PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 20 de agosto de 2016.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 20 de agosto de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: BENEDICTO JORGE (BEJOTA)
Benedicto Jorge é filho de João
Batista Jorge e Maria José Barbosa. Nasceu a 29 de novembro de 1940. Seus pais
tiveram nove filhos sendo que dois faleceram ainda muito novos.
Qual era a profissão do seu pai?
Meu pai era lavrador cultivava
algodão, arroz, feijão depois passou a plantar cana-de-açúcar. Trabalhei na
zona rural até meus quinze anos, trabalhei com o meu pai na lavoura, cortei cana-de-açúcar.
Primeiro moramos em um local denominado Fazendinha, depois fomos para a Fazenda
Dona Antonia, mudamos para o Bairro Monte Alegre, em um local onde hoje é
conhecido como Água Seca, chamava-se Sítio Renata, de propriedade de Lino
Morganti, isso foi em 1951. Lá eu cursei o primeiro e o segundo ano na Escola
Rural Pedro Moraes Cavalcanti, situada no Bairro Dois Córregos. Quando o Lino Morganti
vendeu, nós saímos de lá e mudamos para o local chamado Monte Olimpo,
localizado logo após passar pelo aeroporto. Hoje não existe mais nenhuma casa
daquela época derrubaram tudo. Lá foi bem melhor para mim, cursei o terceiro e
quarto ano na Grupo Escolar Marques de Monte Alegre. Lá que conheci Geraldo
Zaratin.
Você chegou a estudar enquanto
trabalhava em alguns desses sítios?
Quando morávamos na Fazenda Dona
Antonia estudei na Escola Rural do Campestre, era uma casinha pequeninha.
Lembro-me de que eu levava ovo, minha mãe dava para eu vender para a
professora, ia todo empalhadinho. A professora pegava um dos ovos que já tinha
comprado e mandava cozinhar para me dar na hora do recreio. Era uma verdadeira
mãe. Permaneci nessa escola por uns seis meses apenas.
Morando no Bairro Monte Alegre
você trabalhava?
Como fui um bom aluno, fui um dos
melhores alunos da escola, obtive a nota final 95, a máxima era nota 100! O
Professor Oswaldo Walder quis me ajudar. Ele conversou com a direção da Usina e
arrumaram o serviço de office-boy no escritório da Usina. Iniciei em 1955,
entregava papéis pelo pátio inteiro da fábrica, descia correndo, queria voltar
logo para aprender datilografia. Servia café para o pessoal. Comprava
alimentos, principalmente para o pessoal que morava na cidade, ia ao armazém,
comprava verduras, comprava, encaixotava cada um tinha um box, eu deixava no
lugar, certinho. Naquele tempo os funcionários iam de ônibus até as suas casas
para almoçar, passavam no Box, pegavam o que eu tinha trazido.
Em que local ficava as casas
desse pessoal?
Aqui, em Piracicaba. Naquele
tempo não existia refeitório, ninguém tinha. Do Bairro Monte Alegre até
Piracicaba demorava uns vinte minutos a meia hora. Eram duas horas para o
almoço.
Você casou em que ano?
Casei-me com Edna Aparecida
Morciani Jorge a 23 de julho de 1967, eu tinha 27 anos. O casamento foi na
Igreja São Judas Tadeu, o padre era um holandês cujo primeiro nome era Otto. A
lua de mel foi em Santos. Ela morava aqui “na cidade” como chamávamos Piracicaba,
ia visitar umas primas que moravam lá em Monte Alegre, conhecemo-nos no cinema.
Lá tinha salão de baile, cinema, clube, tinha tudo que uma pequena cidade
possuía na época. Namoramos cinco anos, ela era contadora também, formamo-nos
no mesmo ano, em 1963. Comecei estudando na Escola de Comércio Cristóvão
Colombo, mais conhecida por Escola do Zanim, fiz a transferência para o
Instituto Piracicabano, estavam começando a fundar a Unimep.
