PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 15 de abril de 2017.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 15 de abril de 2017.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADA: SANDRA FERNANDES BANDEIRA
Sandra Fernandes Bandeira nasceu
em São Paulo a 24 de novembro de 1970, filha de Reinaldo da Silva Bandeira e Tercília
Fernandes Bandeira que tiveram três filhas: Sandra, Cláudia e Márcia. Sua mãe é
falecida há mais de 30 anos, sendo que seu pai contraiu novas núpcias. Sua
segunda esposa já tinha uma filha, a Natália, que passou a ser a sua quarta
filha (civilmente era padrasto), e mais uma nova irmã para Sandra.
Qual é a profissão do seu pai?
Meu pai é desenhista projetista.
Atualmente atua como consultor.
Seus primeiros estudos foram feitos em que
local?
Quando eu tinha cinco anos
mudamos para Americana. Meu pai trabalhava na Philips que já estava com uma
unidade em Piracicaba, minha mãe tinha uma tia em Americana, meus decidiram
mudarem-se para Americana, que não é tão longe de Piracicaba, ao mesmo tempo em
que ela tinha algum suporte da família, não estaria tão sozinha em uma nova
cidade. Meu pai fazia essa viagem todos os dias de Americana à Piracicaba.
Permanecemos em Americana por nove anos. Quando a minha mãe faleceu, viemos
para Piracicaba em 1984. Em Americana estudei no Colégio Dom Bosco até a sétima
série, a oitava série eu cursei em um colégio do Estado quase em frente a minha
casa.
Você lembra-se do nome da sua primeira
professora?
Era a Tia Inês! A segunda era a
Tia Maria Aparecida, do terceiro ano era a Tia Leila e do quarto ano era a Tia
Amália que há pouco tempo nos reencontramos através do face book. Passei a estudar no Colégio Dom
Bosco Cidade Alta. Fiz o vestibular, passei, estudei um semestre de jornalismo
em Campinas, na PUC, eu era muito jovem, por uma série de motivos voltei para
Piracicaba. Fiz seis meses de cursinho e entrei na ESALQ no curso de agronomia,
isso foi em 1989. No final de 1988 meu pai foi transferido novamente para a
Philips de São Paulo, uma parte do setor administrativo ia para São Paulo e
outra parte para Manaus. Esse finalzinho
de ano eu fiquei na casa de uma amiga, em Piracicaba. Quando ingressei na
Agronomia fui morar em uma república, chamava-se “Casa Verde”. Quando fui morar
ela estava no bairro São Judas. Essa república mudou várias vezes de locais,
existe até hoje em outro endereço.
Quantas alunas residiam na
república?
Chegamos a morar em oito, na
média as casas tinham dois banheiros, mas chegamos a morar em uma casa com um
banheiro só. Era muito divertido, foi uma época em que república montava com o
que tínhamos sobrando, não tínhamos telefone, celular, computador, não tinha
dinheiro. A geladeira nós ganhamos de alguém que não queria mais, o sofá que
quase não dava para sentar, se tivéssemos sorte tínhamos uma televisão. Fogão,
os demais móveis, eram sempre tudo muito usado.
Qual era o seu meio de transporte
para a ESALQ?
Ia de bicicleta. No máximo a
distância era de dois quilômetros da escola.
Você formou-se em que ano?
Em 1993 formei-me como Engenheira
Agrônoma.
Exerceu a profissão?
Ingressei. Comecei a trabalhar em
Holambra, em uma empresa de mudas de crisântemo em uma empresa que hoje se
chama Van Zanten Schoenmaker, trabalhei também em uma unidade de Artur Nogueira e outra
unidade de Santo Antônio de Posse, eu era coordenadora de produção. Estava
responsável naquela época por mudas de crisântemo.
Morar em
Holambra deve ser muito interessante?
Foi muito
gostoso, foi muito bom, naquela época cheguei a morar em Holambra e em Artur
Nogueira. Lembro-me que em Holambra a minha casa tinha uma lareira, que era
utilizada possívelmente uma vez ao ano, mas era charmoso entrar na sala e ter
uma lareira. Nesse período todo eu morava sozinha.
Você
chegou a se casar?
Em 1997 eu me casei com um
holandês que conheci em Holambra. O casamento civil foi na Holanda, fui para
lá. A família do meu primeiro marido era de Groningen, um estado ao norte da
Holanda. Casamos em uma pequena cidade desse estado.
Como é o casamento na Holanda, igual
ao do Brasil?
Totalmente diferente! Escolhemos uma
juíza de paz, que falava inglês, meu pai e minhas irmãs foraram para a cerimônia
do casamento civil na Holanda. Queríamos que todos entendessem. A juiza na
semana anterior foi até a casa dos meus sogros, conversou conosco, quiz saber
sobre os nossos habitos, costumes, como nos conhecemos, como era a nossa
história. No dia da cerimônia ela vestiu uma beca, com chapéu de juiz, contou
toda nossa história, a cerimonia é realizada na prefeitura. As noivas
holandesas vão com vestido de noiva, como eu tinha a minha cultura de não usar
vestido de noiva no casamento civil, fui com vestido social. Após ela falar
sobre nós, disse-nos umas palavrinhas em português, ela foi estudar o português,
descobrir como falar algumas coisas em português. No final ela disse: “-Declaro
que vocês estão casados!” pega o martelinho de madeira e bate sobre uma mesa.
