sexta-feira, abril 14, 2017

SANDRA FERNANDES BANDEIRA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 15 de abril de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/



 





ENTREVISTADA: SANDRA FERNANDES BANDEIRA

 

Sandra Fernandes Bandeira nasceu em São Paulo a 24 de novembro de 1970, filha de Reinaldo da Silva Bandeira e Tercília Fernandes Bandeira que tiveram três filhas: Sandra, Cláudia e Márcia. Sua mãe é falecida há mais de 30 anos, sendo que seu pai contraiu novas núpcias. Sua segunda esposa já tinha uma filha, a Natália, que passou a ser a sua quarta filha (civilmente era padrasto), e mais uma nova irmã para Sandra.

Qual é a profissão do seu pai?

Meu pai é desenhista projetista. Atualmente atua como consultor.

Seus primeiros estudos foram feitos em que local?

Quando eu tinha cinco anos mudamos para Americana. Meu pai trabalhava na Philips que já estava com uma unidade em Piracicaba, minha mãe tinha uma tia em Americana, meus decidiram mudarem-se para Americana, que não é tão longe de Piracicaba, ao mesmo tempo em que ela tinha algum suporte da família, não estaria tão sozinha em uma nova cidade. Meu pai fazia essa viagem todos os dias de Americana à Piracicaba. Permanecemos em Americana por nove anos. Quando a minha mãe faleceu, viemos para Piracicaba em 1984. Em Americana estudei no Colégio Dom Bosco até a sétima série, a oitava série eu cursei em um colégio do Estado quase em frente a minha casa.

Você lembra-se do nome da sua primeira professora?

Era a Tia Inês! A segunda era a Tia Maria Aparecida, do terceiro ano era a Tia Leila e do quarto ano era a Tia Amália que há pouco tempo nos reencontramos através  do face book. Passei a estudar no Colégio Dom Bosco Cidade Alta. Fiz o vestibular, passei, estudei um semestre de jornalismo em Campinas, na PUC, eu era muito jovem, por uma série de motivos voltei para Piracicaba. Fiz seis meses de cursinho e entrei na ESALQ no curso de agronomia, isso foi em 1989. No final de 1988 meu pai foi transferido novamente para a Philips de São Paulo, uma parte do setor administrativo ia para São Paulo e outra parte para Manaus.  Esse finalzinho de ano eu fiquei na casa de uma amiga, em Piracicaba. Quando ingressei na Agronomia fui morar em uma república, chamava-se “Casa Verde”. Quando fui morar ela estava no bairro São Judas. Essa república mudou várias vezes de locais, existe até hoje em outro endereço.


Quantas alunas residiam na república?

Chegamos a morar em oito, na média as casas tinham dois banheiros, mas chegamos a morar em uma casa com um banheiro só. Era muito divertido, foi uma época em que república montava com o que tínhamos sobrando, não tínhamos telefone, celular, computador, não tinha dinheiro. A geladeira nós ganhamos de alguém que não queria mais, o sofá que quase não dava para sentar, se tivéssemos sorte tínhamos uma televisão. Fogão, os demais móveis, eram sempre tudo muito usado.




Qual era o seu meio de transporte para a ESALQ?

Ia de bicicleta. No máximo a distância era de dois quilômetros da escola.

Você formou-se em que ano?

Em 1993 formei-me como Engenheira Agrônoma.

Exerceu a profissão?

Ingressei. Comecei a trabalhar em Holambra, em uma empresa de mudas de crisântemo em uma empresa que hoje se chama Van Zanten Schoenmaker, trabalhei também em uma unidade de Artur Nogueira e outra unidade de Santo Antônio de Posse, eu era coordenadora de produção. Estava responsável naquela época por mudas de crisântemo.

Morar em Holambra deve ser muito interessante?

Foi muito gostoso, foi muito bom, naquela época cheguei a morar em Holambra e em Artur Nogueira. Lembro-me que em Holambra a minha casa tinha uma lareira, que era utilizada possívelmente uma vez ao ano, mas era charmoso entrar na sala e ter uma lareira. Nesse período todo eu morava sozinha.







Você chegou a se casar?

Em 1997 eu me casei com um holandês que conheci em Holambra. O casamento civil foi na Holanda, fui para lá. A família do meu primeiro marido era de Groningen, um estado ao norte da Holanda. Casamos em uma pequena cidade desse estado.

Como é o casamento na Holanda, igual ao do Brasil?

