sexta-feira, abril 17, 2009



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 08 de abril de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: AMADEU GOMES DOMINGUES





Em um prédio situado na esquina da Rua XV de Novembro e Rua do Rosário, uma faixa dependurada, com os dizeres “Vende-se”, parece uma página a ser virada na história recente de Piracicaba. Ao lado do “Dispensário dos Pobres” também conhecido como “Pensionato das Freiras”, onde dezenas de moças pensionistas, ali viveram durante o período de seus estudos em cursos universitários de Piracicaba. Por muitas décadas um estabelecimento comercial, de proporções físicas diminutas, foi para muitos o local que atendeu as urgências de complementos culinários e domésticos para as referidas pensionistas. Ao lado esquerdo do armazém, o Condomínio Vargas abrigava um grande número de “repúblicas” de estudantes. Profissionais de elevada competência, espalhados nos mais distantes rincões, quando ainda estudantes residiram ali, estabeleceram animados diálogos regados á deliciosa cerveja servida “no ponto”, no Bar da Rosário. Mais do que ingerir o líquido, havia a companhia de amigos, companheiros de jornada, muitos sonhando com o futuro, traçando planos. Aquele armazém além de servir gêneros próprios da sua atividade é uma fábrica de sonhos e de esperança. Em cada detalhe, parece que o tempo foi congelado. O ladrilho hidráulico, hoje bastante raro, a geladeira revestida de fórmica de um tom avermelhado, como era a moda da época. O que destoa do ambiente é a presença do proprietário que transmite uma energia simpática e autoritária, de alguém que foi talhado para atuar nesse ramo de atividade. Amadeu Gomes Domingues, aos 69 anos de idade, nasceu em 28 de novembro de 1939 é o proprietário desse armazém desde 9 de fevereiro de 1982.
Como o senhor passou a ser comerciante?
O meu trabalho anterior era na Itelpa. Uma indústria que fabrica telas para a indústria de papel. Trabalhei lá por 22 anos. Comecei a trabalhar em fevereiro de 1958, quando a Itelpa situava-se na Rua Moraes Barros esquina com a Avenida Armando Salles de Oliveira. Em 1969 ela transferiu-se para a localidade onde está situada até hoje, na rodovia que vai de Piracicaba á Tupi. Eu comecei a trabalhar na Itelpa quando tinha 18 anos de idade e sai com 40 anos. Antes eu trabalhei em uma indústria situada na Vila Rezende, era uma tecelagem de seda, chamava-se Suceda, trabalhei lá no período de 1955 até 1957, comecei a trabalhar lá com 14 anos de idade. Eu trabalhava no setor de estamparia, estampávamos o tecido. Na época eu morava no local denominado Morro do Enxofre, na Rua da Colônia, 132.
Como se chamavam seus pais?
Meu pai chamava-se Ricardo Gomes Domingues e a minha mãe Josefa Anhão Rando Gomes. Ambos vieram da Espanha, papai com 18 anos e mamãe com 11 anos de idade. Conheceram-se aqui na região de Piracicaba, naquela época havia as fazendas de café. A propaganda feita na Europa incentivou a vinda de muitos espanhóis para o Brasil. Meus pais desembarcaram em Santos, depois rumaram para São Paulo, onde ficaram na Hospedaria dos Imigrantes. Lá eram estabelecidos os contatos com emissários de fazendeiros, onde de forma fantasiosa arregimentavam os novos colonos, que na verdade vinham para substituir a mão de obra escrava dos negros libertos recentemente. Meus pais moraram no Bairro da Floresta, depois se casaram e se mudaram para Santa Maria da Serra. Isso já foi em uma fase em que tinham superado as imensas dificuldades sofridas pela família, desde a chegada ao Brasil. Mais tarde voltaram para Piracicaba e passaram a morar na Rua da Colônia. Meus pais tiveram oito filhos: Ricardo, Amadeu, Mercedes, Nelson, Maria, José, Josefa.
Onde ficava a primeira empresa em que o senhor trabalhou?
A Suceda ficava em frente ao Dedini. Para ir trabalhar tinha que pegar o primeiro bonde. Ás cinco e meia da manhã desciam os três bondes: o da Vila Rezende era o primeiro que descia, o segundo era o da Agronomia e o terceiro era o da Paulista. A garagem dos bondes era na Avenida Dr. Paulo de Moraes, próxima ao antigo Corpo de Bombeiros. Eu tinha que pegar o primeiro bonde para não pagar duas passagens. E se perdesse o primeiro bonde, teria que esperar o bonde voltar da Vila Rezende. Ou ir a pé do centro até a Suceda. Entrava ás sete horas da manhã e saia ás cinco horas da tarde, com intervalo de duas horas para o almoço. Naquele tempo levávamos a marmita. Eu trabalhava na estamparia. O tecido era estampado á mão, quadro a quadro. Um tecido com cinco cores usava cinco quadros como, por exemplo: branco, verde, preto, vermelho, amarelo. Os desenhos eram sobrepostos. Esticava-se o tecido em uma mesa com uns trinta metros de comprimento, almofadada, essa peça era colocada sobre a mesa, poderia ser popeline, seda. Ficava uma moça de cada lado com os quadros, e iam passando-se os quadros na seqüência. Tinha estampas que levavam duas cores, outras levavam quatro. Dali ia para uma máquina chamada vaporizador para fixar essa tinta no tecido. Em seguida ia para a lavanderia e para a embalagem.