Após casados vocês foram morar em
que local?
Fui morar com a minha sogra, na
Rua Dona Eugenia, 2369. Nessa época fui convidado pelo Pedro Fúlvio Morganti
para assumir a contadoria da fábrica de papel. Fui trabalhar como chefe de
escritório. Chamava-se Refinadora Paulista S/A, quem deu esse nome foi eu, era
uma espécie de filial da usina, a contabilidade era toda junta. Fui incumbido
de separar e assim fundei a Refinadora Paulista S/A Celulose e Papel. Isso foi
em 1968. Permaneci até 1975 trabalhando lá. Acabei fundando um clube, o Silva
Gordo tinha adquirido a empresa, ele pagava muito bem os funcionários, dia 30
era depositado o salário de todos os funcionários, ele era dono do Banco
Português do Brasil, pagava direitinho, só não deixava dar adiantamento para o
pessoal, naquela época tínhamos 800 funcionários, e nesse numero de pessoas
algumas tinham suas necessidades imprevistas, só que não era norma da empresa
fazer adiantamentos. Fundei o Papyrus Clube Recreação e Beneficência. Durante
um ano fiz um fundo para poder dar empréstimos ao pessoal que precisasse e
também para fazer alguma recreação. Todos os funcionários associaram-se.
Tínhamos uma sede, cedida pela própria usina, eles gostaram da iniciativa.
Permaneci na empresa até 30 de junho de 1975.
Entre a Usina Monte Alegre e a Refinadora Paulista S/A Celulose e Papel
eu tinha 20 anos de serviços prestados. Eu pedi a minha demissão. Fui trabalhar
AM uma empresa que era Sociedade Anônima, a Colina Mercantil, com o Aldo
Rizzardo. Permaneci por seis meses na empresa. Fui trabalhar na empresa
Marrucci, com o Adelmo Marrucci. Permaneci uns oito meses. Um dia o Antonio
Lubiani veio até a minha casa, convidou-me para trabalhar com ele. Ofereceu-me
um salário quarenta por cento maior. Fui trabalhar na Lubiani Transportes. Era
uma empresa que tinha poucos caminhões, só tinha um Scania Vabis, em sociedade
com outra empresa. Aumentei o capital da empresa, os bancos abriram crédito, eu
tinha procuração para assinar cheques so com o meu nome pela empresa, por oito
anos assinei cheques pela Lubiani Transportes, os proprietários eram Antonio e
Herminio Lubiani, dois irmãos. Estabeleci regras financeiras para a empresa. A
Caterpillar estava começando a se instalar em Piracicaba.No meu entender isso
foi um fator de sorte para a empresa Lubiani Transportes. Transportamos todo o
material da construção da empresa, quando ela começou a funcionar passamos a
transportar os seus produtos. Tivemos esse privilégio. Crescemos juntos com a
Caterpillar, foi o nosso grande desenvolvimento. E também a Fábrica de Papel
Oji. Aqui tem uma passagem muito interessante, até certa época outra empresa
era responsável pela totalidade dos transportes de papel, só que em determinada
época, os carreteiros dessa empresa fizeram greve, o superintendente da fábrica
que na época chamava-se Refinadora Paulista, era José Ramos, perguntou-me se eu
conhecia alguma transportadora. Tínhamos que retirar 200 toneladas de celulose
em uma empresa de São Paulo tinha uma semana de prazo para retirar ou perderia
a cota.
RETRATO A LÁPIS DE SEU FILHO FEITO POR BENEDITO JORGE
Foi feita alguma proposta
especial para a Lubiani Transportes?