Totalmente diferente! Escolhemos uma juíza de paz, que falava inglês, meu pai e minhas irmãs foraram para a cerimônia do casamento civil na Holanda. Queríamos que todos entendessem. A juiza na semana anterior foi até a casa dos meus sogros, conversou conosco, quiz saber sobre os nossos habitos, costumes, como nos conhecemos, como era a nossa história. No dia da cerimônia ela vestiu uma beca, com chapéu de juiz, contou toda nossa história, a cerimonia é realizada na prefeitura. As noivas holandesas vão com vestido de noiva, como eu tinha a minha cultura de não usar vestido de noiva no casamento civil, fui com vestido social. Após ela falar sobre nós, disse-nos umas palavrinhas em português, ela foi estudar o português, descobrir como falar algumas coisas em português. No final ela disse: “-Declaro que vocês estão casados!” pega o martelinho de madeira e bate sobre uma mesa. Assinamos um livro pequeno, que é a certidão de casamento, os padrinhos assinam, é uma cerimonia em que você pode levar alguns convidados, fica em uma sala bonita. Se quisermos podemos sair de lá e ir para uma recepção. O casamento religioso foi no Brasil, em São Paulo. Uma característica própria da Holanda é que eles dão o nome para a pessoa como por exemplo Marinus Cornelis Brunssee, só que eles dão um tipo de apelido, um nome de chamada, como Maarten, são apelidos que não tem nenhuma ligação com o nome.

Você fala holandês?

Muito pouco! Ficamos na Holanda só na época do meu casamento, depois voltamos para o Brasil fomos morar no nordeste, fomos para Alagoas, Maceió. Eu tinha uma irmã que já estava morando lá ha algum tempo, fomos passar uns dias lá, nos encantamos com o lugar  e visualizamos uma oportunidade de negócio. Todo mundo lá só tinha em casa flores de plástico, adquirimos um sitiozinho em Chã do Pilar, a 26 quilômetros de Maceió, montamos uma estufa, e começamos a produzir flores. Em vaso e um pouquinho de flor de corte. Tinhamos um poço e a irrigação. Fizemos um sisteminha de irrigação por espaguete, Ficava um pouco caro porque trazia todo meu material de Holambra: vaso, irrigação, muitas vezes até o adubo, não havia o adubo para a irrigação. Ficamos lá dois anos e meio mais ou menos. Foi muito difícil no começo, eu tinha um estande dentro do supermercado Bompreço, ficava o tempo todo ao lado do estande, mostrando as plantas. Tinha que implantar a cultura de ter plantas naturais dentro de casa. Abasteciamos a rede Bompreço, eram oito lojas, em uma delas tinhamos um estande bem bonito. Tinhamos um quiosque dentro do Shopping, forneciamos flores para outras floriculturas da cidade. No primeiro Dia das Mães que fizemos lá, recebi um rapaz na minha chacara, ele era ali da cidade, e propos vender flores em uma barraquinha na estrada, mediante ua comissão. Na porta da nossa chácara. Ele chamava-se Antonio. Fizemos isso,embora eu tivessse alguma dúvida se alguém iria parar na estrada para comprar flôr. Construi uma barraquinha fixa, tirando o supermercardo ali era o meu maior ponto de venda. Parava muita gente, a chacara era na beira da pista. Os negócios iam bem. Mas eu sentia muita falta da minha avó Helena, do meu pai. Pensei muito e decidi voltar para São Paulo. Eu tinha uma amiga em São José do Rio Preto que tinha uma empresa tambémde produção de mudas, já tinha trabalhado comigo em Holambra e me chamou para vir para cá. Viemos para São José do Rio Preto, ficamos lá mais um ano, foi ai que terminamos nosso casamento. De São José de Rio Preto vim para Campinas, para a casa do meu pai, fiquei com ele uns dois ou tres meses até conseguir um novo trabalho, uma empresa de pesquisa de mercado agrícola a Kleffmann e Partner Assessoria e Mercado Agrícola. Era um trabalho que eu gostava muito de fazer. Permaneci de 199 até 2002.


Quantos idiomas você fala?

Além do português, inglês e espanhol.

Você casou-se de novo?

Casei-me com Sérgio Luis Frias com quem tive duas filhas Júlia e Clara. Voltei para Piracicaba onde fui trabalhar em uma empresa chamada Rigran, eu fazia assistência técnica para ela no Estado de São Paulo. Viajava muito nessa época. Eram produtos de alta tecnologia para agricultura pesada: adubação, melhoradores de solo.

Como foi seu ingresso no CREA?

Eu tinha prestado um concurso, passei e fui chamada. Trabalho no CREA-SP minha lotação hoje é Araraquara, atualmente estou como chefe da unidade de Araraquara abrangendo mais de 30 cidades. Além de Araraquara temos mais seis unidades menores.

O que é o CREA?

O CREA é o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, a Arquitetura saiu já há alguns anos, antigamente ela pertencia ao CREA, atualmente ela tem um conselho só dela que é o CAU -  Conselho de Arquitetura e Urbanismo. O CREA é um regulador da profissão e um fiscalizador também. A nossa base é a fiscalização.

Quais são problemas mais comuns que o CREA encontra?

São obras irregulares e empresas que acham que não precisam de registro no CREA. Não só na área civil, mas também na área elétrica, mecânica, geologia, geografia, uma mineradora tem que ter registro no CREA.

Como o CREA consegue fiscalizar esse universo de obras?

O CREA exerce uma fiscalização administrativa. Buscamos o responsável técnico por toda e qualquer situação. Temos câmaras especializadas, com os nossos conselheiros, são profissionais das áreas respectivas. Quem dita as regras normativas é o CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Fica em Brasília, ele sim dá decisões plenárias, decisões normativas, ele que nos instrui desssa maneira.