Como o senhor ingressou na Itelpa?
Eu completei 18 anos, e nessa época a Suceda estava em declínio. Eu tinha um tio que trabalhava na Itelpa e me indicou para trabalhar lá. Entrei em 1958, já em 1961 eu tinha passado de ajudante a tecelão e fazia urdições, que é o começo da tela, do tecido. Na época o tecido era feito em bronze ou em aço inox também. Por volta de 1968 a 1970 essa tela passou a ser feita em fio sintético. O bronze era muito caro e dava muito problema. A matriz da Itelpa ficava na Alemanha. Em 1961 a Itelpa comprou uma empresa em Buenos Aires. Éramos cinco pessoas de Piracicaba que fomos para ensinar o pessoal de Buenos Aires a trabalhar com os teares. Permaneci lá por três anos.
Na época o senhor era solteiro?
Era. Tinha 22 anos. Tive contato com a cultura argentina. A cada seis meses eu tinha direito a uma viagem para o Brasil, onde permanecia por 15 dias. Realizei essas viagens de avião, com exceção de uma que fui de navio para Buenos Aires, para levar uma máquina.
Buenos Aires traz lembranças de bons vinhos, carnes?
Já se passaram quarenta e poucos anos. Mas lembro-me de que éramos muito bem servidos com carnes, pão, massas. Mesmo porque a nossa alimentação era feita exclusivamente em restaurantes, pagos pela empresa. Eu não era muito ligado a esporte, tinha vindo do interior, não tinha muito conhecimento de esportes. Nessa época Pelé estava muito em evidencia. Coutinho que era de Piracicaba, também estava em evidencia. Os argentinos tinham muita curiosidade em saber sobre Pelé. Eu não tinha muitos subsídios para poder responder a todas as questões que me faziam. Procurava sempre me informar para matar a curiosidade deles. Um dos diretores da empresa argentina era muito esportista. Coincidiu que o Santos foi fazer uma excursão por lá, levando Pelé, Coutinho. Fomos assistir a uma partida no campo do River Plate, que fica em Nuñes, um bairro muito bonito de Buenos Aires, e o Santos ganhou de 8X2. Só Pelé marcou 5 gols, Coutinho marcou mais 2. No outro dia na fábrica, os argentinos nos aclamavam. Eu cheguei a ser sócio do Racing Club. Nós estávamos hospedados no Lafayette Hotel na Calle Constitucion, um dos diretores do hotel nos tornou sócios do Racing, o que nos dava uma série de vantagens, como piscina, a dançar o tango, que foi uma das coisas que não consegui aprender a dançar com perfeição. O tango bem dançado é difícil!
Como as moças argentinas o viam?
Não sei se era pelo fato de estarmos trabalhando em uma empresa como a nossa, e desfrutarmos de uma boa condição de vida, tínhamos facilidade em conquistarmos as moças argentinas. Só que na época era um país muito distante. Hoje com o avanço dos meios de transportes tornou-se um país de mais fácil acesso. Na época usávamos a Varig, Alitália, Lufftansa, para voar.
O senhor chegou a manter um namoro firme com alguma argentina?
Quase cheguei a casar! Namorei a moça por cerca de um ano. Freqüentei a casa da moça. Ela morava bem próxima á fábrica onde trabalhávamos.
O senhor ia almoçar aos domingos na casa dela?
Fui algumas vezes. Era servido churrasco, o argentino come muita carne. Eu me dava muito bem com o pai da moça, ele trazia um vinho, é um habito deles, oferecer o melhor vinho ao visitante. Só que no fim não deu certo. Ela era muito apegada á família dela, eu sou muito apegado a minha família. Fui muito claro com ela, disse-lhe que se nós chegássemos a casar e vir embora para o Brasil, seria muito difícil ela ver a família dela. Isso se tornou um empecilho para que continuássemos nosso relacionamento.
O senhor casou-se no Brasil?
Casei-me em 21 de janeiro de 1967 com Regina Passarelli Gomes na Igreja do Bom Jesus, tendo Monsenhor Martinho Salgot como celebrante. A festa foi na casa dela, fizemos um “empalizado”nós fomos cortar bambu na fazenda do pai dela em Santa Maria da Serra, fizemos o empalizado, com o encerado cobrindo, choveu muito naquela noite, mas deu uma bela de uma festa. Isso foi na Rua Bom Jesus, 1417.
