domingo, outubro 22, 2017

ALEXANDRE SARKIS NEDER


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado, 14 outubro de  2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/                        


http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: ALEXANDRE SARKIS NEDER


 

Piracicaba possivelmente por ser uma das pioneiras do rádio, logo que ele passou a funcionar comercialmente no Brasil, por muitas décadas é um manancial de talentos na área de comunicação radiofônica. Além das rádios comerciais, tradicionais, tem um grande número de rádios alternativas, via internet. Grandes nomes que brilharam e brilha nos meios de comunicação, a chamada “grande mídia” é oriunda de Piracicaba. Desde Carlos Nascimento, Roberto Cabrini, José Occhiuso, executivo que ocupa o cargo de Diretor de Jornalismo do SBT, um currículo de trabalho nas grandes redes de televisão. Gilberto Barros é piracicabano. Luis Carlos Quartarollo. Carlos Colonnese, que foi produtor e diretor da TV Cultura é diretor de uma empresa de comunicação de São Paulo. O lendário Léo Batista que até hoje trabalha na TV Globo já foi locutor em uma das emissoras de rádio de Piracicaba. O não menos impactante Gil Gomes, no inicio de sua carreira trabalhou também em radio piracicabana, assim como o saudoso Francisco Milani, que se tornou muito popular na “Escolinha” apresentada por Chico Anísio. E muitos outros que brilharam na chamada grande mídia. Alguns ainda estão na ativa em Piracicaba e região. Além dos nomes acima citados, muitos saíram de Piracicaba, permaneceram por muito tempo fora, com grande sucesso, mas a saudade da Noiva da Colina falou mais alto. Isso sem mencionarmos os “Monstros Sagrados” do rádio piracicabano, que por décadas desfilaram e muitos continuam ainda encantando seus ouvintes com seu talento. Alexandre Sarkis Neder conta-nos como iniciou a sua paixão pela comunicação social, escrita falada e através da imagem. Conquistou seu público, busca estar sempre com a informação mais precisa possível, ele sabe que a credibilidade do comunicador é o seu maior patrimônio.

Alexandre Sarkis Neder você natural de Piracicaba?

Nasci no dia 30 de janeiro de 1969, em Piracicaba, meus pais são o Professor Dr. Antonio Carlos Neder, cirurgião dentista, professor universitário e farmacologista e Jamile Sarkis Neder que por muitos anos trabalhou em posto de saúde em Piracicaba, foi professora da Rede Pública de Ensino, tiveram dois filhos: Silvia e Alexandre.

  Em qual escola você iniciou os seus estudos?

Foi na Rua D.Pedro I em uma escola denominada Escola Nova Recanto Infantil, depois fui fazer o meu pré-primário na Escola Nossa Senhora da Assunção. Era o tradicional Colégio das Freiras, naquela época era freqüentado tanto por alunos do sexo feminino como alunos do sexo masculino. Lá eu estudei o curso primário, o ginásio eu estudei no Colégio Salesiano Dom Bosco. O curso colegial técnico em administração eu fiz no Colégio Piracicabano. Cursei Jornalismo na UNIMEP Campus Centro, a minha formatura foi em 1991.

Como surgiu essa sua paixão pela comunicação social?

Costumo dizer que o que me levou para o jornalismo foi o esporte, sempre fui fã de esporte em especial futebol e Fórmula-1. No início da década de 80 eu demonstrava uma tendência ao jornalismo. Eu recortava os jornais que recebia em minha casa, às vezes até irritando pai e mãe, eles não tinham como ler, estava todo picotado. Montava do meu jeito, um jornal em folha de papel almaço, com várias páginas. Escrevia o nome fictício do jornal, isso eu tinha meus 9 a 10 anos. Fui me desenvolvendo, lendo, me interessando mais pelas coisas do jornalismo. No ano de 1982 houve uma grande revolução na minha vida: tinha chegado ao mercado o videocassete! Isso era uma coisa louca, poder gravar o que você está vendo na televisão!

Havia até consórcio para adquirir videocassete.

