PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 30 de dezembro de 2017
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 30 de dezembro de 2017
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://blognassif.blogspot.com/
Bibliotecária de referência na Divisão
de Biblioteca da ESALQ/USP desde 1998. Possui graduação em Biblioteconomia pela
Escola de Ciência da Informação da UFMG (1998). Especialização em Gestão e
Tecnologias da Qualidade pela Escola Politécnica da USP (2006). Atua nas
atividades de atendimento e capacitação de usuários para o uso dos serviços de
descoberta relacionados à informação científica, com ênfase em pesquisa
avançada na web, estrutura de trabalhos acadêmicos e gerenciadores de
referências. Tem experiência em temas relacionados à gestão de bibliotecas
universitárias, como mapeamento dos processos de rotina e coordenação das
bibliotecas setoriais do campus, atuando também no desenvolvimento dos canais
de comunicação e disseminação de serviços e produtos da DIBD: website, redes
sociais e eventos. Na área de Ciência da Informação desenvolve atividades de
Information Literacy, compartilhando este conhecimento com os pesquisadores em
treinamentos personalizados e seminários de capacitação, atuando nas
disciplinas obrigatórias dos cursos de Ciências dos Alimentos (LAN 0132 -
Informação Científica, desde 2010) e Engenharia Agronômica (LES 0216 - Conhecimento
e Pesquisa, desde 2016) da ESALQ/USP.
Ligiana Clemente do Carmo Damiano
nasceu a 12 de outubro de 1975, na cidade de Santa Fé do Sul, filha de Silas do Carmo e
Suely de Brito Clemente Soares, ambos já aposentados, ele do Banespa e ela como
bibliotecária da UNESP. Ligiana tem dois irmãos Levi Heitor e Leandro. É casada
com Adamis Souza Damiano Junior. Quem nasce na cidade de Santa Fé do Sul é chamado de Santa-Fé-Sulense.
O seu casamento com Adamis foi em qual
igreja?
Na verdade não foi em uma igreja, foi
em um barco chamado Odisséia! Foi um casamento ao ar livre, celebrado por um
primo meu, que é pastor e juiz de paz.
Foi o casamento dos seus sonhos?
Foi! O barco é de Buritama, São Paulo, fica ancorado no Rio Tietê, o barco
viajou pelo Rio Tietê, até o Rio Paraná, onde fica Santa Fé do Sul situada no noroeste do Estado de São
Paulo, a 625 km da capital. Hidrograficamente privilegiada e com clima
tropical, Santa Fé é ponto de encontro dos amantes da pesca esportiva e dos
esportes náuticos. É onde a minha família tem um “rancho”. O barco ancorou em
frente ao rancho, usamos toda a estrutura do barco para fazer a cerimônia que
foi feita no barco.
Como foi a decoração desse barco?
Foi feita por um
tio, Saulo Clemente, muito talentoso, ele tem uma floricultura e ateliê de
decorações na cidade, é a Moby Dick. Foi
ele quem fez toda uma decoração própria, rústica, muito bonita.
Você
estava vestida de noiva?
De
noiva, com chapéu! O Adamis estava com um terno claro, os marinheiros todos a
caráter, uniformizados. Foi um casamento
simples, mas ao mesmo tempo chique.
Foi a
noite ou de manhã?
Foi pela
manhã, as 10:30 começou o embarque para os convidados virem até o barco, foi
servida uma entrada, típica ao local, os convidados conheceram o barco, do meio
dia a uma hora da tarde foi feita a cerimônia, depois foi servido o almoço,
enquanto o barco ficou navegando o tempo todo pelo Rio Paraná! O desembarque
foi por volta das cinco e meia da tarde. A lua de mel foi na Costa do Sauípe, Bahia.