O senhor chegou a voltar para a Argentina depois de casado?
Voltei para a Argentina, de carro, com a minha esposa grávida e um filho de três anos. Isso foi em 1973, no primeiro ano em que surgiram as férias de 30 dias na indústria. Eu tinha comprado um Fusca ano 1970, branco, 1200cc, e fomos para Buenos Aires. Levamos seis dias de viagem. Permanecemos um dia em Florianópolis, onde morava uma prima da minha esposa. Na Argentina ficamos por volta de vinte dias na casa de amigos que foram colegas na empresa.
O senhor permaneceu na Itelpa até que ano?
Até agosto de 1980. Foi quando fiz um acordo com a empresa, de empregado estável para empregado novo. Após 90 dias fui demitido. Meu último cargo foi de Inspetor de Qualidade da Divisão Telas. Recebi todos os meus direitos. Trabalhei por um período de um ano e meio na Cicobra, na Avenida Armando Salles.
Como o senhor entrou em um ramo totalmente diferente, que é esse em que o senhor trabalha hoje?
Eu tinha um cunhado que tinha um bar na Rua XV, e descobri que o antigo proprietário deste estabelecimento, o Sr. Antonio Granzotto estava querendo vender. O prédio era alugado, assim como eu também pago aluguel.
Qual foi o impacto que o senhor teve no primeiro dia já como proprietário?
Foi difícil! Eu não entendia nada! O antigo dono permaneceu por uns 15 dias me acompanhando. Comecei a pegar o jeito da coisa e segui até hoje.
Quando o senhor se estabeleceu aqui já existia o Dispensário dos Pobres?
Já! Na época em que entrei aqui o dispensário era bem atuante.
Existia também o pensionato para as moças?
Existia. O portão de acesso para as moças era fechado ás 11 horas da noite. Os pais deixavam as moças hospedadas aí com inteira segurança. Elas faziam as faculdades de odontologia ou agronomia, cada uma fazia o curso que havia escolhido. Era pensionato de moças. Namorado não entrava. Aqui ao nosso lado temos um conjunto de apartamentos chamado Conjunto Vargas, era república só de homens. Poderia até existir alguns que tivesse alguma namorada lá, mas no horário estabelecido pelo pensionato a moça tinha que se recolher.
De forma geral como era a rotina das moças que moravam no pensionato?
Elas viajavam no final de semana para as suas cidades de origem, e quando voltavam traziam alimentos congelados. Cada uma tinha o seu espaço nas geladeiras. Elas tinham que fazer a própria comida no pensionato. Ás vezes faltava alguma coisa. Elas vinham comprar aqui, por exemplo, um ovo. Outra vinha comprar uma cebola. Ou um tomate. Algumas perguntavam: “-Você vende um ovo só?”. Eu brincava, dizia que só não vendia metade porque não tinha onde cozinhar um ovo. Algumas fumavam, vinham buscar dois, três cigarros avulsos. O nome do estabelecimento é Bar da Rosário, antigamente era conhecido como “Jumbinho da Rosário” em uma alusão ao supermercado Jumbo. Era em uma época em que eu trabalhava com legumes, e diversos gêneros alimentícios.
Os rapazes se reuniam na frente do estabelecimento para tomar cerveja?
Isso era mais aos finais de semana, na sexta-feira, sábado. Naquele tempo havia umas oito mesas eles sentavam e ficavam a vontade. Havia algumas meninas que também vinha tomar cerveja. Era um número restrito de moças. Mas ficavam tomando uma cervejinha aos sábados á tarde ou na sexta-feira.
Uma pessoa muito famosa passava ás vezes por aqui?
O Sr. Eugenio Nardin, foi um grande amigo nosso. Ele era um artista muito importante. As portas da Catedral de Piracicaba foram feitas por ele. As cadeiras do altar também foram feitas por ele.
Uma figura folclórica freqüentava o estabelecimento?
O famoso Zé do Prato era nosso cliente. Ele foi casado com uma tia de uma sobrinha minha. Com isso criou-se uma amizade. O pessoal que freqüenta aqui são quase sempre os mesmos. Um que trabalhou por 22 anos na Boyes é o Oswaldo, mais conhecido como Pardal. Uma pessoa muito boa, muito conhecida. É uma pessoa muito inteligente.
Aqui é o ponto de informação da cidade?
Justamente! O que nós damos de informação! Perguntam onde é a delegacia, onde é o posto fiscal. A maioria pergunta onde é a Acipi, aonde vai “limpar” o nome. Procuram pela Guarda-Mirim.
As questões nacionais são resolvidas na mesa do Bar da Rosário?
Geralmente todos os bares têm as soluções mais perfeitas para os problemas que afligem a humanidade!
Nesse instante um freqüentador interrompe e solta a frase lapidar:
“O Bar do Amadeu é cultura!”. (Bar da Rosário ou Bar do Amadeu como é conhecido o estabelecimento pelos habitués).