Assinamos um livro pequeno, que é a certidão de casamento, os padrinhos
assinam, é uma cerimonia em que você pode levar alguns convidados, fica em uma
sala bonita. Se quisermos podemos sair de lá e ir para uma recepção. O
casamento religioso foi no Brasil, em São Paulo. Uma característica própria da
Holanda é que eles dão o nome para a pessoa como por exemplo Marinus Cornelis Brunssee,
só que eles dão um tipo de apelido, um nome de chamada, como Maarten, são apelidos que
não tem nenhuma ligação com o nome.
Você fala holandês?
Muito pouco! Ficamos na Holanda só
na época do meu casamento, depois voltamos para o Brasil fomos morar no
nordeste, fomos para Alagoas, Maceió. Eu tinha uma irmã que já estava morando
lá ha algum tempo, fomos passar uns dias lá, nos encantamos com o lugar e visualizamos uma oportunidade de negócio.
Todo mundo lá só tinha em casa flores de plástico, adquirimos um sitiozinho em
Chã do Pilar, a 26 quilômetros de Maceió, montamos uma estufa, e começamos a
produzir flores. Em vaso e um pouquinho de flor de corte. Tinhamos um poço e a
irrigação. Fizemos um sisteminha de irrigação por espaguete, Ficava um pouco
caro porque trazia todo meu material de Holambra: vaso, irrigação, muitas vezes
até o adubo, não havia o adubo para a irrigação. Ficamos lá dois anos e meio
mais ou menos. Foi muito difícil no começo, eu tinha um estande dentro do
supermercado Bompreço, ficava o tempo todo ao lado do estande, mostrando as
plantas. Tinha que implantar a cultura de ter plantas naturais dentro de casa. Abasteciamos
a rede Bompreço, eram oito lojas, em uma delas tinhamos um estande bem bonito.
Tinhamos um quiosque dentro do Shopping, forneciamos flores para outras
floriculturas da cidade. No primeiro Dia das Mães que fizemos lá, recebi um
rapaz na minha chacara, ele era ali da cidade, e propos vender flores em uma
barraquinha na estrada, mediante ua comissão. Na porta da nossa chácara. Ele
chamava-se Antonio. Fizemos isso,embora eu tivessse alguma dúvida se alguém
iria parar na estrada para comprar flôr. Construi uma barraquinha fixa, tirando
o supermercardo ali era o meu maior ponto de venda. Parava muita gente, a
chacara era na beira da pista. Os negócios iam bem. Mas eu sentia muita falta
da minha avó Helena, do meu pai. Pensei muito e decidi voltar para São Paulo.
Eu tinha uma amiga em São José do Rio Preto que tinha uma empresa tambémde
produção de mudas, já tinha trabalhado comigo em Holambra e me chamou para vir
para cá. Viemos para São José do Rio Preto, ficamos lá mais um ano, foi ai que
terminamos nosso casamento. De São José de Rio Preto vim para Campinas, para a
casa do meu pai, fiquei com ele uns dois ou tres meses até conseguir um novo
trabalho, uma empresa de pesquisa de mercado agrícola a Kleffmann e Partner Assessoria e Mercado Agrícola. Era um trabalho que eu gostava muito
de fazer. Permaneci de 199 até 2002.
Quantos
idiomas você fala?
Além do
português, inglês e espanhol.
Você
casou-se de novo?
Casei-me com Sérgio Luis Frias com quem tive duas filhas
Júlia e Clara. Voltei para Piracicaba onde fui trabalhar em uma empresa chamada
Rigran, eu fazia assistência técnica para ela no Estado de São Paulo. Viajava
muito nessa época. Eram produtos de alta tecnologia para agricultura pesada:
adubação, melhoradores de solo.
Como foi seu ingresso no CREA?
Eu tinha prestado um concurso, passei e fui chamada.
Trabalho no CREA-SP minha lotação hoje é Araraquara, atualmente estou como
chefe da unidade de Araraquara abrangendo mais de 30 cidades. Além de
Araraquara temos mais seis unidades menores.
O que é o CREA?
O CREA é o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, a
Arquitetura saiu já há alguns anos, antigamente ela pertencia ao CREA,
atualmente ela tem um conselho só dela que é o CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo. O CREA é
um regulador da profissão e um fiscalizador também. A nossa base é a
fiscalização.
Quais são problemas mais comuns que o CREA encontra?
São obras irregulares e empresas que acham que não
precisam de registro no CREA. Não só na área civil, mas também na área
elétrica, mecânica, geologia, geografia, uma mineradora tem que ter registro no
CREA.
Como o CREA consegue fiscalizar esse universo de obras?
O CREA exerce uma fiscalização administrativa. Buscamos o
responsável técnico por toda e qualquer situação. Temos câmaras especializadas,
com os nossos conselheiros, são profissionais das áreas respectivas. Quem dita
as regras normativas é o CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Fica
em Brasília, ele sim dá decisões plenárias, decisões normativas, ele que nos
instrui desssa maneira.
