PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado, 14 outubro de 2017.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado, 14 outubro de 2017.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: ALEXANDRE SARKIS NEDER
ENTREVISTADO: ALEXANDRE SARKIS NEDER
Piracicaba possivelmente por ser
uma das pioneiras do rádio, logo que ele passou a funcionar comercialmente no
Brasil, por muitas décadas é um manancial de talentos na área de comunicação
radiofônica. Além das rádios comerciais, tradicionais, tem um grande número de
rádios alternativas, via internet. Grandes nomes que brilharam e brilha nos
meios de comunicação, a chamada “grande mídia” é oriunda de Piracicaba. Desde
Carlos Nascimento, Roberto Cabrini, José Occhiuso,
executivo que ocupa o cargo de Diretor de Jornalismo do SBT, um currículo de
trabalho nas grandes redes de televisão. Gilberto Barros é piracicabano. Luis Carlos Quartarollo. Carlos Colonnese, que foi produtor e diretor da TV Cultura é
diretor de uma empresa de comunicação de São Paulo. O lendário Léo Batista que até hoje
trabalha na TV Globo já foi locutor em uma das emissoras de rádio de
Piracicaba. O não menos impactante Gil Gomes, no inicio de sua carreira
trabalhou também em radio piracicabana, assim como o saudoso Francisco Milani,
que se tornou muito popular na “Escolinha” apresentada por Chico Anísio. E
muitos outros que brilharam na chamada grande mídia. Alguns ainda estão na
ativa em Piracicaba e região. Além dos nomes acima citados, muitos saíram de
Piracicaba, permaneceram por muito tempo fora, com grande sucesso, mas a
saudade da Noiva da Colina falou mais alto. Isso sem mencionarmos os “Monstros
Sagrados” do rádio piracicabano, que por décadas desfilaram e muitos continuam
ainda encantando seus ouvintes com seu talento. Alexandre Sarkis Neder
conta-nos como iniciou a sua paixão pela comunicação social, escrita falada e
através da imagem. Conquistou seu público, busca estar sempre com a informação
mais precisa possível, ele sabe que a credibilidade do comunicador é o seu
maior patrimônio.
Alexandre Sarkis Neder você
natural de Piracicaba?
Nasci no dia 30 de janeiro de 1969, em Piracicaba, meus
pais são o Professor Dr. Antonio Carlos Neder, cirurgião dentista, professor
universitário e farmacologista e Jamile Sarkis Neder que por muitos anos
trabalhou em posto de saúde em Piracicaba, foi professora da Rede Pública de
Ensino, tiveram dois filhos: Silvia e Alexandre.
Em
qual escola você iniciou os seus estudos?
Foi na Rua D.Pedro I em uma escola denominada Escola Nova
Recanto Infantil, depois fui fazer o meu pré-primário na Escola Nossa Senhora
da Assunção. Era o tradicional Colégio das Freiras, naquela época era
freqüentado tanto por alunos do sexo feminino como alunos do sexo masculino. Lá
eu estudei o curso primário, o ginásio eu estudei no Colégio Salesiano Dom
Bosco. O curso colegial técnico em administração eu fiz no Colégio
Piracicabano. Cursei Jornalismo na UNIMEP Campus Centro, a minha formatura foi
em 1991.
Como surgiu essa sua paixão pela comunicação social?
Costumo dizer que o que me levou para o jornalismo foi o
esporte, sempre fui fã de esporte em especial futebol e Fórmula-1. No início da
década de 80 eu demonstrava uma tendência ao jornalismo. Eu recortava os
jornais que recebia em minha casa, às vezes até irritando pai e mãe, eles não
tinham como ler, estava todo picotado. Montava do meu jeito, um jornal em folha
de papel almaço, com várias páginas. Escrevia o nome fictício do jornal, isso
eu tinha meus 9 a 10 anos. Fui me desenvolvendo, lendo, me interessando mais
pelas coisas do jornalismo. No ano de 1982 houve uma grande revolução na minha
vida: tinha chegado ao mercado o videocassete! Isso era uma coisa louca, poder
gravar o que você está vendo na televisão!
Havia até consórcio para adquirir videocassete.
Por ai medimos como era difícil adquirir! Em 1982 houve a
Copa do Mundo da Espanha. Comecei a fazer um acervo de imagens, que preservo
até hoje, Em 1983 um grande amigo da família, Mário Monteiro Terra, veio em
minha casa, conversou comigo, viu e leu algumas coisas. A essa altura já estava
também escrevendo meus comentários e opiniões. Foi quando ele disse: “-Tem que
levar esse menino para ter uma coluna de esportes em O Diário”. Ele viu um
comentário que eu tinha feito a respeito do presidente da CBF na época, o Giulite Coutinho, era uma critica
que eu tinha feito ao futebol brasileiro. O Mário levou o artigo para ser
publicado. Em abril de 1983 eu comecei a ter uma coluna semanal, saia aos
domingos, denominada “Papo Esportivo”.