quarta-feira, abril 01, 2009

DIA DA MENTIRA

O hábito de brincar com essa data é universal e vem sendo difundido há séculos. A origem das brincadeiras com esse dia é desconhecida, mas existe uma versão de que começou no século 16, com a mudança para o calendário gregoriano, que trocou a comemoração do Ano Novo para 1º de janeiro (antes comemorado entre 25 de março e 1º de abril, o primeiro dia da primavera na Europa). Consta que a troca custou a ser assimilada e quem continuava comemorando na antiga data era chamado de "bobo de abril". Essas pessoas eram vítimas de "trotes" e para elas, em 1º de abril, se contavam as maiores mentiras.

Na Inglaterra, quem "cai em 1º de abril" é chamado de noodle (pateta). Na França, de poisson d'avril (peixe de abril); na Escócia, de april gowk (tolo de abril); nos Estados Unidos, de april fool (bobo de abril). Bem, o "Dia da Mentira" certamente é uma história que não começou na nossa cultura, mas nós herdamos...




domingo, março 29, 2009

Encarnacion Marins Sturion




PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 28 de março de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADA: Encarnacion Marins Sturion


Ela é uma das pessoas mais conhecidas e estimadas da comunidade Piracicabana. Dona Encarnação e Seu Toninho durante décadas foram proprietários de uma banca no Mercado Municipal de Piracicaba. A especialidade deles eram os famosos pastéis, folhados, salgados, sempre acompanhados de uma caçulinha, um café com leite ou um pingado. Piracicaba evoluiu, o mercado sofreu reformas em suas estruturas, mas as lembranças permanecem límpidas na memória dessa senhora que até hoje é extremamente dinâmica. Nascida em 24 de setembro de 1926, Dona Encarnação parece ainda estar no mesmo ritmo que sempre levou, de muito trabalho e disposição para viver.
Dona Encarnacion, o seu nome tem uma origem peculiar?
Encarnacion era o nome de uma moça que foi namorada do meu pai João Miguel Marins quando ele ainda morava na Espanha. Minha mãe era Henriqueta Sanches Frias. Foi muito amiga da Dona Rosa Canaan Nassif. Passavam muitas tardes juntas, conversando, lanchavam juntas. Lembro-me de Dona Rosa, que ficava sentada no estabelecimento comercial onde hoje funciona uma lotérica, na esquina das Ruas do Rosário e Avenida Dr. Edgar Conceição. Uma imagem que permaneceu na minha lembrança eram os braceletes de ouro que ela usava! A nossa casa ficava onde hoje é o Banco do Brasil da Paulista. Dessa casa saíram cinco noivas! Eu fui uma delas. Onde hoje é o Banco Itaú havia uma casa de propriedade do meu pai e que era alugada. A nossa casa tinha as portas de duas folhas, colocava-se uma cadeira segurando as duas folhas. A distração da minha mãe era conversar com a Dona Rosa e com uma outra comadre. A casa permanecia o dia todo com apenas a cadeira segurando a porta! Não era comum usar chave, cadeado nem pensar.
O pai da senhora, João Miguel Marins trabalhava em que atividade?
Ele tinha sítio no Marins. Lá se chama Bairro do Marins por causa do meu pai, do meu avô. Meu pai veio da Espanha com 17 anos de idade e minha mãe com 9 anos. Eles tiveram os filhos: Isabel, Augusta, Maria, Encarnacion, Inês, José, Adelaide. Quando papai deixou de trabalhar exclusivamente no sítio, ele ia ao Mercado Municipal, comprava produtos de excelente qualidade, juntamente com banana, feijão que vinha do nosso sítio, e vendia para as donas de casa da Rua Governador. Naquele tempo as donas de casa não tinham o habito que nós temos hoje de ir ao supermercado. Nem havia supermercado. Aqui na Paulista não tinha quase casa. Não havia calçada, eram armazéns com uns poucos sacos de cereais a granel. As compras eram marcadas em cadernetas, á lápis. Ninguém “tungava” ninguém naquele tempo.
A Avenida Madre Maria Teodora era terra nua?
Na época era conhecida como Morro do Enxofre. Quando saímos de noiva tinha uma valeta tão grande na frente da casa do meu pai, isso em decorrência das águas de chuvas, as crianças brincavam naquela água e muitas acabarem afogando-se, indo parar no bueiro lá no fim da hoje Avenida Madre Maria Teodora.
Naquela época era hábito o namoro terminar ás 10 horas da noite?
Imagine! Ás nove horas da noite minha mãe já falava: “-Menina, amanhã você tem que levantar cedo!”.
O namorado que veio depois a ser o marido da senhora chamava-se como?
Era Antonio Sturion. No período em que namoramos, ele tinha a profissão de alfaiate. Era de família com origem em Saltinho, mas já estavam todos morando em Piracicaba, em frente á Santa Casa, onde hoje há um edifício com consultórios médicos. O Antonio, e seus irmãos José e Nozor Sturion eram alfaiates. Naquela época usava-se muito terno e ninguém comprava pronto. O meu sogro, Martinho Sturion era guarda no Mercado Municipal. A minha sogra chamava-se Angelina Ramelli Brancalion.
