domingo, março 03, 2019

VICTOR FERREIRA VITOLO (CONTINUAÇÃO)


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 22 de dezembro de 2018.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/          
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: VICTOR FERREIRA VITOLO (CONTINUAÇÃO)
Victor Ferreira Vitolo nasceu a 1 de dezembro de 1930, na cidade de Olímpia, é filho de Alberto Vitolo e Maria Francisca Vitolo. Do alto dos seus 88 anos, pode ser encontrado pela manhã, em sua caminhada matinal, com passos firmes, raciocínio rápido, descontraído, carrega consigo a experiência de muitas dificuldades vencidas, graças a um objetivo estabelecido e perseguido com incessante persistência. Casado em segundas núpcias com a Dra. Claudete Restani.  A narrativa da sua trajetória envolve décadas, fatos como a perda dos pais precocemente, já com 12 anos iniciou sua vida como auxiliar de cartório. Um faz-de-tudo. Fora das vistas do patrão, aprendeu e praticou datilografia. A máquina de escrever Remington era quase uma entidade intocável. Com a cumplicidade do seu chefe, o Rochinha, Victor como um predestinado estava dando os primeiros passos para uma carreira de sucesso. Tornou-se grande conhecedor das lides cartoriais. Recebeu um convite irrecusável, que logo percebeu que queriam de fato o seu conhecimento, sem a contrapartida que o atraiu. Removeu-se para o Décimo Cartório de São Paulo, onde trabalhou como escrevente. Em 1961 foi para Paranapuã, onde perante o juiz tomou posse como Oficial do Registro Civil  (Proprietário).  Bacharel em Direito formado em Itu, teve como professor de Direito Constitucional o atual Preseidente da República Michel Miguel Elias Temer Lulia.
O senhor chegou a realizar testamentos?
Só fiz um como serventuário público, de um colega do sub-distrito de Itaquera. Naquela época era o juiz que tinha que assinar o termo de abertura de todos os livros do cartório. Hoje o próprio titular autentica as folhas do livro. Quando era procurado para realizar um documento de testamento, em benefício da pessoa e dos envolvidos, eu aconselhava que a pessoa fizesse a doação com reserva de usofruto.
A sua família em dezembro de 1961 mudou-se para Paranapuã?
Exatamente! Eu sempre tive muita fé, e em todos os lugara para onde fui sempre encontrei um amigo. Amigos na vida, encontramos poucos. No período em que fiquei sózinho em Paranapuã, hospedei-me em uma pensão da família Salmazi, originária de Olímpia. Fui verificar o cartório, tinha um escrevente respondendo pelo cartório até ser provido. De imediato verifiquei que havia muitas falhas técnicas, Fui até o forum e requeri para o juiz fazer uma correição no cartório. Eu iria assumir, o cartório ficaria sob a minha responsabilidade. O juiz marcou a data, a pessoa que trabalhava lá não gostou muito, O juiz chegou, verificou que tinha muita coisa com rascunho, ou cópia com papel carbono, não havia sido transcrito no livro. O juiz determinou que eu fizesse todos os atos. Outra falha encontrada foi que não tinha sido recolhido o valor dos selos de impostos e taxas. O juiz disse-me: “- O senhor adquiriu os ativos e passivos. Aos poucos vai colocando tudo em dia”. Não aplicou penalidade nenhuma. Paranapã tinha uma característica: Trabalhávamos só na safra! Nascia uma criança, ou tinha um casamento, a pessoa vinha e dizia: “-Seu Victor, nasceu a criança, preciso do registro”. Eu fazia, e marcava em uma caderneta! Igual a caderneta que os armazéns usavam. Eu marcava e depois ele me pagavam na safra! Cheguei a fazer até escritura, a pessoa precisava da escritura para fazer financiamento bancário. Minha senhora lecionava no Grupo Escolar da cidade, eu comecei também a ser professor sustituto. Inclusive fui professor do segundo ano escolar da minha filha mais velha, a Cintia. No final do ano ela não passou, repetiu. Reprovei a minha filha! Ao lado da escola havia uma padaria que tinha um gerador de energia para movimentar as máquinas de fazer pão, fornecer luzes e demais aplicações. Fui lá e perguntei se o dono da padaria poderia fornecer energia. Ele forneceu. Coloquei uma bomba de água no poço, uma caixa d`água, nós tomávamos banho no chuveiro conhecido popularmente como “enforcado”. É um chuveiro com um depósito de água, o depósito é cheio e através de uma carretilha erguido acima da cabeça do banhista. Era uma região muito quente, mas caso desejasse poderia colocar uma parte de água aquecida. Com o depósito no seu lugar, era só abrir a torneirinha. Funcionava perfeitamente! Estamos falando de 1962, 1963!
