PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 19 de setembro de 2013
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 19 de setembro de 2013
Entrevista: Publicada aos sábados
na Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: MÁRCIO MONTEIRO TERRA
Márcio Monteiro Terra nasceu no
dia 17 de novembro de 1943 na cidade de Itaí, na região de Avaré, Estado de São
Paulo. Filho do professor Aracy de Moraes Terra e Zoraide Monteiro Terra que
tiveram os filhos: Magnus Monteiro Terra, Mário Monteiro Terra, Márcio Monteiro
Terra, Maurilo Monteiro Terra e Milton Aguiar Terra este último filho das
segundas núpcias do seu pai. Marcio tem um grande amigo, que considera como um
irmão: Daniel Libardi.
Até que idade você permaneceu em Itaí?
Posso afirmar que não conheço
Itaí, meu pai era inspetor escolar, era removido constantemente de uma cidade
para outra. Em Itaí ele permaneceu em torno de um ano, foi quando eu nasci, sou
itaiense por força das circunstâncias. Logo em seguida meu pai foi removido
para Tietê onde permanecemos por alguns anos, ele foi diretor do grupo escolar
de Tietê que existe até hoje. A minha mãe era formada professora, mas não
exercia a profissão.
Qual era a forma de lazer muito praticada na
época?
Sempre gostei de jogar tênis de
mesa, que na época era denominado de “ping-pong”. Lembro-me das famosas goiabadas
feitas em Tietê, a “Curuçá” era a mais conhecida.
De Tietê meu pai foi promovido de
diretor de grupo para inspetor escolar e transferido para Santos.
Quantos anos você tinha quando ocorreu a transferência
do seu pai para Santos?
Eu deveria ter mais ou menos uns
dez anos de idade. Fomos residir no bairro Gonzaga, na Avenida General
Francisco Glicério, travessa da Avenida Ana Costa, próximo onde havia a linha
de trem, não muito distante da praia. Meu pai inspecionava os grupos escolares
estaduais de toda a região de Santos. Permanecemos residindo em Santos por
cinco anos. Um concunhado dele era delegado de ensino de Piracicaba, hoje o
cargo recebe o nome de dirigente de ensino. A sede era na antiga casa do Preté,
onde chegou a ser o gabinete do prefeito de Piracicaba, na Rua São José esquina
com a Rua do Rosário. O concunhado dele, Mário de Almeida Mello, estava se
aposentando. Meu pai não queria permanecer em Santos.
Tinha algum motivo para que o seu
pai não permenecesse em Santos?
Nas visitas de inspeção ele tinha
que ir a lugares inóspitos, algumas vezes usava canoas para atravessar pequenos
rios, e em uma dessas vezes ele caiu, o barco virou e ele quase morreu afogado,
ele não sabia nadar. Estava só ele e o condutor do barco. Ele ficou
traumatizado. Sólon Borges dos Reis era muito amigo do meu pai. Meu pai foi
nomeado delegado de ensino em Piracicaba, imediatamente ele veio para cá.
Você passou uma fase muito
interessante da vida, dos 10 aos 15 anos em Santos.
Lá estudei no Instituto Canadá,
na região do Gonzaga, na Rua Mato Grosso, 163. Lembro-me que eu freqüentava
muito a praia. Jogava tênis de mesa no Clube Sírio Libanês que ficava na
Avenida Ana Costa. Meu irmão Maurilo jogava muito bem, eu era razoável.
Formávamos uma dupla e disputávamos o Campeonato Santista de Tênis de Mesa.
Naquele tempo o melhor jogador de tênis de mesa do Brasil morava em Santos, o
famoso “Biribinha” cujo nome é Ubiraci
Rodrigues da Costa, isso em 1954, 1955. Na época, Santos ainda tinha bonde.
Aproximadamente
em que ano a sua família mudou-se para Piracicaba?
