domingo, outubro 23, 2016

MARGARIDA LOPES RODRIGUES DE AGUIAR PERECIN

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS 

JOÃO UMBERTO NASSIF 

Jornalista e Radialista 

joaonassif@gmail.com 

Sábado 22 de outubro de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana 

As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/
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ENTREVISTADA: MARGARIDA LOPES RODRIGUES DE AGUIAR PERECIN

 Margarida Lopes Rodrigues de Aguiar Perecin é graduada em História Natural pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1960). Possui título de doutora em Genética e Melhoramento de Plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo (1968). Realizou estágio de pós-doutoramento na Universidade de Oxford, UK(1971/1972), e estágios técnicos e visitas nas Universidades de Nottigham, UK e Gent, Bélgica (1985), Plant Breeding Institute, UK e Royal Botanic Gardens KEW , UK (1987), Rothamsted Experimental Station, UK (1989). Observação: Reino Unido (em inglês: United Kingdom - UK), oficialmente Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Aposentou-se em 2008, como Professora Titular da Universidade de São Paulo, ESALQ, e atualmente é Professora Sênior na mesma instituição. Iniciou sua carreira na área de Citogenética de Aves e posteriormente desenvolveu pesquisas em Citogenética Vegetal, atuando nos seguintes temas: evolução do cariótipo e do genoma, variabilidade da freqüência de quiasmas entre genótipos de milho, estrutura molecular dos cromossomos, cultura de tecidos e alteração dos cromossomos em resposta ao estresse in vitro. Principais espécies estudadas: milho (Zea mays), Passiflora, Crotalaria, Hypochaeris, Capsicum, Mikania, Stylosanthes, cana-de-açúcar e Smilax. Citogenética vegetal, milho, genética vegetal, melhoramento de plantas e evolução. Faz parte da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Genética. Teve participação relevante em sua área.
A senhora nasceu em qual cidade?
Nasci em Manaus a 10 de junho, quando eu tinha aproximadamente um ano de idade meus pais vieram para Piracicaba.
Qual era a atividade do pai da senhora em Manaus?
Meu pai, José Pessoa de Aguiar, nasceu no Ceará, era médico, formou-se em 1936 pela Faculdade de Medicina da Bahia, foi lá que ele conheceu a minha mãe Isabel Lopes Rodrigues de Aguiar. Casaram-se em Manaus, onde ele passou a clinicar. Tiveram quatro filhas: Margarida, Lúcia, Cristina e Maria da Graça.
A senhora tem um avô que foi um pintor muito importante?
O meu avô materno Manoel Lopes Rodrigues  foi pintor, era da Bahia, ficou por dez anos em Paris uma parte com bolsa do Imperador D. Pedro II, após a proclamação da república, com bolsa do governo, depois trabalhou por conta própria, foi convidado a ficar lá, não quis mudar de nacionalidade, voltou para o Brasil. Enquanto ele esteve em Paris teve uma produção muito boa de quadros. Quando ele voltou, casou-se, teve seis filhos. Os quadros dele estão nos museus da Bahia, tem quatro quadros na Pinacoteca de São Paulo e oito quadros no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Eu tenho vontade de escrever um livro sobre ele, principalmente para colocar reproduções desses quadros. Ele teve um aluno muito importante na Bahia que é Presciliano Silva.

Manuel Lopes Rodrigues
Pintor, desenhista, ilustrador, cenógrafo, ensaísta e professor.
Manoel Lopes Rodrigues (1860: Fonte Nova do Desterro, BA – 1917: Salvador, BA).
Filho do pintor e professor João Francisco Lopes Rodrigues, estudado em Salvador com seu pai e com o mestre Miguel Cañisares. Um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Salvador, foi artista eclético e competente acadêmico.
“Manoel Lopes Rodrigues praticou o retrato, o interior, a natureza-morta, a pintura histórica, a paisagem, o gênero, postando-se estilisticamente entre o Realismo e o Simbolismo, e podendo ser reclamado pelo Ecletismo em vigência na última década do Séc. XIX.” (LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988, p. 290).
1878 – Lecionou desenho no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola de Belas Artes, em Salvador.
1882-85 – Residiu no Rio de Janeiro, RJ, para onde se transferira com a intenção de estudar na Academia Imperial de Belas Artes, o que, contudo, acabou não se concretizando.
No Rio, tornou-se crítico de arte do periódico Gazeta Literária, executou desenhos e aquarelas para a Exposição Médica Brasileira e produziu ilustrações para diversos livros da área médica, entre eles o Atlas da clínica de olhos, de autoria do Dr. Moura Brasil, e o Atlas de moléstias da pele, escrito por Silva Araújo.
1886-95 – Estabeleceu-se na França, onde viveu inicialmente dos rendimentos obtidos no Rio de Janeiro e mais tarde da ajuda financeira de mecenas baianos e do próprio imperador Pedro II. Com o fim do regime imperial, em 1889, recebeu bolsa do Ministério da Fazenda do novo regime republicano. Em Paris, foi discípulo de Raphael Colin, e posteriormente estudou com Jules Lefebvre e Tony-Robert Fleury. Além disso, participou da classe de Leon Bonnat, na Escola Superior de Belas Artes.
1895 – Permaneceu três meses na Bahia em decorrência do falecimento do pai. Nesse período, executou trabalhos encomendados pelo governador baiano Rodrigues Lima e para o mosteiro de São Bento. Ainda neste ano viajou para Roma, onde terminou a pintura do quadro Primeira Reprimenda.
1896 – Retornou à Bahia, em virtude do fim da bolsa que recebia do governo brasileiro. Pintou a tela A República, encomendada pela Assembleia Geral baiana.
1897-98 – Trabalhou como diretor da parte artística do periódico baiano O Album.
1917 – Foi um dos organizadores da Sociedade Propagadora de Belas Artes de Salvador.
Realizou a seguinte exposição individual:
1896 – Teatro São João, Salvador.
Realizou, entre outras, as seguintes exposições coletivas:
1884 – XXVI Exposição Geral de Belas Artes, Academia Imperial de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1889 – Exposição Universal de Paris, Paris.
1890, 92, 94, 95 – Salon des Artistes Françaises, Paris.
1894, 96 – Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1895 – Retrospectiva, Escola de Belas Artes da Bahia, Salvador.
Foi homenageado, entre outras, nas seguintes exposições póstumas:
1918 – Retrospectiva, Sociedade Propagadora de Belas Artes, Salvador.
1950 – Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
2000 – Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal, São Paulo.
2004 – Mestres da Pintura Baiana, Museu de Arte da Bahia, Salvador.
2008 – De Colônia a Império, Museu de Arte da Bahia, Salvador.







Boa parte da obra produzida por Manoel Lopes Rodrigues encontra-se no acervo da Escola de Belas Artes e do Museu de Arte da Bahia, entre outras instituições baianas. O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, também guarda importantes trabalhos do artista.

                                                      Prisciliano Silva  


Presciliano Athanagildo Izidoro Rodrigues da Silva mais conhecido como Presciliano Silva (Salvador, 17 de maio de 1883Rio de Janeiro, 7 de agosto de 1965) foi um pintor brasileiro. Algumas de suas obras estão expostas no Museu de Arte da Bahia‎.
Presciliano o primeiro filho das segundas núpcias de Possidônio Izidoro da Silva e de Clotilde Rodrigues da Silva, que foi sua grande incentivadora; a mãe o matricula, já aos 13 anos, na Escola de Belas Artes e desde então frequenta aulas particulares no Liceu de Artes e Ofícios, com o professor Manoel Lopes Rodrigues.
O mestre apoia sua ida a Paris, em 1903, onde sofre preconceito e experimenta o sofrimento causado pelos ruídos e surdez de uma esclerose nos tímpanos. Fica em França até 1906, quando retorna à Bahia e tem resposta favorável aos seus trabalhos, o que, com incentivo de amigos como Olegário Mariano, o motiva a expor no Rio de Janeiro.
Em 1912 vence as resistências e consegue expor em Paris, no Salão Oficial, o quadro que retrata Mme. Le Clinche. Com o início da I Guerra Mundial volta à cidade natal, onde estabelece seu ateliê, no ano seguinte.Na cidade leciona na Escola de Aprendizes e Artífices. Em 1920 tem de Ruy Barbosa as mais elogiosas palavras: "...o meu instinto, minha intuição, algum gosto que terei, talvez, e o meu hábito de ver obras de mestres, me indicam em Presciliano Silva um pintor de extraordinário merecimento e futuro."
Ingressa como docente, em 1928, na Escola de Belas Artes da Bahia, onde mais tarde seria diretor e professor emérito. Em 1930 realiza seu maior trabalho, retratando o 2 de julho de 1823, data que marca o fim da guerra pela Independência da Bahia, intitulada Entrada do Exército Libertador
O artista continua pintando até sua morte, em 1965, tendo seu trabalho sido consagrado por diversas exposições e prêmios. Era casado com Alice Moniz Silva, com quem teve uma única filha, Maria da Conceição