O Antonio Ramos disse-me que se
fosse realizado o serviço no tempo determinado ele daria metade dos transportes
do produto acabado para a Lubiani Transportes. O serviço foi realizado, e assim
AA metade dos transportes de papel passou a ser feita por nós. Naquela época a
empresa tinha apenas três caminhões “toco”. Ele se virava, arrumava carreteiros
e fazia transportes. Foi assim que começou a Empresa de Transportes Lubiani
Ltda. Quem me ajudou muito foi o Didi Cardinalli, os caminhões iam viajar na
segunda feira e eu precisava de dinheiro para dar aos motoristas fazerem a
viagem. Eu descontava um cheque com elem. Permaneci na Lubiani Transportes por
oito anos, onde eu era o Gerente Administrativo Financeiro. Tinha um comprador,
eram cotados os preços com três fornecedores, mas quem fechava o negócio era
eu.
Você tinha o comando financeiro
da empresa?
Tinha, e sempre procurei estar
bem atualizado, participava de congressos, buscava sempre inovar. A empresa
cresceu bastante. Saí da empresa e fiquei alguns meses sem nada para fazer. Eu
tinha um vizinho, o Chicoca, que revendia pneus. Disse a ele que gostaria de
estudar como era feita a ressolagem de pneus. O fato de ser conhecido como
gerente da Lubiani ajudou-me a visitar diversas empresas de ressolagem, junto
com o Chicoca. Eu queria montar uma recauchutadora de pneus. Por seis meses fiz
pesquisa de mercado em Piracicaba, Campinas, São Paulo. Isso foi em 1983 a
1984. Todas que eu tinha visto, o processo era a vapor, até que vi uma cujo
processo era diferente., usava óleo quente. Fui informado que em Sorocaba tinha
uma empresa recauchutadora a venda. Fui até lá, fiz os levantamentos
necessários e deduzi que em um ano ele se pagaria. Era uma empresa com mil
clientes cadastrados. Cometi um erro, deveria ter levantado capital no banco e
adquirido. Mas procurei por algum tempo várias pessoas para associarem comigo
no empreendimento. Isso demorou um pouco de tempo. O pessoal da revendedora de
caminhões Quinta Roda indicou-me a Grisoni Transportes de Campinas, eles tinha
uns 100 caminhões grandes. Contrataram-me como Gerente Administrativo
Financeiro. Um dia, almoçando, um dos proprietários da Grisoni questionou-me
sobra meu interesse em comprar uma recauchutadora de pneus. Fez a proposta de
adquirirmos em três: a Grisoni, eu e o Paulo, que foi gerente da revenda
Scania.
Visitamos a empresa Irmaos Bornia Industria Maquinas que fazia as matrizes, fechamos o negócio. Convidei o Dr. Frederico Alberto Blaauw para ser o meu advogado, ele fez o contrato de compra e venda lá mesmo. Compramos a empresa, em um ano ela auto se pagou. A empresa chamava Sorocap Recuperadora de Pneus Ltda. No segundo ano compramos dois caminhões, eu comprei uma autoclave que fazia dez pneus a cada vez. Comprei uma caldeira nova. Remodelamos muitas coisas. Montamos uma revenda de pneus em Itapetininga. Eu dei o nome: Itaetê Pneus. Itaetê significa uma pedra dura, algo forte. Eu dei esse nome porque lá tem muitos nomes indígenas, o próprio nome Itapetininga é de origem indígena. O nosso fornecedor de pneus era uma empresa de Recife. Ela foi vendida para uns japoneses, eles pararam de fornecer todos os clientes menores. Como tínhamos outros fornecedores a empresa se mantinha. Por motivos de ordem interna, decidi me desligar da empresa, troquei a minha parte na empresa por outras duas empresas em Santo Antonio de Posse: uma metalúrgica a NCH do Brasil Ltda. que fazia guinchos para rebocar automóveis, fazíamos os motores hidráulicos e a caçamba, fazíamos também caçamba para caminhões de coleta de lixo. Para transportadoras de lenha. Esses motores nós vendemos também para uns garimpeiros do Rio Madeira. Eram motores hidráulicos. A outra empresa, era uma agro pecuária. Fazíamos iscas para bicudo e a gaiaolinha para prendê-los. Bicudo é uma praga que ataca o algodoeiro. Nosso maior cliente, e único, era o Governo Federal, através do Ministério da Agricultura, em função disso eu tinha que ir muita a Brasília Isso foi em 1985, 1986. Nessa época eu morava em Sorocaba e hospedava-me em uma pensão em Santo Antonio da Posse onde permanecia de segunda a sexta-feira. Foram uns dois anos desse jeito. A NCH do Brasil usava o nome de uma empresa holandesa, a NCH, vendemos a empresa aos holandeses.