Foi em
torno de 1957, viemos morar no centro da cidade, no Edifício Gianetti, no
décimo andar, bem ao lado do relógio da catedral. Eu era moço, não me importava
com as batidas do relógio marcando as horas. Talvez se fosse hoje me sentiria
incomodado. Meu pai adquiriu uma casa, fomos morar na Rua São João, quase
esquina coma Rua Regente Feijó. Eu tinha 18 anos e estava fazendo o Tiro de
Guerra, quem comandava era o sargento Guatura. Nessa época minha mãe faleceu,
ela pediu para que eu viesse até o centro comprar a revista Coquetel, ela
gostava de fazer palavras cruzadas. Quando voltei, vi a vizinhança toda em
torno de casa, ela tinha sido conduzida ao Hospital Gimenes, que mais tarde passou
a ser o Hospital Unimed, e hoje está desativado. O falecimento dela abalou a
família toda. Meu pai sofreu um golpe violento, viviam muito bem, era um casal
fantástico. Meu pai sempre foi um homem muito sério, respeitoso, integro e
honesto. Morei com o meu pai até meus 35 anos, via que ele era corretíssimo ao
extremo.
Nessa
época fazia o Tiro de Guerra e estudava onde?
Estudava
no Sud Mennucci, depois fui estudar no Colégio Dom Bosco, onde conclui o
científico. Sou do tempo do Padre Pedro Baron, primeiro diretor do
Colégio Salesiano Dom Bosco. Foram colegas
de colégio Adilson Maluf, Celsinho Silveira Mello. Nesse ínterim fui participar
de um curso de oratória promovido pelo SESI, que ficava no último andar do
prédio onde se situava o Cine Politeama, prédio que foi demolido e deu lugar ao
estacionamento do Banco Bradesco, na Praça José Bonifácio, no centro. Osvaldo Sobeck, jornalista, trabalhou na
Folha de Piracicaba de propriedade de Cecílio Elias Neto, como funcionário do
SESI ele deu um curso de oratória, participei desse curso. Alguém me falou: “-
Você tem jeito para trabalhar em rádio!”. Nessa época fui trabalhar no Jornal
de Piracicaba, onde permaneci por três anos como revisor. Entrava as onze horas
da noite e saia as cinco ou seis horas da manhã. Trabalhei com Losso Netto,
Nene Ferraz, Acary de Oliveira Mendes, Luiz De Francisco. Eu tinha uma atenção
especial com o editorial feito pelo Dr. Losso Netto. Isso no tempo do linotipo.
Eu saia do Jornal as seis horas da manhã e ia para o Tiro de Guerra. As vezes
ia trabalhar já com a farda. Era um tempo em que para encerrar o jornal eram
levadas horas e horas. O jornal fechava as matérias as onze horas da noite, até
fazer todo o jornal era um trabalho desgastante para o pessoal da oficina. E
para o revisor também, tinha que ficar acompanhando, eles traziam a prova para
ser revisada.
Quando você começou a trabalhar em rádio?
Comecei a trabalhar na Rádio “A Voz Agricola do
Brasil” da Rede Piratininga, situada na Rua XV de Novembro, onde atualmente é o
Supermercado Jaú Serv, havia uma padaria
da família Maranhão, existiam poucas padarias na cidade na época, na parte
superior era a rádio. Pela Rua XV tinha uma escada, que dava acesso a parte superior.
Como se deu o seu ingresso na rádio?
Falei com Ary Pedroso, Hugo Pedro Carradore, este
último tinha um programa do meio dia a uma hora da manhã, eu participava um
pouco do programa.Trabalhei com Duarte Filho que era o nome artistico de Miguel Célio Hyppolito, ele tinha um
programa de esportes sobre o futebol amador. Naquele tempo era comum , esse
habito permanece até hoje, a pessoa ter um nome civil e outro artístico.
Na rádio você fazia o que?
Locução. Fiz um teste e passei.
Iniciei trabalhando nos setores de jornalismo e esportes. “Piracicaba em 60
minutos” era um programa comandado pelo Hugo Pedro Carradore, fazia uma
participação a tarde com Duarte Filho e depois passei a ser reporter volante da
equipe de esportes que era comandada pelo Ary Pedroso, um dos melhores
locutores da história de Piracicaba. Ary era muito bom narrador de futebol.
O que é reporter volante?
É o locutor que fica dentro do
campo, fazendo entrevistas com jogadores, com técnicos, é o reporter de campo,
com cabo (fio) até o microfone. O cabo que liga o microfone a central até hoje
é insubistituivel, mantém a fidelidade do som. Existe os aparelhos sem fio, só
que perdem um pouco a qualidade, principalmente onde sofrem interferências. Eu
entrava em campo e ia entrevistar os jogadores de futebol, técnicos, e passando
as informações. Muitas vezes o locutor não via alguma coisa que havia
acontecido embaixo. Entrevistava o juiz, presidente do clube.