                                          Presciliano Silva - Farol da Barra 

Em que local de Piracicaba o pai da senhora montou consultório?
Na Rua XV de Novembro entre a Rua Benjamin Constant e a Rua Governador Pedro de Toledo. Ele tornou-se muito conhecido em Piracicaba como Dr. Pessoa. Era especialista em otorrinolaringologia e oftalmologia. A minha mãe além dos afazeres do lar, pelo fato de conhecer a língua francesa, deu aulas particulares de francês e também lecionou francês no Seminário Seráfico São Fidelis
Assim que se mudou para Piracicaba a família passou a residir em que local?
Residimos na Rua Boa Morte, no centro, logo mudou para a Rua XV de Novembro. Naquele tempo era comum o médico ter o consultório ao lado da casa em que residia. Após muitos anos ele mudou-se para o Jardim Europa. O consultório continuou na Rua XV de Novembro. Ele praticamente clinicou a sua vida inteira em Piracicaba, ele clinicou até os 72 anos faleceu com 74 anos, em 1986. A minha mãe já tinha falecido antes dele. Meu pai era muito conhecido, naquele tempo havia poucos médicos na cidade. Sempre trabalhou na Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba. Ele dava atendimento gratuito aos chamados na época de indigentes, isso na parte da manhã, nessa época os médicos faziam isso.
Essas pessoas de parcos recursos procuravam retribuir a atenção recebida de alguma forma?
Geralmente de pessoas residentes na zona rural ele ganhou cabrito, porco, sempre traziam algum agrado dentro das suas possibilidades. Era uma demonstração de carinho e gratidão. Naquele tempo era possível receber esse tipo de presente porque as casas tinham um quintal grande.
Ele realizava cirurgias?
Fazia na Santa Casa. Já eram realizadas cirurgias de catarata. Ele chegou a ter um equipamento moderno no consultório.
O curso primário a senhora estudou em qual escola?
Estudei no colégio das freiras, no Externato São José, localizado no prédio que existe até hoje, na esquina da Rua Alferes José Caetano com Rua D. Pedro II, onde mais tarde funcionou a Faculdade de Odontologia de Piracicaba. O primeiro ano do ginásio fiz no Colégio Assunção na Rua Boa Morte. Depois me transferi para o Sud Mennucci, colégio estadual.  Naquela época era tida como a melhor escola de Piracicaba. Lá fiz o curso científico. Concluído, fui para São Paulo fazer o curso de História Natural na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Uma parte do curso era na Alameda Glete e outra parte já tinha se mudado para a Cidade Universitária. Eu freqüentava os dois locais, tinha algumas matérias na Alameda Glete, no centro, e outras matérias Cidade Universitária.
Em São Paulo em qual local a senhora morava?
Morava no centro, em um pensionato de freiras salesianas, situada na Rua Guaianazes, eram dois casarões conjugados. Era um pensionato grande, às oito horas da noite os portões se fechavam. Às vezes pegávamos um bailinho na Alameda Glete, a freira deixava ir e voltar mais tarde. Acredito que na época São Paulo não era assim tão perigoso, costumávamos ir aos domingos nas matinês do cinema, no centro da cidade. Lembro-me do Cine Paissandu, Cine República, Cine Marrocos, naquele tempo São Paulo tinha bonde, era uma cidade mais tranqüila.
A senhora chegou a conhecer o requintado chá do Mappin?
Conheci, na época em que o Mappin já estava em frente ao Teatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo. Fui uma vez com meus pais. Freqüentava o Teatro Municipal, tinha uns concertos matinais, nas manhãs de domingo.
Para ir do pensionato onde a senhora morava até a Cidade Universitária, qual a condução era usada?
Tomava três conduções: o bonde “camarão” até a Praça do Correio, ali tomava outro bonde que ia até a Praça de Pinheiros, ali tomava um ônibus para a Cidade Universitária. Tinha que acordar muito cedo, as aulas começavam às oito horas, eu saia  de casa entre seis a seis meia da manhã. O prédio onde eu estudava deve existir até hoje, ficava na Rua do Matão. Permanecia na escola até as seis da tarde, estudava em período integral. Chegava a minha casa às oito horas da noite, para o jantar. Depois às vezes ia dormir outras vezes ia estudar. O curso era de quatro anos, eu me formei em 1960, como Bacharel em Ciências Naturais, fiz o bacharelado e licenciatura.
A senhora permaneceu em São Paulo?
 Voltei â Piracicaba, consegui uma bolsa de estudo no Departamento de Genética da ESALQ no tempo do professor Professor Friedrich Gustav Brieger, isso foi em 1961, ele tinha fundado um Departamento de Genética junto ao Instituto de Genética. Ele tinha bolsas para contratar pessoas, tinha muito contato e recebia subsídios da  Fundação Rockefeller  que é uma fundação criada em 1913 nos Estados Unidos que define sua missão como sendo a de promover, no exterior, o estímulo à saúde pública, o ensino, a pesquisa e a filantropia.
Como era o Professor Brieger?
Ele veio da Europa a convite da ESALQ em 1936, era uma pessoa muito dinâmica, foi quem criou o Departamento de Genética na ESALQ, convidado pelo diretor José de Melo Morais, conhecido como Melinho. O professor Brieger além de fundar o Departamento de Genética, incentivou várias áreas de pesquisa, tanto a pesquisa básica como a aplicada. Tanto em genética como em citologia, na área de melhoramentos de plantas, ele incentivou muito o melhoramento de milho, de hortaliças, mais tarde ele incentivou um laboratório de genética de microorganismos. Ele era alemão, falava o português, com bastante sotaque. No inicio ele começou as pesquisas sobre raças de milho, depois ele se dedicou a pesquisas sobre evolução de orquídeas. Nessa época ele organizou uma coleção muito grande de orquídeas que existe até hoje no Departamento de Genética.
Na visão da senhora, o que significa o trabalho do Professor Brieger para a genética no Brasil?
Foi um trabalho muito importante, ele foi considerado um dos pioneiros, um dos fundadores da genética no Brasil. Foi quem implantou a genética de plantas o Brasil. O nosso país deve muito a ele. Existiam outros departamentos de genética em São Paulo, no Rio de Janeiro.
Na ESALQ a senhora teve a sua ascensão profissional.
Tive, naquela época quem não era agrônomo não podia ser professor, também não era muito comum ter mulheres professoras, após a bolsa tive o cargo de biologista, como se chamava na época, fazia pesquisa e preparei a minha tese de doutoramento como biologista. Meu orientador foi o Professor Almiro Blumenschein, eu trabalhava n laboratório dele, era o Laboratório de Citologia. Fiz um estudo sobre cromossomos de aves, estudei várias aves, foi entre 1962 a 1968, quando fiz meu doutoramento. Em 1971 é que fui nomeada professora do departamento de genética. Assumi como professora, depois fiz o concurso de livre docente, mais tarde fiz o concurso de professor titular.
O professor Brieger ainda estava na ESALQ ?
Ele tinha se aposentado, foi para Brasilia, depois foi para a UNICAMP e depois  regressou para a Alemanha. Ele faleceu na Alemanha. Ele era casado com  Da.Anneliese Kaiser Brieger, tiveram dois filhos: Barbara e Franz. O Franz estudou agronomia e depois foi trabalhar em Ribeirão Preto.
A senhora morava aonde nessa época?
Morava na Rua XV de Novembro, com meus pais, eu ia de bonde para a ESALQ. Aposentei-me em 2008, continuo lá fazendo pesquisas, mais especificamente publicando trabalhos, artigos científicos em revistas científicas. Devo ter uns 60 trabalhos citados. Publiquei um livro e tenho um livro traduzido junto com outros colegas. O livro publicado é sobre citogenética,a minha área é citogenética estudo dos cromossomos, Citogenética e Evolução de Plantas. Esse livro contém artigos que foram apresentados em um colóquio sobre citogenética e evolução de plantas que organizei com mais dois colegas em 1984, o livro foi publicado em 1985.
Já conseguimos entender os cromossomos?
Conseguimos! Os cromossomos são muito bem estudados, são filamentos de DNA onde estão os gens responsáveis pela hereditariedade. A estrutura deles é muito bem estudada, o funcionamento deles é muito bem estudado, existe várias maneiras de enfocar o estudo dos cromossomos, podemos estudar cromossomos de várias espécies que são da mesma família e entender a evolução dessas espécies, podemos estudar cromossomos para ver modificações que eles tiveram, por causa de stress por exemplo, por causa de irradiação, hoje temos técnicas mais sofisticadas para estudar cromossomos em que o pesquisador mapeia tipos de DNA ao longo do cromossomo.
As suas pesquisas continuam?
Agora estou escrevendo sobre cromossomos de milho, sou especialista em cromossomos de milho. A produção de milho hoje é sobre milho hibrido. O meu trabalho é muito básico, é sobre cromossomos de milho, estrutura dos cromossomos de milho, alterações dos cromossomos de milho, é um trabalho sobre estrutura de cromossomos de uma maneira geral, esses estudos contribuem para entendermos a evolução das plantas. A genética contribuiu muito para o melhoramento do milho, através de cruzamentos entre variedades diversas, o melhorista tem o papel de selecionar linhagens que depois cruzadas dão milho hibrido.
A informática deu uma revolucionada nessa área?
A informática deu no estudo do genoma, chamamos de genoma todo DNA da célula. Os cromossomos são o DNA compactado. Todo DNA pode ser estudado hoje. Chamamos de genoma todo DNA que existe na célula. A informática tem ajudado muito nessas seqüências de DNA.
A senhora trabalha só com plantas ou com animais também?
Trabalhei com animais em minha tese de doutorado. Depois passei a trabalhar só com plantas.
Há uma diferença muito grande nesses estudos?
Os cromossomos são constituídos de DNA e proteínas.
A cadeia de cromossomos do animal e a cadeia de cromossomos da planta têm semelhança?
Não, elas têm diferenças! A estrutura tem diferença. Mesmo o cruzamento entre plantas tem que ser da mesma família, do mesmo gênero.
A nossa flora é de fato muito rica?
A nossa flora possui uma riqueza muito grande, ainda não totalmente estudada.
Fitoterapia tem alguma relação com a área de estudo que a senhora realiza?
Não. Eu já estudei plantas medicinais, mas sempre a minha área é o estudo dos cromossomos.
A ESALQ tem um nome muito forte pelo trabalho que realiza, dispõem de recursos materiais, mas principalmente recursos humanos preciosos. Isso é um motivo para Piracicaba ter um orgulho muito grande.
A ESALQ é um orgulho não só de Piracicaba, mas para o Brasil. É uma escola importante, que tem contribuído muito para o ensino, formação de pós-graduados, formação de doutores que depois vão trabalhar em diversas regiões do Brasil. Muitos dos nossos ex-alunos foram formar núcleos de pesquisa em várias universidades do Brasil. Ou foram trabalhar na EMBRAPA. Ou em outras instituições de pesquisa.
O marido da senhora exercia qual atividade?
Meu marido, Antonio Perecin, era economista, formou-se pela UNIMEP, no curso de administração de empresa, depois ele fez mestrado na USP, foi professor da UNIMEP por algum tempo, mas ele dedicou-se mais ao seu escritório, que era um escritório de consultoria auditoria, contabilidade. Ele era grande entusiasta da área, teve muitos alunos da UNIMEP que depois foram ser bons profissionais.
A senhora permaneceu estudando na Inglaterra por quanto tempo?
Fiquei um ano e meio.
Como que a senhora compara o ensino inglês ao nosso ensino?
Eles têm um nível muito bom. A pós-graduação lá era diferente da nossa. Aqui nós temos cursos estabelecidos, presenciais, que o aluno tem que assistir. Lá os alunos não tinham curso, assistiam um ou outro curso, tinham que estudar sobre temas que o orientador desse, escrever sobre esses temas. É outra didática. Nos Estados Unidos a pós-graduação é como a nossa.
Mesmo aposentada a senhora continua trabalhando na ESALQ.
Continuo trabalhando através de um programa que se chama Professor Sênior onde podemos colaborar principalmente em pesquisa. Dependendo do perfil de cada professor ele colabora em aulas. Orientação de aluno. Trabalhos de extensão à comunidade. O programa Professor Sênior é um trabalho não remunerado, é para quem tem mania de trabalhar.
Qual é a  forma de lazer preferida da senhora?
Gosto muito de ouvir música clássica Eu tocava piano, estudei com a Dona Dirce de Almeida Rodrigues durante uns 10 anos. Tenho uma assinatura na Sala São Paulo e vou uma vez por mês à São Paulo para assistir os concertos. Tenho assistido os concertos da Orquestra Sinfônica de Piracicaba que está muito boa graças ao trabalho do Maestro Jamil Maluf. Sempre freqüentei os concertos da Escola de Música de Piracicaba.
Além da musica alguma outra atividade que a senhora faz?
Gosto muito de viajar, tenho uma irmã que mora na Bélgica, vou quase todos os anos para lá. Viajo por outros países, gosto de visitar museus, gosto muito de arte, tenho feito um curso de História da Arte com o professor Fernando Furquim Fiz vários módulos do curso que ele dá e agora estou fazendo um curso de História da Grécia.
A senhora acredita na existência de Deus?

