PROGRAMA
PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 10 de junho de 2017.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 10 de junho de 2017.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: DOM IRINEU DANELON
ENTREVISTADO: DOM IRINEU DANELON
O Bispo Diocesano
de Lins, Dom Irineu Danelon, nasceu no dia 4 de abril de 1940 na cidade de
Piracicaba, em uma região da cidade em que na época era considerada zona rural,
Bairro São Jorge, ao lado do Terminal de Ônibus Urbano do Bairro São Jorge
existe a Capela São Jorge, seus pais foram uns dos construtores. Fundou e acompanha a Pastoral da Sobriedade, que
lida com dependências do álcool e outras drogas.
É salesiano, tendo sido colega do padre Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção
Nova, grande expoente da Renovação
Carismática Católica no Brasil. Dom Irineu apresenta o
programa Sobriedade Sim, na TV Século XXI, as segundas-feiras, as 20
horas. Também apresenta programas na Rádio Regional Esperança, da Diocese de
Lins, Foi diretor da Gráfica Salesiana na Mooca. Irineu em grego significa
portador de paz, pacífico.
Qual
é o nome dos pais do senhor?
Meu pai Antonio
Danelon, minha mãe Antonia Lovadini Danelon, tiveram os filhos: José, Antonio, Tarcísio
e Irineu. Meus pais tinham um sítio, eles cultivavam de forma especial a horta,
uma plantação que não precisa de muita terra.
O senhor chegou a trabalhar no
cultivo de hortaliças?
Principalmente na horta! Eu tinha
também os meus canteiros, meu pai ia ao mercado, vendia, o dinheirinho
resultante da venda dos produtos dos meus canteiros ele me entregava. Assim ele
me estimulava.
Além da Capela São Jorge, o
senhor freqüentava qual igreja?
Freqüentava a Igreja dos Frades,
isso significava ir até a cidade, eram cinco quilômetros de distância. O meu
pai tinha como meio de locomoção carroça com roda de ferro, tracionada por
animal.
O senhor ia a pé até a igreja ou
escola?
Ia a pé, pisando no barro, tirava
o sapato, quando chegava perto da cidade lavava os pés e punha o sapato. Subia
o Morro do Enxofre (Avenida Madre Maria Teodora), pegava “rabeira” do caminhão
carregado com cana-de-açúcar que subia o Morro do Enxofre. Os motoristas já nos
conheciam, fazíamos um sinal, eles paravam. Era meio perigoso, as canas não
tinham o mesmo comprimento, uma era mais comprida outra mais curta. Isso foi
dos nove anos em diante, o primeiro ano escolar estudei em casa, os meus pais emprestaram
parte da casa, que era grande, para fazer uma escolinha rural. O curso primário
conclui no Grupo Escolar Dr. João Conceição. A minha primeira professora era
Dona Elisa. Depois os Salesianos vieram para Piracicaba, os frades emprestaram
para eles a Escola Dr. João Conceição. Ali passaram a lecionar o curso
preparatório para ingressar no ginásio. Eles deram-me bolsa de estudos. Meus
pais não tinham como pagar um colégio.
O senhor foi coroinha?
Fui, na Igreja dos Frades,
lembro-me do Frei Liberato de Gries, Frei Felicíssimo, Frei Fulgêncio, Frei
Evaristo. Tornei-me coroinha quando fui aluno dos salesianos, sou da primeira
turma do Colégio Salesiano em Piracicaba. Os frades ficaram sabendo que eu era
coroinha, quando iam para as celebrações em área rural me levavam. (A
religiosidade do fiel da zona rural é muito respeitosa, o coroinha, que é um
auxiliar do padre ou frade, é tratado quase como o próprio padre).
Os estudos continuaram em qual
escola?
Fiz o ginásio e o curso colegial
com os salesianos do Colégio Dom Bosco. Os salesianos construíram o próprio
colégio, sob a orientação do Padre Pedro Baron. Inicialmente
alugaram dependencias do Colégio Nossa Senhora da Assunção, e aos poucos foram
construindo o atual Colégio Salesiano Dom Bosco onde atualmente tem até
faculdades. Após concluir o ginásio fui para Lavrinhas, onde conclui o
colegial. Fomos de trem, até São Paulo pela Companhia Paulista de Estradas de
Ferro, de São Paulo até Lavrinhas pela Estrada de Ferro Central do Brasil .
Fomos em oito rapazes, eu caipira de Piracicaba, nunca tinha saído da cidade.