A senhora casou-se quando?
Casei-me no dia 28 de julho de 1946 na Igreja São Benedito. O Antonio pertencia á Paróquia da Catedral, naquela época ela estava em reforma. Então o casamento era feito na Igreja São Benedito. Os móveis do meu casamento foram feitos pelo Seu Luiz Nardin. A festa do meu casamento foi feita na casa do meu pai. Lembro-me que as cocadas eram fornecidas pelo Martini. A minha cunhada, Mirtes Sturion, irmã do meu marido, trabalhava na casa do Dr. Nelson Meirelles e Dona Livica. Ela os convidou para virem no meu casamento. O casamento foi realizado ás 2 horas da tarde. Teve o bolo, foi em um período em que o trigo estava racionado. Quem fez o meu bolo foi Dona Alzira Adamoli, há 60 anos só ela que fazia bolo de casamento. Quando Dona Livica e Dr. Nelson chegaram á festa do meu casamento quase morri de vergonha, tinha praticamente acabado tudo! Alguém foi até o local mais próximo buscar refrigerante, que naquele tempo era servido á temperatura ambiente! Não havia geladeira onde foram buscar.
Como surgiu o negócio de pastelaria no mercado?
O meu sogro pelo fato de já estar trabalhando no mercado acabou comprando um negócio voltado a servir café, pastel, lanches. Comprou um box para cada filho, eram em três irmãos. O Mansur era um comerciante que tinha loja no mercado, e que mais tarde veio a ser a Arca de Noé, já na Rua Governador Pedro de Toledo. Ele era solteirão, depois se casou com uma moça que veio da sua terra de origem. Chamava-se Sonia. A nossa banca vendia pastel, folhado, bolo de fubá, bolo de trigo, sanduíche. Abria ás seis horas da manhã e fechava ás seis horas da tarde. Ficava o dia inteiro fora de casa. Eu vinha á pé, correndo para amamentar o meu filho quando ele era ainda pequeno. E voltava a pé. Nesse tempo eu era feliz e não sabia. O nosso pastel era “puxado” na mão. Meu marido fazia um pastel que era uma delícia. Até hoje encontro pessoas que dizem sentir saudades do nosso pastel, do folhado que fazíamos. Até hoje ainda faço para a minha neta! Naquela época fazíamos pastel de queijo, carne, bacalhau, geralmente acompanhado de uma caçulinha, uma cerejinha, pingado ou uma média. Era uma delícia.
A senhora morava bem em frente onde hoje é a Praça Takaki, como era na época esse espaço?
Minha mãe criava cabra onde hoje é a Praça Takaki. Os cabritinhos quando estavam em uma idade de serem comercializados minha mãe vendia. As cabras a minha mãe amarrava no local onde hoje é a Praça Takaki. Á noite, antes de nós dormirmos, minha mãe fervia aquelas paneladas de leite e tomávamos, nós disputávamos a nata do leite! Minha mãe fazia até manteiga. Quase em frente á nossa casa morava o único motorista de táxi da Paulista, o Zaíco Martins. Era uma pessoa muito prestativa. Foi dele que meu marido e eu compramos o lote onde mais tarde construímos a nossa casa. O lote já tinha até poço d água, naquela época não havia água encanada na Paulista. Pagamos em prestações. Um freguês nosso, de nome Antonio, trabalhava no mercado e nas horas vagas construía casas. Ele que construiu nossa casa. Eu me comunicava com meu pai e com a minha mãe por cima da cerca! Papai cultivava uma horta no terreno da sua casa. Ele tinha um amigo chamado Manoel Castilho, casado com Dona Lili, ele é pai da Ivone, Hélio, Verônica. A Ivone era muita amiga da minha irmã Adelaide. A Ivone deve ter sido a moça mais bonita da Paulista.
Acima da Praça Takaki era uma área descampada?
Havia cana de açúcar plantada e um enorme descampado. Tinha plantação de algodão. Onde hoje é a Rua Sud Mennucci havia uma santa cruz. Nós tínhamos medo de passar lá. Próximo onde hoje é a Peixaria Lagostim havia alguns pés de manga. O senhor que cuidava da área chamava-se Ló, quando crianças nós íamos apanhar mangas, sem o conhecimento dele. Ele era um homem bravo, mas nós dávamos um jeito de apanhar as mangas.
Das construções existentes na época há um sobrado, que foi construído em 1934, a senhora chegou a freqüentá-lo?