Acredito não naquele Deus com forma humana, a figura de Deus é muito incompreensível. Freqüento um grupo de estudos espirituais. A minha ligação com Deus é de forma muito natural. Tem-se que estudar sempre, ler sempre, para manter a fé viva.

sexta-feira, outubro 14, 2016

O BISTECÃO RESTAURANTE E CAFÉ Ivan Freire, Gilson Rezende do Amaral e Willian Rezende do Amaral

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS 

JOÃO UMBERTO NASSIF 

Jornalista e Radialista 

joaonassif@gmail.com 

Sábado 15 de outubro de 2016.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana 

As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ 

ENTREVISTADO: O BISTECÃO RESTAURANTE E CAFÉ

 (Ivan Freire, um dos proprietários e Gilson Rezende do Amaral, chapeiro, trabalhando a 34 anos no Bistecão)


  PARTE DA EQUIPE QUE FAZ DO BISTECÃO UM LOCAL ESPECIAL EM PIRACICABA
 Da esquerda para a direita: 
GILSON (CHAPEIRO, DE BONÉ), IVAN DE CAMISETA AZUL CORRENTE E CRUCIFIXO NO PESCOÇO, WILLIAN SKATISTA ENTREGADOR COM CAMISETA CINZA, ADRIANO DE CAMISA AZUL E ÓCULOS,GERALDO DE CAMISA PRETA. NÃO ESTÃO NA  FOTOGRAFIA OUTROS DOIS IRMÃOS: SEBASTIÃO E MEIRE
Há lugares e épocas que são marcantes para uma ou mais gerações. Esse fenômeno dá-se em decorrência de uma série de fatores. Talvez o mais forte seja a necessidade de comunicação do ser humano, em ambiente propicio. Com as facilidades que a tecnologia trouxe, são incontáveis o numero de grupos de pessoas com interesses afins que reúnem-se em comunidades, algumas abertas ao público, outras mais seletivas só admitem os ungidos a pertencerem àquela comunidade virtual.  Com isso o mundo parece ter se tornado menor, graças à velocidade instantânea da comunicação. Mas isso não significa que o contato pessoal tenha deixado de existir. Há uma grande diferença entre “dois dedos de prosa” trocados em um café e um e-mail, por mais caloroso e expressivo que seja digitado. No Brasil toda cidade tem pelo menos um desses lugares, cada um com sua característica própria. Um dos mais tradicionais pontos de encontro em Piracicaba é o Bistecão Café e Restaurante, localizado a Praça da Catedral, 1045. O local em si já é rico em história. O café pode ser servido em xícara, porém muitos clientes preferem o copo americano. O fato de localizar ao lado da Catedral de Santo Antonio, após assistirem a missa muitos fiéis vão tomar café, outros levam frango assado.
Gilson Rezende do Amaral nasceu em Santana do Jacaré a 5 de março de 1963, filho de Mozart José Amaral e Maria Martins Amaral.

O município contava com 4 613 habitantes no último censo. Vizinho dos municípios de Cana Verde, Campo Belo, Perdões, Santana do Jacaré se situa a 16 km de Campo Belo a maior cidade nos arredores. Os habitantes se chamam santanenses.


                             Terno Catupé Santana do Jacaré

                            Desfile Santana do Jacaré MG

Até que idade você permaneceu em Santana do Jacaré?

Até completar 18 anos. Os proprietários do Bistecão são naturais de Santana do Jacaré. Fui convidado por eles para vir para Piracicaba, e já faz 34 anos que estou trabalhando no Bistecão. Sou casado, pai de dois filhos: Willian e Daiana.

Quanto pesa uma bisteca, em média?

Na média 450 gramas.

Há quem coma sozinho uma bisteca desse tamanho?