Tem muitos padres salesianos de Piracicaba, acho que são 29. É bonito o
trabalho deles com a juventude. Depois eu fui promotor vocacional, buscava
vocações, encaminhava, ajudava. Daqueles hoje tem 157 que são padres.
Seminário Diocesano de Lavrinhas
Seminário Diocesano de Lavrinhas
Em que ano o senhor
ordenou-se como padre?
Foi
em 1967, na igreja dos salesianos, Nossa Senhora Auxiliadora, no bairro Bom
Retiro, em São Paulo. Fiz a Faculdade de Filosofia em Lorena, Teologia estudei no Instituto Pio XI em São Paulo, a minha primeira obediencia, é assim que
denominamos quando recebemos a cartinha de obediência, fui trabalhar em
Campinas, em um grande internato que havia lá, Liceu Nossa Senhora Auxiliadora,
eu era professor e orientador dos meninos. Tinha 450 alunos internos! E 2.000
externos! O colégio é grandioso, ocupa duas quadras. Onde eu era padre novo o
que chamam de Coordenador da Pastoral, ou então catequista. Após tres anos de
permanência em Campinas, recebi a obediência de trabalhar na formação dos
futuros padres. Em Lorena, onde permaneci por três anos. Deram-me obediência de
novo, para volatar ao primeiro colégio, Liceu Nossa Senhora Auxiliadora de
Campinas. Após algum tempo voltei para Lorena onde lecionei Filosofia.
Qual foi a próxima etapa?
Acharam
que eu tinha jeito, mandaram-me estudar em Roma. Fui fazer uma complementação
de estudos, permaneci em Roma por quatro anos, na Universidade Salesiana de
Roma, eu morava nela mesmo, participava de todos os eventos, com a comunicação fácil que demonstrei ter era convidado para ir a diversos eventos, não podia
deixar de dar a contribuição. Minha tese de doutoramento foi sobre a situação
do menor no Brasil. Fundei a Pastoral da Sobriedade, cujo objetivo é espalhar o
que eu estudei, sobre a importância da educação de todos os menores, não existe
menor de segunda classe. Partilho muito do ideal de vida de São João Bosco, a
importancia da educação integral. Para todos.
Monsenhor Jonas Abib e Dom Irineu Danelon
Como
nasceu a RCC
Dom Danelon e TV SÉCULO XXI
Entrevista com Bispo
D Irineu na Radio Regional Esperança Lins-SP.
Dom Irineu Danelon fala de seus 25 anos de episcopado
Gráfica Salesiana da Mooca
Em Roma o senhor teve
contato com o Papa?
Quase
todas as semanas íamos fazer as visitas em que ele recebia o público todo. Era
o Papa João Paulo II.
O senhor chegou a ter alguma conversa pessoal com o Papa João Paulo II ?
Por três vezes! No período das férias eu fui para Castel Gandolfo, onde o
Papa passa as férias. O Papa João Paulo morava ali, eu também morava em Castel
Gandolfo o encontro era quase semanal. Lá tem a comunidade salesiana também.
Como era o Papa João Paulo II
?
Era
muito receptivo, Tivemos conversas particulares por três vezes ou até mais. Geralmente
falávamos sobre o que a Igreja precisa, sobre os padres novos. Ele deu início
ao Concilio, e o resultado é o que vemos hoje.
Chegaram a tomar alguma
refeição juntos?
A
primeira refeição ele foi até a minha casa, foi almoçar em casa, era em frente
uma da outra, Depois ele me convidou para almoçar com ele. Aquele menino
caipira do sítio, de Piracicaba, olha onde foi parar!
Quando o Papa João Paulo foi
almoçar em sua casa o que foi servido?
O
Papa já tinha vindo ao Brasil, sabia que aqui todo mundo come feijão, então
tinha feijão e arroz lá também.
O Papa comeu arroz e feijão?
Ué!
Estava na mesa não é? Ele sabendo que eu era de origem italiana mandou fazer
uma polenta, foi o que ele trouxe. Essa adquação é muito edificante. O Papa
João Paulo II manifestava um amor especial aos brasileiros. Quando fui almoçar
na casa do Papa também tinha arroz, feijão, macarronada. Na terceira vez ele
almoçou na Comunidade Salesiana onde eu morava. Ai já foi um almoço
comunitário.
Houve alguma oportunidade de
encontrar o Patriarca da Igreja Ortodoxa?
Fui
fazer uma visita de quase um mês na Terra Sntaa, tive a oportunidade de almoçar
com o Patriarca da Igreja Ortodoxa, isso
em Jerusalem. Foi um almoço informal.
