PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 25 de novembro de 2017
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 25 de novembro de 2017
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: OTTO JESU CROCOMO
ENTREVISTADO: OTTO JESU CROCOMO
O Professor Emérito da Universidade de São Paulo/ESALQ Otto Jesu Crocomo nasceu a 23 de
setembro de 1932 em Piracicaba, a Rua Rangel Pestana esquina com a Rua Benjamin Constant, filho dos imigrantes italianos João Crocomo originário de Ravello, na região de Nápoles e Tereza Vidili Crocomo, da região da Calábria, seu pai ao registrar o nome do filho pronunciou em italiano Gesù e o cartorário manteve a pronuncia de forma aportuguesada. É o oitavo filho, sendo seus irmãos: Tereza, Salvador, Maria, Francisco, Leticia, Lídia e Ada. Otto é casado com Diva Lovadino Crocomo, tiveram cinco filhos: Marco Augusto,Adolfo Egídio, Maria Paula, Carla Maisa e Daniel. Foi um dos fundadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) em 1960.
O pai do senhor veio da Itália com qual idade?
Meu pai tinha 17 anos, em 1910, quando veio sozinho para
o Brasil, o irmão dele, Francisco já morava em Capivari, estava estabelecido,
casado. Era caldeireiro, trabalhava com folhas de zinco. Chegando ao Brasil foi
para Capivari, trabalhar com o meu tio Francisco. Após algum tempo meu pai foi
trabalhar em Jundiaí com Francisco Vidili, que era uma pessoa de muitas posses,
pai de dois filhos e duas filhas, uma delas é a minha mãe! Casaram-se em 1914,
em 1915 nasceu minha irmã mais velha.
Ele permaneceu em Jundiaí?
Logo que se casou veio para Piracicaba, queria ser
independente. Quando eu nasci em 1932 ele já estava bem estabelecido em
Piracicaba. Fui criado de forma diferente dos meus irmãos, minha irmã
Mariquinha (Maria) cuidava muito de mim, a minha mãe sofria muito com o
reumatismo, ela faleceu aos 55 anos, teve um ataque cardíaco. A Mariquinha que
me ensinou a ler e escrever, quando entrei na escola já sabia ler e escrever.
A sua primeira escola foi qual?
Foi o Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Tinha sete anos,
sabia ler e escrever, eu pulava a janela da escola e fugia, não ia para casa.
Um dia fugi da escola e voltei para a minha casa, meu pai me deu uma surra! No
dia seguinte fui para a escola não parei mais de estudar. No Barão do Rio
Branco fiquei pouco tempo, depois fui para o Externato São José, no prédio
situado a Rua D.Pedro II esquina com a Rua Alferes José Caetano, onde mais
tarde funcionou a Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Lembro-me da primeira
professora que tive no Externato, Dona Lurdes, excelente! Lá já aprendi as
primeiras coisas em francês. Uma curiosidade, após muitos anos, já formado, o
meu primeiro emprego foi de professor na Faculdade de Odontologia!
No Externato São José qual curso o senhor fez?
Fiz o curso primário. Meu irmão mais velho, Salvador,
também conhecido como Dudu, era contador, estudou na Escola do Zanin. Meu pai
me obrigou a estudar na Escola do Zanin. Eu detestava aquilo ali. Ficava no
andar superior de um prédio situado na Praça José Bonifácio, ao lado tinha a
Bomboniere do Passarella, eu ficava encantado com aquelas balas grandes, eu e o
Didi íamos ao cinema, ou Broadway ou São José. Estudei por um ano ali, mas não
me dei bem, foi um ano perdido. Foi bom por ter conhecido muitas pessoas. Disse
ao meu pai que não queria continuar estudando lá. Perdi um ano. Para entrar no
ginásio tinha que fazer curso de admissão e passar no exame para ingressar. Fiz
curso de admissão no Externato São José, passei, permaneci por dois anos
estudando lá, tínhamos excelentes professores, o professor João Arruda era
psicólogo e dava aulas de matemática também. Quando acabou a guerra, em 1945, o
valor do cruzeiro era tão alto que um franco custava Cr$ 0,000058. Eu ia até o
correio e comprava revistas, livros e jornais franceses, eu gostava muito de
ler, devorava o jornal “O Estadão”. Assim aprendi sozinho o francês, as
primeiras letras do francês eu aprendi no quarto ano primário. Estudei francês
com o dicionário na mão, lendo essas revistas.