Visitamos a empresa Irmaos Bornia Industria Maquinas que fazia as matrizes, fechamos o negócio. Convidei o Dr. Frederico Alberto Blaauw para ser o meu advogado, ele fez o contrato de compra e venda lá mesmo. Compramos a empresa, em um ano ela auto se pagou. A empresa chamava Sorocap Recuperadora de Pneus Ltda. No segundo ano compramos dois caminhões, eu comprei uma autoclave que fazia dez pneus a cada vez. Comprei uma caldeira nova. Remodelamos muitas coisas. Montamos uma revenda de pneus em Itapetininga. Eu dei o nome: Itaetê Pneus. Itaetê significa uma pedra dura, algo forte. Eu dei esse nome porque lá tem muitos nomes indígenas, o próprio nome Itapetininga é de origem indígena. O nosso fornecedor de pneus era uma empresa de Recife. Ela foi vendida para uns japoneses, eles pararam de fornecer todos os clientes menores. Como tínhamos outros fornecedores a empresa se mantinha. Por motivos de ordem interna, decidi me desligar da empresa, troquei a minha parte na empresa por outras duas empresas em Santo Antonio de Posse: uma metalúrgica a NCH do Brasil Ltda. que fazia guinchos para rebocar automóveis, fazíamos os motores hidráulicos e a caçamba, fazíamos também caçamba para caminhões de coleta de lixo. Para transportadoras de lenha. Esses motores nós vendemos também para uns garimpeiros do Rio Madeira. Eram motores hidráulicos. A outra empresa, era uma agro pecuária. Fazíamos iscas para bicudo e a gaiaolinha para prendê-los. Bicudo é uma praga que ataca o algodoeiro. Nosso maior cliente, e único, era o Governo Federal, através do Ministério da Agricultura, em função disso eu tinha que ir muita a Brasília Isso foi em 1985, 1986. Nessa época eu morava em Sorocaba e hospedava-me em uma pensão em Santo Antonio da Posse onde permanecia de segunda a sexta-feira. Foram uns dois anos desse jeito. A NCH do Brasil usava o nome de uma empresa holandesa, a NCH, vendemos a empresa aos holandeses.
Em que você foi
trabalhar?
Montei uma empresa de
transportes junto com Antonio Lubiani, ele tinha adquirido uma empresa, a Vale
do Sol Transportes, Sempre tive um bom relacionamento dentro de grandes
empresas. Nessa época eu tinha um veículo Caravan, meu filho me ajudava a fazer
as cobranças em São Paulo. Roubaram um caminhão, não tínhamos seguro,
passaram-se uns quatro a cinco meses, roubaram o segundo caminhão. Eu tinha
capital de giro que era suficiente para adquirir um caminhão. Ai veio o Plano
Collor, de um dia para outro fiquei com cinqüenta reais no bolso! Nesssa época
morava em Sorocaba, voltei a morar em Piracicaba, o Antonio Lubiani convidou-me
para trabalhar com ele, deu-me o cargo de vice-presidente.
