PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado, 12 de agosto de 2017
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado, 12 de agosto de 2017
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: TOMAS BACELIS BACCHI
ENTREVISTADO: TOMAS BACELIS BACCHI
Por volta de 2013, a então
Presidente do Lar dos Velhinhos, Cyonéa Ed Ramos, apresentou aos voluntários
João Umberto Nassif e Vera Pereira Bueno Nassif um desafio: reorganizar o
“sebo” do Lar. O espaço requeria atenção especial dada as suas condições
precárias. Tudo tinha que ser refeito e organizado. O casal aceitou a
empreitada. Após alguns meses, já funcionando, apareceram algumas pessoas desejando
colaborar. A primeira delas era uma adolescente, muito interessada em leitura:
Júlia Frias. Pouco tempo depois ela trouxe um colega de escola Tomas Bacelis
Bacchi, acompanhado de seus irmãos Gaudre e Kazys. Graças a muito trabalho, o
então sebo foi conquistando pessoas ligadas à literatura piracicabana. Pessoas
com nome de expressão na cidade foram se tornando voluntárias. Como por obra
divina, a caridosa e dedicada Irmã Hilda, ativa colaboradora do Lar dos
Velhinhos, vendo que tinham limitações de espaço físico e condições precárias de
trabalho, indicou um espaço que o Dr.
Jairo Ribeiro de Mattos havia construído, como que prevendo qual seria seu
destino. Esse local, maravilhoso, foi a mola propulsora para a criação de um
novo conceito de espaço cultural para Piracicaba. Uma nova forma de interação
com a população foi surgindo. Lançamentos de livros, apresentações musicais,
saraus e palestras passaram a integrar o calendário. O IHGP abraçou a causa,
assim como departamentos e pessoas da Esalq, Unimep, CLIP, GOLP, A Academia
Piracicabana de Letras, e muitas outras
entidades, bem como doações particulares
. O então “sebo” em suas novas instalações passou a ser denominado “Recanto dos
Livros” do Lar dos Velhinhos.
Tornou-se referência, ajudando a
projetar o nome do Lar dos Velhinhos. Além de proporcionar fácil acesso a
cultura integra moradores e voluntários. Atualmente o Recanto dos livros do Lar
dos Velhinhos tem um acervo respeitável de aproximadamente 12.000 títulos de
todos os tipos de obras: técnicas, jurídicas, literatura, juvenil, infantil,
lazer. A renda das doações ao Recanto
dos Livros é integralmente revertida ao Lar dos Velhinhos. O acesso ao facebook do Recanto dos Livros
pode ser feito através do endereço eletrônico
https://www.facebook.com/recantodoslivrospiracicaba ou o interessado pode conhecê-lo pessoalmente a Avenida Dr, Torquato da
Silva Leitão, 615, entrar com o seu veículo, e seguir a sinalização “Recanto
dos Livros”. Funciona ao público todos
os sábados das 8 horas da manhã até as 13 horas. O voluntário Tomas Bacelis
Bacchi nasceu a 2 de julho de 2002 em Piracicaba, é filho de Gustavo Sanches
Bacchi, engenheiro agrônomo e Betina Jana Bacelis Bacchi, administradora de
empresas, que tiveram os filhos: Gaudre, Tomas e Kazys. Tomas Bacchi mudou-se
para a Alemanha, mas não se desligou do voluntariado, é de lá que ele controla
o processo de comunicação eletrônica do Recanto dos Livros com o público aqui no
Brasil
Você iniciou seus estudos em qual escola?
Iniciei no Jardim de Infâcia Alecrim da Escola Waldorf Novalis, Piracicaba. Depois estudei até o sétimo ano na Escola Waldorf Novalis.
Após o sétimo ano de estudo o que ocorreu?
Meus pais receberam convites para
trabalhar na Alemanha, aceitaram e mudamos para Bonn. Na época eu estava com
treze anos.
Pode-se dizer que você estava na
adolescência, qual era a sua forma preferida de lazer no Brasil?