Você tinha acesso aos bastidores?
Após o jogo os vestiários eram
abertos, hoje já não é mais assim, há uma sala só para entrevistas. Naquele
tempo entravamos no vestiário, entrevistando jogador por jogador, alguns
tomando banho.
Ali você ouvia os comentários dos
jogadores entre si sobre a partida?
Nós tinhamos bastante afinidade.
Como repórter de campo, sem falsa modéstia, eu era muito bom. Eu tinha umas
tiradas boas. No então Estádio Roberto Gomes Pedrosa, que deu lugar ao Extra-Hipermercado,
na Rua Governador Pedro de Toledo, para chegar até o vestiário tinha um túnel e
os degraus, eu narrava, “Ary, estou no primeiro degrau, segundo degrau,
terceiro degrau.” Batia na porta e dizia: “ -Estou batendo na porta, vamos ver
se alguém abre para me atender!”. Na época isso era novidade.
Era no tempo em que o torcedor ia ao
campo levando seu rádio de pilha?
De cada dez torcedores, oito levavam
seus rádios. A audiência era muito grande dentro e fora do campo. Fiquei nessa
função por pouco tempo, o Ary transferiu-se para a Rádio Difusora e passei a
ser narrador. O programa chamava-se “Papo de Bola”, era das 11:30 às 12:00
horas. A tarde fazia outro programa chamado “Panorama Esportivo”, das 18:00 às
19:00 horas. Meu redator era Luiz Carlos Quartarollo, Rubens de Oliveira Bisson
era meu comentarista. Ai que apareceu Júlio Galvão. A rádio “ Voz Agricola”
peguei o final dela na Rua XV de Novembro, depois ela passou para a Rua Moraes
Barros, 1191. Depois passou para a Rua Moraes Barros, bem em frente ao portão
da Companhia Paulista de Força e Luz, o prédio foi demolido e deu lugar a uma
agência do Banco Itaú. Ficou alguns anos ali quando Francisco Silva Caldeira
comprou a rádio que era da Rede Piratininga. Ele mudou o nome para Voz de
Piracicaba, depois passou a ser Rádio Alvorada, Foi Rádio Antena 1, Rádio
Globo, hoje é a Rádio Onda Livre. Trabalhei um ano com Ulisses Micchi e Raul
Hellu na Rádio Difusora.
Qual foi o primeiro jogo que você
narrou?
Foi XV de Novembro e Palmeiras jogo
disputado no Estádio Roberto Gomes Pedrosa, em Piracicaba.
Você ficava na cabine de transmissão,
tinha que ter um grau de visão muito bom para distinguir os jogadores a
distância.
Naquele tempo ao qual estamos nos referindo, começo da
decada de 60, tinha ponta direita, ponta esquerda, centro avante, zagueiro
central, lateral esquerda eles guardavam mais as posições do que hoje. Após uns
10 minutos você pegava mais ou menos a fisinomia e a localização do jogador em
campo. Quem narra jogo de futebol, não pode corrigir um erro seu ao relatar um
passe de bola, apesar de que muito jogo de futebol que hoje é transmitido pelo
rádio a televisão também o transmite. Quem transmite não pode perder a
sequencia. Voce marca a escalação de 1 a 11, põe em um papael duas fileiras de
números e nomes, dos dois times, o juiz, e aí você comanda a transmissão.
Qual era o seu bordão na época?
O meu bordão, que ficou famoso era:
“ Enquanto a bola dança, o tempo avança!”. De cinco em cinco minutos eu falava
isso para anunciar o tempo e o placar do jogo. Eu sempre falei: “ O XV é o time
mais importante do mundo!”. Isso para ressaltar a importância que o XV
representava para a cidade de Piracicaba. Como representa até hoje, se bem que
o XV naquele tempo teve uma fase bem melhor do que a fase atual. O XV passou
por várias fases, muitas alternativas, teve uma fase bem próspera com o
Comendador Humberto D `Abronzo. Montou um grande time, em 1967 estavamos na
segunda divisão. Em 1948 o XV foi o
campeão da Lei de Acesso. Foi o primeiro time do interior que ganhou a Lei de
Acesso, passsou a participar da Divisão Especial do Futebol de São Paulo. Foi o
primeiro ganhador em 1948 e 1949. Se manteve até cair em 1965. O presidente era
José Luiz Guidotti. Ai entrou o D`Abronzo, o XV quase subiu em 1966, em 1967
acabou ficando campeão. Seu maior rival era o Paulista de Jundiaí. Lembro-me
perfeitamente que através de nossas rádios lotávamos dezenas de onibus levando
torcedores para assistirem jogos decisivos no Pacaembu, no Estádio Jaime Cintra em Jundiaí onde saia
muitas brigas. Os torcedores esperavam na estrada, sobre os pequenos viadutos e
ficavam jogando pedras nos onibus. Tivemos jogos violentos, tanto em Jundiai
como em Campinas.