Naquela época a influência da cultura francesa no Brasil
era muito grande.
Era muito grande! A parte cultural era de influência
francesa e a parte comercial e econômica era de influência inglesa. O meu irmão
Dudu falava inglês. Eu vivi nesse ambiente de muitos estudos. Minha mãe me
influenciou muito, todas as noites ela contava uma história para mim, ficávamos
sentados na porta de casa, na Rua Rangel Pestana, aos 11 anos de idade escrevi
um romance, baseado nas histórias que ela me contava.
Foi publicado?
Não! Era um folhetim, eu escrevia a máquina, o Dudu tinha
uma máquina de escrever, ali que aprendi sozinho a datilografar, sem a técnica
clássica de um datilógrafo. Em 1943 o meu irmão Salvador (Dudu) casou-se com
Emília Crocomo.
O seu pai continuava trabalhando?
Ele fazia alambique, lá mesmo, tinha a nossa casa e
também a oficina, anexos. Em frente morava o médico Dr. Cera. O Vicente Orlando
produzia a famosa gengibirra.itubaina. Até hoje compro! Bem geladinha! É uma
delícia! Naquela época ali as ruas eram com pedregulho, praticamente a cidade
acabava no Córrego Itapeva (Atualmente, em grande parte fica sob a Avenida
Armando Salles de Oliveira), conheci a famosa nascente de água natural
conhecida como “Olho da Nhá Rita”. Conheci o Rancho Alegre que ficava próximo a
linha de trem da Estrada de Ferro Sorocabana, nas imediações da Avenida 31 de
Março. Perto da Estação da Sorocabana que ficava nas imediações onde hoje
Terminal Municipal Urbano, no centro, existia uma pontezinha que atravessava o
Ribeirão Itapeva, só que quando enchia de água em função das chuvas de
fevereiro, havia mortes freqüentes de crianças que se aventuram a nadar na
correnteza. Meu pai não deixava que fossemos brincar na água, brincávamos nas
pedras do Itapeva. A Rua Rangel Pestana terminava em frente a Estação Sorocabana.
Íamos muito até lá porque íamos visitar o meu tio que morava em Capivari, íamos
de trem. Meu pai tinha muita amizade com a família Furlan, no bairro Chicó.
Nossas férias eram passadas na fazenda dele, íamos de trem.
Voltando a sua trajetória de estudos, qual foi a etapa
seguinte?
O Externato São José fechou para meninos, as freiras
foram para onde é o Colégio Assunção. Eu fui para o Colégio Piracicabano. Fiz o
ginásio, ganhei uma menção honrosa.
Lá o senhor teve professores célebres.
Sim! Josaphat de Araújo Lopes; O
professor Pacitti era
divertido, professor de ciências, Após concluir o curso científico no Colégio
Piracicabano ingressei na ESALQ em 1953.
Para entrar na ESALQ
tinha exame vestibular?
Exame escrito e oral. Não era fácil não! Sempre gostei de
química, eram três examinadores na prova oral, física também eram três entre
eles Admar Cervellini;
Prof. Salgado, ele adorava disco voador, viajei muito com ele. Era primo de
Salvador de Toledo Pizza. Walter Accorsi foi meu professor.
O curso de Engenheiro Agronomo tem a duração de quantos anos?
São quatro anos, mas teve uma época na década de 60 que passou a ser cinco
anos. Não durou muito tempo, voltou para quatro anos. Eu me formei em 1956.
Ganhei um prêmio de cinco mil cruzeiros, da Manah, por ter sido o melhor aluno
de química. Peguei esse dinheiro e gastei tudo em livros! Sempre eu gostei de
livros.
O senhor se casou em que ano?
Em 23 de maio de 1961, na Igreja dos Frades, o Bispo Dom Aniger que
celebrou, co-celebrado por mais três padres, o coral de 40 vozes dos alunos do
Seminário Seráfico São Fidélis, com Frei Augusto, até hoje me lembro de uma
música: Ave Maria, minha mulher canta, ela é soprano.
Qual foi a área da química que o senhor escolheu?