Falar que não havia energia elétrica naquela região do Estado de São Paulo, nessa época parece uma coisa muito estranha. 
Aqui cabe uma observação, Paranapuã era um distrito pertencente a outro município, Dolcinópolis, onde havia energia elétrica. Usei um pouco dos meus conhecimentos para transformar Paranapuã em municipio. A arrecadação do nosso distrito era maior do que a arrecadação de Dolcinópolis. Eles recebiam a verba e não aplicavam nada em Paranapuã. Comecei a trabalhar para criar o municipio de Paranapuã. E chegamos lá, em dezembro de 1963 tinhamos criado o municipio! Só que veio a Revolução em março de 1964, tinha que ser realizada a eleição para primeiro prefeito, primeiro vereador. Com a Revolução foram suspensas todas as eleições.
O municipio já havia sido criado, mas não tinha autonomia?
A época das eleições chegaram, mas ainda dependíamos politicamente de Dolcinópolis. Um povoado chamado Mesópolis, foi elevado a Distrito. Eu perdi território, lá iria abrir um cartório. Em Paranapuã ficamos esperando as decisões políticas para realizar as eleições na cidade. Um grupo me indicou para ser prefeito de Dolcinópolis, Outro grupo indicou outro candidato. Na convenção eu ganhei. Fui candidato a prefeito. Lançaram um candidato de Mesópolis, Fomos à rádio, fizemos comícios, carreatas, estava uma beleza! Uns dias antes das eleições, escreveram nas paredes de Paranapuã: “Somos assim: a enxada contra a caneta.” Isso em uma região puramente rural. Outra frase: “ Cuidado com a caneta”. Outra frase: “Ele é um forasteiro.” Eu tinha muito conhecimento em Jales, lá era a sede da Comarca, conhecia todos os advogados, inclusive eles me levavam serviço. Captei serviço na cidade de Jales, onde havia dois outros tabelionatos, até o Oficial da Comarca quando tinha algum serviço complicado mandava para nosso cartório. Eu fazia muitos contratos de arrendamentos, tinha um moço, cujo pai havia conseguido uma área de 1600 alqueires (cada alqueire mede 24,200 metros quadrados), ele deveria lotear áquela área e implantar uma reforma agrária. Flávio era o nome do filho, ele foi me procurar no cartório, ele e o pai moravam em São Paulo. Conversamos por um bom tempo, até que ele me perguntou: “-Você tem onde morar?” Disse-lhe: “-Estou procurando!” Na fazenda havia uma casa modesta, que ele havia cedido para as professoras morarem lá. Fomos até a casa, ele disse: “A partir de dezembro o Seu Victor vai mudar para cá com a família”. Ele disse ter sido muito bom eu ter ido para Paranapuã, o escrivão anterior não era dedicado. O pai dele loteou os 1.600 alqueires, em lotes de 10, 20, 30 até 50 alqueires. E vendeu como reforma agrária. Ele fez a cidade com lotes de 10X25 metros, a corretagem ele passou para mim, comecei a ganhar um dinheirinho. A casa que ele cedeu para que eu morasse, disse que quando eu pudesse pagar ele falaria quanto era, ele nunca disse o valor!
Você tem algum hobby?           
Era trabalhar! Mas em 1980, nessa época eu morava em Indaiatuba, em uma ocasião, com uns colegas, fomos pescar no Rio Coxim, em Mato Grosso do Sul. Estávamos subindo o rio, com uma filmadora eu estava registrando a nossa aventura. Um barco passou por nós, provocando um forte movimento de água. Para ter uma visão melhor, eu estava sentado em uma cadeira de praia...sem ser fixada. Fui lançado na água. Com roupa jeans, mangas protetoras, botina, afundei, só que sempre tive a instrução para não perder a calma, sabendo nadar, “boeei” a uns 200 ou 300 metros do barco. Procurei nadar no sentido do barranco mais próximo. O barqueiro virou a direção do barco, me alcançou e fui recolhido, todo molhado. Os companheiros queriam encerrar a pescaria ali, eu fui firme, agradeci a gentileza e disse: “ Vamos continuar a pescaria!” Continuamos, passamos um dia normal, com uma boa coleta de peixes!