Toda construção necessita de um responsável técnico?

Se você for construir uma casa simples, em um bairro simples, precisa ter um engenheiro. É ele quem vai garantir a segurança da sua obra. A pessoa pode até dizer: “Mas o meu pedreiro é bom! Conhece mais do que engenheiro!”. Só que se acontecer algum problema o responsável não é o pedreiro e sim o dono do imóvel. Porque não tem nenhum técnico ali! Isso pode acontecer em bairros mais retirados, ou até mesmo em uma reforma. As pessoas não tem noção do risco que muitas vezes correm e oferecem à terceiros. O engenheiro fica no mínimo 20 anos responsável pela sua casa.

As construtoras de porte maior seguem as regras do CREA em sua totalidade?

As construtoras maiores, são mais preocupadas com toda essa legalização, elas entendem muito bem o que pode oferecer riscos e que ela precisa fazer de maneira regular, legal. Os maiores riscos ocorrem quando você contrata alguém que aparentemente tem conhecimento técnico mas apenas conhece na pratica. Diante de um problema ou situação nova ele irá improvisar uma solução que pode ou não funcionar. Além da ilegalidade. As pessoas não estudam a toa. Não vamos a um consultório médico querendo ser atentido pelo farmacêutico, não que farmacêutico não tenha o seu valor, quando vou a um médico eu quero que um médico me atenda. Hoje a questão ambiental é muito forte, você não pode de maneira alguma sair extraindo areia, pedra, argila, a bel prazer.

Com relação a acidente com funcionário qual é a atuação do CREA?

Assim que ocorre o sinistro o CREA vai ao local e levanta todos os dados, de toda a situação, quem estava como responsável, há o levantamento documental da manutenção do objeto que provocou o sinistro, pelo cenário dos fatos. Tudo é documentado, pode tornar-se um processo dentro do CREA, vai para a Câmara de Ètica, e eles definem a punição ou não do profissional responsável. Nos casos de sinistro, invariavelmente acaba indo para o Ministério Público por outras vias, até mesmo por vias criminais, o Ministério Público sempre requisita o processo do CREA para embasar técnicamente o processo movido por ele.

O profissional pode sofrer punições dentro do CREA?

Ele pode até mesmo perder o próprio diploma, o próprio registro. Hoje nós temos uma gestão dentro do CREA – SP que assumiu em setembro do ano passado, a gestão do Engenheiro de Telecomunicações Vinicius Marchese Marinelli de visão extremamente responsável e transparente. Bastante jovem, tem muita energia, uma pessoa focadíssima, tem uma postura de muita regularidade. Ele dá para nós chefes e gerentes essa força, de estar trabalhando em um orgão muito responsável. Que quer fiscalizar, fazer as coisas funcionarem.

Vemos em muitos setores, como judiciário, legislativo, executivo, órgãos de classe, que aos poucos estamos mudando positivamente graças as novas gerações. Isso é altamente positivo para o país.

Muito positivo! Todos nós estamos sentindo essa diferença muito fortemente. Vemos esse gás novo chegando, isso é ótimo! Prazo é prazo! Tem que cumprir! Ir atrás! O Conselho está andando de uma maneira muito mais dinâmica. Hoje podemos notificar, multar, multar de novo.

E as multas são pesadas?

Depende da infração! Podem variar de R$ 500,00 até R$ 6.000,00, na reincidência o valor é dobrado. Hoje isso é cobrado de uma maneira muito mais eficaz se a pessoa não estiver na linha.

O CREA é um orgão público?

É uma Autarquia Pública Federal. Tem todas as caracteristicas de um órgão público mas não depende dos recursos financeiros da União. A Engenheira Civil Maria Edith Santos, Superintendente de Fiscalização é funcionária de carreira.

Piracicaba tem uma unidade do CREA?

Tem, é o Edson Ricci do Carmo, chefe da Unidade CREA. Ele é técnico, todos os técnicos da área devem se filiar ao CREA. A única exceção é o Técnico de Segurança do Trabalho.

Você casou-se novamente?

Em 2009 eu acabei me divorciando do pai das filhas. Em 2010 eu conheci meu atual marido, José Paulo Simões, na realidade já nos conhecemos desde a adolescência, ele se casou com uma colega de turma do terceiro colegial, teve uma filha, a Amanda, hoje com 19 anos, separou-se, nunca mais o vi não me lembro dele dessa época, acabei reencontrando, eu já estava divorciada, em novembro de 2016 casamos. Tenho uma relação excelente com a ex-mulher dele a Kelly que é uma pessoa incrível. Eu poderia mudar para Araraquara, mas não quero tirar o que as minhas filhas já têm aqui, amigos, escola, avós paternos, mãe e pai do meu ex-marido a Dona Sonia e Seu Hélio, são pessoas maravilhosas. Avós maravilhosos que fazem de tudo para essas netas.







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