Foi a bioquímica, mas tem uma razão de ser, quando entrei
no científico, no Colégio Piracicabano, era a única escola em Piracicaba que
tinha laboratório de química, fui aluno
do professor de química Demosthenes Santos Corrêa,engenheiro agrônomo formado
pela ESALQ, ele em 1950 ele disse-me: “-Você vai ser um dos alunos que irá
participar do debate de química!” Eram alunos do Colégio Piracicabano que
debatiam com os alunos do Instituto Educacional "Sud
Menucci", aceitei. Isso foi em maio. Aí ele propôs
montar a equipe. Disse-me: “-Você vai ser o líder da equipe”. Aos 18 anos fui
líder da equipe de 1950, foram três dias de debate. Participei nos três anos do
científico. No último ano, em 1952, decidi fazer cursinho, de manhã eu estudava
para o cursinho, e a noite eu fazia o último ano do científico. Tivemos um
debate entre o curso noturno e o diurno, eu ganhei também. Tudo isso
influenciou a minha vida.
Quando se trata de ciências exatas, como química, matemática, que são
bases para o desenvolvimento científico, parece que o aluno está vendo um
monstro. Talvez porque não tiveram bons professores?
É sempre assim! Não há mágica! Tudo
depende do professor. Tive bons professores de matemática! Tinha professores da
ESALQ que davam aulas no Colégio Piracicabano, no Externato São José. Quando entrei
na ESALQ matéria que era ensinada no primeiro ano eu já tinha aprendido no
científico. Depende totalmente do professor. Os grandes nomes do CLQ são meus
ex-alunos: Newman, Torigoi, José Arthur.
O que tanto o atrai em química?
O trabalho com substâncias químicas, tubos de ensaio, descobrir as reações, como
uma coisa se transforma em outra. Na bioquímica você estuda tudo isso dentro da
célula. A bioquímica não é nada mais do que a química dentro da célula. Para mim é fascinante. Sempre olhei para as pessoas
que produzem; as pessoas que vencem; os grandes industriais; grandes
escritores, eu li muito. Quando terminei o ginásio, o marido da minha irmã Ada,
perguntou-me o que eu queria de presente. Disse-lhe: “- A biografia de Beethoven”. Nunca me senti atraído
pela mediocridade. Sempre pensei: “Como é que ele conseguiu? Como é que ele
fez?” Isso desde criança. Imagino que tenha sido muito influenciado pelas
histórias que a minha mãe contava. Que fique bem claro que não estou
menosprezando ninguém, mas procurando seguir o exemplo de quem acertou. Quando
entrei na ESALQ queria ser aluno do professor Eurípedes Malavolta,ele estava nos Estados Unidos, insisti e acabei indo
trabalhar com os assistentes dele: José
Dal Pozzo Arzolla e Domingos Pelegrino, no laboratório. Vinha de noite para
repetir coisas que aprendi. Nas férias de julho de 1953 passei o tempo todo no
laboratório de química. Repetindo aquilo que tinha aprendido. Em novembro de
1953 Malavolta chegou dos Estados Unidos. Ele disse-me para continuar trabalhando
com o Arzolla e o Pelegrino. Naquela época somente quatro ou cinco estudantes
se irmanavam no laboratório do campus entre eles: Eneas Salatti, Ari Salibe,
eu, o Ari era amicíssimo, nós dois estávamos vindo de bonde para prestar o
vestibular, ele estava estudando eu também estava estudando, um ao lado do
outro, conversamos alguma coisa. No trote, ele teve que vestir a minha camisa e
eu vesti a dele, depois trocamos. Nasceu uma grande amizade, os pais dele
vinham em casa, minhas irmãs iam à Limeira onde eles moravam, a nossa amizade
era tão grande que parecíamos irmãos. Fizemos vários trabalhos científicos
quando estudantes. Fazíamos os congressos de estudantes de agronomia, o
primeiro foi na ESALQ, em 1954, o segundo foi na ENA Escola Nacional de Agronomia
do Rio de Janeiro, e o terceiro, foi em Viçosa, participei dos três, apresentei
trabalhos, Ari apresentou junto. Até hoje alguns colegas me dizem: “-Você
trabalhava com a vitamina C da goiaba!” Não só da goiaba, tem uma casa na Rua
Prudente de Moraes esquina com a Rua José Pinto de Almeida, essa casa existe
até hoje, eles tinham dois pés de cerejinhas das Antilhas, eu batia na porta, e
pedia as frutinhas para fazer exame.
O senhor dedicou-se a pesquisa e
foi desenvolvendo a carreira.