Em Paranapuã quanto tempo o senhor permaneceu?
Fiquei de 1961 até janeiro de 1967. Eu era o preparador eleitoral de Paranapuã, aumentei o eleitorado. Muitas pessoas ainda mantinham ao titulo eleitoral com a cidade de origem, não tinham feito a transferência. Em menos de um ano fomos autorizados a fazer a eleição em Paranapuã. Fiz uma viagem para São Paulo, para acertar os detalhes da eleição no Tribunal, fui com José Ribeiro, amigo da política, Viajamos pela Estrada de Ferro Araraquara, fomos jantar no trem, conversamos, até que ele disse “-Vamos conversar de homem para homem. Na eleição agora você vai ser candidato?”  Disse-lhe: “- Se me escolherem novamente serei candidato”. Foi quando ele disse-me: “ Eu vou ser candidato!”. Disse-lhe: “Nesse caso não serei candidato”. Ele sugeriu, eu aceitei a ser candidato a vereador. Ganhamos a eleição. Fui eleito com a maioria de votos, por consequência tornei-me o Presidente da Câmara. Instalamos a Câmara Municipal de Paranapuã. Naaquela época vereador não tinha salário, não ganhava nada. Só tinha despesas do próprio bolso. Pedi ao meu Oficial Maior do Cartório para ser meu secretário na Câmara. Também não ganhava nada. Faziamos duas ou três reuniões por mês. A noite, no salão iluminado com gerador a diesel. Fui presidente da Câmara de 21 de março de 1965 a 21 de março de 1966. As coisas começaram a funcionar normalmente, até que começaram a desandar. O prefeito nomeou o cunhado dele como tesoureiro da prefeitura, o que é proibido por lei, nomear parentes até terceiro grau. Eu o alertei. De nada adiantou. Disse-lhe: “ Toda compra acima de “X” só pode ser feita por concorrência pública”. Uns dez ou quinze dias depois ele apareceu com uma caminhonete novinha. Após assumir o “puder” como diz um famoso politico, ele tornou-se outra pessoa. Virou um bicho. Era tudo estrada de terra, precisávamos de uma motoniveladora. Vim na Caterpillar de Campinas. Ficava em noventa e dois milhões na moeda da época. Seria paga através de crédito consignado do fundo de participação dos municipios. A caminhoenete ele devolveu! Eu disse a ele:  “ Eu não aprovo isso!”.  Dois meses depois ele passou no cartório e me pegou no fusquinha dele, estavamos na estrada de Jales, chão de terra. Ele parou, e disse-me: “ Aquele projeto que eu mandei para a Câmara eu quero que você aprove até amanhã!”. Era para pagar uma motoniveladora usada que ele tinha comprado. Ela estava no posto do Nenê, no centro de Jales. No dia seguinte fui ver a motoniveladora. Custou sessenta e dois milhões. Os pneus estavam três arriados, no chão. Tinham pintado com uma tinta que parecia de parede. Voltrei para Paranapuã, peguei mais dois vereadores e levei para ver a motoniveladora. A documentação estava rasurada, era um veículo com mais de doze anos, tinham alterado a data. Uma falsificação grosseira. Na Câmara expus tudo o que constatei. Resultado da votação: ¨X” a favor dele, inclusive um vereador era irmão dele.
O que o senhor fez?