Eu ia lá para arrumar o cabelo da minha amiga que morava lá, a Isabel. Eu tinha vergonha de ir lá, achava tão chique a casa da Isabel, ela me convidava para ir lá para enrolar o cabelo dela. Só tinha esse sobrado, era famoso, o lugar mais chique do bairro. Conheci um irmão dela, o Geraldo, que faleceu muito novo. Era um moço lindo. Eu comecei a trabalhar muito nova. Trabalhei na casa do gerente da Empresa Elétrica, o Seu Carlos Sachs. A sua esposa era a Dona Josefina, mãe do Dr. Japur. Depois fui trabalhar na Fábrica de Tecido Boyes, voltava para casa, comia alguma coisa, colocava um chapéu de palha na cabeça e ia apanhar algodão, onde hoje existe o Posto de Gasolina Jóia. Era plantação da família Conceição. O dinheiro que eu recebia da Boyes entregava para a minha mãe. O pouco dinheiro que conseguia ganhar apanhando algodão era para comprar tecidos para fazer minhas roupas. Naquela época era tudo feito em casa. Para comprar alguma coisa pronta era quase impossível. Eu tinha uma amiga que trabalhava na fábrica, só que ela usava o dinheiro que ganhava para mandar fazer vestidos lindos. Na época a Generosa era uma das melhores costureiras da cidade, ela morava na Rua São Francisco de Assis. Só os mais abastados é que mandavam fazer roupas lá. As nossas roupas eram feitas pela minha irmã mais velha que tinha sido aluna da Dona Alice Caprecci Soares, professora de corte e costura.
A senhora guarda muitas lembranças do Mercado Municipal?
A nossa banca ficava na primeira porta no sentido de quem vem pela Rua Governador no sentido centro para o bairro. Entrando, do lado esquerdo existe uma banca que têm uma grande variedade de itens para lanches, do lado direito tem um café. Seguindo, o nosso café ficava em frente ao açougue do Ubices. Hoje restou muito pouca gente da minha época. Naquele tempo a Aparecida Correia vendia flores. A Dona Therezinha que também vendia flores. O Henrique Usberti que tem o açougue. A Maria Portuguesa que vendia verduras, a mãe dela veio de Portugal e logo foi trabalhar no mercado. O José Bernardino está lá até agora. Vendi o meu café há 26 anos, quem comprou está lá até hoje. O Mori tinha uma peixaria. O Garcia tinha uma peixaria bem pegadinho com nós. Ainda está lá o Irineu Lopes, com armazém. Cada vez que vou ao centro vou ao mercado. Eu adoro lá. Éramos muito unidos. O Valdir Pachani tem banca lá. Os filhos do Spironelo permanecem. Existe a Banca do Laurinho. O Antonio Bracalion que é meu primo e compadre. O Caetano tem dois filhos, cada um trabalhando em uma banca.
A senhora entre inúmeros clientes teve alguns nomes importantes?
O Seu João Dutra, Arquimedes Dutra, eram todos nossos amigos. Iam tomar café lá. Minha nora Gilma Lucasechi Sturion chegou a executar pinturas sob orientação deles. O Seu João Dutra, que era mais velho do que o Arquimedes, ia tomar café com o meu marido Ele dizia: “-Sturion, vamos pescar na Rua do Porto?”. Meu marido sempre gostou de pescar.
A senhora também pescava?
Pescava com uma varinha!
A senhora chegou a ir a um estádio de futebol?
Eu ia. Sou Quinzista e Palmeirense! Hoje não vou mais por falta de condução. O meu marido jogava no MAF e no Jaraguá Futebol Clube. O campo ficava onde hoje está o Bazar do Bebê e aquele conjunto de lojas, na Paulista.
Em frente á Estação da Paulista existia uma sorveteria famosa?
No sobrado que fica na Rua Boa Morte, em frente á entrada principal da Estação da Paulista, existia a sorveteria do Seu Augusto. Ali os moços vinham namorar as meninas que moravam acima da linha da estação do trem. Era uma beleza. A concentração era lá. O seu Augusto fazia um sorvete de coco delicioso. Ela dava quatrocentão, o sorvete custava duzentos réis.
Como era a história do sinal que tocava ás 8 horas no mercado?
Lá pelas 8 horas da manhã batia um sinal, quem estava com alface, abobrinha, em cima da banca, colocava em uma cesta e ia vender na rua. A banca ficava desocupada. Só permaneciam os açougueiros, pastelarias. Onde hoje está o Brancalion era tudo descoberto, eram bancas de granito, grandes, existiam as de madeira também.
Hoje qual é sua distração?
Leio muito jornal, acompanho tudo pela televisão.
Comparando a época anterior com os dias de hoje qual é a opinião da senhora?
Eu acho que tudo está melhor.
A senhora gosta de música?
Muito! Meu marido tocava muito bem violão.
A senhora escutava rádio?
Em casa tinha um radinho, do tipo existente antigamente. Minha mãe não perdia um capítulo da novela “O Direito de Nascer” transmitido pelo rádio. Meu pai gostava de ouvir um missionário falar sobre religião.
A senhora lembra-se de ter ido a algum comício na Paulista?
Eu ia a todos. Do Guidotti. Do Salgot. Eles faziam comício e carreata, era com carrinho de tração animal, não havia quase carros. Ali no barracão que existe até hoje na Rua do Rosário, 2561 era o local onde havia reuniões de igreja, uma conferencia como agora tem na igreja São José. Que eu me lembre não havia outro lugar para nos reunirmos. Às vezes vinham missionários.