Formei-me em 1953, eu tinha uma
bolsa do CNPq era a Bolsa de Iniciação Científica. Fui até o Instituto
Agronômico de Campinas, eu não encontrei nenhuma vantagem em relação ao que
estava fazendo trabalhando com o Professor Malavolta. Retornei à Piracicaba. Eu
queria fazer o doutoramento, o Malavolta concordou e disse que íamos fazer uns
estudos com radioisótopos. Isso foi em 1957, a primeira tese feita com
radioisótopos foi a minha. Talvez no Brasil, não sei. Estudamos no café,
existia na escola o Instituto Zimotécnico e durante o meu curso de graduação,
fui um dos únicos alunos que permitiram que assistisse as palestras. Toda
semana tinha as referatas, eu estudava um artigo científico, em inglês sempre,
e referia, fazia um resumo. Todos já eram formados, professores, só eu que era
aluno. Convidaram-me para fazer uma palestra, nesse ciclo de palestras,
apresentei os resultados da minha tese, isso foi no dia 6 de junho de 1958, 20
dias depois encontrei o professor Malavolta no prédio de Química, estava cheio
de livros, estudando. Ele disse-me: “-Você vai fazer Livre Docência! ¨. Fui
para Curitiba onde fiz um curso de fisiologia de micro-organismos com o
professor Metry Bacila da Universidade Federal do Paraná. O curso de
livre-docência era quatro dias, cinco provas. Voltei, continuei escrevendo a
tese, e estudava, estudava, porque tem uma prova escrita de três horas, sendo
que eles dão o tema na hora, você pode pesquisar por até uma hora, o tempo
total são quatro horas. No dia seguinte tem a prova prática, de oito horas. Você
tem que estar preparado, o tema é escolhido na hora, depois tinha a defesa de
tese, a leitura da prova escrita. Depois eu soube que o Metry Bacila veio para
me reprovar, porque eu era recém formado, eu tinha dois anos e meio de
recém-formado e fazia cinco anos que não tinha livre docência aqui na ESALQ.
Depois ele me deu 10. Ficamos amicíssimos, Daí passei a dar aulas naquele
curso, todo ano em janeiro, por seis anos dei aula em Curitiba, na UFPR. Em
1964 passei um mês e meio ensinando umas técnicas para o pessoal dele. Eles não
trabalhavam com plantas, trabalhavam com microorganismos, alguns trabalhavam
com animaizinhos.
O senhor estava na Livre
Docência?
Estava, mas não era contratado, o
Dr. Ben-Hur Carvalhaes de Paiva, médico
cardiologista, era professor de fisiologia na FOP Faculdade de Odontologia de
Piracicaba. Ele me mandou um telegrama: “Convido-o para ser meu assistente na
parte bioquímica, já conversei com o Professor Malavolta e ele concordou”. Em
abril eu já estava contratado pela FOP. Enquanto isso estudava para o concurso,
fiz, passei muito bem, o Arzolla também fez, também passou. Por dois anos
fiquei um tempo parcial na FOP e outro tempo parcial na ESALQ, Eu não queria
saber disso. O Malavolta conseguiu tempo integral para mim. Tive muitos alunos
na FOP, um deles é muito meu amigo, Mario Monteiro Terra. Antonio Abe foi meu aluno, assim como Antonio
Carlos Neder. Quando terminei a minha Livre Docência foram quatro dias,
19,20,21 e 22 de setembro de 1959. O Prof. Dr. Carlos Henrique Robertson Liberalli me levou para Campinas para
fazer uma palestra, ele fez questão de ir a minha palestra. Eu me dava muito
bem com o Lauro Natali, que era aficionado por selos como hobby, foi presidente
do Clube Filatélico de Piracicaba. Daqui fui para a Venezuela, a convite do
reitor da universidade, onde permaneci por 14 meses, lá nasceu nosso primeiro
filho. Foi onde instalei laboratório de radioisótopos, fizemos trabalho de
campo, formei pessoal, segundo um amigo me disse há uma sala na universidade da
Venezuela com o meu nome.
Da Venezuela o senhor
voltou ao Brasil?