Toda construção necessita de um
responsável técnico?
Se você for construir uma casa simples, em um
bairro simples, precisa ter um engenheiro. É ele quem vai garantir a segurança
da sua obra. A pessoa pode até dizer: “Mas o meu pedreiro é bom! Conhece mais
do que engenheiro!”. Só que se acontecer algum problema o responsável não é o
pedreiro e sim o dono do imóvel. Porque não tem nenhum técnico ali! Isso pode
acontecer em bairros mais retirados, ou até mesmo em uma reforma. As pessoas
não tem noção do risco que muitas vezes correm e oferecem à terceiros. O
engenheiro fica no mínimo 20 anos responsável pela sua casa.
As construtoras de porte maior seguem as
regras do CREA em sua totalidade?
As construtoras maiores, são mais preocupadas com
toda essa legalização, elas entendem muito bem o que pode oferecer riscos e que
ela precisa fazer de maneira regular, legal. Os maiores riscos ocorrem quando
você contrata alguém que aparentemente tem conhecimento técnico mas apenas
conhece na pratica. Diante de um problema ou situação nova ele irá improvisar
uma solução que pode ou não funcionar. Além da ilegalidade. As pessoas não
estudam a toa. Não vamos a um consultório médico querendo ser atentido pelo
farmacêutico, não que farmacêutico não tenha o seu valor, quando vou a um
médico eu quero que um médico me atenda. Hoje a questão ambiental é muito
forte, você não pode de maneira alguma sair extraindo areia, pedra, argila, a
bel prazer.
Com relação a acidente com funcionário
qual é a atuação do CREA?
Assim que ocorre o sinistro o CREA vai ao local e
levanta todos os dados, de toda a situação, quem estava como responsável, há o
levantamento documental da manutenção do objeto que provocou o sinistro, pelo
cenário dos fatos. Tudo é documentado, pode tornar-se um processo dentro do
CREA, vai para a Câmara de Ètica, e eles definem a punição ou não do
profissional responsável. Nos casos de sinistro, invariavelmente acaba indo
para o Ministério Público por outras vias, até mesmo por vias criminais, o
Ministério Público sempre requisita o processo do CREA para embasar
técnicamente o processo movido por ele.
O profissional pode sofrer punições dentro
do CREA?
Ele pode até mesmo perder o próprio diploma, o
próprio registro. Hoje nós temos uma gestão dentro do CREA – SP que assumiu em
setembro do ano passado, a gestão do Engenheiro de Telecomunicações Vinicius Marchese Marinelli de visão extremamente
responsável e transparente. Bastante jovem, tem muita energia, uma pessoa
focadíssima, tem uma postura de muita regularidade. Ele dá para nós chefes e
gerentes essa força, de estar trabalhando em um orgão muito responsável. Que
quer fiscalizar, fazer as coisas funcionarem.
Vemos em muitos setores,
como judiciário, legislativo, executivo, órgãos de classe, que aos poucos
estamos mudando positivamente graças as novas gerações. Isso é altamente
positivo para o país.
Muito
positivo! Todos nós estamos sentindo essa diferença muito fortemente. Vemos
esse gás novo chegando, isso é ótimo! Prazo é prazo! Tem que cumprir! Ir atrás!
O Conselho está andando de uma maneira muito mais dinâmica. Hoje podemos
notificar, multar, multar de novo.
E as multas são pesadas?
Depende
da infração! Podem variar de R$ 500,00 até R$ 6.000,00, na reincidência o valor
é dobrado. Hoje isso é cobrado de uma maneira muito mais eficaz se a pessoa não
estiver na linha.
O CREA é um orgão público?
É uma
Autarquia Pública Federal. Tem todas as caracteristicas de um órgão público mas
não depende dos recursos financeiros da União. A Engenheira Civil Maria Edith Santos, Superintendente de Fiscalização é funcionária de carreira.
Piracicaba
tem uma unidade do CREA?
Tem, é o Edson
Ricci do Carmo, chefe da Unidade CREA. Ele é técnico, todos os técnicos da área
devem se filiar ao CREA. A única exceção é o Técnico de Segurança do Trabalho.
Você casou-se novamente?
Em 2009 eu acabei me divorciando do pai das filhas. Em
2010 eu conheci meu atual marido, José Paulo Simões, na realidade já nos
conhecemos desde a adolescência, ele se casou com uma colega de turma do
terceiro colegial, teve uma filha, a Amanda, hoje com 19 anos, separou-se,
nunca mais o vi não me lembro dele dessa época, acabei reencontrando, eu já
estava divorciada, em novembro de 2016 casamos. Tenho uma relação excelente com
a ex-mulher dele a Kelly que é uma pessoa incrível. Eu poderia mudar para
Araraquara, mas não quero tirar o que as minhas filhas já têm aqui, amigos,
escola, avós paternos, mãe e pai do meu ex-marido a Dona Sonia e Seu Hélio, são
pessoas maravilhosas. Avós maravilhosos que fazem de tudo para essas netas.
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