Qual era o idioma utilizado
para conversarem?
Era o
italiano.
O senhor fala quantos
idiomas?
Nem
português como deveria falar! Caipiracicabano acredito!
O senhor tem como
característica marcante a humildade.
Não
tenho que me prevalecer em nada porque tudo foi Graça de Deus.
Após ter permanecido em Roma,
de volta ao Brasil, para que local o senhor foi solicitado?
Voltando
de Roma fui nomeado diretor do Liceu Nossa Senhora Auxiliadora em Campinas onde
permaneci por cinco anos. O Padre Inspetor me nomeou diretor do Seminário de
Filosofia, em Lorena, tinha uns setenta alunos, seminaristas. Após isso fui
nomeado promotor vocacional dando apoio aos jovens que queriam ser padres. Fui
nomeado Inspetor Vocacional de toda nossa Inspetoria Salesiana em São Paulo e o
Estado do Paraná. Me fizeram diretor do Seminário de Filosofia, onde estudei.
O senhor teve a ordenação
episcopal em que ano?
Foi
em 1988.
Como Bispo de Lins quantas
cidades pertencem à diocese?
A diocese abrange 97 cidades, de
Lins até Mato Grosso, depois que fizeram a Rodovia Marechal Rondon ficou até fácil,
as cidades todas estão ao lado. Quando eu cheguei lá ainda era estrada de
terra.
Todo bispo tem um lema, qual é o
do senhor?
O meu lema é: “O amor jamais
passará” (Caritas Nunquam Excidit) é da Primeira Carta de São Paulo
aos Corintios, capítulo 13, versículo 12.
QUADRO NA RESIDÊNCIA DE DOM IRINEU DANELON
Há uma diminuição
de vocaçoes sacerdotais?
Depende muito da
formação que os padres realizam. È necessário buscar, preparar, apoiar, as
vezes até economicamente, tudo tem um custo. Não faltam vocações, necessita
haver apoio. O padre ao exercer bem o seu ministério atrai o jovem para o
sacerdócio.
Nomes de grande projeção nacional,
empresários, publicitários, segundo a mídia, dizem que rezam o terço
regularmente.
Eu rezo o rosário, que são três
terços, todos os dias. Principalmente durante as viagens, quando se tem mais
tempo. Não é necessário rezar em voz alta.
O senhor tem algum livro escrito?
Tenho vários. Um deles é Promoção
Vocacional, não faltam candidatos ao seminário, o que falta é quem os promova.
Quem chame, dê animação. Como bispo eu ordenei 27 padres. Trabalhei no
aspirantado, no noviciado, tenho um especial amor a esses jovens que enfrentam
muitas dificuldades para poder tomarem essa decisão. A gente compreende, visita
a família, apazigua a família, há casos em que os pais estão esperando do filho
um apoio econômico.
Como o senhor vê essa profusão de
religiões?
Vejo como a falta de uma
catequese em profundidade. A simples decoração de algumas perguntas e respostas
não tem o conhecimento profundo de Jesus Cristo. As vantagens que tem um
discípulo de Jesus. Alguns têm a religião mais por tradição familiar, sem uma
formação especial. Como conseqüência a religião tornou-se um costume mais do
que uma doutrina.
Há diferença entre religião e fé?
A fé faz parte da verdadeira
religião.
O senhor tem devoção especial a
algum santo?
Por tradição, Santo Antonio, meu
pai é Antonio, minha mãe Antonia, o padroeiro de Piracicaba é Santo Antonio,
meu irmão Antonio casou-se com uma moça chamada Antonia, tenho muita fé em São
João Bosco. É admirável a sua forma de vida, a maneira educada de tratar as
pessoas, pelo empreendimento que ele teve na sua vida. Tanto na cadeia, nas
escolas, no colégio que ele fundou, fui o primeiro aluno do Colégio Salesiano
Dom Bosco de Piracicaba, então ele é um dos meus santos desde criança.
O senhor praticava esportes?
Nunca fui bom de bola! Mas sempre
participei, no sítio em que eu morava tinha um cercado, lá foi transformado em
um campo, um gramado bonito, nos fins de semana tinha o joguinho de futebol lá.
Eu era mais juiz do que jogador!
Como foi a reação familiar na
ordenação episcopal do senhor?
Filme Dom
Bosco – completo
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Relíquias de
Dom Bosco
A urna com as
relíquias de Dom Bosco em Piracicaba,SP