Gostava muito, muito mesmo do meu
cachorro, o Jack. Outra atração era ir até o Recanto dos Livros, no Lar dos
Velhinhos de Piracicaba. Conheci o Recanto dos Livros através de uma colega da
escola, a Júlia Frias. Fiquei encantado com o local, todos os sábados eu
gostava de ir, e ia por gostar da leitura, sempre gostei muito de ler.
Você tem preferência por algum gênero
específico?
Gosto bastante de ficção,
histórias de sobrevivência e um pouco de livros com temas policiais do gênero
de Sherlock
Holmes. Eu estava no sexto ano da escola quando o meu interesse por leitura foi
despertado. Foi quando a professora passou a relação de uma série de livros do
Pedro Bandeira. “A Droga da Obediência” foi o primeiro. Era para ler e fazer
uma prova sobre o livro, só que a Júlia e eu gostamos tanto da leitura que
passamos a ler a série inteira, chegamos a ir até São Paulo para conhecer o
escritor Pedro Bandeira. Chegamos a montar um grupo na escola para imitar o
grupo que era descrito no livro.
Praticava algum esporte?
Sempre joguei volei e fiz natação. Por ter estudado
na Escola Waldorf, e o fato de ser uma escola
totalmente diferente das demais, ela proporciona atividades de interação que
são diferenciadas. A escola quer que você primeiro faça a experência e depois
escreva sobre isso, diferente do padrão da escola que quer que você primeiro
escreva e depois faça a experência.
Em que dia você mudou-se
para a Alemanha?
Foi
dia 28 de janeiro de 2016.
Ao saber que iria mudar-se
para a Alemanha o que passou pela sua cabeça?
Foi tudo muito rápido. Meus pais
ficaram sabendo três meses antes. Acredito que na hora o mais feliz com a
notícia era eu. Meu irmão até chorou quando meus pais falaram, ele sabia que
iria ter que deixar os amigos dele. Minha irmã também ficou sensibilizada com a
notícia, mas eu fiquei muito feliz. Pensei nos meus amigos, mas estava
entusiasmado com a idéia de mudar. Conhecer um lugar novo.
Vocês foram para qual cidade da Alemanha?
Fomos para Bonn, ex-capital da
Alemanha, próxima a cidade de Colônia que é a cidade maior mais próxima.
Ao chegar, qual foi o primeiro pensamento que
lhe ocorreu?
A primeira imagem foi quando o
avião estava pousando no aeroporto de Frankfurt e consegui ver um grande número
de pinheiros com um pouco de neve. É o mais importante da
Alemanha, terceiro na Europa e o nono maior do mundo. Foi muito interessante,
nuca tinha visto neve, nem uma floresta de pinheiros. Fomos para uma casa, de
alvenaria, a família que nos alugou tinha acabado de reformar, eles foram morar
em outra cidade e deixaram tudo na casa, estava mobiliada, ficaram até as
bicicletas. No dia seguinte meu pai, meu irmão e eu pegamos as bicicletas e
saimos para dar uma volta pela cidade.
É tranquilo andar de bicicleta em
Bonn?
É! Aqui no
Brasil muitas pessoas reclamam que não existem ciclovias, as ciclovias são
ruins. Mas na Alemanha não são todas as ruas que tem ciclovias, não é o meio de
transporte principal. Há o costume de andar de bicicleta na rua, para eles a
bicicleta é mais respeitada do que um carro. A sinalização de trânsito é a
mesma para carros e bicicletas.
O ciclista pode ser
multado?
Não pode
andar de bicicleta se beber, não é permitido o uso de celular andando de
bicicleta, não pode andar pela calçada com bicicleta. Tem ruas em que não são
permitidas. Nunca me multaram, mas já vi ciclistas sendo multados, é comum,
como a bicicleta não tem placa de identificação a multa é aplicada pelo
documento do condutor. São multas pesadas, já vi multa de 300 euros. Se o
condutor for atravessar a rua pela faixa de pedestres têm que descer e levá-la
caminhando.
A alimentação é muito
diferente?
