PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 02 de setembro de 2017
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 02 de setembro de 2017
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO:
ROGÉRIO GONÇALVES DE FARIA.
Rogério Gonçalves de Faria nasceu
a 1 de abril de 1980 na cidade de Votuporanga, sendo que até os 14 anos residiu
em um sítio pertencente ao município. È filho de Ireni Gabriel Gonçalves de
Faria e Djair Diogo de Faria, sempre foram do campo, ruralistas, sua mãe é do
lar, trabalhou na roça. Tiveram três filhos: Grazielle, Ricardo e Rogério.
Que tipo de cultura vocês praticavam?
Até os 14 anos eu trabalhava
também com eles na roça, quando eu tinha uns 5 ou 6 anos morávamos em uma
fazenda muito grande, lá o meu pai tirava leite, de 200 a 300 vacas.
Apartávamos as vacas ao meio dia para esse leite descer e no outro dia termos o
leite disponível. O leite era colocado em latões e levado até o ponto onde o
caminhão do laticínio passava recolhendo. Meu pai foi mudando de sítio, alguns
era roça: milho, algodão, arroz, feijão. Tinha que plantar, cuidar, colher. O
mais chato era limpar pé de café.
Você é um artista, como surgiu essa
vocação?
Deve ter sido a fantasia da própria
televisão. Quando moramos no sítio tínhamos uma televisão preta e branco eu
ficava assistido e queria estar dentro dela. Não tinha como entrar. Como toda
criança curiosa ficava olhando por traz do aparelho, pegava no fio. Imaginava:
“Meu Deus! Como essas pessoas entram!” Nessa época eu freqüentava a escola do
sítio. Não era tão próxima, acordávamos às cinco horas da manhã, íamos
caminhando para a escola, atravessava riachos, éramos crianças, tudo era
brincadeira. Quando chovia íamos com capas, minha mãe prezava muito pelo nosso
estudo. Essa escola do sítio era em uma mesma sala primeira, segunda, terceira
e quarta série juntos, a mesma professora dava aula para todos os alunos. Ela
dividia a lousa e ia escrevendo para cada um. Eram aquelas carteiras antigas em
que sentavam dois alunos, um pouco antes do intervalo dois alunos iam buscar o
balde de comida. Era uma cozinheira que morava próximo que fazia.
Depois passei a estudar em uma
cidadezinha próxima íamos caminhando também até o ponto de ônibus, morávamos
próximos a Andeara, Álvares Florence, Valentim Gentil.
Como você veio para a região de Piracicaba?
Quando eu tinha 14 anos minha avó
materna, Nair veio para Americana. Ela trouxe-nos juntos, três anos após ela
faleceu. Fui trabalhar no supermercado como pacoteiro, fiquei nessa função por
um ano, Até que passou um senhor no caixa e perguntou-me se queria trabalhar em
um hotel. No dia seguinte fui com a minha avó nesse hotel. Era o maior hotel da
cidade, o Hotel Florença Palace. Fui ser mensageiro, era quem levava as
bagagens, Office
Boy. Foi incrível porque passei a ter contato com os artistas, muitos artistas
de passagem pela cidade hospedavam-se ali. A Festa do Peão trazia muitos
artistas do teatro, eu começava a abordá-los questionando, permaneci por cinco
anos no hotel. Foi lá que expandi meus pensamentos.
Nesse período
você estudava?
Estudava! Estudei na EE Heitor Penteado, meus pais tinham
ido morar em Americana. Ganhei bolsas de estudo no curso do Grupo de Teatro
Téspis de Campinas, do Conservatório Carlos Gomes, depois
descobri a Incenna
Escola de Teatro e Televisão em São Paulo, eu pegava o meu salário e investia nesse sonho. Até que
completei 18 anos. Fui ser “Amigo da Escola”, um projeto que era da Rede Globo,
o garoto propaganda era o Tony Ramos. Como Amigo da Escola trabalhava na
secretaria, biblioteca, e criei um grupo de teatro lá. Fazia malabaraes,
teatro. Foi para o início do Programa Educacional de
Resistência às Drogas e à Violência (PROERD). A primeira vez em que me maquiei de palhaço e coloquei
o nome de Palhaço Sossego. De sossego ele não tinha nada, sou hiperativo. Nunca
fiz curso para ser palhaço, mas foi muito bom. Começamos a fazer shows nas
escolas, creches. Até que folheando uma revista vi uma matéria sobre um curso
de rádio e televisão. Só que não tinha dinheiro para fazer o vestibular, a
faculdade. A professora viu a minha vontade , perguntou-me por que não ia
fazer. Quando disse-lhe que não tinha dinheiro, na hora ela fez um cheque de 60
reais, fui correndo fazer a minha inscrição no vestibular da UNIMEP. Passei no
vestibular. Pensei: E agora?. Tinha que pagar R$ 500,00 de matrícula e a
mensalidade era de R$ 500,00.