sábado, março 28, 2009

O único pecado de um empresário é não lucrar.
Benjamin Franklin.



O FAX DO NIRSO....

UM GERENTE DE VENDAS RECEBEU O SEGUINTE FAX DE UM DOS SEUS NOVOS VENDEDORES:

''SEO GOMIS, O CRIENTE DE BELZONTE PIDIU MAIS CUATRUCENTA PESSA.FAZ FAVOR TOMÁ AS PROVIDENSSA.ABRASSO, NIRSO.''

APROXIMADAMENTE UMA HORA DEPOIS, RECEBEU OUTRO:

''SEO GOMIS, OS RELATÓRIO DI VENDA VAI XEGÁ ATRAZADO PROQUE TÔ FEXANDO UMAS VENDA.TEMO QUE MANDA TREIS MIL PESSA. AMANHÃ TÔ XEGANDO.ABRASSO, NIRSO.''

NO DIA SEGUINTE:

''SEO GOMIS, NUM XEGUEI PUCAUSA DE QUE VENDI MAIS DEIS MIL EM BERABA. TÔINDO PRA BRAZILHA.ABRASSO, NIRSO.''

NO OUTRO:

''SEO GOMIS, BRAZILHA FEXÔ 20 MIL. VÔ PRA FROLINOPOLIS E DE LÁ PRA SUM PAULO NO VINHÃO DAS CETE HORA.ABRASSO, NIRSO.''

E ASSIM FOI O MÊS INTEIRO. O GERENTE, MUITO PREOCUPADO COM A IMAGEM DA EMPRESA, LEVOU AO PRESIDENTE AS MENSAGENS QUE RECEBEU DO VENDEDOR.O PRESIDENTE ESCUTOU ATENTAMENTE O GERENTE E DISSE:

''DEIXA COMIGO, QUE EU TOMAREI AS PROVIDÊNCIAS NECESSÁRIAS.''