Cheguei a adquirir dez caminhões Scania Vabis em uma única vez, só que eu fazia leasing, um bom negócio para a empresa, entra como despesa. O pessoal de consórcio queria fazer negócio conosco, soque não era tão vantajoso como o leasing. Com isso levantei a empresa. Só que a empresa tinha adquirido muitos caminhões através de consórcio. Para diminuir as dividas da empresa, usei de um atifício legal, o pessoal de consórcio nunca cumpriu o prazo de entrega, todo prazo excedente de 30 dias montei um mapa e transformei em juros, com isso ganhei o valor equivalente a um caminhão. Transformei a empresa em uma holding, havia no almoxarifado um estoque de peças enorme, inclusive muitas peças que não se usava mais, por exemplo, peças para caminhões Alfa-Romeo. A empresa já não tinha mais esse tipo de veículo. Montamos uma revendedora de peças, uma empresa de revenda de pneus, uma empresa de seguros, u,a e,presa de corretagem, uma rede de postos de gasolina. Meu primeiro trabalho foi montar uma rede de postos. Lembro-me que fui até a Petrobrás e recebi em dinheiro da época, 50 milhões, com juros de um por cento ao mês. O posto existe até hoje, é o Posto Lenhador, fica próximo a Ripasa, a margem direita do rio, pertence ao município de Limeira. Eu tinha condições de vender combustível para os carreteiros que chegassem para a nossa própria frota e ia fazer um convenio com os funcionários da Ripasa. Fui pioneiro em construir postos de gasolina em pré-moldados no Brasil.Fiz uma estrutura para montar um restaurante digno, para motoristas. Procurei no Hotel Escola de São Pedro informações sobre cardápio, queria montar um audiovisual, de tal forma que enquanto o motorista estivesse se alimentando estaria assistindo e aprendendo alguma coisa. Banheiros dignos.Com outros recursos construí um barracão de 2.000 metros quadrados, minha proposta era oferecer esse barracão para a Ripasa depositar o seus produtos nesse barracão, sem cobrar nada.Fiz um estudo para montar um barracão em Jacareí, a empresa Suzano era na margem direita do rio, eu estava adquirindo um terreno em Jacareí para montar a empresa lá, levei até dois engenheiros para ver o local, fui falar com o prefeito de Jacareí. Ele disse-me que tinha um negócio melhor para mim, ofereceu uma área, que era em frente a Suzano.Projetei um barracão de 2.000 metros quadrados ara uso da Companhia Suzano de Papel e Celulose, a idéia era montar com transporte aéreo, passando por cima do rio, vamos ceder gratuitamente à empresa Suzano. Fiquei negociando com os donos da área, eram nove sócios, em razão de diversos fatores gerados por um numero tão grande proprietários, acabamos não realizando o negócio. Algum tempo mais tarde saí da empresa.
Cheguei a adquirir dez caminhões Scania Vabis em uma única vez, só que eu fazia leasing, um bom negócio para a empresa, entra como despesa. O pessoal de consórcio queria fazer negócio conosco, soque não era tão vantajoso como o leasing. Com isso levantei a empresa. Só que a empresa tinha adquirido muitos caminhões através de consórcio. Para diminuir as dividas da empresa, usei de um atifício legal, o pessoal de consórcio nunca cumpriu o prazo de entrega, todo prazo excedente de 30 dias montei um mapa e transformei em juros, com isso ganhei o valor equivalente a um caminhão. Transformei a empresa em uma holding, havia no almoxarifado um estoque de peças enorme, inclusive muitas peças que não se usava mais, por exemplo, peças para caminhões Alfa-Romeo. A empresa já não tinha mais esse tipo de veículo. Montamos uma revendedora de peças, uma empresa de revenda de pneus, uma empresa de seguros, u,a e,presa de corretagem, uma rede de postos de gasolina. Meu primeiro trabalho foi montar uma rede de postos. Lembro-me que fui até a Petrobrás e recebi em dinheiro