PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 13 de maio de 2017
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 13 de maio de 2017
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo
da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://blognassif.blogspot.com/
Guilherme Lutgens Neto nasceu a 1 de fevereiro de 1950 é filho de Luiz
Lutgens e Olinda Racione Lutgens pais de cinco filhos: Luzia, Maria Antonia,
Guilherme, Maria Aparecida e Nicolau (Nilmar).
Qual
era a atividade do seu pai?
Meu
pai trabalhava na Prefeitura Municipal da Estância Hidromineral de Águas de São Pedro e morávamos na
cidade vizinha, São Pedro.
Você estudou em São Pedro?
Estudei no Grupo Escolar Gustavo Teixeira. Isso no
tempo em que minha mãe fazia doce de jaracatiá. Havia também guabiroba. São
Pedro era uma cidade mais pacata. Embora não seja uma cidade com uma grande
população, já tem o que há em grandes cidades.
Há quanto tempo você mora em Piracicaba?
Moro em Piracicaba faz 45 anos.
Com que idade você começou a trabalhar?
Aos oito anos de idade comecei a trabalhar em um
salão de barbeiro. Eu varria o salão e engraxava sapatos. Eu tinha 10 anos de idade quando comecei a
fazer a barba de clientes. Usava-se navalhas naquela época, lembro-me das
marcas 2 Irmãos, Solingen, Filarmônica. A melhor era a Solingen.
Você lembra-se quem foi o primeiro homem que
teve a coragem de fazer a barba com um menino portando uma navalha na mão?
Eu não tenho muita certeza, mas acho que foi o meu
pai!
Tinha que subir em algum caixote para
alcançar o rosto do cliente?
A cadeira era pequena, eu tinha que ficar curvado.
Qual foi a sensação que você teve ao fazer a
primeira barba, a mão tremia?
Foi normal. Acho que sempre fui firme, era
destemido.
Com que idade você passou a cortar cabelos?
Com treze a quatorze anos já cortava cabelos.
Naquela época as máquinas de cortar cabelo não eram elétricas, tinha que
movimentá-las com os movimentos da mão.
Foi um período em que ir ao barbeiro, fazer a
barba era um procedimento muito comum?
Não havia aparelhos de barbear como existe hoje, a
barba era feita a navalha, no inicio eu fazia cinco, seis ou sete barbas por
dia. Cortava uns cinco cabelos por dia. Eu aprendi o ofício com Agnaldo
Baltieri.
Com que idade você montou o seu salão de
barbeiro?
Tinha de 15 a 16 anos. Naquela época não se colocava muito o nome,
era chamado simplesmente de Salão de Barbeiro.
Atualmente você desfruta de um nome muito
conhecido e procurado, que é o Salão do Netinho.
Tudo começou em São Pedro, eu tinha um conjunto
musical que fazia bailes meu irmão Nicolau já tinha 10 anos ele já tocava em
baile. Ele passou a usar o nome artístico de Nelmar, assim surgiu a dupla
Nelmar e Netinho. Ele tocava baixo muito bem. Eu tocava guitarra, violão. A
nossa primeira banda chamava-se “Os Daltons” tocávamos em São Pedro e região.
Isso foi por volta de 1966. Época em que o Roberto Carlos estava começando a
despontar. Assim como o Beatles. Nós tocávamos todo o tipo de música, faziamos
muitos bailes: formaturas, debutantes, carnaval. Fizemos muitos carnavais.
NETINHO E NELMAR
Financeiramente era um bom negócio?
Dava para brincar! Era um hobby. O que ganhávamos
praticamente investíamos em aparelhagem. A sobrevivência vinha do trabalho no
salão de barbeiro. No salão aos sábados ficava até as 9, 10 horas da noite,
trabalhando. Durante a semana até umas oito horas da noite. Abria às oito horas
da manhã, sempre. Só parava para ir almoçar em casa. Tinha que ser rápido.
Ai você decidiu mudar-se para Piracicaba?
Em Piracicaba o campo de trabalho era maior do que
em São Pedro. Aliado a isso o fim do conjunto nosso em São Pedro também pesou
na decisão, surgiu a oportunidade de tocar em um conjunto em Piracicaba.
Chamava-se RG Sons, com Reginaldo Perina, Regina Perina, irmã do Reginaldo, uma
crooner excelente, o Zé Carlos, Belito, Souza, Glem, Castro, meu irmão Nicolau,
Furlan. Essa turma toda tocou comigo, alguns tocavam em São Pedro e vieram para
cá. RG Som tem a origem no nome Reginaldo. Nessa época passamos a tocar em
Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, fizemos muitos bailes em São
Paulo. Na época competíamos com o Super Som TA. Nessa época tivemos um
resultado financeiro melhor. Tínhamos no conjunto: bateria, contrabaixo,
guitarra, picado, saxofone, tenor, sax alto, piston e barítono. Eu tocava,
fazia back vocal e cantava.