Quando manifestei o desejo de casar em
um barco, um primo que é fotógrafo profissional, conhecia esse barco, que
estava em excelente estado, só que eu teria que pagar o diesel para o
deslocamento do mesmo até Santa Fé do Sul. Era um valor bem representativo só
de diesel. Foi quando meu primo disse-me: “Prima, sonho não tem preço!”. O meu
pai, que me criou, Pedro Soares, e a minha mãe fizeram esse investimento. Na
cerimônia do casamento o meu pai biológico, Silas do Carmo me levou até o
barco, subiu comigo e foi até a metade do caminho onde me entregou ao pai que
me criou, Pedro Luis Soarez, que em
seguida me acompanhou até onde estava o Adamis. Foi muito emocionante!
Você
iniciou seus estudos em qual cidade?
Sai de
Santa Fá do Sul quando tinha uns quatro anos, mudamos para Rio Claro, onde tem
a Unesp, minha mãe tinha feito o concurso e foi transferida para a Unesp de Rio
Claro, estudei na hoje denominada Escola Estadual Carolina Serafim, na época
era Escola Estadual Indaiá. Lá estudei do pré-primário até a sétima série. A
oitava série eu estudei no Colégio Puríssimo Coração de Maria,O
segundo grau estudei no Anglo em Rio Claro, prestei vestibular e passei na
faculdade.
Você ingressou em qual escola?
Estudei na Universidade Federal de Minas Gerais, em
Belo Horizonte. Morei por cinco anos em Belo Horizonte, residia em uma casa de
família, no bairro Pampulha. A casa era muito grande, cada moça tinha seu
quarto, como o casal que era proprietário da casa, não queria desfazerem-se dela
alugavam para moças cujas famílias estavam fora de Belo Horizonte. Estudei
Biblioteconomia.
O que a levou a optar por esse curso?
A minha mãe é bibliotecária, desde criança eu
observava o trabalho dela, sempre gostei, admirei. Ela me incentivou bastante. Em
janeiro de 1998 eu me formei. Na época eu escolhi Belo Horizonte para estudar
porque era o melhor curso do Guia do Estudante. Prestei vestibular na Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar), fui aprovada.
Preferi escolher a que era considerada a melhor do Brasil na área em que eu
queria estudar.
A sua vinda para Rio Claro para
visitar a família era de tempos em tempos?
Vinha sempre no período de férias,
feriados prolongados, eram nove horas de viagem de ônibus.
Após formar-se a sua intenção era
permanecer em Belo Horizonte?
Eu tinha três propostas de emprego, lá
eu trabalhava na biblioteca da USIMINAS, no Centro de Documentação, foi o meu
primeiro emprego. Nessa época eu estava namorando, empregada, uma opção era
permanecer lá. Outra era a McKinsey
& Company, a Ex-Libris, ambas empresas de consultoria situadas em de São Paulo. Outra
opção seria assumir as bibliotecas do SESI do Estado do Paraná, deveria morar
em Curitiba. Ou o concurso que eu tinha feito na ESALQ, despretensiosamente. Acabei
passando em terceiro lugar, o concurso tinha duas vagas. Continuei trabalhando
em Belo Horizonte, em setembro fui chamada para assumir a vaga na ESALQ, tinha
surgido uma vaga na Biblioteca Setorial de Economia. Foi o período em que eu
tive que optar por uma das vagas. Foi uma decisão onde tive que optar por uma
série de fatores em detrimento de outros. Tive que fazer essa escolha em uma
semana. Entrei na ESALQ em 1º de setembro de 1998. Meu marido é de Rio Claro,
nos casamos em 2006.
Esse período de adaptação foi difícil?
Os dois primeiros anos foi bem
difícil. Sair de uma metrópole como Belo Horizonte, tinha uma vida independente
e voltar a morar na casa dos meus pais, em Rio Claro, que é uma cidade bem
pacata, essa readequação, ao mesmo tempo em que você quer avançar, foi bem
contraditória, mas teve o lado positivo, em setembro de 2018 vou fazer 20 anos
de ESALQ.