da época, 50 milhões, com juros de um por cento ao mês. O posto existe até hoje, é o Posto Lenhador, fica próximo a Ripasa, a margem direita do rio, pertence ao município de Limeira. Eu tinha condições de vender combustível para os carreteiros que chegassem para a nossa própria frota e ia fazer um convenio com os funcionários da Ripasa. Fui pioneiro em construir postos de gasolina em pré-moldados no Brasil.Fiz uma estrutura para montar um restaurante digno, para motoristas. Procurei no Hotel Escola de São Pedro informações sobre cardápio, queria montar um audiovisual, de tal forma que enquanto o motorista estivesse se alimentando estaria assistindo e aprendendo alguma coisa. Banheiros dignos.Com outros recursos construí um barracão de 2.000 metros quadrados, minha proposta era oferecer esse barracão para a Ripasa depositar o seus produtos nesse barracão, sem cobrar nada.Fiz um estudo para montar um barracão em Jacareí, a empresa Suzano era na margem direita do rio, eu estava adquirindo um terreno em Jacareí para montar a empresa lá, levei até dois engenheiros para ver o local, fui falar com o prefeito de Jacareí. Ele disse-me que tinha um negócio melhor para mim, ofereceu uma área, que era em frente a Suzano.Projetei um barracão de 2.000 metros quadrados ara uso da Companhia Suzano de Papel e Celulose, a idéia era montar com transporte aéreo, passando por cima do rio, vamos ceder gratuitamente à empresa Suzano. Fiquei negociando com os donos da área, eram nove sócios, em razão de diversos fatores gerados por um numero tão grande proprietários, acabamos não realizando o negócio. Algum tempo mais tarde saí da empresa.
A seguir qual foi a sua
próxima atividade?
Montei um escritório de
contabilidade: Adição Assessoria Administrativa e Informática Ltda. junto com a
minha esposa, que também era contabilista. Permanecemos com a empresa por uns
cinco anos, faz uns seis a sete anos que paramos. No ano passado ela faleceu.
Você usa computador com
os recursos que ele oferece?
Uso.
Adaptei-me com certa facilidade.
Quantas instituições
você fundou?
Papyrus Clube Associação e
Beneficência; Associação Amadores de Astronomia de Piracicaba; Observatório
Municipal de Piracicaba; Oscip Pira 21; Associação
Brasileira de Racauchutadores de Pneus; Associação dos Transportadores de
Carga; Primeiras Discussões sobre a criação do SEST/SENAT realizada no Rio de
Janeiro; Holding Século XXI; Loja Maçônica Liberdade e Trabalho; Adição
Assessoria Administrativa e Informática S/C Ltda.. Participação na
Administração de várias entidades como: ACIPI; Conselho Coordenador da
Entidades Civis de Piracicaba por mais de 30 anos; Sindicato dos Contabilistas
de Piracicaba por 30 anos sendo 17 anos como Tesoureiro; União dos Escoteiros
do Brasil – UEB Grupo de Escoteiros Tamandaré por cinco anos, sendo nos dois últimos
amos chefe do grupo.
Você tem atuação em
atividades artísticas?
Cantei por sete anos no Coral
da Caterpillar, eu era baixo, minha mulher contralto. Ela faleceu, eu sai.
Dizem que você está
participando de grupo de teatro, é verdade?
Apareceu uma propaganda em dos
jornais da nossa cidade, fui fazer a inscrição. Isso foi no começo do ano.
Telefonei, perguntei se tinha idade para fazer o curso de teatro. Disseram que
tinha que ser maior de dezoito anos. Disse-lhe: “Estou com 75 anos!” A
menina consultou alguém e
disse-me “Pode sim !”.
Em que local é o ensaio
do teatro?
No SESI do Distrito Industrial,
próximo ao Bosque do Lenheiro. Aquela avenida fui eu que mudei o nome, era Winston Churchill hoje é Av. Luíz
Ralph Benati, ele trabalhou 32 anos na Mausa, depois trabalhou comigo na
Lubiani. Fiquei brigando por dois anos. Escrevendo artigos no jornal.
Você escreve artigos para o jornal?
Escrevo
esporádicamente e sobre assuntos que me interassavam.