Tem! Geralmente dividem em duas pessoas, mas muitos comem sozinho, com acompanhamento de salada, arroz, feijão, farofa, ovo. E comem tudo. O horário de funcionamento é a partir das 6:45 da manhã até as 9 horas da noite. È importante termos alimentação de excelente qualidade e darmos sempre um bom atendimento.
Mas de manhã já tem bisteca?
De manhã tem o café! O café daqui é muito famoso.
Ivan Freire como vocês decidiram mudar para Piracicaba?
Eu nasci em Santana do Jacaré, no dia 3 de novembro de 1962, já conhecia o Gilson em nossa cidade de origem. O meu pai é Célio Freire, seu irmão Cesar Pereira Freire já morava em Piracicaba, trabalhava aqui, como o local estava à venda, meu pai decidiu comprar em sociedade com o meu tio. Colocou-nos em cima de um caminhão, viemos de uma fazenda para um restaurante, atividades muito diferentes. Na época eu tinha entre 17 e 18 anos. Chamava-se Café Americano, já tinha a tradição de bisteca. Quando ele veio para cá, viu que o carro-chefe era a bisteca, ele mudou o nome para Bistecão Café e Lanchonete. Chegamos a Piracicaba entre 1981 a 1982. Somos cinco filhos: Geraldo, Ivan, Sebastião, Adriano e Meire.
A sua mãe também trabalhou aqui?
A minha mãe, Vilma de Bastos Freire trabalhava das seis da manhã até as 11 horas da noite todos os dias. Isso por trinta anos a fio, sem descanso. Eu acredito que se não fosse por ela não estaríamos aqui. Ela é uma campeã.
Nessa atividade é o estabelecimento mais antigo do centro de Piracicaba?
Acredito que sim! Tivemos grandes nomes que infelizmente já encerraram suas atividades, mas que foram muito famosos: Vitaminado Brasil, Brasserie, Ortiz, Alvorada. Antes do café Americano aqui funcionou como uma “rodoviária” onde parava ônibus. Outra atividade, quando a cidade era menor, eram os negócios aqui entabulados: vendiam-se carros, casas, era um ponto de encontro entre interessados em vender e comprar algo entre um cafezinho e outro.
Na época em que vocês chegaram a Piracicaba os restaurantes eram localizados apenas no centro da cidade?
Eram localizados no centro e na Rua do Porto. Não era como hoje que estão difundidos pelos bairros da cidade. Ao nosso lado havia o Restaurante Santa Terezinha, idêntico ao nosso. Foi na época em que o Supermercado Pão de Açúcar ficava na próxima esquina, junto a Rua XV de Novembro. O Filetti era o gerente, íamos jogar futebol na chácara dele. Tínhamos um time aqui também, chamava-se “Bistecão”. Jogávamos futebol social.
O seu pai e sua mãe estão aposentados?
Voltaram para Minas Gerais faz pouco tempo, uns dois anos, esses dias eles vieram passear aqui.
Além do queijo e do pão de queijo, a culinária mineira é muito rica?
A culinária mineira é fantástica! Lá temos o bistecão, mas não como temos aqui em Piracicaba. Dificilmente você vai encontrar um bistecão igual ao nosso. Eu não conheço, mas dizem que há algo parecido em Itapetininga. Há o famoso “Sujinho” em São Paulo. Já estiveram aqui no Bistecão pessoas conhecidas como: Luiza Erundina, Paulo Maluf, Mário Covas, Jânio Quadros, Geraldo Alckmin, Barjas Negri, Ilze Scamparini, Heraldo Pereira, muitos radialistas de Piracicaba frequentam o Bistecão.
Da esquerda para a direita: Adriano Freire, ao fundo deboné, Gilson Rezende do Amaral, Governador Geraldo Alckmin, Ivan Freire, Prefeito de Piracicaba Barjas Negri, Deputado Antonio Carlos de Mendes Thame e Célio Freire. 



O café é uma atração que traz muitos clientes?
Nós fazemos o café de coador de pano, o chamado “café caipira”.
 Pausa para o cafezinho. Da esquerda para a direita Professor Newman Simões e outro   apreciador do café caipira. 
Tem algum segredo esse café?
O segredo são 34 anos de trabalho. E vontade de trabalhar! Durante o dia, a noite, sábado, domingo, trabalhamos de segunda a segunda. Recebemos pessoas de todas as partes do Brasil, é até curioso que alguns filhos vem pela indicação dos seus pais que formaram-se na ESALQ e frequentavam aqui quando eram estudantes.
Há muitas fotografias expostas nas paredes que remetem a lugares do passado de Piracicaba, qual é o o simbolismo que você procura transmitir?    
Primeiro por gostar muito da cidade e estar aqui até hoje. Outra é mostrar as maravilhas que a cidade tem. Divulgar aos que não conhecem a cidade quanto ela é rica de história e de belezas que permanecem até hoje.
Ivan, qual é o segredo do sucesso da bisteca?
Fazer a bisteca a 34 anos e ter um campeão para trabalhar com ela! Não é fácil, tem que ser muito bom! O Gilson se precisar ele faz um caminhão de bistecas em 10 a 15 minutos! Na chapa! Há também outros tipos de pratos, como bisteca de porco, pernil. O Gilson faz o que o cliente desejar. Todos os tipos de lanches. Ele é o “Rei da Chapa”.
Quantas pessoas trabalham no Bistecão?  
Em torno de 10 a 12 pessoas. Trabalhamos com marmitex, entregamos para empresas.
Nos finais de ano temos muitas encomendas para leitoas, peru, chester, pernil. A pessoa leva para consumir em sua casa com a família. No final do ano fazemos uma grande quantidade de peru e chester.
Os fornos são a lenha?
Não, são a gás e elétricos.
Qual foi o maior peixe que vocês assaram aqui?
O pirarucu é o maior peixe, o filhote. Fizemos um filhote de 180 quilos. Cortado em posta, fazemos o lombo.


                                                      A TURMA DO SERENO
A tradicional “Turma do Sereno” freqüenta o Bistecão?
(A “Turma do Sereno” é um grupo de pessoas atuantes nas mais diversas áreas, reúnem-se diariamente, geralmente a noite, praticamente ao acaso, na Praça José Bonifácio, e ali  conversam sobre os mais variados assuntos.O que conta mesmo é a grande amizade que existe entre eles e o bom papo de bons amigos Curitiba, tem a famosa “Boca Maldita”, na Rua das Flores, ou Rua XV de Novembro como era chamada. Há até um enorme monumento em homenagem a “Boca Maldita”)


                                                       "BOCA MALDITA" CURITIBA


 Ivan responde: A “Turma do Sereno” vem sempre tomar um café aqui, conheço todos.
Qual é o horário em que é servido o almoço?
A partir das 10:00 horas da manhã até as 15:00 horas.


Quando surge a oportunidade de voltar a passeio em Santana do Jacaré, qual é a reação dos amigos que vocês deixaram lá?
Somos reconhecidos como pessoas que trabalham muito e com isso conseguiram obter uma vida digna, consideram-nos vencedores. Na verdade foi muito grande a coragem do meu pai e colocar-nos em cima de um caminhão e vir para cá. Vir de uma fazenda de leite, café.
Em que locais vocês moravam?
Nós morávamos aqui mesmo, no fundo tem uma casa, era ali que morávamos. Eu tinha feito um curso de Técnico em Eletrônica em Varginha, decidi ficar junto à família já que era muito trabalho para todos. Todos nós somos muito gratos a Piracicaba que nos acolheu. Na verdade consideramo-nos piracicabanos.
Apesar de conservar o ambiente sempre com as mesmas características, houve evolução na forma de controle?
Já informatizamos tudo. Hoje em média uma pessoa consome aproximadamente 600 gramas. Para acompanhar um refrigerante ou uma cerveja bem gelada. Pode ser uma caipirinha, ou uma cachaça boa.
Tem cachaça mineira?
Tem, é produzida por nós, É a Cachaça Artesanal Pingo de Cana, feita em Santana do Jacaré.
 Willian inovou a entrega de pedidos a domicílio?
Sou filho do Gilson, meu nome é Willian Rezende do Amaral já pratico o esporte há 16 anos, tenho o skate como meio de transporte, adaptei meu hobby ao meu trabalho de balconista e entregador do Bistecão. Para espanto de uns e admiração de outros, enfrento o trânsito e o movimento das ruas centrais de Piracicaba para entregar marmitas e marmitex. A paixão pelo esporte começou aos 14 anos e, como toda novidade, assustou a família. Meu pai teve um pouco de medo de que eu ficasse rotulado negativamente. É que no começo, eu era empenhado somente em skate. Gosto mesmo da liberdade do street, para os menos escolados na arte pode-se dizer que é o estilo de rua, com obstáculos urbanos, como sarjetas, bancos de praças e corrimãos. A prática no street ajudou a adaptar a arte ao trabalho. Sempre gostei de skate e vinha trabalhar com ele. Um dia  precisava sair para entregar marmitex, eu e falei: “Dá pra levar de skate”. E comecei a entregar. Com isso inaugurei uma nova modalidade de entregas que vem chamando a atenção de motoristas no centro e de quem recebe as entregas.
Como sócio-proprietário do Bistecão, Ivan Freire o que você acha dessa novidade?
A princípio eu fiquei preocupado com ele, até que pensamos em agilizar as entregas com o skate nos quarteirões centrais e liberar a moto para entregar nos bairros mais afastados, A iniciativa deu certo e ganhou elogios dos clientes. O pessoal acha diferente mesmo. Ele faz até dez viagens por dia levando uma marmita e refrigerante ou vários marmitex. As mãos ficam ocupadas e o resto depende da agilidade de Willian. “Willian explica: Os skates que uso têm prazo de validade de um mês e meio, depois disso é hora de trocar shape, truck, rodas ou rolamentos, dependendo do que desgastou com o uso. Eu mesmo monto e custa perto de R$ 300. Na hora de montar prefiro rodas T firme, shape Eleven, truck Crail e rolamentos NNB. São melhores para o estilo que pratico. Cada skatista monta do seu jeito, o meu é assim. Já cheguei a levar aquelas marmitas grandes, das normais já levei até dez marmitas.O skate em Piracicaba tem bons atletas profissionais, como Danilo, o Cabeça; Rafael Cabral e Stanley Inácio, que inspiram quem começa no esporte com bons resultados nos campeonatos nacionais e internacionais. É uma atividade que sempre gostei e penso em fazer algo no futuro que tenha a ver com isso. Talvez montar um negócio que envolva skate ou aprender engenharia ou arquitetura. Willian nasceu em Piracicaba a 27 de agosto de 1985.
Ivan, vocês tiveram a oportunidade de ter o famoso Hotel Central bem próximo, ficava a uns 100 metros do Bistecão. Havia hospedes que vinham comer no Bistecão?
Vinham sim. Lembro-me que aqui em frente foi feita a inauguração da linha de ônibus de Piracicaba até Santos, isso foi em 1982.