Por ai medimos como era difícil adquirir! Em 1982 houve a Copa do Mundo da Espanha. Comecei a fazer um acervo de imagens, que preservo até hoje, Em 1983 um grande amigo da família, Mário Monteiro Terra, veio em minha casa, conversou comigo, viu e leu algumas coisas. A essa altura já estava também escrevendo meus comentários e opiniões. Foi quando ele disse: “-Tem que levar esse menino para ter uma coluna de esportes em O Diário”. Ele viu um comentário que eu tinha feito a respeito do presidente da CBF na época, o Giulite Coutinho, era uma critica que eu tinha feito ao futebol brasileiro. O Mário levou o artigo para ser publicado. Em abril de 1983 eu comecei a ter uma coluna semanal, saia aos domingos,  denominada “Papo Esportivo”. Com o passar do tempo essa coluna foi crescendo. Na época eu tinha 14 anos! Em 1985 comecei a escrever uma segunda coluna que era publicada toda quarta feira,  voltada ao automobilismo, chamava-se “Alta Velocidade”. Até que em 1986 passei a ficar permanentemente em O Diário, com o então editor Renato Fabretti. Em 1987 o Renato mudou-se para São Paulo, foi trabalhar no “Diário Popular”. Eu assumi a editoria de esportes de O Diário. Entrei na faculdade em 1988. De 1988 até 1991 trabalhei no Jornal de Piracicaba. Em 1983 criei o meu próprio jornal “O Democrata” que circulou de abril de 1993 até inicio de 1999.

A sede de “O Democrata” era onde?

Era na Rua Boa Morte, entre a Rua D.Pedro I e a Rua Ipiranga. Era um jornal de circulação semanal, aos sábados, após um ano e meio passou a ser bi-semanal, quarta-feira e sábado. Inicialmente ele era impresso na Gráfica do Jornal de Piracicaba, depois passamos a imprimir no Diário do Povo de Campinas. Até que foi feita uma negociação  com o Ex-Governador Orestes Quercia, isso em 1995, quando adquirimos uma impressora do Diário Popular de São Paulo, não era off-set, era nylon-print, a chapa de impressão era diferente. Tratava-se de um maquinário mais antigo, que tinha servido todos os anos históricos do Diário Popular, o Quércia que era proprietário do jornal havia adquirido equipamentos modernos para sustituir essa impressora. Na época foi feita uma negociação muito camarada e  essa máquina veio para Piracicaba. Rodamos na nossa máquina até o final do nosso jornal. Tinhamos uma equipe própria. A confecçaõ do jornal na época era mais trabalhosa: tinha que fazer o fotolito; “queimar” a chapa, atualmente é mais fácil, através do computador transfere-se para a máquina de impressão. Até então havia um trabalho artesanal e caro. Uma característica marcante dessa máquina é que era muito grande, no dia em que ela chegou no prédio da Rua Boa Morte causou um impacto enorme pelo seu tamanho. Era uma máquina muito antiga. Para acertar o registro da fotografia, sobrepor olho no olho, nariz no nariz, tonalidade da cor, gastava-se uma quantidade de papel assustadora. Quando fechou O Democrata essa máquina foi vendida para um jornal de Poá.

Primeiro você ingressou na televisão ou no rádio?

Primeiro no rádio, na Rádio Educadora de Piracicaba, foi ela que me abriu as portas pela primeira vez em 1988. Comecei a participar de um programa chamado Educadora Esportiva, era as 6 horas da tarde. Quem me convidou para participar do programa foi o Professor Rubens Braga. Além dele participavam o Beto Pastor, Edvaldo Tietz. Nessa época eu estava na redação do Jornal de Piracicaba. Eu ia fazer os comentários juntamente com a equipe todo final de tarde, adquiria a Gazeta Esportiva e analisava para os ouvintes as notícias. Naquele ano houve eleições, o Rubens Braga como candidato a vereador teve que se afastar da rádio. Alguns dias depois o Edvaldo Tietz saiu. Logo em seguida o Beto Pastor saiu também. Assim eu fiquei apresentando por um bom tempo esse programa. Após alguns meses fui para a Rádio Difusora no final de 1988 onde permaneci até o começo de 1992.

Na Rádio Difusora você apresentava qual programa?