Quantos artigos você tem escritos?
Tem bastante, estão no meu
computador. Dá para fazer outro livro. Alguns dos artigos eu já passei para
esse livro que em breve devo lançar.
Como é o ator Bejota?
A partir do dia primeiro de
janeiro de 2016 eu deixei a barba crescer. Chequei no SESE barbubo, a menina
que me atendeu começou a fazer inscrição para o Grupo da Terceira Idade. Eu disse-lhe
que não era para a terceira idade, eu tinha ido em função da propaganda que
eles tinham feito. Ela ligou para a professora, ela foi muito dinâmica, veio
correndo, e fez a minha inscrição. E estou lá.
Quais são suas atividades
lá?
Por enquanto estamos em estudos
teóricos. São feitas dinâmicas de grupo. Ficam todos descalços, fazemos alguns
exercícios físicos, exercícios de respiração, todos ficam sentados, só eu que
ao invés de sentar-me no chão fico sentado na cadeira.
A sua convivência com
faixas etárias mais jovens é muito interessante.
Fiz até um poema sobre uma peça
que realizamos. Depois que fiz a segunda poesia à minha esposa estou me
tornando poeta. Já fiz muitas poesias. A Secretária da Cultura, Rosangela
Camolesi, incentivou-me a fazer inscrição em um concurso de prosas e poesias.
Fiz um conto e mandei. Escrevi esse conto em 2010. Chama-se “Homenagem à Marco
Aurélio”. Atualmente estamos ensaiando uma peça para ser apresentada em
novembro. Os ensaios são às terças e quartas feiras.
Você teve quantos
filhos?
Tive cinco filhos: Gladstone, Isabelle, Cibelle, Marcel e
Michel.
O sobrenome Jorge tem qual
origem?
Pelas pesquisas que fiz acredito
ser de origem árabe. Eu até abordo esse aspecto em meu livro.
Você escreveu um livro?
Escrevi ! Está pronto para ser
impresso, já tenho o “boneco” pronto, está aqui, chama-se “Além da Sombra da
Primavera”. Está dependendo apenas de pequenas correções e principalmente de
patrocínio. É um livro com250 páginas, é um livro autobiográfico.
Como surgiu a idéia de fazer esse
livro?
Surgiu quando uma estagiária de
psicologia e seu marido estavam escrevendo sobre o Conselho Coordenador das
Entidades Civis de Piracicaba, fazendo pesquisas ela leu meus artigos. Um dia
ela me telefonou e sugeriu que eu escrevesse um livro. Sou conhecido como
Bejota, foi o saudoso jornalista Geraldo Nunes que me deu esse apelido, quando
eu escrevi para o Jornal de Piracicaba.
Quando eu trabalhei na Lubiani
Transportes criei uma fórmula, desenvolvi e coloquei em um gráfico, para medir
o índice de crescimento da empresa. Na primeira gestão em que trabalhei na
Lubiani Transportes foram oito anos, a empresa cresceu 49% ao ano. Eu disse à
minha filha Cibelle; “No dia em que eu escrever um livro vou colocar nele essa
fórmula!”. Minha filha disse-me: “Pai! Quem quer escrever, escreve logo!”.
Comecei a escrever naquele dia! Levei oito anos escrevendo este livro. Em 2008
passei por uma cirurgia cardíaca, por oito meses tive que passar por
fisioterapia, o meu amigo Cesário Ferrari, empresário piracicabano que atua em
diversas áreas, inclusive a de saúde, colocou três funcionários de uma de suas
empresas para cuidar da minha recuperação. Sou muito grato a Cesário Ferrari
por esse gesto.
A atual fábrica de papel Oji, anteriormente
era denominada como Refinadora Paulista, em meu livro conto a história dessa
empresa desde o primeiro tijolo. Fui o primeiro contador da Refinadora
Paulista.
Qual é a sua relação com a
empresa Caterpillar do Brasil, através da empresa Lubiani Transportes?