Com o passar do tempo essa coluna foi crescendo. Na época eu tinha 14 anos! Em
1985 comecei a escrever uma segunda coluna que era publicada toda quarta
feira, voltada ao automobilismo,
chamava-se “Alta Velocidade”. Até que em 1986 passei a ficar permanentemente em
O Diário, com o então editor Renato Fabretti. Em 1987 o Renato mudou-se para
São Paulo, foi trabalhar no “Diário Popular”. Eu assumi a editoria de esportes
de O Diário. Entrei na faculdade em 1988. De 1988 até 1991 trabalhei no Jornal
de Piracicaba. Em 1983 criei o meu próprio jornal “O Democrata” que circulou de
abril de 1993 até inicio de 1999.
A sede de “O Democrata” era onde?
Era na Rua Boa Morte, entre a Rua D.Pedro I e a Rua
Ipiranga. Era um jornal de circulação semanal, aos sábados, após um ano e meio
passou a ser bi-semanal, quarta-feira e sábado. Inicialmente ele era impresso
na Gráfica do Jornal de Piracicaba, depois passamos a imprimir no Diário do
Povo de Campinas. Até que foi feita uma negociação com o Ex-Governador Orestes Quercia, isso em
1995, quando adquirimos uma impressora do Diário Popular de São Paulo, não era
off-set, era nylon-print, a chapa de impressão era diferente. Tratava-se de um
maquinário mais antigo, que tinha servido todos os anos históricos do Diário
Popular, o Quércia que era proprietário do jornal havia adquirido equipamentos
modernos para sustituir essa impressora. Na época foi feita uma negociação
muito camarada e essa máquina veio para
Piracicaba. Rodamos na nossa máquina até o final do nosso jornal. Tinhamos uma
equipe própria. A confecçaõ do jornal na época era mais trabalhosa: tinha que
fazer o fotolito; “queimar” a chapa, atualmente é mais fácil, através do
computador transfere-se para a máquina de impressão. Até então havia um
trabalho artesanal e caro. Uma característica marcante dessa máquina é que era
muito grande, no dia em que ela chegou no prédio da Rua Boa Morte causou um
impacto enorme pelo seu tamanho. Era uma máquina muito antiga. Para acertar o
registro da fotografia, sobrepor olho no olho, nariz no nariz, tonalidade da
cor, gastava-se uma quantidade de papel assustadora. Quando fechou O Democrata
essa máquina foi vendida para um jornal de Poá.
Primeiro você ingressou na televisão ou no rádio?
Primeiro no rádio, na Rádio Educadora de Piracicaba,
foi ela que me abriu as portas pela primeira vez em 1988. Comecei a participar
de um programa chamado Educadora Esportiva, era as 6 horas da tarde. Quem me
convidou para participar do programa foi o Professor Rubens Braga. Além dele
participavam o Beto Pastor, Edvaldo Tietz. Nessa época eu estava na redação do
Jornal de Piracicaba. Eu ia fazer os comentários juntamente com a equipe todo
final de tarde, adquiria a Gazeta Esportiva e analisava para os ouvintes as
notícias. Naquele ano houve eleições, o Rubens Braga como candidato a vereador
teve que se afastar da rádio. Alguns dias depois o Edvaldo Tietz saiu. Logo em
seguida o Beto Pastor saiu também. Assim eu fiquei apresentando por um bom
tempo esse programa. Após alguns meses fui para a Rádio Difusora no final de
1988 onde permaneci até o começo de 1992.
Na Rádio Difusora você apresentava qual programa?
Na rádio difusora fiz de tudo, na época havia a
Central Difusora de Jornalismo, eu cobria a Câmara Municipal, fazia reportagens
de rua ao vivo com a famosa Motorola (equipamentos de transmissão externa). Gravava
entrevistas de estúdio. Cobria apresentadores que não podiam fazer o programa
em determinada data. Tive ali uma grande experiência. Fui assessor de imprensa
do Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba (Conespi). Fiz umas inserções do Conespi na Rádio Difusora. Em 2011 voltei para a
Rádio Difusora onde fiz o programa “Neder Especial” das 15 às 17 horas, isso
até 2012. Era um programa bem eclético. Um musical com inserções populares:
receitas; horóscopo; novela; generalidades. Quem participava comigo desse
programa era o saudoso José Alexandre de Almeida, o Xandão. O grande projeto
que faço em rádio acredito que seja o que estou realizando atualmente na Rádio
Educadora. É um programa muito interessante que foi criado por Jairinho Mattos,
ele me deu a honra de tocar esse projeto com toda equipe da rádio, é o programa
“Novo Dia”. É um jornal da manhã que tem toda a responsabilidade de dar a
primeira notícia, o que não é fácil, você tem os fatos que ocorrem na madrugada
ou na noite anterior. Tem que ter tudo mastigado, para poder passar para o
ouvinte. É um programa muito ágil, tem que ser muito dinâmico, de uma
instantaneidade muito grande. Os comentários também, dentro do calor da
notícia. Com isso os comentários saem as vezes emocionados, outras vezes com
irritação, as vezes comentários polêmicos, mas são comentários daquele momento.