O que está acontecendo com o futebol
nos campos, que não levam mais o mesmo perfil de público?
Atualmente há muitas transmissões
por televisão, canal aberto, canal fechado. O público vê pela tevisão grandes
classicos, e em times menores irá ver jogos de menor expressão. Há um grupo de
torcedores do XV que são aficcionados, são no máximo 10.000 pesoas, a média do
XV nesse torneio deve ser em torno de 500 pessoas pagantes. Quando vem
Corinthians, Palmeiras, até dividem o estádio, metade da torcidaa do Palmeiras,
outra metade é para a torcida do XV. A média de público chega a 6.000 pessoas.
O Estádio Municipal Barão de Serra Negra comporta 18.500 pessoas. Eu acompanhei
o XV durante 42 anos. Segundo o saudoso Rocha Netto, eu fui a pessoa que assistiu
mais jogos do XV. Devo ter assistido a uns 2.000 jogos do XV em minha carreira.
Você após ser por muito tempo
narrador dos jogos ocupou outra atividade no rádio esportivo?
Após narrar por uns 15 anos fui ser
comentarista. Conheci Chico de Assis, quando ele passou a narrar bem uma
partida disse-lhe “- Você narra a partida que eu comento!” Diversos
comunicadores iniciaram sua carreira comigo, entre os mais famosos: Roberto
Cabrini, Luiz Carrlos Quartarollo que está na Rádio Jovem Pan ha uns 30 anos,
ele era meu redator, depois o passei a reporter de campo, Rogério Achiles, Tony
José, Tarcisio Chiarinelli que fazia o plantão esportivo, informações sobre
jogos da rodada.
Márcio você fez algum curso de nível
superior?
Sou bacharel em Direito, pela
Faculdade de Direito de São Carlos, sou da segunda turma, me formei em 1973. O
meu pai não admitia que tivesse na família um filho que não fosse diplomado. No Jornal de Piracicaba, quando eu
era revisor escrevia também uma coluna sobre basquete, chamava-se “Basquete
Bolando”. Naquele tempo em que mudei para Piracicaba o forte do XV era o
basquete masculino. OXV foi campeão Sul-Americano, tempo do Vlamir, Filetti,
Pecente, Zé Boquinha, Valdemar Blatkauskas que faleceu em um acidente na Rodovia Anhanguera. Os
melhores times de basquete do interior eram o XV e Franca. Em São Paulo eram o
Palmeiras e o Sírio.
Essas coisas foram acabando por quê?
Nessa época o basquete era esssencialmente amador.
Hoje é profissional, o XV tem um time de basquete, uma luta insana do Caprânico
que é o presidente e mais alguns colaboradores. A diferença de receita do
basquete do XV com relação ao Pinheiros por exemlo é muito grande. Além do
apoio oficial há também patrocinadores.
Quando encerraram as atividades da Rádio Alvorada, você ficou parado?
A Rádio Alvorada foi arrendada para uma instituição
religiosa. Fui convidado pelo Evaldo Vicente para escrever na Tribuna
Piracicabana, logo depois o Jairinho Mattos me convidou para vir trabalhar na
Rádio Educadora. Ele queria lançar um programa jornalístico, e estava
encontrando dificuldades, segundo ele me falou, em encontrar um ancora. Assim
surgiu o programa “Comentaristas da Educadora”, que já está no ar a quase oito
anos, das 12:00 às 13:30, todos os dias de segunda a sexta feira, é o programa
jornalístico de maior audiência de Piracicaba. Esse programa inicialmente
começou comigo, com Waldir Guimarães, Jairinho Mattos participava de alguns
programas, e a Eliana Teixeira. Eu era o produtor e o ancora. De três anos para
cá foi contratado Mauricio Furlan, que tem muita experiencia em rádio, hoje ele
produz o programa e eu continuo sendo o ancora, junto com Waldir Guimarães,
Jairinho Mattos tem uma participação maior agora, o Beto Godoy que está de
férias, e o Paulo Eduardo Carlin, mais o Rogério Leme que faz o noticiário
policial. Essa é a equipe que comanda atualmente o programa “Comentaristas da
Educadora”. O programa começa com o meu comentário que se chama “ A Força da
Opinião”.