Quando você ingressou, em qual
biblioteca você iniciou?
Fui trabalhar na Biblioteca Setorial
de Economia, Administração e Sociologia. Fui para coordenar, gerenciar a
biblioteca. Quando cheguei era uma área mais recatada, ficava em uma sala, a
minha proposta era revitalizar a biblioteca, era pouco informatizada, estava no
inicio da informática. Teve um período em que pensei em abrir mão de
permanecer, já que tinha outras ofertas de emprego, ali estava difícil
implantar as mudanças que eram necessárias. O Professor Paulo Cidade de Araujo
Filho, era o chefe do departamento, me fez ver que eu deveria permanecer.
Disse-me que a intenção era de revitalizar a biblioteca, eu havia sido contratada
para isso. Ele abriu a gaveta, tirou um molho de chaves, me deu e disse: “-O
prédio novo foi inaugurado, aqui do lado, você não vai embora, eu preciso que
você faça essa mudança!”. Com essa motivação, passei a realizar meu trabalho
com afinco, passei seis anos padronizando a biblioteca. O meu foco maior era
padronizar a biblioteca setorial com a biblioteca central. O resultado foi tão
bom que a minha chefe, Márcia Saad, me deu a incumbência de padronizar as
outras bibliotecas do campus, como coordenadora das três bibliotecas setoriais,
englobando a biblioteca de genética e a de ciências dos alimentos. Trabalhamos
mais uns seis ou sete anos nessa padronização das três bibliotecas.
Estamos nos referindo a
aproximadamente quantos mil volumes?
A biblioteca de Economia em torno
de 20.000 volumes, a de Alimentos uns 15.000 e a de Genética uns 9.000 volumes.
As bibliotecas de Alimentos e Genética posteriormente foram centralizadas, com
toda a padronização que fizemos melhorias dos ambientes, trocas das estantes,
ambientação, pintura das paredes, climatização com ar condicionado, com o apoio
da chefia da biblioteca, com toda essa revitalização o número de usuários
aumentou consideravelmente. Colocamos terminais de pesquisas mais modernos,
mesas e salas para grupos ou individuais mais adequadas, foi feita toda uma
revitalização e padronização. Quando finalizamos esse trabalho, mais uns seis
ou sete anos, percebemos que a demanda começou a migrar para o suporte digital.
A USP assina uma grande quantidade de livros e revistas digitais e esse
acréscimo foi tornando-se cada vez maior. Em termos de acervo local e acesso
físico já não tinha mais em que investir e sim de ensinar as pessoas a usarem
toda essa coleção. Foi quando finalizei a coordenação das bibliotecas. Assumi a
parte de comunicação e também de auxiliar a equipe, migrei da plataforma de
trabalho de uma rotina de uma biblioteca impressa das funções técnicas de coordenar e
executar, fui para a biblioteca central
assumir o novo posto que é somar, hoje somos uma equipe de três pessoas que dão
os treinamentos para utilizar todos esses recursos.
O acesso digital, através da re
rede Wi-Fi local permite o acesso do próprio celular ou computador pessoal?
O aluno estando habilitado ele
consegue obter todos os PDF de qualquer suporte. Nós vamos às salas de aulas,
damos treinamentos, ensinado, capacitando, em parceria com o docente da ESALQ.
A tendência é a migração para o
livro eletrônico?
Sim...e não! Em 1998, a internet
estava no auge, trouxe sensação do novo,
da mudança, várias profissões foram realocadas ou extintas. Tínhamos a
principio a impressão: “– O livro irá acabar!”. Atualmente, após 15 a 20 anos,
percebemos que foi muito pelo contrário, a internet valorizou o livro. Hoje
quando tenho uma cópia, tenho uma cópia daquele livro! Aquela cópia torna-se
mais valiosa do que se ele estivesse em um PDF disponível. Diminuíram as
tiragens de exemplares, só que aumentou o acesso. A internet de certa forma
valorizou os conteúdos. Hoje biblioteca
é muito mais um ambiente de convivência, de usar, desfrutar. Sempre digo que a
biblioteca tem que chamar a atenção de cinco sentidos da pessoa: o olfato; a
visão; a audição e o paladar. Só em acervo digital a USP tem 260.000 ebook, o
acervo da biblioteca da ESALQ é de 115.000 itens. Hoje o pessoal não precisa ir
até a biblioteca para acessar o documento digital.