Disse-lhe: “ Está aprovado! Só que vou denunciar!” Fiz um ofício e mandei para o Presidente da República Humberto de Alencar Castello Branco. Disse isso publicamente, e o prefeito estava ali fora do prédio. De fora ele gritou: “Se você me denunciar ou denunciou, uma das mulheres, minha ou sua vai chorar viuvez”. O povo todo ficava alvoroçado, estava pegando fogo na política do lugarejo. Eu não tinha intenção nenhuma de matar uma pessoa, não nasci para isso. Os dois policiais militares de Paranapuã Altervir e Wanderlei frequentavam o cartório, ali todos se conheciam. Eles disseram-me: “O José Ribeiro anda dizendo que se for cassado é melhor você se prevenir, porque ele anda armado”. Comecei a trabalhar no cartório com o revólver em cima da mesa. Um dia encontrei-me com Roberto Rollemberg, era deputado federal, ele convidou-me para sentarmos e conversarmos. Então disse-me: “Sou seu amigo, tenha cuidado com o Zé Ribeiro, ele disse-me que se receber um IPM (Inquérito Policial Militar) ele te mata”. Um dia fui ao Fórum levar um documento para o Juiz Dr. Joaquim Ribeiro do Val. Ele disse-me “-Está um buchicho que o Zé Ribeiro está muito bravo com você”. Expliquei ao Dr. Joaquim toda a história, as bravatas do Zé Ribeiro que dizia: “-Eu sou o prefeito, eu é que mando!”. “O meu papel como vereador é a de fiscalizar os atos do prefeito. Assim como a Assembleia Legislativa fiscaliza o Governo do Estado, o Congresso fiscaliza o Governo Federal”
Qual foi a sua atitude?
Diante das circunstâncias, o mais razoável seria usar a inteligência a meu favor. Poderia destruir a minha vida se agisse por impulso. Em dezembro, peguei meu Volkswagen e passei por muitas cidades, disse à minha mulher: “Você vai escolher onde quer morar!”. Ela escolheu Indaiatuba. Ela passou a lecionar em um grupo escolar de Indaiatuba. Pedi para o Oficial Maior ficar cuidando do cartório. Sai de Paranapuã com a minha família e a mudança, sem avisar ninguém. Quando o povo descobriu que eu tinha ido embora queriam ir me buscar, foram dissuadidos pelo Edmundo, o Oficial Maior. Eu tinha sido secretário da Associação de Escreventes e Fiéis em São Paulo, arrumei uma casa em Indaiatuba que pertencia a um amigo dessa época. Os vizinhos ajudaram a descarregar a mudança! Tirei licença da Câmara de Paranapuã, naquele tempo os cartórios abriam aos sábados, entrei no Primeiro Cartório de Notas e Registro de Imóveis, perguntei quem era o serventuário, era o Seu Lita, o nome dele era Luiz Teixeira de Camargo, ele perguntou-me o que eu sabia fazer de cartório. Disse-lhe que sabia fazer tudo. Ele disse que estavam precisando de alguém para fazer serviços de fórum. Na segunda-feira comecei a trabalhar como auxiliar, enquanto não me exonerasse de Paranapuã não poderia ser nomeado em Indaiatuba. Ele tinha um filho, José Luiz Teixeira de Camargo. o Zé Lito, era o oficial maior. O Edmundo vinha todo mês, prestava contas. Renunciei ao cargo de vereador, pedi demissão do cartório e fui nomeado escrevente em Indaiatuba.
Como estava a situação política em Paranapuã?
Em Indaiatuba recebi um comunicado para participar de um IPM em Dolcinópolis. Fui para lá, só que antes pernoitei em Jales. Lá tinha muitos amigos, disseram que as coisas estavam feias lá em Paranapuã. Fui até Dolcinópolis, um tenente-coronel e um escrivão me receberam, perguntaram-me se eu tinha feito a representação, disse que sim, confirmei. Peguei meu carrinho e vim embora. Gostava de viajar a noite.
Que fim levou o IPM?
Não sei, porque o José Ferreira faleceu em um acidente com a caminhonete da prefeitura dirigida por um funcionário. O vice-prefeito assumiu.
E em Indaiatuba?