Santana do Jacaré, antigo povoado do Mato do Jacaré do Tamanduá, foi formado entre 1750 e 1789. Consta no livro de "Tombos da Paróquia" que, em 1787, o capitão Manoel Ferreira de Almeida e sua esposa, moradores da fazenda da Barra do Amparo do Jacaré, doaram um terreno para a formação do patrimônio da capela e instalação do arraial. Obs: Conhecido também como Onça(apenas na região)
Conta-se também que Manoel Ferreira Carneiro, o Jangada, e quem teria sido, de fato, o fundador do arraial. O arraial se iniciou, provavelmente, como um pequeno pouso as margens do rio Jacaré. Em 1923, como distrito de Campo Belo, teve sua denominação mudada para Corredeira. No ano seguinte, a lei nº 860 devolveu-lhe a denominação de Santana do Jacaré. Em 1953, o município é criado.
Fonte: Secretaria da Cultura em: 1 de outubro de 1999 
A cidade é banhada pelo Rio Jacaré, que contorna parte do município.
O rio nasce no município de Oliveira e deságua no Rio Grande entre os municípios de Perdões e Lavras.
Uma série de pequenos córregos que também banham a cidade desaguam no rio Jacaré, tornando-o maior, porém existem dragas para retirada de areia do fundo do rio que estão assoriando o rio e devastando a vegetação às suas margens.
Em Minas Gerais a cultura popular resiste, sobrevive em diversas manifestações populares. A Folia de Reis é uma delas. São centenas de grupos formados por humildes trabalhadores rurais, que batem de porta em porta pedindo licença para cantar e tocar. Com uma harmonia doce, arranjada e compassada por uma batida surda de caixa, a cantoria é puxada por um dueto, e finalizada com um grito coletivo e agudo que vem da alma, em formato de oração .....aaaaaaaaaaaiaiaiai............O grito ecoa de Santana do Jacaré a Poços de Caldas. Este vídeo foi gravado em Santana do Jacaré/MG no dia 01 de janeiro de 2014.



                                         TERÇO DOS HOMENS - Santana do Jacaré - MG   





                                                         Congada em Santana do Jacaré





                                       Terno de Moçambique Santana do Jacaré Mg!!!




Publicado em 29 de fev de 2016
A “Reportagem Especial de Sábado” do Jornal Regional da EPTV deu destaque neste sábado, 27/02, para a tradição de um ritual católico do século XVIII que é ainda realizado na cidade de Santana do Jacaré-MG, durante a quaresma.
Para comentar o ritual “encomenda das almas”, do qual participa um grupo de pessoas que rezam durante a noite para aqueles que já morreram, a emissora entrevistou o professor de Filosofia da UNIFAL-MG, Paulo César de Oliveira, que explicou o significado da simbologia






                                                            Retrospectiva Bloco Uai
A pequena e vitoriosa história do Bloco que obteve o maior crescimento de todos os tempos em Santana do Jacaré-MG



                                                            SUJINHO - SÃO PAULO
                                                                                

                                                         Sujinho – A Bisteca D’Ouro

Tradicional churrascaria apresenta ambiente aconchegante e o seu carro-chefe são as bistecas bem dotadas, e bem robustas, o famoso Sujinho é uma verdadeira lenda paulistana.
A história do Sujinho está muito ligada à boemia paulistana e hoje os seus proprietários dirigem as cinco casas da rede com muito sucesso, sendo a primeira delas nascida na Rua da Consolação esquina com a Rua Maceió. Quando abriu as portas, provavelmente nos anos 20, funcionava como um misto de boteco e armazém. Logo começou a fazer sucesso pela bisteca de boi, que até hoje, com pequenas adaptações, é o carro chefe do cardápio. Na década de 60, graças à proximidade com os antigos estúdios da TV Record, onde Roberto Carlos gravava o programa Jovem Guarda, o local passou a ser frequentado por artistas, que se misturavam a taxistas, prostitutas e outras figuras da noite. 
O restaurante ficou conhecido como Sujinho, pois o movimento era tão grande que os garçons, entre atender uma mesa e outra não tinham tempo para limpas as ocasionais migalhas que caiam no chão. Por esse motivo, os clientes apelidaram o local com esse nome, que é o oposto do que o restaurante realmente se tornou há décadas de sua inauguração.
A maior propaganda da casa foi feita pelo presidente Lula em 1994, antes de disputar sua segunda eleição presidencial. Ao deixar uma churrascaria em Nova York, reclamando do filé de 60 dólares que havia comido, sentenciou: “A bisteca do Sujinho é muito melhor”.
Hoje o restaurante é conhecido como Sujinho – A Bisteca D’Ouro em função da qualidade da carne servida hoje, e sua famosa bisteca muito conhecida e bem falada por toda a cidade de São Paulo.

domingo, outubro 09, 2016

ARMANDO DE ANDRADE ALGODOAL

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 08 de outubro de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ 




ENTREVISTADO:  ARMANDO DE ANDRADE ALGODOAL
Nilce Andrade e Armando Andrade Algodoal estão resgatando o valor de uma das maiores artistas plásticas que Piracicaba teve e infelizmente não conheceu ou conheceu muito pouco. Suas obras premiadas em muitos países e grandes centros foram expostas ao que se sabe uma vez em Piracicaba. Falecida precocemente, a artista deixou um magnífico acervo. Piracicaba é uma cidade extremamente privilegiada em todos os setores artísticos e intelectuais, raras são as cidades que possuem tantos valores concentrados como em nossa querida Piracicaba. Os mais enfáticos dizem que quem bebe da água do Rio Piracicaba encontra a sua verdadeira inspiração.
Armando de Andrade Algodoal nasceu a 17 de agosto de 1936 na cidade de Jaboticabal, filho de Jayme de Andrade Algodoal, engenheiro agrônomo formado pela ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz de Piracicaba e Zenaide de Andrade Algodoal que tiveram dois filhos: Armando e Beatriz de Andrade Algodoal. Até os 14 anos Armando permaneceu na Escola Agrícola de Jaboticabal, onde seu pai era diretor. Eu adorava aquele local, tinha de tudo, era um jardim. Eu estudava na Escola Estadual Aurélio Arrobas Martins de Jaboticabal. Com uns 14 anos eu convivia com maquinas, automóveis, caminhoes. Já dirigia caminhão!