Marcio você casou-se?
Fui casado com Maria de Fátima Pachani, dessa união
que durou quinze anos nasceu uma filha, Maria do Carmo, residente em Los
Angeles nos Estados Unidos, tenho uma neta, Victoria, nascida lá. Uma vez por
ano minha filha vem à Piracicaba.
Você chegou a viajar pelo mundo?
Devo conhecer pelo menos uns 30 países, em 1983 foi
realizado o Prêmio Sanyo de Radialismo, fui eleito o melhor radialista de
Piracicaba, do Interior do Estado de São Paulo, na festa de encerramento
relizada no Maksoud Plaza, envolvendo os radialistas do interior e os grandes
nomes da capital, foi feito um sorteio entre 60 agraciados, fui sorteado com uma
viagem de 30 dias para o Japão, com tudo pago pela Sanyo. Conheci o Japão
inteiro.
Você recebeu convites para trabalhar na capital?
Tive bastante convites para trabalhar em São Paulo,
nunca fui, apenas em 1978 quando teve a Copa do Mundo na Argentina, eu tinha
muita amizade com Osmar Santos e com a equipe dele, fui convidado e participei
pela Rádio Globo de São Paulo, das transmissões, da Argentina mandava os flashs
para Piracicaba e participava das transmissões da Rádio Globo. Conheço bem
Osmar Santos, estive em seu casamento, ele veio diversas vezes me visitar em
Piracicaba. Osmar Santos criou um novo modelo nas transmissões esportivas.
Você já transmitiu algum jogo sem ver a partida?
Cheguei a transmitir um jogo inteirinho, quando
cheguei a Piracicaba a transmissão não tinha ido ao ar. Isso aconteceu umas
quatro ou cinco vezes, hoje é linha dupla, naquele tempo era uma linha só, não
havia o retorno do estúdio para quem estava transmitindo.
Você acha que o rádio melhorou ou piorou?
Acho que os mais antigos radialistas ainda continuam
sendo os melhores de Piracicaba, a renovação não acompanha a mesma capacidade
de antigamente. Com raríssimas exceções a renovação no rádio não alcança a
qualidade dos antigos. O locutor de rádio precisa vender propaganda para
sobreviver, antigamente não era tanto assim. Sempre vendi propaganda, já
tivemos em Piracicaba um caso em que um gago fazia um programa, ele só não era
gago ao falar no microfone, era um bom locutor. Trabalhou comigo muitos anos.
Márcio você participou da política?
Fui vereador durante 10 anos, por duas legislaturas.
Estive na Câmara de primeiro de janeiro de 1983 a 31 de dezembro de 1992, sendo
prefeitos Adilson Maluf e José Machado. Naquele tempo o rádio elegia, hoje não
elege mais, tanto que não temos nenhum radialista na Câmara. Outras profissões
ocuparam espaço na política.
Você realizou entrevistas com personalidades políticas de expressão
nacional?
Entrevistei Laudo Natel, Mário Covas, Fernando
Henrique Cardoso, Paulo Maluf entrevistei dezenas de vezes, tive amizade com
ele por muito tempo, frequentei a casa dele na Rua Costa Rica, 146. Conheci sua
esposa, Dona Sylvia. Almocei na casa dele diversas vezes. Isso quando eu era
vereador. Ele era prefeito de São Paulo.
Você acha que o fato de ser um comunicador ao se envolver com política pode
se comprometer?
Se o tempo voltasse eu nunca teria saido candidato a
vereador. Apenas entrei porque quem me convidou foi Jairo Mattos, que é uma
pessoa integra, honesta, tanto como pessoa como político.
Você já transmitiu algo inusitado?
Transmiti velório e sepultamento do ex-prefeito
Luciano Guidotti, fiz a cobetura total. A queda do Edificio Luiz de Queiroz
(Comurba) eu e Hugo Pedro Carradore ficamos instalados na farmácia do Kalil,
localizada na Rua Prudente de Moraes, durante 15 dias fizemos a cobertura de
todos os acontecimentos.
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