Muito ágil do ponto de vista jornalístico, isso foi uma proposta muito
interessante da rádio. Fico feliz com a audiência que está tendo desde janeiro
de 2014 quando o programa entrou no ar. O programa tem a produção de Maurício
Furlan, que tem um trabalho importante. O João de Oliveira que é um baluarte do
rádio, na sonoplastia, eu faço a coordenação das notícias, apresento e comento.
É um programa que na véspera já estou trabalhando nele, vejo as notícias em
minhas fontes e trabalho a forma como vou apresenta-las. Procuro ter acesso a
notícia na madrugada, no momento em que acontece. Tenho que fazer um comentário
objetivo sobre a notícia que chega. Tem-se que tomar cuidado, conferir as
informações antes de divulgar a notícia. Como exemplo posso citar um
determinado dia em que cheguei a rádio e deparei com uma sucessão de
acontecimentos ocorridos na noite piracicabana. Eventos de violência em vários
bairros da cidade. Tomei o cuidado de verificar com as autoruidades
responsáveis, fomos apurando e felizmente não era isso tudo, ocorreu um fato isolado
que foi propagado com acrescimos e invencionices de uma tragédia. Pura lenda
urbana.
A
internet é uma fonte preciosa de informações, mas para um formador de opinião
pode ser uma armadilha?
A gente tem que
tomar muito cuidado. A internet fez surgir uma geração de comentaristas e de
profissionais de influência pública que ninguém sabe de onde veio e para o que
veio. Tem muitos se auto proclamando como isto ou aquilo, na verdade nunca
ninguém ouviu falar. As vezes eles vem com alguns conceitos, algumas teorias
que tem dois significados: ou a pessoa está de brincadeira ou tem algum
interesse escuso. Quando vem no campo da informação é perigoso.
Os pais
ultimamente estão aconselhando os filhos a tomar muito cuidado com a internet,
a recíproca também é verdadeira, o pai tem tomar cuidado com o que está vendo?
Ultimamente os
adultos estão sendo influenciados por “histórias” da medicina! Tem muita gente
de jaleco que está gravando vídeos, dizendo que “comer abacate com cenoura é
cancerígeno” ou “se não tomar um copo de água quando acorda irá ter dor nas
pernas”, coisas dessa natureza. Isso é reproduzido de uma forma exponencial,
quando você adverte sobre a veracidade desse tipo de notícia, muitos ficam
tristes. Quem vê a notícia nem sempre percebe a ironia com que ela é colocada.
Lógico que a internet tem o seu lado bom. Por exemplo quando não havia a
internet e eu queria ouvir o meu Corinthians jogar, tinha que ouvir no rádio, tinha
que sintonizar uma rádio de São Paulo, com aquela chiadeira toda, ninguém imaginva
que você estava ouvindo alguma coisa. No meio da interferência de outras rádios
dava para ouvir alguma coisa. Hoje temos as rádios via satélite, canais a cabo,
a internet reduziu todos os problemas. O programa que apresento tem audiência
em Portugal, além de que, coloco o programa no you tube, facebook.
Você está
na tevisão também?
Estou na TVR – TV
Regional, Canal 26 e Canal 526 da NET em Piracicaba. Lá eu apresento Neder
Especial que em 2018 estará completando 20 anos no ar. Nesse tempo todo abordamos
todo tipo de assunto, das mais diversas formas: médico, economico, político, de
caráter geral da sociedade, de interesse público. Eventos sociais também. Fatos
marcantes no decorrer da história. Cobertura de shows. Acredito que a graça
desse programa é fazer de forma diversificada. Segue um formato padrão sendo
maleável quanto as abordagens.
Você
participa de algumas instituições de Piracicaba?
Sou tesoureiro do
Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, conselheiro do Clube de Campo
de Piracicaba, diretor de Comunicação do Clube Coronel Barbosa, fui presidente
por dois mandatos na Sociedade Sírio Libanesa de Piracicaba, de janeiro de 2008
a janeiro de 2012.
Foi uma
experiência importante dirigir uma instituição secular?
A experiência ali
para mim foi muito importante pelos resultados que alcançamos. Cada um que
passa pela sociedade desenvolve um tipo de trabalho prioritário. Deixa uma
marca, uma contribuição. A nossa Sociedade Sírio Libanesa tem muito dessa
característica porque é a única entidade àrabe-brasileira que nunca parou de
funcionar. Nós conseguimos fazer um trabalho muito forte na questão da
solidariedade. Da beneficência.
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