
quando saímos, com meu pai montamos a
serraria, carpintaria e olaria, na Avenida Dr. Paulo de Moraes esquina com a
Rua José Pinto de Almeida, onde hoje é a Toninho Lubrificantes. A olaria ficava
onde hoje é a Walmart,
O barro de lá tinha boa qualidade?
Não era grande coisa, mas tinha
outra olaria na Água Branca. Nessa serraria fazíamos o desdobramento da
madeira, fabricávamos carroceria de caminhão, fazíamos portas, janelas,
esquadrias. Tínhamos cerca de 20 funcionários. Permanecemos lá até 1964. Nesse
ano fui para a Covadis, com o Scarpari, permaneci lá até 1974. Lá eu era sócio,
a Covadis fornecia material para usina de açúcar. No Início era na Rua D.
Pedro, mudou-se para a Avenida Armando Salles e foi para a Avenida Rui Barbosa.
Em 1974 me aposentei.
Qual é a sua ligação com as escolas de
samba?
Sempre gostei do carnaval. Tudo
começou quando eu tinha de 10 a 11 anos e sai no Bloco dos Pão Duros no
Ipiranga, em São Paulo. Daí surgiu o Flôr do Ipiranga. O Bloco dos Pão Duros
era formado pelo Nenê, Bibi, tínhamos uma palheta, cada uma tinha uma letra, foi
fundado por Eduardo Leite. O Nenê e eu estudávamos na Escola José Bonifácio,
tinha o Parque Infantil do Ipiranga, ao lado, crescermos todos juntos. Depois
vim para Piracicaba, quando fomos campões da turma do infantil tinha a Turma do
Leão do Bairro Alto, tempo do Genio Martinão, Toninho Pimenta, Avelino. Como
não tinha isopor fizemos um leão de cimento armado. Para sair com ele
precisamos quebrar o muro do sobradinho do Pedro Cobra, na Rua Visconde de Rio
Branco. Colocamos o leão em cima de um caminhão. O desfile era de três dias, no
primeiro dia começou a chover o pessoal dizia: “- O Leão está com medo de sair
na rua!”. Saímos e “abafamos”. Naquele
tempo a Rádio PRD-6 dava um troféu para quem fizesse a melhor marchinha. No fim
foram lá na rádio o Corinto, Tatá, João do Pandeiro, que tinha uma perna só. Começamos
a cantar: “- Hurra, hurra, meu leão!/ Hurra, hurra sem parar!/ Sem o urro do
Leão/ Sem o urro do Leão não alegra o carnaval. A noite vem caindo/ Vem
surgindo a lua/ Está chegando a hora do Leão sair na rua/ Abre alas minha
gente/ pois não será o primeiro que o leão devorou”. Ou seja, não será o
primeiro ano que o Leão havia ganhado o carnaval. Sai muitos anos lá.
Quem desfilava usava fantasia?
Até a pouco tempo eu tinha
fantasia daquilo ali. Era vermelha e branca, com um chapelão. Era um bloco com
cerca de 100 pessoas. Quando o Palmeirinhas ia jogar fora íamos com dois
ônibus, em um ia a batucada e no outro iam os jogadores.
Depois
do Leão qual foi a sua próxima participação no carnaval?
Passou um tempo, o carnaval
morreu em Piracicaba. Surgiram as famosas gincanas. Fui para a Equypelanka.
Ganhamos a gincana. Fomos ver quem era o bom no carnaval. A Ekypelanca formou
escola de samba, a Zoon-Zoon, a
Ekyperalta,
Equipexato, Equypelanka, ai não parei mais.
Recentemente faleceu um dos fundadores da Eqypelanca, o Ito. Fizemos um carro
alegórico para a Império Serrano, junto com o Carlão ABC. Dia 9 de março de
1979 fundei a Escola de Samba, junto com o Capitão Gomes, Massao, Zé Maria,
Jussara Sansigolo, montei a Caxangá. No primeiro ano saímos no segundo grupo.
No ano seguinte queríamos nos colocar no primeiro grupo, disse que iríamos sair
no segundo grupo, pulamos para o primeiro grupo, e em seguida ficamos campeões.
Era uma briga com a Zoon-Zoon e com a Portela. A Caxangá sempre levou a melhor.
Quem eram os jurados?
Vinham de São Paulo. Décio
Pecinini, Zé Batuquinho, Jangada.
O desfile era na Avenida Armando Salles?
Primeiro era na Rua Boa Morte,
depois na Rua Governador, depois na Armando Salles. Depois foi na Estação da
Paulista.
Onde era o melhor lugar?
O melhor lugar no começo era na
Avenida Armando Salles de Oliveira. Piracicaba infelizmente não tem carnaval.
Em 1980 dei uma entrevista onde afirmei que para levantar novamente o carnaval
de Piracicaba irá levar uns 30 anos. E já faz trinta anos que eu disse isso! Na
década de 80 em Piracicaba era o melhor carnaval do interior, dois dias antes
já tinha caminhões na avenida. Piracicaba não tem nada. Não tem uma avenida
adequada, não tem uma escola de samba. Só vemos promessas. É uma das culturas
mais legitimas que temos é o carnaval.
No seu ponto de vista falta o que?
Falta tudo! Falta quadra, faltam
elementos, quantos elementos formei na Caxangá, começam a namorar, casam e vão
embora.
Casais se dão bem em carnaval?
Eu tinha uma ala de 20 médicos,
casais. Nossos desfiles envolviam pessoas de alto nível social e cultural. As
filhas de uma importante personalidade piracicabana, já falecido, queriam
desfilar, ele não queria deixá-las, como pai zeloso preocupava-se com elas, até
que ele viu em loco no ensaio da escola, e permitiu que elas saíssem
desfilando. Os desfiles de carnaval dos anos 80 em Piracicaba atraia muitos
turistas de São Paulo, era de alto nível. Muitos se hospedavam em Águas de São Pedro
e vinham assistir o carnaval em Piracicaba.