Vocês tocavam e cantavam todos os estilos de
música?
Todos os estilos! MPB, música italiana: “Io Che Amo Solo Te”, “Dio Come Ti Amo”. Recentemente lançei um CD só com músicas italianas. Com o meu
irmão chegamos a gravar três LPs. Gravamos em São Paulo pela Gravadora de discos Scorpius, pela
Continental, e ultimamente pela Globo, que não tem nada em comum com a Rede
Globo.
Música traz
bons resultados financeiros?
Tem que ser
feito um investimento muito grande para ter bons resultados. A divulgação
envolve valores expressivos, claro que o talento conta, divulgar uma gravação
de um CD é uma luta muito grande.
Atualmente
há uma facilidade muito interessante que é a mídia eletrônica.
A Internet
ajuda bastante, se tivessemos hoje a dupla com internet e todos os recursos que
estão disponíveis, seria bem diferente.
Atualmente o
cantor não tem bons resultados com a simples venda do CD?
Não, porque
o CD tornou-se quase obsoleto, a ponto de em shows darem CDs. O que traz
resultados são os shows. O DVD ainda tem um nicho de mercado, vende mais.
Com que idade você começou a tocar?
Eu sempre tive o gosto pela música, o dom. Quando
era pequeno, não tinha dinheiro, era engraxate, eu ia até a praça central onde
tinha o serviço de alto falantes, eu adquiria livrinhos com as letras de
grandes cantores da época: Francisco Alves, Francisco Petrônio, Orlando Silva,
Nelson Gonçalves e outros artistas que faziam sucesso na época. Cantava para o publico ouvir. Eu deveria ter
oito ou dez anos. Meu pai era cururueiro da região. Com quinze anos comecei a
tocar violão, de ouvido. Amigos como Carlinhos Veronezzi me passavam os
acordes. Meu primeiro violão, eu acho, que foi um Giannini. Eu ganhei, ele
estava quebrado, arrumaram e me deram de presente.
Quando você começou a tocar violão qual
musica estava na moda?
Havia várias, como “Gatinha
Manhosa”, “AVolta” do conjunto Os Vips, Golden
Boys, Renato e Seus Blue Caps, The Fevers, eu usava cabelo bem comprido, cabelão,
meu irmão tinha um cabelo maior ainda. Usava calça boca-de-sino, cintura alta, cinta
bem larga, botinha, alguns usavam botinha de camurça.
Com
isso você fazia sucesso em São Pedro?
Fazia! O meu irmão só não foi sucesso quando era
criança porque o Roberto Carlos estava lançando o Ed Carlos. Nós fomos ao
Grande Hotel, em Águas de São Pedro, com o nosso amigo José Carlos Biscalchim
que hoje faz parte da radio em São Pedro, juntamente com o Eurico que era o
motorista do Roberto Carlos, fomos fazer uma palha para o Roberto Carlos ouvir.
Eu tinha tocado com ele cantando na Boate Village. Ele ouviu e disse que só não
queria lançar dois cantores ao mesmo tempo, ele estava lançando Ed Carlos.
Roberto Carlos ia muito para São Pedro?
Ia muito! Assim como também o Erasmo Carlos, Wanderléa,
Martinha. Ficavam hospedados no Grande Hotel de Águas de São Pedro.
E como a música sertaneja entrou em seu
repertório?
Meu pai era fã de
Tonico e Tinoco, eu e meu irmão gostávamos. Cantávamos algumas musicas como Saudade da Minha
Terra de Belmonte & Amaraí, tínhamos até um projeto para gravar um disco
sertanejo. Quase chegamos lá. Gravamos três discos. O primeiro foi em 1983, com
outro parceiro, Léo Marcos, chama-se Chuva Sagrada. Em 1986 gravamos Saudade Infinita na Gravadora Scorpius,
meu irmão e eu, juntos gravamos dois discos na Globo, um foi Teus Caprichos.
Outro tinha o nome da dupla e músicas como Indigente do Amor, Amanhã e outras
músicas.
Quais
músicas fazem sucesso até hoje?
São
várias: Teus Caprichos; Rio Bonito; Indigente do Amor; Chuva Sagrada. Rio
Bonito toca no Brasil inteiro ainda. A composição é do Serrinha, não é o filho
do Nhô Serra, é o Antenor Serra de Botucatu, da dupla Serrinha e Caboclinho.
Quando nós gravamos, ele havia falecido já fazia algum tempo. É uma música que
ficou na manga, ninguém havia gravado.
Que
idade você tinha quando veio morar em Piracicaba?