O que você fez?
Minha mãe trabalhava na Justiça do
Trabalho como faxineira, os colegas dela viam essa minha vontade de ser
artista, deram à ela os R$ 500,00 de presente, disseram que teria muitas
alegrias com o filho dela, viemos correndo para a UNIMEP fazer a minha
matrícula, quando entrei no campus e vi aquele campus lindo da UNIMEP pensei:
“Meu Deus! É aqui mesmo que eu tenho que estar!”. Não tinha dinheiro para pagar
a faculdade, entrei com um pedido de bolsa para carente, só que fiz uma
radionovela no primeiro semestre e inscrevi no Expocom que é um congresso de
comunicação que reune os trabalhos de todas as partes do Brasil e eu fiquei em segundo
lugar. Com uma rádio novela. Isso
agilizou e eu consegui 80% de bolsa que abateu nas mensalidades. Meu pedido
anterior de bolsaa também já tinha sido aprovado, com isso tive 90% de bolsa.
No segundo semestre, pagando R$ 60,00 de mensalidade, decidi morar em
Piracicaba, criei uma república, a “Rep Circus”, dividi com seis colegas,
alunos de psicologia, rádio tv, ficava próxima a Avenidada Independência, em
freste ao Restaurate Casaretto. Fazíamos festas que rendiam o suficiente para
pagarmos todas s nossas contas, fui fazer Teatro-Empresa. Durante os quatro
anos fui presidente do Centro Acadêmico de Comunicação, criei um programa que
se chama R.A. Registro Acadêmico. Esse programa tem a função de mostrar a rotina dos
universitários dentro e fora da faculdade.Eu queria promover a universidade
para que as pessoas se apaixonassem e viessam a fazer uma faculdade, porque é
um divisor de águas em nossas vidas. Passei a ter amizades que me influenciaram
e influenciam até hoje. Os meu melhores amigos são da época da faculdade. Isso
mudou muito aminha vida, como presidente do Centro Acadêmico tinha diálogos com
o Reitor Gustavo Alvim.
Como era a postura do Reitor Gustavo Alvim com relação às
suas propostas?
Ele foi muito receptivo com a minha
idéia do programa, liberou o acessoa ao laboratório de comunicação, montamos
uma equipe muito grande, tinha pessoas para fazer de tudo em nossa equipe:
Assessoria de Imprensa, Produtor, Câmera, e os alunos foram, achando aquilo
incrível, Muitos estavam fazendo Curso de Comunicação mas sem um objetivo
específico. Quando você é apaixonado vai descobrindo as possibilidades. Muitos
alunos foram se descobrindo nesse programa. Tanto que muitas pessoas hoje
trabalham nas funções que descobriram no R.A. Prduzimos mais de 40 programas,
fiz parcerias com todos os canais locais, promovia muito a universidade. Entrei
na faculdade em 2002, o programa foi em 2002 me formei no final de 2004. Meu
TCC Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre a programação para o jovem no
Brasil, eu gostava muito de discutir esse tema. Nunca se tratou o jovem em
nivel de igualdade. Sempre querendo ter uma opinião sobre o universo do jovem,
fui atrás de quem trabalhava com jovem em São Paulo, Conversei com o Zico Góes
diretor de programação da MTV, com a Soninha que estava trabalhando na TV
Cultura, o Casé que fazia muito sucesso, ligava para essas pessoas, mandava
e-mail e elas iam me recebendo. Eu ia para São Paulo, Na ápoca o Rene da Mr.
Dandy foi um grande parceiro do R.A. Eu estava entrevistando o Zico, mostrei o
R.A. para ele, ele gostou muito de mim. Me indicou para um teste para um
programa que ia estrear.era o projeto piloto. Esse projeto tinha como objetivo
selecionar 10 estudantes de comunicação, recém-formados, para participar de um
reality show em que tinhamos que colocar no ar toda semana um programa ao vivo
e inédito. Ao mesmo tempo em que as pessoas iam sendo eliminadas pela
audiência. Cada semana eu exercia uma função: produtor, assistente de direção,
apresentei dois programas, passava por todas as àreas. Fui até o final.
Isso foi em qual canal de televisão?