Não é tão
diferente, embora tenha sentido falta das comidas brasileiras. A batata está
quase sempre presente, praticamente toda carne consumida é a suína. Por
exemplo, no refeitório da escola é quase sempre a mesma coisa, mudam muito
pouco.
Você deu continuidade
normalmente aos estudos?
Quando
cheguei era para começar a oitava série, só que lá janeiro é a metade do ano
escolar, com isso repeti a metade do sétimo ano. Foi bom por causa do idioma, a
aula é em alemão, embora tenha feito curso de alemão no Brasil, o que eu
conhecia era insuficiente para entender tudo em alemão. Foi difícil,
praticamente fui obrigado a aprender, eu falava alemão ou não falava. Tive que
aprender de alguma forma, isso por um lado ajudou, como usei mais o inglês
melhorou minha fluência nessa língua, mas atrasou um pouco o aprendizado do
alemão.
Quantos alunos
freqüentam a sua sala de aulas?
Em torno de
30 alunos. Mais do que a metade não são alunos de origem alemã. Há muitos
alunos filhos de pais estrangeiros. Todas as salas de aulas são assim. Isso é
comum nas escolas. Pelo menos na minha região tem muitos turcos e muitos
árabes. Entro na escola às oito horas da manhã e saio às quatro horas da tarde.
O almoço é servido na escola, só que tem que pagar pela refeição. Outra opção é
levar o almoço da própria casa, é o que a maioria faz. Mais por uma questão de
que a comida que levam é mais saborosa do que a da escola. A escola serve um
prato chamado schnitzel, é extremamente popular na Alemanha onde costuma
ser preparado com carne de porco parecido com o bife à milanesa
brasileiro, pode ser acompanhado com vários tipos de molhos. As vezes vem com
batata cozida ou frita. Na escola não tem refrigerantes, não pode levar
salgadinhos, não é permitido levar nenhum tipo de doce.
Há prática de esportes na escola?
Temos aulas de educação física, cada mês
fazemos um esporte diferente. O forte lá é futebol. Todo mundo joga futebol,
como aqui.
O que você achou da cidade de Bonn?
A cidade em si é muito limpa, o centro da
cidade é exceção, têm lugares onde há pichações, a Estação Central do Metrô é
um pouco assustadora. As demais estações não são assim. A polícia reuniu todos
os alcoólatras em um local em cima do prédio da polícia, lá eles consomem o
álcool e a polícia tem o controle sobre eles. Apesar de serem-lhes oferecidos
todos os tipos de opções para se recuperarem do vício, são alcoólatras por
opção. A famosa rádio Deutsche Welle, a sede alemã das Nações Unidas e o Correio Alemão,
Deutsche Post, ficam em Bonn, é uma cidade que concentra a sede de muitas
empresas também.
Supermercados funcionam como os nossos?
Aqui há um aspecto curioso, Ao passar no
caixa tem que tomar muito cuidado para que suas compras não se misturem as do
cliente que vem logo atrás. O cliente tem que empacotar tudo muito rapidamente,
são mais acelerados porque tem menos funcionários trabalhando, tem que ser tudo
muito rápido ou o cliente que está atrás acha que está demorando muito vai a
outro supermercado, eles não podem perder o cliente. Nesse aspecto é muito
diferente do Brasil onde tem muitos funcionários a disposição do cliente. Lá é
muito caro contratar pessoas, por isso contratam o mínimo de pessoas possível. Ao
lado de casa tem um supermercado grande com apenas três pessoas trabalhando.
Elas limpam, são caixas, abastecem as prateleiras, atendem na padaria,
trabalham muito mais do que aqui.
Nesse período em que vocês estão lá, a seu ver estão todos adaptados?
Acredito que é muito pouco tempo para afirmar
alguma coisa. É uma cultura muito diferente da cultura brasileira.
Já foi ao cinema na Alemanha?