Através da Lubiani Transportes,
nós que transportamos todo material para a construção da fábrica Caterpillar em
Piracicaba.
Você conheceu Geraldo Zaratin?
Eu menciono o Geraldo Zaratin em
meu livro, fui vizinho dele, éramos contemporâneos.
Há também poesia em seu livro?
Há os poemas
"Poeta" que compus em 1962, demorei dois dias para escrever e "O
último adeus" que em vinte minutos estava pronto, compus na madrugada de 7
de julho de 2015
Poesia composta para a futura esposa:
POETA
Benedicto
Jorge(Beny)
Poeta !? Eu poeta !? Quem me disse ser poeta ?
Jamais tive
loquaz facúndia
Neste paupérrimo
cogitar ...!
Nunca pensei,
confesso,
Com tal
privilégio contar.
Porém ...
estranho estímulo ...
...Diga, por
favor,
Quem és ?
Näo me faças
palpitar.
Oh ! Por que
foges assim ...!
Idilista,
tenebrosa insinuação
Jogaste-me num
encapelado oceano,
Sem que soubesse
nadar.
Mas, persistente
, sou
Lutarei até o
fim.
Apelarei aos
Deuses Mitos
Caso minha força
e insinuação näo der.
Suplico a ti, Netuno,
Conserva-me, ao
menos flutuante.
E vós,
cônjuges-Musa e Febo,
Dai-me uma
inspiração eloquente.
E tu, Estrela
Escarlate,
Se não decantada
és pela plêiade universal
Evidencia à tua
oponente Lua,
Que és afoíta,
poderosa e sobrenatural.
Lumias com teu
fulgor
Digas, por que
sentimos assim?
...Se e o prazer
da vida... se o contrário dela...
...Se paixão...
ciúmes...amor...
Ah ! Até que
enfim tenhas razão,
Tudo, tudo
mesmo, claro ficou!
Qualquer um
torna-se poeta,
Quando esse
intruso, intrometido e estúpido
Cupido, nos toca
o coração!
Poesia composta em
homenagem â sua esposa quando soube que ela faleceu
ÚLTIMO ADEUS,
EDNA
BENEDICTO JORGE
(BEJOTA)
Descendentes de imigrantes da velha Itália
Foste a mulher da minha vida
Dos 17.516 dias que ao meu lado viveste
Dirigiste muito bem, nossas economias
E por que não? a minha vida!
Foste singela na aparência
Adepta aos bons costumes
Sempre ignoraste os perfumes
A companheira, a parceira de todas as horas
Acompanhava-me nos eventos sociais
No trabalho, na tristeza ou na alegria
Correspondias à expectativa
Do público das pessoas, onde passavas
Espírito sempre presente,
Ao
primeiro toque
Não
hesitavas uma contra dança.
O
público vibrava, aplaudia
Apoiando nossas intemperanças
Despojada das vaidades,
Cumpriste a tua missão
Entregaste a alma a Deus, muito rapidinho!
Numa terça-feira, o dia que Ele escolheu.
Retornaste aos páramos, ao seio donde vieste,
Com
louvores do Senhor
E
das graças recebidas
Dos
muitos amigos e parentes, que aqui deixaste
Que
te contemplam e te dão o Adeus final
Neste minuto pendente, que restou.
Gloria ao Pai Eterno!”
Este é e
será o nosso bordão
De um homem apaixonado
Que te entregas ao chão “Mãe Terra”
Implorando o teu perdão
Encerrando com estas palavras,
Do fundo do coração.
Para completar tua meta terrestre e
Juntar às estrelas no infinito
Espera por mim no Portão,
Não
demores!
Senão, eu grito: ...Ednah…!
Num passado
não tão distante
Daquele abraço apertado, do beijo sufocado,
Que tu nunca negaste, não.
Deste poeta
de araque, inxerido.
Que sempre te amou,
E continuará te amando!
de alma e
coração.
.