A Célia, filha do fotografo Cícero dos Santos, foi a maior
porta-bandeira que tivemos, era uma maravilha. Teve um ano que a Caxangá não
saiu eu trabalhei na Zoon-Zoon. Fizemos 18 carros alegóricos.
Carro alegórico dá problemas por quê?
É duro fazer um carro alegórico! Fiz
um carro que tinha uma fonte luminosa, deu um trabalho! Não dormia dia e noite!
Fiz soltando 15 jatos de água subindo cerca de 15 metros, com todas as cores de
água. Funcionava com bomba d água. Fiz um dragão com duas cabeças, soltando
fumaça e serpentina. A fumaça era de gelo seco.
Fiz a catedral de São Paulo que girava no carro. Fiz o teatro, o salto
do Rio Piracicaba.
Quanto tempo você levava para fazer uma peça
dessas?
Levava mais de um mês. A verba
que a prefeitura dá hoje, se for fazer um carro alegórico não dá. Nunca tivemos
lugar apropriado para realizar os ensaios, realizávamos ensaios onde hoje é o Walmart,
era uma briga com os vizinhos.
Quem adquiria os instrumentos?
A Escola! Nós fazíamos promoções,
jantares. Faziamos junto com o Lions, dividíamos em três partes, uma parte para
a escola, uma para o Lions e outra parte para uma casa de caridade.
Hoje você liga a televisão e vê durante três
dias a transmissão exaustiva de carnaval. É uma indústria?
Tanto no Rio como em São Paulo
são os bicheiros que patrocinam o carnaval.
A população tem interesse em carnaval?
Não há. Infelizmente o povo
piracicabano não tem espírito carnavalesco. Tratam do carnaval um mês antes.
Fevereiro é carnaval, nos anos 80 rádios, jornais, estavam visitando as
escolas. O então repórter Roberto Moraes não deixava de visitar as escolas de
samba. Todos os dias das 14 às 18 horas tinha programa carnavalesco.
E a Banda do Bule?
Eu saia! O Paulinho Fioravante e
Alceu Marozzi Righetto é que foram
fundadores! De todas as escolas saia gente na Banda do Bule. A Banda do Bule
saia da Estação da Paulista descia a Rua Governador Pedro de Toledo. No inicio
era muito gostoso, depois virou anarquia eu não sai mais.
O que você acha da Banda da Sapucaia?
Acho boa! Todas as escolas
desfilam lá. Caxangá, Ekyperalta, União Porto.
A Sociedade Treze de Maio tinha tradição de
desfile?
Tinha. Belarba tomava conta, era
um crânio. Tinha o Ditão. Nizio de Moura. Eles eram bons lá pelos anos 39, 40.
Você conheceu o Cordão Chinês?
Tinha o Cometa e o Chinês. O Zego
começou no Chinês eu comecei no Chinês. O Cometa era da Fábrica de Tecidos Boyes,
o Buriol tinha um bar, era muito rico,ele era do Cordão do Chinês, no ano em
que eles ficaram campeões eu estava na Turma do Leão. A reunião era na
Tabacaria Tupã, no lado do jardim central. A Taça era para nós, o Buriol queria
a taça para ele. O Genio Maquinão, um sujeito muito forte que tocava cuíca, meteu
a cuíca na cabeça do Buriol. Subimos a Rua Moraes Barros, tomando cerveja na
taça, pinga na taça, até chegar no bosque. (Onde hoje é o Estádio Barão de
Serra Negra). O Bebeto era puxador de samba, puxou para mim na Equypelanka,
para a União do Porto.
Quem foi o melhor puxador de samba de
Piracicaba?
Para mim foi o Cali, um negro da
Rua do Porto.
Entre os bairros havia uma forte rivalidade?
Havia sobre os mais diversos
aspectos: futebol, namoro. O Leão da Paulicéia era um cordão. A Vila Bacchi era
da Vila Boyes. O Palmeirinha saiu um ano, os Irmãos Pavanelli que promoveram. Uma
vez perdi um carnaval por causa de uma moça, era para usar sapato branco, estourou,
ela não falou nada e foi com um azul. O Dr. Jussiê Siqueira, médico, foi
fundador comigo da Caxanga, ele é pai da Jussara. Dr. Jussiê era um excelente
diretor de harmonia.
Qual é o segredo para ser um bom diretor de
harmonia?
Tem que entender do carnaval. Tem
que ter ensaio. A harmonia para ter nota máxima tem que ter o som da bateria
com o canto dos elementos. Tem que estar constantemente de ala em ala para ver
se o samba não está atravessando. O jurado nota tudo isso ai.
Quantos elementos têm uma bateria?
A minha saia com 100.
O carnaval de clube também acabou?
Acabou! Não tem mais nada. Sou
veterano do Cristóvão Colombo. Quantas vezes fiz o grito de abertura do
carnaval do Cristóvão com o samba enredo da Caxangá!
O que você sentia quando saia desfilando na
avenida?
Vida nova! O carnaval me deixava
novo!
Sua esposa ia junto?
Ia! Foi uma das baianas mais
lindas dos desfiles, o Jornal de Piracicaba sempre falava.
Piracicaba era uma família?
Até os anos 60 era uma família.
Antigamente a amizade era outra. Você tem como exemplo o Natal. Você passava e
via todos os lugares iluminados, hoje você não vê nada. O povo não quer mais
sair na rua.