Já fui, tem vários cinemas na cidade, é
diferente de Piracicaba, onde o cinema fica dentro do shopping. Boon é uma
cidade com cerca de 300 mil habitantes, tem cinco cinemas. A cidade de Colônia
tem cerca de um milhão de habitantes e fica só a 30 minutos de Bonn. As pessoas
vão de trem para lá. Mesmo tendo carro o trem é mais utilizado. Em Colônia há
shows, festas.
Você já fez viagens para conhecer outras regiões?
Há muita facilidade de locomoção seja por
ônibus, trem ou avião. Um aspecto interessante é que às vezes o trem sai mais
caro do que o avião, pelo conforto que oferece, o passageiro pode locomover-se
dentro do trem, tem restaurante, vários banheiros maiores do que os de avião.
Outro aspecto interessante é que têm uns cinco tipos de trem, um que é rápido,
outro mais lento, os de trajeto curto.
O transporte aéreo é atraente em termos financeiros?
Muito! Posso pegar um trem e ir até o
aeroporto que fica entre Bonn e Colônia. Pago 10 euros (ao câmbio do dia da
entrevista R$ 37,00) pela passagem aérea
para a Itália. O pessoal do Brasil comenta que eu viajo muito lá, mas é que é
barato. A oferta de várias opções de transporte torna-o barato. E é tudo muito
próximo.
Nesse seu processo de reconhecimento do país você observou se na
Alemanha há diferenças de cultura de uma região para outra?
Há! Começa pelo dialeto. Cada região tem um
dialeto. Os jovens quase não falam dialetos, são mais as pessoas idosas.
Você consegue entender dialeto?
Não! É bem mais difícil. Quem fala dialeto
também fala alemão, mas com sotaque. A Alemanha inteira fala o alemão, só que
também cada região tem um dialeto.
A imagem que muitos têm da Alemanha é de um país muito bonito e perfeito,
sem nenhum tipo de problema.
Como qualquer lugar, só mostram as imagens
boas. No Brasil quando divulgam o Rio de Janeiro mostram o Cristo, a praia.
E com relação a segurança?
Eu me sinto mais seguro em andar a noite, às
vezes até uso meu celular. Mas já furtaram a bicicleta da minha irmã, mesmo
dentro de escola há furto, principalmente de celular.
Como os alemães olham os estrangeiros?
Depende muito da pessoa, tem muitos que são
bem acolhedores, alguns têm um pouco de preconceito, isso por parte das pessoas
mais velhas.
Os shoppings são iguais aos nossos?
Na Alemanha não é como no Brasil. Aqui os
shoppings estão em toda parte, lá há poucos shoppings em uma cidade grande tem
um ou dois no máximo. Em Bonn não tem
nenhum. Eu acredito que lá as pessoas se sentem seguras andando no centro como
em um shopping.
Quais países você já visitou nesse período de tempo que está morando na
Alemanha?
Fui para a França, Portugal, Inglaterra,
Holanda e Espanha. Na França fui para Estrasburgo, fica bem próxima a Alemanha e já
pertenceu ao território alemão. Na Holanda conheci Amsterdã, gostei muito da
cidade.
É como vemos nas fotografias?
É muito bonita com seus canais, arquitetura, mas
também tem os lugares feios, como em todos os lugares. De Bonn até Amesterdã
são apenas duas horas de trem. A Espanha é totalmente diferente da Alemanha. Achei
até meio parecida com o Brasil. Barcelona achei parecida com São Paulo. Uma
calçada na Espanha não é tão certinha como na Alemanha. Portugal achei bem semelhante
com o Brasil.
As formas de cumprimentar no Brasil e na Alemanha são diferentes?
Acho que
nunca abracei ninguém lá que não fosse da América do Sul ou alguém da nossa
cultura. O tratamento dado às pessoas que você não conhece é Herr (senhor) ou
Frau (senhora), se for da minha idade é Du (você). Quando me dirijo a uma
professora tenho que chamá-la de senhora a acompanhado do sobrenome (Frau Bloch por exemplo). Nunca pelo nome.