Voltei, em seguida fui para os Estados Unidos, com a
mulher e dois filhos. Fui para Davis, na Califórnia. Fiz um curso de
bioquímica, de manhá cedo eu trabalhava no laboratório, segunda e terça, tinha
aulas teóricas, terça feira aula prática começava as sete e meia da noite e ia
até as quatro, cinco horas da manhã, na Universidade da Califórnia. Aprendi a
trabalhar com informática, a programar pelo método FORTRAN. Aprendi através da
televisão, toda terça feira a tarde, antes de começar a aula prática, tínhamos
aula de FORTRAN. Tempo do cartão perfurado.
O senhor está reforçando
a tese do ensino a distância, que muitos condenam.
Eu não condeno, mas a pessoa precisa se esforçar. Voltei
ao Brasil, fiz o concurso para professor associado, em 1966. Eu queria
completar a minha carreira, ser professor titular. Não existia mais o título de
professor catedrático, em 1970 mudou o sistema. O Malavolta sempre viajava,
criou-se o Departamento de Química, juntou-se Química Mineral Analítica com a
Bioquímica. Quem ficou chefe foi o Professor Renato Cattani. Em 31 de março e 1 e abril de 1975 fiz o meu concurso
para professor titular. Desde 1970 eu era vice-chefe de departamento. O Cattani
se aposentou em 1974, eu fiquei chefe do departamento. O Henrique Bergamin
Filho trabalhava muito no CENA.
O CENA é uma ponta de
tecnologia avançadíssima?
Fui chefe da seção de bioquímica do CENA durante 20 anos.
Em 1971 o Malavolta disse que tinha um professor que queria fazer estudos em
tecidos de café, na ESALQ. Nós em 1971 introduzimos no Brasil toda tecnologia
de cultura de tecido de plantas que depois se transformou, na década de 80 na
biotecnologia.
O que é cultura de tecidos
de plantas?
Você cultiva plantas, de forma que possa manipulá-la, de
forma que pode modificar a célula se quiser, e obter em curtíssimo espaço de
tempo, clones iguais, plantas livres de vírus, doenças, podem ser utilizadas as
técnicas de radio biologia, dos transgênicos, você consegue manipular essas
células in vitro, com essas células você controla plantas, essas plantas
crescem e produzem.
O senhor editou algum
livro?
Editei nos Estados Unidos “Reflections & Connetions –
Uma Jornada Pela Ciência da Vida – foi publicado em Nova Iorque em 2014, fui
lá, teve uma festa maravilhosa. Esse livro foi editado por mim, pelo meu amigo
Willian R. Sharp e Julius P.
Kreier.
Quantos livros o senhor
tem já publicado?
Tenho um recém publicado nos Estados Unidos, dois que
foram publicados na Venezuela, tenho um publicado na década de 60 que é
utilizado até hoje. Tenho outros livros publicados em colaboração com ouras
pessoas. Participei de 69 congressos, simpósios e congressos no exterior e 69
no Brasil. Eu viajei o mundo!
Quantos idiomas o senhor fala?
Português e inglês entendo francês, italiano, Estudei
cinco anos de latim.
Em que ano o senhor aposentou-se?
Aposentei-me em 30 de setembro de 1989, mas continuei na
ativa até 2003, dando aula. Nesse meio tempo criei um instituto chamado Centro
de Biotecnologia Agrícola, a diretoria colocou o meu nome: Laboratório de
Biotecnologia Agrícola "Prof. Otto Jesu Crocomo¨
Em 2003 quando me aposentei de uma vez a bioquímica toda se fundiu com a
botânica. Esse centro foi construído com verbas que consegui. A ESALQ me doou
uma área de 9.000 metros quadrados, meus projetos eram administrados pela
FEALQ. Não vi nenhum tostão, eu só fazia a requisição. Esse prédio foi fundado
dia 2 de julho de 1981. Em 27 de outubro de 1988 foi inaugurado esse prédio. Em
1981 fiz o Primeiro Simpósio Internacional de Biotecnologia, em Piracicaba.
Depois, durante cinco aos fiz todos os Simpósios de Biotecnologia de Plantas.
Cada ano discutindo uma coisa, enquanto isso viajava. Em 1988 fizemos mais um congresso e mais um
livro foi publicado. Este ano recebi um diploma da Universidade de São Paulo, o
vice-reitor veio me entregar: de Professor Emérito. Só existem 10 professores
eméritos em Piracicaba. Eu sou o número 9. Foi uma festa maravilhosa.
Um comentário:
Maravilhosa jornada quanta contribuição para a ciência parabéns meu tio
Postar um comentário