Na MTV. Na época O Dr. Gustavo Alvim
e eu estávamos conversando para eu continuar fazendo alguma coisa na TV UNIMEP,
que fosse um esquema de estágio para os estudantes. No interior doEstado de São
Paulo não esxiste uma televisão que você consiga ocupar todos os cargos e
desenvolver todas as àreas. Optei por ir para São Paulo, telefonaram em uma
sexta-feira dizendo que havia passado no teste e deveria estar na segunda feira
para fazer o programa. Fiquei com o meu rosto exposto bastante tempo na MTV,
ela era bem assistida inclusive por agências de atores que tem os produtores
que ficam assistindo tudo. Nesssa época eu morava na Vila Madalena, dividi um
quarto com um estudante de odontologia, quando recebi o convite, uns amigos me
levaram até São Paulo: O Hermas Amaral Germek Junior e a Rebeca.
Morei duas semanas com esse estudante, era muito educado. Ai reencontrei um
colega da UNIMEP que estabva morando na Bela Vista, fui morar com ele. Meu
rosto ficou no ar na MTV por uns seis meses. Começaram a me chamar para testes
de publicidade. Só que eu sempre estava querendo fazer televisão, estar dentro
da televisão. Teste para publicidade é muito díficil de realizar. A pessoa é
chamada para o teste, faz o teste,
concorre com no mínimo 100 atores, o diretor escolhe 10, para levar para
o cliente, esse cliente escolhe o ator que vai fazer o filme. Sempre é assim, a
não ser quando convidam uma celebridade. Chegou a um ponto em que tive que
trabalhar na Vivo de madrugada para poder fazer teste durante o dia. Sempre
acreditei muito que iria dar certo. Na Vivo fui trabalhar de Back office, também chamado de retaguarda. Eu resolvia os problemas das pessoas.
Nessa mesma época apareceu o teste para fazer o Patati-Patatá. Um amigo,
Frederico Reder proprietário do Theatro NET São Paulo, dise-me se queria fazer o
teste, estavam selecionando uma dupla de palhaços. Fui fazer o teste, fiquei
uma semana. Me selecionaram para ser o Patatá. Comecei a gravar os DVDs, a gravar
as aparições na TV, encontrei com o Silvio Santos no cabeleireiro José Jacenildo dos Santos, o Jassa, mais de uma vez, eu como Patatá,
esperávamos o Silvio chegar, assim que ele chegava saia o Patatí e o Patatá, o
Silvio gosta muito de palhaços, íamos ao aniversário do SBT, ficávamos no
estacionamento, a Hebe Camargo era viva ainda, até que o dono da marca, que é o
Rinaldi, conseguiu levar a dupla para o SBT.
Era você e quem?
Eu e o Flávio Barollo. Acabamos rompendo com o dono
da marca, tínhamos muito amor no que fazíamos, só que infelizmente por uma
série de fatores de ordem prática não estavamos em sintonia. Desistimos dessa
história toda e ele levou uma dupla para substituir-nos que são os atuais
Patati e Patatá. Hoje no Brasil são várias duplas, mais de 50 duplas. Sempre
teve muitas duplas, Ele queria essa dupla profissional para poder chegar onde
tem que chegar. Com isso tinha um grande mercado., tendo um retorno comercial
maior do que muitos nomes consagrados nacionalmente. Essa profusão de duplas
Patati Patatá sempre foi algo muito pouco divulgado, objeto de grande sigilo.
Para você ter idéia cada DVD que eu gravei vendeu mais de três milhões de
cópias, tanto eu como o Patati não ganhamos absolutamente nada disso. Uma dupla
de palhaços que tinha marcado época e estava esquecida, do nada, meu parceiro e
eu demos muito suor para revitalizar-los. Infelizmente não fomos reconhecidos
financeiramente.
E os comerciais
como ator como estavam?
Paralelo a isso fiz comerciais em TV, sou bem
sucedido como ator, como Rogério. Hoje estou no ar com a campanha da Itaipava,
Ponto Frio, o I Food. Estou no ar com essas três campanhas nacionais. Sempre me
chamam, hoje já me convidam. Sempre tive esa coisa de trabalhar com crianças
por ser o futuro e também essa questão de trablhar com idoso, de ser o
presente. São os nossos mestres, aos quais precisamos ter acesso. Para
continuarmos o que eles estão construindo, o que já construiram. Vivemos em um
pais em que as pessoas estão toda hora recomeçãndo. Penso que a política é um
pouco culpada disso, troca-se um partido, tracam-se todos os projetos,
trocam-se todas as idéias. Pouco se aproveita daquilo que é bom. Sou um artista
do povo, gosto muito de interagir com o povo.