Aos 14 anos o senhr já dirigia caminhões, de qual marca?
As marcas Ford e Chevrolet predominavam. Essas aventuras com veículos me traziam uma grande satisfação. Nessa época, ainda muito jovem, meu sonho era ter um caminhão ou trator. Morávamos em Jaboticabal embora nossa família era toda de Piracicaba. Períódicamente vinhamos visitá-los.
Até que idade o senhor permaneceu em Jaboticabal, em sua adolescência?
Permaneci até os quinze anos, saí de uma vida no campo e fui estudar em colégio de padres em Campinas, como interno no Colégio Dom Bosco. A minha adpatação foi dificil, com isso meu pai colocou-me no Colégio Mackenzie, em São Paulo, também como interno. Na verdade eu tinha uma vontade muito grande de ter a minha autonomia, foi assim que comecei a atuar em algumas atividades comerciais paralelas, em especial voltadas a veículos. Nesse período fui convocado para servir o Exército, o qual servi durante dois anos. Foi no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva – CPOR - de São Paulo,  situado a Rua Alfredo Pujol, 681. Quando estava para dar a baixa houve a problemática de Jacareacanga. (Na noite de 10 de fevereiro de 1956, oficiais da Aeronáutica insatisfeitos, liderados pelo major Haroldo Veloso e pelo capitão José Chaves Lameirão, partiram do Campo de Afonsos, no Rio de Janeiro, instalaram-se na base aérea de Jacareacanga, no sul do Pará, e ali organizaram o seu quartel-general.) Quem tinha experiência não foi autorizado a deixar de servir o Exército.
Revolta de Jacareacanga
(Entre outubro de 1955 e janeiro de 1956, os militares antigetulistas, ligados à UDN e liderados pelos ministros Eduardo Gomes, da Aeronáutica, e Amorim do Vale, da Marinha, sofreram sérias derrotas. A primeira foi quando viram Juscelino Kubitschek e João Goulart, apoiados pela aliança PSD-PTB, serem eleitos presidente e vice-presidente da República em 3 de outubro de 1955. A segunda, quando o Movimento do 11 de Novembro, liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, depôs o presidente em exercício Carlos Luz, substituiu Eduardo Gomes por Vasco Alves Seco, Amorim do Vale por Antônio Alves Câmara, e garantiu as condições necessárias à posse dos eleitos. A terceira, quando os eleitos efetivamente foram empossados, em 31 de janeiro de 1956.
Poucos dias após a posse do novo governo, na noite de 10 de fevereiro de 1956, oficiais da Aeronáutica insatisfeitos, liderados pelo major Haroldo Veloso e pelo capitão José Chaves Lameirão, partiram do Campo de Afonsos, no Rio de Janeiro, instalaram-se na base aérea de Jacareacanga, no sul do Pará, e ali organizaram o seu quartel-general. Esses militares temiam uma represália do grupo militar vitorioso no 11 de Novembro e, por essa razão, não concordavam com a permanência, no governo JK, do ministro Vasco Alves Seco na pasta da Aeronáutica.
Dez dias depois do início da rebelião, os rebeldes já controlavam as localidades de Cachimbo, Belterra, Itaituba e Aragarças, além da cidade de Santarém, contando inclusive com o apoio das populações locais. Haviam recebido também a adesão de mais um oficial da Aeronáutica, o major Paulo Victor da Silva, que fora enviado de Belém para combatê-los.
Apesar de ter sido uma rebelião de pequena monta, o governo encontrou dificuldades para reprimi-la devido à reação de oficiais, sobretudo da Aeronáutica, que se recusavam a participar da repressão aos rebelados. Após 19 dias a rebelião foi afinal controlada pelas tropas legalistas, com a prisão de seu principal líder, o major Haroldo Veloso. Os outros líderes conseguiram escapar e se asilar na Bolívia. Todos os rebelados foram beneficiados pela "anistia ampla e irrestrita", concedida logo depois pelo Congresso, por solicitação do próprio presidente JK.
Célia Maria Leite Costa)
O senhor era bom de tiro?
Na época o Exército estava em uma crise financeira muito grande, cada soldado podia dar dois tiros apenas. O fuzil era de 1908. Eu tive sorte, sem falsa modéstia, eu desenho muito bem, e escrevo com qualquer tipo de letra. Isso foi notado, e fui colocado em um cargo bastante importante, que é o protocolo. Com isso passei a ter um grande conhecimento da burocracia do Exército. Eu lia toda a documentação que chegava e saia. Até pedido de casamento de oficial! Eu era soldado, poderia ser promovido a cabo, só que em situação de emergência seria o primeiro a ser chamado.
Nessa época o senhor morava em que local?
Nossa família morava na Rua Martins Fontes, no centro de São Paulo, eu tinha que sair às cinco e meia da manhã, ia a pé até o ponto ônibus, lembro-me que nesse horário, as boates que existiam no centro de São Paulo, estavam encerrando as atividades, eu via aquela movimentação toda de clientes e moças que freqüentavam a noite, era uma cena curiosa, todos em aparente alegria e diversão e eu indo para o quartel. Decidi mudar o meu trajeto, evitava passar em frente às famosas boates, mesmo que isso implicasse no aumento do meu percurso. O quartel era na situado a Rua Alfredo Pujol, 681, em Santana. Havia a possibilidade de dormir no quartel, cheguei a dormir diversas vezes, só que o conforto em casa era outro. Nessa época meu pai adquiriu um apartamento na Avenida São Luis. Era um bom apartamento. Só que a essa altura eu já não morava em São Paulo, estava envolvido com a terraplanagem. Sempre gostei de duas coisas: um bom carro (na época geralmente importado) e um bom sapato. São duas manias que eu sempre tive.
Qual era o sapato da sua preferência?
Eram os sapatos Bibo. Eram feitos sob encomenda. Eu fazia isso mas não sobrava dinheiro!
O senhor chegou a ter o tão sonhado caminhão?
Já com mais idade, tive uma empresa de terraplanplanagem, onde tinha caminhões e chegamos a ter 14 tratores FIAT de esteira. Além de jipe. picape, era uma empresa com 40 funcionários. Quanto maior o tamanho do empreendimento geralmente a qualidade de vida do empresário perde muito. As preocupações multiplicam-se. Nosso maior foco eram açudes e derrubadas de matas em fazendas.

Qual é o trator que mais atrai no mercado?
O trator considerado como uma grande máquina, em todos os aspectos é o de marca Caterpillar, 



só que na época, ao meu ver, a manutenção do FIAT era cerca de um terço do valor, mesmo sendo tudo importado. Foi um período em que a receita e as despesas eram muito próximas, o resultado final era muito baixo. Acontecia coisas inacreditáveis, determinada ocasião, o tratorista fazendo um açude caiu dentro da água com trator e tudo, ele salvou-se, sem nada acontecer, ficou apavorado e sumiu. Ele estava em um local afastado, sozinho, nós simplesmente não conseguíamos localizar o trator, até que quando baixou a àgua descobrimos aonde estava o trator. Imagine tirar de dentro da água uma máquina que pesa de 14 a 15 toneladas. Foram engatados três tratores para puxar fora do açude. Após a retirada, a maquina foi inteiramente desmontada para limpeza. Isso ocorreu nas imediações de Bauru. Era um período em que a formação profissional nessa área estava em seu inicio, Não havia profissionais com a mesma destreza que há hoje. Os acidentes envolvendo bens materiais eram relativamente comuns. Como o motorista de um caminhão que deu a marcha a ré sem observar que havia um carro parado atrás. O resultado foi a destruição de um automóvel Volkswagen de propriedade de uma professora. Com apenas 500 quilômetros de uso! A professora fazia questão de um automóvel novo na cor que ela queria: um azul claro!
Trator dá muita manutenção?
É um equipamento utilizado em serviço bruto, não é como um automóvel ou um caminhão que sofre o desgaste natural. Já tive um conhecido que em um mês quebrou as  cinco máquinas de sua propriedade. Teve que parar o serviço, como consequência o prejuízo foi enorme.
O senhor é um apaixonado por carros, qual é o melhor carro em sua opinião ?
Esse termo “melhor” acredito que não existe para nada! E nem o “mais bonito” ! A meu ver, gosto do carro charmoso.
O senhor gosta de motocicleta?
Eu morava em Barretos, meu pai pegou a representação da Lambretta. 









Vendi umas quarenta ou cinquenta Lambrettas. O preço era relativamente alto. Nesse meio tempo, apareceu uma pessoa com uma motocicleta Indian, adquiri, e passei a andar com essa moto na cidade, tornei-me conhecido como “O Cara da Indian” !  Era uma motocicleta de 1.250 cilindradas.

Era pesada?
Funcionando não pesa nada! Na estrada os guardas me paravam não para pedir os documentos, mas para ver a motocicleta, eu deixei-a uma beleza! Era preta, ano 1950, e a época era 1954. Algum tempo depois outros dois interessados conseguiram localizar uma máquina parecida e compraram. Ficamos em tres  na cidade.
O senhor alguma vez caiu da motocicleta?
Levei dois tombos feios. Um deles foi quando fomos a um sítio de um amigo, para chupar laranja, foram umas dez motos, em estrada de terra, fez aquele poeirão, tinha um mata-burro com um buraco no meio, no meio da poeira não dava para ver nada, a moto ficou e eu fui! Outro tombo foi em um carnaval, tinha uma escola de samba desfilando no escuro, nós andávamos sempre quatro ou cinco motocicletas, meus amigos entraram e desviaram, eu entrei no meio do povão! Cai, machuquei o pé. Naquele tempo a importação era proibida, o negócio era comprar moto caindo aos pedaços e reformar. Eu trouxe a moto para São Paulo, veio em cima de caminhão, a estrada era de terra. A moto começou a fazer um barulho estranho, levei até a oficina do Edgard Soares, que era um piloto profissional de moto. A empresa existe até hoje.
O senhor é apaixonado por motores, já teve algum avião?
Meu pai teve três aviões. Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, meu pai foi para os Estados Unidos, um fato muito comentado na região de Jaboticabal, naquela época foi o único homem a ir para os Estados Unidos. Seu objetivo era pesquisar sobre granja, ele tinha o projeto de fazer uma. Com o final da guerra houve uma invasão no mercado de grandes aviões, ele adquiriu um Stinson


 era um avião monomotor de asa alta, mais elegante que existia, o leme dele era igual ao da Fortaleza Voadora. Ele adquiriu com a intenção de alugar o avião, adquiriu um segundo avião com capacidade para dois passageiros e um Taylorcraft,


 também com capacidade para dois passageiros. Foi assim que ele montou uma empresa de taxi aéreo, ele era piloto. meu pai foi muito dinâmico. Havia muita precaução do povo em voar, com isso meu pai acabou vendendo a empresa. Na Escola Agrícola de Jaboticabal havia um aeroporto dentro da escola. Eram dois hangares, hoje cresceu, deve ter uma meia duzia de hangares. 