O Seu Lita era titular do Cartório de Registro Civil e Anexos. Indaiatuba passou a ser Comarca ele teve o direito de escolher o cartório que ele quizesse: Primeiro, Registro de Imóveis, Anexos, Tabelionato, ele não quiz o Registro Civil. O Rochinha foi nomeado para o Registro Civil, eu continuei despachando com o juiz, fiz juri. Os criminosos presos em flagrante negavam com total convicção. Negar o mal feito é regra geral. Talvez se a confissão abrandasse a pena alguns confessariam. O Rochinha foi aposentado compulsóriamente. Aí entrei no concurso. Eu já tinha sido convidado a ser candidato a prefeito de Indaiatuba. Era muito bem relacionado com o povo. Não aceitei por aconselhamento familiar. Eu desejava ir para São Paulo. Descobri que havia um distrito de São Paulo chamado Itaim-Paulista. O Tribunal não abria o concurso porque o local estava subordinado ao Cartório de São Miguel Paulista. Fui falar com o presidente da Assembléia Lagislativa Luis Carlos Santos. Expliquei todos os detalhes, era um local com mais de 100.000 habitantes, sem cartório. Fui até o Palácio dos Bandeirantes, dali a uma semana saiu o decrete para instalar o Cartório de Itaim-Paulista e responder cumulativamente pelo Cartório de Indaiatuba. Um outro amigo, João Genésio de Almeida, escrevente do Sexto Tabelião de São Paulo, viu o decreto me nomeando, fui para São Paulo, em seguida fomos para Itaim-Paulista, procurar um salão para instalar o cartório. Achamos um que estava para alugar, o proprietário tinha construido para ele colococar um cartório! Quando soube, ficou pasmo, acabou alugando. Fui até a Corregedoria, me deram posse. O João Genésio deu-me a chave da sua caminhonete para trazer metade dos móveis que eu tinha em Indaiatuba. E funcionários? Como eu iria arrumar pessoas aptas? Escrevente você não arruma num estalar de dedos. Conversei com duas funcionárias do meu cartório, aluguei um apartamento para as duas, e trouxe também o José Messias Bertolino, que era um menino que começou a trabalhar comigo aos catorze anos. Uma moça que passou lá, viu que tinha sido instalado um cartório , contratei ela também. Ela trabalhava no Cartório de São Miguel Paulista, trouxe mais duas funcionárias. A primeira vez que fui visitar o Cartório de São Miguel Paulista o Oficial (proprietário) do cartório achou que era um velhinho caquético, pelo número de pontos que eu tinha acumulado em minha carreira! Pedi afastamento de Indaiatuba, deixei o Oficial Maior. Fui exonerado do cartório de Itaim Paulista e nomearam uma pessoa de Itaquaquecetuba. Fui falar com o juiz, expliquei o fato. Os advogados foram até a rádio, fizeram um manifesto, em meio dia conseguiram seiscentas assinaturas a meu favor. Mandaram uma cópia para o juiz também. O juiz perguntou quanto eu gastei até o momento, com aluguéis de dois apartamentos, um para mim e outro para funcionárias, do prédio, enfim minhas despesas. Calculei em 90.000 reais. O juiz mandou chamar o cartorário recém empossado. Apresentou-nos um ao outro, Disse-lhe: “O senhor Victor gastou para instalar o cartório, trazer funcionários, fora os aborrecimentos. O senhor tem que depositar 90.000 reais para exercer o cargo de interino”. “Ele respondeu: “Eu não tenho nem 9.000 reais doutor, me arrumaram isso aí!”. O juiz perguntou: “Então o senhor não vai tomar posse?”. Ele disse: “De jeito nenhum!” Após algumas providências o juiz me nomeou. Continuei lá, comecei a fazer propaganda do cartório. Paguei para um carro com alto-falante, anunciar o cartório. Conseguimos, o Messias trouxe a sua família. Nisso abriu o concurso para assumir o cartório. Eu entrei, tinha a melhor pontuação, busquei cartas de referências de juízes, desembargadores. Fui nomeado. Fiquei por oito anos quando completei 50 anos de serviço em cartório pedi a aposentadoria, isso foi em dezembro de 1992. Deu mais porque no período em eu trabalhava não tinha férias, licença-prêmio, não sai de licença. Fui Comissário de Menores em Olímpia e São Roque. 
Na comemoração dos 105 anos de nosso Lar dos Velhinhos, denominado Primeira |Cidade Geriátrica do Brasil, o ilustre presidente Dr. Jairo Ribeiro de Mattos pediu a todos os moradores e beneméritos a colaborarem na edição 1906-2011, o que fizemos conforme consta nas páginas 83 e 84 o artigo “A Procura”.


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