Eu acho que isso afasta um pouco as pessoas. Lá sou chamado pelo professores
como “você Tomas”. Quando a professora faz a chamada para computar a presença é
pelo sobrenome “Bacchi”. Nesse ponto senti uma grande diferença, aqui eu
conversava com os professores, fora do trabalho deles. Percebi muito que colega
aqui é aquele que você fala um “oi” no corredor se fizer a mesma coisa lá. já é
amigo. Um amigo aqui, lá é o melhor amigo.
Eles têm alguma curiosidade com
relação ao Brasil?
Não! Lá tem
tantos estrangeiros que se ficassem perguntando a cada um sobre o seu país iria
levar muito tempo fazendo isso. Aqui é diferente, se vem um estrangeiro todo
mundo acolhe, quer saber.
E televisão?Você
assiste?
Lá tem
muitos jornais em inglês, por causa dos estrangeiros, têm muitos estrangeiros,
a maioria deles não fala alemão. Muitos vão a busca de uma vida melhor, outros
por causa do trabalho, tem muitas empresas cujas sedes estão lá. Há muitos
muçulmanos. Na minha classe quando temos aula de religião no mesmo horário
temos aulas de filosofia, quem não pode participar da aula de religião cristã
têm que ir para a aula de filosofia. Percebo que a classe divide-se mesmo, é
bastante gente.
Você visitou museus?
Na minha
cidade há muitos museus pelo fato de ter sido capital da Alemanha. Um deles é o
Museu da História da Alemanha.
Hoje você fala quantos
idiomas?
Português,
Inglês, Alemão e Espanhol que estou aprendendo na escola. Para ler como hobby
leio em português, quando fui levei vários livros, agora ganhei alguns, vou
comprar outros, e em Portugal também comprei alguns livros.
Você já tem uma visão da
profissão que vai seguir?
Ainda não. Percebo que a escola incentiva
muito para que o jovem tome essa decisão quanto mais cedo possível. Estão
sempre nos levando a um departamento do Estado, fazemos pesquisas sobre
trabalhos, respondemos a muitas perguntas, para saberem do que você gosta e
consegue fazer. A escola quer preparar o profissional. No início eu achava que
era uma análise muito precoce, mas hoje percebo que é uma forma importante de
encaminhamento profissional.
Qual é a fruta mais
comum no país?
Acredito que
é a maçã, ela está presente tanto no verão como no inverno. Há muitos tipos de
maçã. Há muito sorvete, em toda esquina tem uma sorveteria. No inverno algumas
abaixam o preço, outras viram lojas de agasalhos. Na região em que estou no
inverno não cai muita neve, cria uma camada de dois a três centímetros no
máximo. Isso por um ou dois dias. Muito frio e pouca neve.
Vocês cozinham comida
brasileira em casa?
Temos muito
pouco tempo, só aos finais de semana e nem é todo final de semana. As vezes a
gente cozinha, mas não é mito comum.
No Brasil vivemos uma
onda de bailes funk, há alguma coisa semelhante na Alemanha?
Eu percebo
que o funk aqui lá é um rap alemão. Nem todo rap alemão é como o funk, mas um
determinado tipo é como funk.
Após um ano e meio na
Alemanha o que você achou do Brasil?
Gosto muito
do Brasil, e em minha opinião sou muito brasileiro. Escuto todo mundo falando
em política, da crise, que está horrível, que bom que você foi para lá mesmo.
Todo mundo quer sair do país. Mas lá também tem coisa ruim. Todo mundo diz: “Lá
é maravilhoso, é perfeito!”. Mas não é assim! Tem coisas ruins em todos os
lugares do mundo, a pessoa que vai a passeio acha maravilhoso, é diferente de
morar. Completamente diferente. Acho que no Brasil nos diminuímos muito sem
motivo nenhum. Quando você sai do Brasil
passa a valorizar muitas coisas que antes aqui não eram tão valorizadas.
Tenho colegas de escola que não podem voltar ao país deles, seja por estar em
guerra, ou podem serem presos. Não são todos os colegas que podem fazer isso,
vir aqui, visitar os amigos. Às vezes nem internet tem.
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