Houve um período em que a VASP – Viação Aérea São Paulo passou a descer lá, para testar, embarcavam dois ou tres passageiros, eu me lembro, os aviões da VASP eram medonhos por dentro, eram os DC-3, dentro do avião era tudo preto, tudo muito esquisito, dava uma péssima impressão, a VASP  experimentou, viu que não dava certo. A primeira vez que aterrizou um avião da VASP a cidade inteira foi ver, lembro-me de um barbeiro chamado Luizinho, disse-me: “-Eu não voo em uma coisa dessas cheia de arrebites!” De vez em quando passavam dois aviões NA North American da FAB, faziam diversas acrobacias, saia Jaboticabal inteira para ver. O motor mudava de ronco, fazia tremer o que estivesse perto.




O senhor fixou a sua residência em Piracicaba a quantos anos?
Faz uns 15 anos. Meu pai já estava cansado. Minha mãe é filha de Sebastião Nogueira de Lima, que chegou a ser até governador. 



Quando ele assumiu o governo em substituição a Fernando Costa, ele deu um almoço para os parentes no palácio em São Paulo. Eu era criança, lembro-me de que fiquei impressionado com uma enorme travessa repleta de batatas fritas. Como governador enviou-mer carta, ele ganhou um livro sobre avião, de um famoso piloto estrangeiro, ele autografou o livro e deu de presente para mim.
O senhor dormiu no Palácio do Governo?
O palácio era o Campos Eliseos, apenas almoçamos.





Como neto do governador o senhor sentia-se importante?
Não me lembro, mas acredito que não. Meu avô escreveu uns tres ou quatros livros sobre a sua vida. Tem meia página onde ele fala sobre mim. Fui seu primeiro neto. Quando estudei no Mackenzie eu frequentava a casa dele em São Paulo. Ele gostava de mim. Na época ele morava no Jardim Paulistano.
O senhor chegou a pegar a época do bonde em São Paulo?
Eu pegava para passear, era o famoso bonde “camarão”.

A corrupção era pouca, havia respeito, as mulheres andavam com roupa nas ruas. Havia poucos carros. Foi um período em que comprava-se um carro, usava e vendia sem perder dinheiro. Havia poucos automóveis. Meu pai chegou a ter uma concessionária de automóveis Studebaker.



O sobrenome Algodoal é em função do cultivo do algodão?
Dizem, não sei se é verdade. O sobrenome era Oliveira, o meu avô, pai do meu pai adquiriu uma fazenda grande e plantou só algodão. Ninguém queria plantar algodão. O pessoal dizia: “É o homem do algodoal!”Existe uma fotografia de um Buick que pertencia a família, era o carro mais luxuosa da época.
O senhor chegou a usar gasolina azul?
Em alguns carros, era obrigado a por senão o motor pifava. Meu pai comprou um Oldsmobile F85 compacto, uma beleza de carro, tinha um motor grande de alta compressão, só funcionava com gasolina azul, criou-se um problema, gasolina azul só tinha em São Paulo, teve que abrir o motor, aumentar o espaço da explosão para pegar a gasolina comum, toda a valentia do carro acabou.
Carro argentino o senhor teve algum?
A Beatriz teve um.
A parte mecânica de automóvel o senhor não mexe pessoalmente?
Até uma época eu mexia neles. Mais por distração. Modificava.
Carro a gasogênio, o senhor chegou a usar?
Eu não, mas o meu pai teve. Chegamos a viajar com um carro a gasogênio




saíamos de Piracicaba cedo e chegávamos a tarde em Jaboticabal, a estrada era de terra, o carro não tinha força nenhuma, deve dar uns 280 quilômetros de distância. Na ultima vez em que estive lá, tinham colocado o nome do meu pai em um hangar, esse hangar foi construído por eles. Meu pai era muito amigo de Auro Moura Andrade, que gostava muito de avião. 



Na inauguração do hangar, no cimento fresco, meu pai me pegou sem os dois sapatos e colocou os meus pés no cimento fresco. Deixou marcado lá, escreveu a data. O pessoal fez uma cópia em gesso, cortaram e deram-me de presente.
O senhor andou de carrinho de rolimã?
Na escola tinha uma descida muito violenta, que o pessoal chamava de descida da mata, lá tínhamos carrinho de madeira, até as rodas eram em madeira. 

Eu devia ter uns seis anos. O carrinho atingia uma velocidade em que saia roda, se desmanchava.
O senhor teve uma infância muito feliz?
Você nem imagina como! Aquela largueza com tudo! 

sábado, outubro 01, 2016

GABRIELA FERRAZ ANDRADE

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 01 de outubro de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
 