Na rádio difusora fiz de tudo, na época havia a Central Difusora de Jornalismo, eu cobria a Câmara Municipal, fazia reportagens de rua ao vivo com a famosa Motorola (equipamentos de transmissão externa). Gravava entrevistas de estúdio. Cobria apresentadores que não podiam fazer o programa em determinada data. Tive ali uma grande experiência. Fui assessor de imprensa do Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba (Conespi). Fiz umas inserções do Conespi na Rádio Difusora. Em 2011 voltei para a Rádio Difusora onde fiz o programa “Neder Especial” das 15 às 17 horas, isso até 2012. Era um programa bem eclético. Um musical com inserções populares: receitas; horóscopo; novela; generalidades. Quem participava comigo desse programa era o saudoso José Alexandre de Almeida, o Xandão. O grande projeto que faço em rádio acredito que seja o que estou realizando atualmente na Rádio Educadora. É um programa muito interessante que foi criado por Jairinho Mattos, ele me deu a honra de tocar esse projeto com toda equipe da rádio, é o programa “Novo Dia”. É um jornal da manhã que tem toda a responsabilidade de dar a primeira notícia, o que não é fácil, você tem os fatos que ocorrem na madrugada ou na noite anterior. Tem que ter tudo mastigado, para poder passar para o ouvinte. É um programa muito ágil, tem que ser muito dinâmico, de uma instantaneidade muito grande. Os comentários também, dentro do calor da notícia. Com isso os comentários saem as vezes emocionados, outras vezes com irritação, as vezes comentários polêmicos, mas são comentários daquele momento. Muito ágil do ponto de vista jornalístico, isso foi uma proposta muito interessante da rádio. Fico feliz com a audiência que está tendo desde janeiro de 2014 quando o programa entrou no ar. O programa tem a produção de Maurício Furlan, que tem um trabalho importante. O João de Oliveira que é um baluarte do rádio, na sonoplastia, eu faço a coordenação das notícias, apresento e comento. É um programa que na véspera já estou trabalhando nele, vejo as notícias em minhas fontes e trabalho a forma como vou apresenta-las. Procuro ter acesso a notícia na madrugada, no momento em que acontece. Tenho que fazer um comentário objetivo sobre a notícia que chega. Tem-se que tomar cuidado, conferir as informações antes de divulgar a notícia. Como exemplo posso citar um determinado dia em que cheguei a rádio e deparei com uma sucessão de acontecimentos ocorridos na noite piracicabana. Eventos de violência em vários bairros da cidade. Tomei o cuidado de verificar com as autoruidades responsáveis, fomos apurando e felizmente não era isso tudo, ocorreu um fato isolado que foi propagado com acrescimos e invencionices de uma tragédia. Pura lenda urbana.

A internet é uma fonte preciosa de informações, mas para um formador de opinião pode ser uma armadilha?

A gente tem que tomar muito cuidado. A internet fez surgir uma geração de comentaristas e de profissionais de influência pública que ninguém sabe de onde veio e para o que veio. Tem muitos se auto proclamando como isto ou aquilo, na verdade nunca ninguém ouviu falar. As vezes eles vem com alguns conceitos, algumas teorias que tem dois significados: ou a pessoa está de brincadeira ou tem algum interesse escuso. Quando vem no campo da informação é perigoso.

Os pais ultimamente estão aconselhando os filhos a tomar muito cuidado com a internet, a recíproca também é verdadeira, o pai tem tomar cuidado com o que está vendo?

Ultimamente os adultos estão sendo influenciados por “histórias” da medicina! Tem muita gente de jaleco que está gravando vídeos, dizendo que “comer abacate com cenoura é cancerígeno” ou “se não tomar um copo de água quando acorda irá ter dor nas pernas”, coisas dessa natureza. Isso é reproduzido de uma forma exponencial, quando você adverte sobre a veracidade desse tipo de notícia, muitos ficam tristes. Quem vê a notícia nem sempre percebe a ironia com que ela é colocada. Lógico que a internet tem o seu lado bom. Por exemplo quando não havia a internet e eu queria ouvir o meu Corinthians jogar, tinha que ouvir no rádio, tinha que sintonizar uma rádio de São Paulo, com aquela chiadeira toda, ninguém imaginva que você estava ouvindo alguma coisa. No meio da interferência de outras rádios dava para ouvir alguma coisa. Hoje temos as rádios via satélite, canais a cabo, a internet reduziu todos os problemas. O programa que apresento tem audiência em Portugal, além de que, coloco o programa no you tube, facebook.

Você está na tevisão também?

Estou na TVR – TV Regional, Canal 26 e Canal 526 da NET em Piracicaba. Lá eu apresento Neder Especial que em 2018 estará completando 20 anos no ar. Nesse tempo todo abordamos todo tipo de assunto, das mais diversas formas: médico, economico, político, de caráter geral da sociedade, de interesse público. Eventos sociais também. Fatos marcantes no decorrer da história. Cobertura de shows. Acredito que a graça desse programa é fazer de forma diversificada. Segue um formato padrão sendo maleável quanto as abordagens.

Você participa de algumas instituições de Piracicaba?

Sou tesoureiro do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, conselheiro do Clube de Campo de Piracicaba, diretor de Comunicação do Clube Coronel Barbosa, fui presidente por dois mandatos na Sociedade Sírio Libanesa de Piracicaba, de janeiro de 2008 a janeiro de 2012.

Foi uma experiência importante dirigir uma instituição secular?

A experiência ali para mim foi muito importante pelos resultados que alcançamos. Cada um que passa pela sociedade desenvolve um tipo de trabalho prioritário. Deixa uma marca, uma contribuição. A nossa Sociedade Sírio Libanesa tem muito dessa característica porque é a única entidade àrabe-brasileira que nunca parou de funcionar. Nós conseguimos fazer um trabalho muito forte na questão da solidariedade. Da beneficência.

 

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