Quando você menciona olfato
refere-se propriamente a que?
A nossa biblioteca é centenária,
e de 1901 e você não sente o cheiro de livro velho! Há todo um trabalho de
higienização, de manutenção, de restauro, conservação dos ambientes,
ventilação, luminosidade, isso faz com que esses ambientes sejam agradáveis.
E o paladar?
Acho importante, com os devidos
cuidados, porque não ter um ambiente com aroma de café, pão de queijo? Basta
olhar o conceito das novas livrarias. O ambiente todo colorido, moderno,
dinâmico. Atrai a pessoa. No nosso espaço acontecem muitos eventos, como
lançamentos de livros, palestras, o nosso acervo impresso do setor agrário é o
maior da América Latina. Diariamente
temos muitas consultas feitas por pessoas dos mais diversos países. A nossa
equipe atua mais como fornecedora de informações. Fazemos parte de um sistema
de bibliotecas cooperadas do mundo todo. Como somos a base em agrária, mais
enviamos informações do que pedimos. Caso você queira um livro de literatura,
como usuário da USP, nós solicitamos da Escola de Comunicação e Artes, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo nós trazemos, você vem, retira o
material aqui, depois da devolução mandamos de volta à origem. Hoje a USP tem 48 bibliotecas, com empréstimos unificados, é tudo
padronizado. Cada uma dessas bibliotecas é especializada em uma área. Na USP
hoje são cerca de sete milhões de itens impressos nas estantes! Temos muitos
documentos de acesso aberto, o usuário não precisa necessariamente estar
registrado pela USP. Outros são de acesso restrito em função de custo. A
relação do corpo docente e discente com a biblioteca tem melhorado ano a ano. O
acesso é incentivado através de diversas ações praticas.
Você tem idéia de quantas pessoas
acessam a biblioteca virtualmente?
Não, mesmo porque são 218 portais de
repositório de documentos, cada portal é de uma editora, do mundo todo. Fazemos
parte do consórcio internacional, somos associados a FAO, temos acesso a
Biblioteca do Congresso Americano, EMBRAPA e muitos outros espalhados pelo
mundo. Todo esse universo de informação demandou uma nova política implicou em
mudanças: Vamos focar no acervo ou no acesso? Focamos no acesso, para não
termos um acervo restrito.
Essa formulação de integração das bibliotecas
da ESALQ é sua?
Foi uma proposta minha. Tínhamos
muitas pessoas ocupando o espaço e poucas utilizando o acervo. Aumentou muito o
uso do acervo digital. Somos produtores da Série Produtor Rural, divulgada no
programa Globo Rural aos domingos pela manhã. Somos editores em parceria com
professores e alunos que escrevem assuntos técnicos, em tese, de alta
relevância e complexidade, eles transformam numa linguagem bem simples. Para
que o pequeno produtor tenha acesso às informações geradas pela universidade. A biblioteca faz toda editoração e impressão
na gráfica da ESALQ por conta da biblioteca, o professor, o aluno, entra com o
conteúdo, gera-se uma cartilha ilustrada, de poucas páginas, o pequeno produtor
pode fazer dowload gratuito assim como também, pode receber pelo correio.
Você tem algum hobby?
Tenho, embora esteja um pouco parado
pretendo ressuscitá-lo, estudei por cinco anos o Conservatório de Piano. Toquei
muito na igreja evangélica.
Você pratica algum esporte?
Atualmente estou praticando corrida.
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