Atualmente em que cidade você reside?
Estou morando em São Paulo a quase 15 anos, já fiz
mais de 20 comerciais, 90% dos comerciais que fiz sou protagonista, tenho uma
imagem que chama muito a atenção. Fiz participação em novela, Amigas e Rivais,
no SBT, interpretei o dono do bar, sempre vou atrás das minhas idéias,
exercitar o meu dom com as ferramentas que estão disponíveis.
Como deu-se essa
sua incursão junto ao público da terceira idade?
Ha cinco anos, mais ou menos, o Portal da Terceira Idade
me procurou, a Priscila Skaff me indicou, para fazer uma personagem na Avenida
Paulista, se eu consegueria fazer um velho? Criei o Joaquim Dim. Fui para a
Avenida Paulista com eles no Dia do Idoso. Fiz essa intervenção, gostei,
comecei a trabalhar o Joaquim Dim. Não gosto de fazer mais do mesmo e também
não estou a fim de criar um roda nova, mas quero criar uma roda diferente.
Quero experimentar novas possibilidades. O idoso envelhece e é simplesmente
esquecido, desvalorizado demais. Vivemos em um país capitalista que preocupa-se
só com a produção. Essas pessoas passam a ser um custo. Aposentam-se, muitas
vão para asilos, ficam esquecidas pelas suas famílias. Temos nos idosos muito
conteúdo, muitas pessoas inteligentes, precisamos ter acesso a isso. Quero
fazer uma experiência no Lar dos Velhinhos de Piracicaba, a Primeira Cidade
Geriátrica do Brasil. Entrei em contato com as pessoas responsáveis, fiz a
minha proposta de registrar a memória de pessoas com a idade acima de 60 anos.
Tenho a intenção de criaar um canal de comunicação com o idoso do Brasil. Fiz
um processo de imersão total no cotidiano do idoso. É um trabalho sem ônus para
o Lar. Tenho um projeto bem estruturado, com uma grade de programação definida,
irá envolver 25 profissionais, com patrocínio externo, sendo que uma parcela
será doada ao Lar como fonte de recursos. Esses número estão tabulados e
dimensionados para que o projeto torne-se realidade. Os patrocinadores a um
custo bastante acessivel irão ganhar visibilidade no Lar, cidades vizinhas e
até mesmo a nível Brasil. Esse canal terá inicialmente uma programação de
quatro a cinco horas, sendo que iremos trabalhar com looping (repetição
automática) até que a medida em que
houver uma evoluçaõ a produção passe a ser maior. O Lar dos Velhinhos de
Piracicaba é uma cidade cenográfica, tenho conteúdo aqui que repercute no
Brasil todo. Tudo que eu falar daqui dará para ser consumido pelo país todo.
Tenho conhecimento técnico, gosto de fazer isso e sou apaixonado por isso. O
projeto chama-se: “ Envelhecer. Quem vive envelhece”.
Você utiliza uma
linguagem do jovem para tratar de assuntos pertinentes a idosos?
Além dos idosos terem entendimento por estarem
vivenciando o momento, a liguagem voltada ao jovem é moderna. Não trato o idoso
como um coitadinho ou uma coisa. O idoso é um ser humano, experiente, com uma
bagagem incrível, precisa ser respeitado e valorizado. As familias não visitam
os idosos. As pessoas esquecem que irão morrer com isso se matam antes, elas só
pensam no próprio umbigo. Em ganhar, ganhar e ganhar! Ligam suas vidas no
automático e esquecem que a cada amanhecer há uma nova oportunidade de sermos
melhor. Uma nova oportunidade para abraçar o outro, ajudar o outro. Ningém quer
saber de ajudar ninguém. O materialismo gera no ser humano a ambição, a
vaidade, o egoismo. O carro mais novo, o poder. Tem pessoas que tem muito
dinheiro, só que ela esquece que para isso acontecer muitos tiveram um salário
insignificante, trabalharam para ela tornar-se detentora de muitos recursos.
Temos de uma vez por todas tomar consciência de que vamos morrer. Sou católico
praticante. Vamos encontrar com Deus? Quem sabe? Ou com o Diabo? Quem sabe? Mas
estamos vivos! Deus está no coração, é energia. É representado pelas nossas
atitudes. Respeitar o outro como ele é. Usamos muito o nome de Deus para
praticar racismo, desigualdade, preconceito. Guerras em prol da paz! Sou uma
pessoa apaixonada pelo que faz, produzir conteúdo para conscientizar o outro.