Tinha 21 anos, fui trabalhar em um salão de barbeiro
que existia embaixo da Rádio Difusora, chamava-se Salão Monumento, lá tinha
também engraxates. Dali eu fui trabalhar em outro salão ao lado da Padaria
Vosso Pão, a proprietária da padaria era Dona Augusta, conheci o seu marido,
seu filho Osvaldinho era onde hoje está o Edifício Canadá. Depois eu fui
trabalhar no Salão Capelinha situado na Rua
Moraes Barros, ao lado da famosa lanchonete Daytona. A arquitetura do
salão parecia a de uma capela, por isso era chamado de Salão Capelinha, o
proprietário era Antonio (Toninho) Melloto. Trabalhei com o Gilson Ivan
Calazans, o outro Gilson Calazans e sua esposa Dona Cida, tinha a escola de
cabeleireiros, a famosa Escola Calazans. Trabalhei com Lúcio (Italiano) Barone.
Na Galeria Brasil havia outro salão muito freqüentado, era do Major, do Chico, Orlando.
Conheci o Rodella que tinha salão na Rua Boa Morte. O Salão do Húngaro que
ficava na Rua Benjamin Constant. Eu já estava tocando no conjunto Opus 6,
depois mudou o nome para Musical Opus. Quem tocava era eu, o Souza, o Glem
irmão do Souza, o José Carlos Barbosa. O Opus veio depois do conjunto Os
Cambitos. Nós fazíamos muitos bailes no Clube Coronel Barbosa, no Clube
Cristóvão Colombo, nas cidades de São Paulo, Campinas. Naquela época viajávamos
de Kombi. Com o Reginaldo ia uma caminhonete, viajávamos de Galaxie.
A que horas começava o show?
Começava às onze horas da noite e ia até as quatro
horas da manhã. Tinha também o jantar dançante, que era das oito horas da noite
até a uma hora da manhã. Geralmente era no Clube de Campo, no Clube Cristóvão
Colombo. Tinha eventos como Noites Românticas
Você é casado?
Em primeiras núpcias casei-me em 1973, em segundas
núpcias foi em 1990. Do primeiro casamento nasceram minhas filhas Melissa e Camila,
do segundo casamento nasceu o filho Luiz Guilherme. Hoje sou Netinho, pelo nome
e vovô por ter dois netos.
O seu estabelecimento é voltado ao público
masculino?
Hoje temos uma equipe, trabalhamos com o publico
feminino também. De 1983 até 1997 passei a trabalhar só com música, Viajei dois
anos com a dupla Cezar e Paulinho. Eu e meu irmão fizemos parte da banda deles.
Trabalhamos de back vocal, eu tocava violão e o meu irmão teclado. Assim como
temos grande amizade com a dupla Craveiro e Cravinho.
Em 1997 você voltou a trabalhar com cabelo?
Voltei, fui trabalhar no Cabelão de propriedade de
Daniel Oliveira ficava na Rua Moraes Barros. Hoje estou em outro endereço, na
Rua José Pinto de Almeida onde trabalho com a minha equipe.
Quem é mais vaidoso, o homem ou a mulher?
São iguais, todos querem estar bem arrumados. Eu
trabalho mais com corte de cabelo masculino e feminino, a nossa equipe trabalha
com o público feminino, noivas, manicure, maquiagem.
Qual é melhor máquina de corte?
Eu trabalho com a Wahl, para fazer pé de cabelo
trabalho com uma máquina chamada The Taylor. Antigamente era a máquina
Solingen. Tinha que afiar os dentes da máquina. Usava-se uma pedra especial. Isso
no tempo em que havia o assentador, um sarrafo de madeira revestido de couro.
Tinha a pita, que é uma madeira leve, e depois passava na mão. Com essa série
de movimentos assentava-se o fio da navalha. Aqui é freqüentado por famílias,
vem o marido e a mulher, ou gerações: avô, pai e neto, todos tratam do cabelo
conosco há anos. Não vou me lembrar de todas, mas uma que é tradicional é a
Família Chaim. O Paulinho da dupla Cezar e Paulinho faz o corte de cabelo
comigo. Já veio bailarina do Faustão, assim como também veio um jurado do
Programa do Faustão fazer as unhas aqui. Os jogadores do E.C. XV de Novembro de
Piracicaba, quando estavam hospedados no flat próximo, vinham cortar o cabelo
conosco. Conheci muito João Chiarini, ele cortava cabelo comigo, um homem
sempre alegre. O Jago, artista e jornalista, eu corto o cabelo dele até hoje.
Ser músico e cortar cabelo são dons, ou seja,
cada um uma arte?
Eu acredito que sim!
Atualmente você tem alguma atuação especial
na área musical?
Toco no Ministério de Musica
Igreja Nossa Senhora dos Prazeres Ministério Unge, faz dez anos que estou lá. Também
faço parte do Grupo de Oração, vai completar 30 anos agora. Dia 21 de maio
próximo vai ter uma tarde de louvor. De vez em quando toco violão e faço vocal
na Igreja do Lar Franciscano.
Quantos instrumentos você toca?
Eu brinco um pouco com viola, violão, teclado, e aprendi
um pouco de cavaquinho. Estudei música por três anos com Sérgio Belluco.
Você fez o aaranjo de uma música famosa?
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