ENTREVISTADA:   GABRIELA FERRAZ ANDRADE




Gabriela Andrade Ferraz  nasceu em Piracicaba a 12 de  março de 1994, filha de Katia Ferraz e Paulo Ferraz, que tiveram ainda o filho Mateus.
Você está concluindo o curso de jornalismo, já trabalha na área?
Estou trabalhando em uma agência de comunicação onde sou redatora e social media (aborda os elementos estruturantes de uma estratégia de comunicação com foco em redes sociais).
Em que escola você realizou seus primeiros estudos?
O curso pré-primário até a segunda série eu fiz no Colégio Luiz de Queiroz – CLQ, depois passei a estudar no Liceu Terras do Engenho, onde permaneci até a sexta série, a seguir estudei no Colégio Dom Bosco, situada no bairro Cidade Alta, onde conclui o terceiro colegial.
Ao fazer a opção pela profissão a ser seguida, qual foi a que você escolheu?
Decidi fazer o Curso Superior de Jornalismo, cursei na UNIMEP.
Como surgiu essa vocação para jornalista?
Na verdade desde muito nova eu escrevo, aos oito anos já escrevia.
O que a levou a escrever ainda criança?
Quando meu pai faleceu, em 2002, encontrei na escrita uma forma de exteriorizar meus sentimentos. Não me detive a escrever textos, escrevi livros. Inclusive algumas editoras tiveram interesse em publicar, mas eu não permiti. Tenho tudo guardado comigo. Os editores gostaram muito do que escrevi, mas achei que era uma exposição muito pessoal. Isso não me impediu que continuasse a escrever: artigos, textos opinativos, às vezes saia alguma coisa minha publicada no jornal, no blog. Escrevi por muito tempo em um blog meu.
A sua mãe não achou estranho você ainda criança, já estar escrevendo livros?
Ela estranhou, mas ao mesmo tempo gostou bastante, e sempre me estimulou.
Qual é a atividade profissional da sua mãe?
Ela é bibliotecária. Posso afirmar que cresci no mundo dos livros. Além de estimular muito a leitura, no inicio ela lia para mim. Foi ela quem me ensinou a ler, apresentou-me o mundo dos livros. Que podemos viajar em vários mundos através dos livros. Com isso sempre me encantei com o livro, material, objeto, pelas histórias deles. A profissão nais próxima que encontrei foi o jornalismo. Como tenho o anseio de fazer o melhor pelo mundo, promover um debate, de usar essa habilidade como uma ferramenta, ampliar o debate público para que as pessoas tenham acesso à informação, para que recebam educação, com isso uni essas duas coisas.
O que você sente quando está escrevendo?
Depende muito do tipo de texto que estou escrevendo. Se for um texto mais emocional tenho um sentimento voltado mais para esse lado, se for um texto político ou crítico estará mais focado na informação do que no sentimento.
Você é uma pessoa engajada em algum tipo de política?
Eu tenho a minha posição política, mas não partidária. Tem coisas que acredito que sejam boas para a sociedade, para o povo, mas não tem nenhum partido com o qual eu me identifique que eu possa dizer: “-Esse partido me representa!”.
Dentro do seu trabalho você atua mais no setor de publicidade ou na área jornalística?
Tive a oportunidade de fazer um pouco de tudo, no período em que cursava a faculdade fiz quatro estágios diferentes, atualmente estou em meu primeiro trabalho efetivo. Estou trabalhando na parte de mídias sociais, é uma área nova, todo dia aprendo alguma coisa, é uma área interdisciplinar entre jornalismo e publicidade. Ao mesmo tempo em que é necessário o texto, da construção textual de informação, depende do assunto abordado, seja um hospital, uma escola, são produzidas informações, matérias, ao mesmo tempo em que ao publicar é utilizada a linguagem publicitária para atrair o público, a segmentação de público que se pretende atingir.
Você trabalha em uma agência publicitária?
Sim, é uma agência com clientes de diversas áreas, as demandas são diferentes, às vezes é a constrição de uma peça publicitária textual, outras são as divulgações das mídias sociais, outras vezes preciso entrevistar alguém. Há ocasiões em que preciso ajudar na edição de um vídeo. Sou fotógrafa também.
Você realizou algum curso específico de fotografia?
Além do curso curricular de fotografia que é dado na faculdade eu me aprofundei em alguns outros cursos. Fiz oficinas, cursos de curta duração e principalmente a prática. Gosto muito de fotografias. Em 2015 um trabalho que fiz na faculdade ficou entre os cinco primeiros da Região Sudeste, do prêmio Expocom - Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação.
Os ensinamentos recebidos dentro da faculdade e a realidade são coerentes?
Eu acredito que a minha formação deu-se através da faculdade e dos meus estágios. Na faculdade aprendia a teoria, em meus estágios aplicava o que tinha aprendido. Sempre caminharam juntos. Concluo que o meu aprendizado veio da teoria e da prática. Da mesma forma que fiz todos os estágios que pude, participei de congressos, fiz iniciação cientifica, por exemplo. Não tenho como avaliar o que foi mais importante, mas a faculdade foi muito importante na minha formação.
Onde você fez estágios?
No Jornal de Piracicaba permaneci uns dez meses, fazia matérias para cultura, cidades, cadernos especiais. Depois fui para a ESALQ onde permaneci um ano, trabalhando como estagiária de jornalismo no Núcleo de Pesquisas Científicas. Eu fazia a divulgação científica do que os pesquisadores estavam desenvolvendo. Às vezes recebia uma tese e tinha que transformar em uma linguagem mais acessível ao leitor alheio aquele trabalho. Em seguida fui para a Associação Ilumina, permanecendo quatro meses. Foi uma experiência muito boa, eu trabalhava na Assessoria de Imprensa, e só saí porque passei na Iniciação Científica, e quando você recebe bolsa do CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico não pode ter estágio. Permaneci um ano fazendo Iniciação Científica, fiz com o Professor Belarmino Cesar Guimarães Costa, Diretor da Faculdade de Comunicação da UNIMEP. Além disso, fiz alguns trabalhos como freelancer (termo inglês para denominar o profissional autônomo que se autoemprega em diferentes empresas) como fotos em eventos sociais. É um trabalho interessante, captar o momento, o que tem de relevante naquilo tudo, são muitas pessoas juntas, tem que prestar atenção no que está acontecendo para saber qual interação social  merece um clique.
Tem algum fato relevante que você possa destacar ocorrido nesse período?
Tive muitas experiências, por exemplo um dia estava na favela outro dia entrevistando uma personalidade, essa diversidade é bem interessante.
Isso pode mexer com o ego do profissional?
Eu acho que o ego é um problema da nossa profissão! Tem muitos jornalistas “estrelas”!
Como você controla esse sentimento?
Eu nem estou em condições de me achar importante! Esse livro que estou lançando foi acompanhado de uma monografia, onde estudei uma obra da jornalista Eliane Brum, atualmente ela trabalha no jornal El País, na época ela trabalhava no jornal Zero Hora, ela fez uma coluna humanizada, de pessoas anônimas. O resultado foi um livro: “A Vida Que Ninguém Vê”. São as pessoas anônimas que mais tem a contar. A partir dessa obra estudei o relato humanizado, jornalismo literário, para procurar aplicar depois um pouco no livro que estou lançando.
Você está lançando o livro “Alma de Santa Olímpia”, esse lançamento irá dar-lhe uma projeção social, você acha que é importante para a profissional, mas talvez o livro seja mais importante?
Claro, o livro é mais importante! O livro eu fiz para a comunidade tirolesa, eu queria projetar a cultura deles, não me projetar. Isso é uma conseqüência. Eu fiz o livro para eles como se fosse uma homenagem a essa luta para manter viva a cultura, respeitar os antepassados, manter esse senso de comunidade, o que é tão difícil hoje. Quem escreveu o meu livro foram às pessoas que estão mencionadas nele.
Como você chegou até a comunidade de Santa Olímpia?
Eu não conhecia Santa Olímpia, até que fui a uma festividade que foi realizada lá, fiquei encantada, voltei para tomar um café, no Café Tirol, é um local onde toda arquitetura lembra um café europeu. Servem frapês, apfelstrudel (sobremesa tradicional austríaca), gròstoi (grostoli) muito popular no norte da Itália, Áustria e Suíça. É um doce simples de fazer e muito saboroso e indispensável no café da manhã e da tarde de uma família tirolesa. O Café Tiros abre todo final de semana. Comversei com o prpoprietário, Ivan Correr, ele contou-me um pouco do bairro das tradições, percebi que tinhamos um cantinho da Europa ali na zona rural, acho que isso merece ser divulgado, queria registrar alguma coisa que funcionasse como memorial, para o próprio bairro. Da mesma forma que eu queria que eles se reconhecessem no livro, eu queria que o livro chegasse as mãos de pessoas de fora, para que elas soubessem da existência, valorizassem, fossem visitar, incentivassem. Eles preservam a cultura em sua integralidade, as danças tipicas, coral, dialeto, culinária, O livro tornou-se rico em informações graças ao contato que mantive com muitas pessoas. Assisti ao ensaio das danças que eles apresentam. Até dancei com eles!
Você dançou o que?
Dancei uma dança típica tirolesa.
Você foi “adotada” pelos tiroleses de Santa Olímpia?
Totalmente! Eles são muito acolhedores. Faz parte da cultura deles, você entra em uma casa de alguma senhora é como se estivesse na casa da sua avó. Conversmado, tomando um suco, comendo um salgadinho, um bolo. A polenta impera. Eles tem um prato chamado “polentota”. É uma delicia !
Você conseguiu as receitas?
Eu li algumas receitas, mas ainda não sou muit habil na cozinha! Eles tem um projeto de culinária que é para repassar para as crianças, para que não se perca. Eles tem uma parceria com a Provincia de Trento que estimula muito a cultura. Tem vários projetos, um deles é a culinária, os adultos cozinham, reunem-se com as crianças e elas aprendem as receitas dos “nonos”. Procurei chegar bem próximo a eles, não queria estabeecer a relação reporter-entrevistado. Chegava em suas casas, sentava no sofá, conversava um pouco, assistia ensaios de dança, apresentação do coral, passei uma tarde no Café Tirol.
Qual é o nome do coral deles?
Tem vários grupos, o Coro Stella Alpina, o Câneva, e o das crianças, o Coro infantil Và Pensiero. Stella Alpina (também chamada Edelweiss) é o nome de uma flor dos Alpes tiroleses, semelhante a uma estrela, encontrada somente nas paredes rochosas acima de 1.500 metros de altitude. Além de ser a flor símbolo do Tirol, a Stella Alpina é também um símbolo do amor eterno, pois antigamente os rapazes escalavam as montanhas para colherem as maiores flores para suas amadas, e o arriscado feito (que muitas vezes podia terminar tragicamente com a queda nos precipícios) era uma prova de amor e quanto maior a flor, maior o feito. Outra interessante característica da flor, é que ela aparenta ser de veludo e o seu branco nobre só existe se a mesma florir em grandes altitudes, do contrário, possuirá uma cor esverdeada. Depois de recolhida, a stella alpina permanece intacta por muitos anos e existem algumas centenárias.
O seu livro “A Alma De Santa Olímpia” estará a venda?
Será vendido por R$ 25,00, será lançado hoje, sábado, dia 1 (primeiro) de outubro as 16h00min no Café Tirol, no bairro Santa Olímpia. É editado pela Editora 3I. A capa é de autoria de Patrícia Milano representa a Igreja da Praça Principal de Santa Olímpia. Entre a comunidade há uma religiosidade intensa. Há até um capítulo que aborda o tema. Há muitos objetos religiosos nas casas, no bairro. Tive a oportunidade de conversar com o padre, o anterior,  Padre Jacó Stenico e depois com o Padre Emerson.
Há alguma razão especial para você escrever sobre Santa Olímpia?
Foi por ter conhecido casualmente primeiro esse bairro, assim como poderia ser o bairro de Santana, cujas origens são semelhantes.
Quem tem orgulho em ter nascido no bairro Santa Olímpia?
Todos! Desde os jovens até os idosos! Desde os precursores: Jacó Correr e Rosa Pompernayer. É mantido ainda o casarão, que é o museu do bairro.
Esse livro tem um significado pessoal para você, como “um filho nascendo”?
Eu não sei se tenho muito apego pelo meu material. Vejo-me mais como uma ferramenta, para alguém. Nesse caso para a comunidade. Meu trabalho tem como objetivo agregar valor para esse grupo de pessoas, nesse contexto, para um processo de assimilação interno assim como para o pessoal de fora.
 
 
 


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