O que você
encontrou no Lar dos Velhinhos que marcou bastante?
É esse abandono das famílias, as famílias desses
idosos passam a ser os funcionários, que vem aqui todos os dias trabalhar, a
relação dos cuidadores com os idosos é muito bonita, eles são dedicados. Outra
coisa que me marcou muito é esse idoso que hoje vive no asilo muitas vezes ele
está debilitado e eu fico questionando que tipo de vida ele teve. Isso é muito
interessante para o jovem refletir. Vou envelhecer? Que tipo de velho vou ser?
Os abusos da juventude tem um preço a pagar. Ainda sou jovem e quero envelhecer
bem. Preciso me exercitar, respeitar o meu corpo hoje para que ele possa amanhã
estar bem. Pretendo ser uma pessoa muito bem sucedida para poder ajudar outras
pessoas. Trabalho nesse sentido.
Você canta?
Encanto mais do que canto! Gosto de cantar músicas
infantis, acho que tenho uma facilidade para vozes.
Maquiagem você
mesmo é quem faz?
Eu mesmo faço. Tanto o Joaquim Dim como o Palhaço
Sossego.
Quando você
começou a circular no Lar dos Velhinhos como Joaquim Dim qul foi a reação dos
idosos? Acharam que tinha um novo abrigado?
Mutos confundem. Em determinadas situações eles
dizem”-Seu Joaquim, o senhor precisa de ajuda?”. Joaquim Dim é um velho muito
palhaço, que acredito que será um idoso como serei. Alegre, feliz, grato. Ele
tem um jargão próprio. Alguns vêm conversar comigo achando que sou de fato um
idoso.
Alguma idosa olhou
Joaquim Dim com mais simpatia?
Já ouvi sim, algumas idosas dizendo: “Olha que
véiao!” “Bonitão esse velho!”
A população de
idosos tende a crescer.
Tende sim, hoje estamos com aproximadamente vinte
milhões de idosos no Brasil, até 2050 seremos 50 milhões de idosos no Brasil,
os políticos precisam começar a falar sobre isso, precisa começar a ter
política voltada aos idosos. A política existente é muito tímida. Há muitas
empresas querendo dar recursos aos idosos, por saber que ele tem uma renda
fixa. Temos que ser mais honestos, não existe político corrupto em uma nação
que não é corrupta. É o tal do “jeitinho” ! Temos que acordar para a vida e
assumir as consequências daquilo que fazemos. É a fila que passa na frente, a
pressa ! Chega! Basta! Se você não permitir a corrupção ela não irá existir.
Estão sambando na cara da sociedade hoje porque nós devemos, e nem sabemos. Não
temos essa consciência. O brasileiro não tem a consciência de que ele é
corrupto. Ele acha que está certo. Ele é esperto! É a escola do bairro que
coloca a filha do funcionario na frente, ocupando a vaga que seria de outra
criança, é o hospital: “Eu conheço o cara então eu consigo!”. Nomeação do parente,
do amigo, para um cargo público. Não sou contra a nomeação de um parente ou de
um amigo, desde que seja competente! Infelizmente percebemos que vivemos em uma
nação completamente amarrada com a corrrupção.
Isso é também
decorrencia da formação histórica do nosso país?
Desde quando os portugueses chegaram aqui e os
indios se venderam. Continuam, se vendendo até hoje. Hoje temos uma placa no
país escrito: “Vende-se”. O Brasil está sendo vendido! O que vejo são doenças e
mortes antecipadas. Viajo pelo Brasil a trabalho. Há uma grande falta de
saneamento básico, ninguém fala sobre isso. Há falta de educação, isso vira
discurso, só palanque. Tem dinheiro, tem como resolver so que precisamos de políticos com brios que
digam: “ Eu estou ganhando muito, não preciso disso tudo! “ Quem tem coragem?
Está tudo corrompido. O miserável está trabalhando para pagar as contas dele,
andar certinho.
O jovem vem
com esse espírito novo?
A principio sim, mas acaba se entregando também. O
pensamento corrente é : “È assim mesmo! Nada vai mudar!”. Fica em uma zona de
conforto. Sou ator, apresentador de conteúdo, palhaço, apaixonado pelo que eu
faço, gosto de tratar das causas que me deixam sensibilizado: a criança do
amanhã, o idoso de hoje, quero buscar patrocínio, empresas que sejam
solidárias, as pessoas podem ligar para mim pelo Whats App 011 98195 8821.