E TOMOU...
REDIGIU DE PRÓPRIO PUNHO UM AVISO E O AFIXOU NO MURAL DA EMPRESA, JUNTAMENTE COM AS MENSAGENS DE FAX DO VENDEDOR:

''A PARTI DE OJE NOIS TUDO VAMO FAZÊ FEITO O NIRSO. SI PRIOCUPÁ MENOS EM ISCREVÊ SERTO, MOD VENDÊ MAIZ.''

ACINADO, O PRIZIDENTI.

Colaboração ACB.


quinta-feira, março 26, 2009

Tim, tim

"Não se vêem mais patacas e dobrões, a não ser em filme de pirata. Moedas de encher algibeiras e baús e pesar no bolso. Moedas sonantes e ressonantes. Uma vez fui investigar a origem da expressão "tim-tim por tim-tim" e não encontrei nenhuma raiz grega ou tupi-guarani. "Tim" era apenas a reprodução onomatopéica do barulho que fazia uma moeda batendo na outra. O som de metal contra metal. Pagar alguém era colocar moedas na sua mão, e o ruído de um metal sobre o outro - tim, tim, tim, tim - era o registro de uma transação bem saldada, de algo trocado pelo seu valor em ouro ou prata, com todos os tins devidos. As moedas não representavam outra coisa, as moedas eram o dinheiro, soavam como dinheiro. Depois veio o papel-moeda, que tecnicamente não é dinheiro, é uma vaga promessa de algum dia se transformar em ouro ou prata, e começamos nosso afastamento do tim-tim. Culminando com as vastas somas virtuais que hoje cruzam os céus de computador para computador, em silêncio. Ganhamos o dinheiro asséptico, intocado por mãos humanas, mas perdemos a onomatopéia." Luis Fernando Veríssimo


*Curiosidades muito interessantes !*
OS ANTIGOS SABIAM DISTO....

*Uma fatia de cenoura parece um olho humano. A pupila, íris e linhas raiadassão semelhantes ao olho humano... e SIM, a ciência agora mostra que acenoura fortalece a circulação sanguínea e o funcionamento dos olhos.

*Um tomate tem quatro câmaras e é vermelho. O coração é vermelho e têm quatrocâmaras. Toda a investigação mostra que o tomate é de fato um puro alimentopara o coração e circulação sanguínea.

*As uvas crescem em cacho que tem a forma do coração. Cada uva assemelha-se a uma célula sanguínea e toda a investigação hoje em dia mostra que as uvassão também um alimento profundamente vitalizador para o coração e sangue.

*Uma noz parece um pequeno cérebro, com hemisférios esquerdo e direito,cerebelos superiores e inferiores. Até as rugas e folhos de uma noz sãosemelhantes ao neo-cortex. Agora sabemos que as nozes ajudam a desenvolvermais de 3 dúzias de neuro-transmissores para o funcionamento do cérebro.

*Os feijões realmente curam e ajudam a manter a função renal e sim, sãoexatamente idênticos aos rins humanos.

*O aipo, bok choy, ruibarbo e outros são idênticos a ossos.Estes alimentos atingem especificamente a força dos ossos. Os ossossão compostos por 23% de sódio e estes alimentos tem 23% de sódio. Senão tiver sódio suficiente na sua dieta o organismo retira sódio aosossos,deixando-os fracos. Estes alimentos reabastecem as necessidades do esqueleto.

*Beringelas, abacates e pêras ajudam à saúde e funcionamento do ventre e docervix femenino - eles são parecidos com estes órgãos. Atualmente ainvestigação mostra que quando uma mulher come um abacate por semana,equilibra as hormonas, não acumula gordura indesejada na gravidez e previne cancros cervicais.E que profundo é isto?... Demora exatamente 9 meses para um cultivarum abacate de flor a fruta.

*Existem mais de 14 000 componentes químicos fotolíticos em cada umdestes alimentos (a ciência moderna apenas estudou enomeou cerca de 141).

*Figos estão cheios de sementes estão pendurados aos pares quandocrescem. Os figos aumentam a mobilidade e aumentam os números doesperma masculino,assim como ajudam a ultrapassar a esterilidade masculina.

**diabetics As batatas doces são idênticas ao pâncreas e de factoequilibram o índiceglicémico de diabéticos.*Azeitonas ajudam a saúde e funcionamento dos ovários..

*Toranjas, laranjas e outros citrinos assemelham-se a glândulas mamariasfemininas e realmente ajudam à saúde das mamas e à circulação linfática,dentro e fora das mamas.

*As cebolas parecem células do corpo. A investigação atual mostra que acebola ajuda a limpar materiais excedentes de todas as células corporais.Até produzem lágrimas que lavam as camadas epiteliais dos olhos...

Colaboração (involuntária) by Edu.






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