segunda-feira, setembro 23, 2013

MÁRCIO MONTEIRO TERRA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 19 de setembro de 2013
Entrevista: Publicada aos sábados na Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/



 



ENTREVISTADO: MÁRCIO MONTEIRO TERRA


 
Márcio Monteiro Terra nasceu no dia 17 de novembro de 1943 na cidade de Itaí, na região de Avaré, Estado de São Paulo. Filho do professor Aracy de Moraes Terra e Zoraide Monteiro Terra que tiveram os filhos: Magnus Monteiro Terra, Mário Monteiro Terra, Márcio Monteiro Terra, Maurilo Monteiro Terra e Milton Aguiar Terra este último filho das segundas núpcias do seu pai. Marcio tem um grande amigo, que considera como um irmão: Daniel Libardi.
Até que idade você permaneceu em Itaí?
Posso afirmar que não conheço Itaí, meu pai era inspetor escolar, era removido constantemente de uma cidade para outra. Em Itaí ele permaneceu em torno de um ano, foi quando eu nasci, sou itaiense por força das circunstâncias. Logo em seguida meu pai foi removido para Tietê onde permanecemos por alguns anos, ele foi diretor do grupo escolar de Tietê que existe até hoje. A minha mãe era formada professora, mas não exercia a profissão.
Qual era a forma de lazer muito praticada na época?
Sempre gostei de jogar tênis de mesa, que na época era denominado de “ping-pong”. Lembro-me das famosas goiabadas feitas em Tietê, a “Curuçá” era a mais conhecida.
De Tietê meu pai foi promovido de diretor de grupo para inspetor escolar e transferido para Santos.
Quantos anos você tinha quando ocorreu a transferência do seu pai para Santos?
Eu deveria ter mais ou menos uns dez anos de idade. Fomos residir no bairro Gonzaga, na Avenida General Francisco Glicério, travessa da Avenida Ana Costa, próximo onde havia a linha de trem, não muito distante da praia. Meu pai inspecionava os grupos escolares estaduais de toda a região de Santos. Permanecemos residindo em Santos por cinco anos. Um concunhado dele era delegado de ensino de Piracicaba, hoje o cargo recebe o nome de dirigente de ensino. A sede era na antiga casa do Preté, onde chegou a ser o gabinete do prefeito de Piracicaba, na Rua São José esquina com a Rua do Rosário. O concunhado dele, Mário de Almeida Mello, estava se aposentando. Meu pai não queria permanecer em Santos.
Tinha algum motivo para que o seu pai não permenecesse em Santos?
Nas visitas de inspeção ele tinha que ir a lugares inóspitos, algumas vezes usava canoas para atravessar pequenos rios, e em uma dessas vezes ele caiu, o barco virou e ele quase morreu afogado, ele não sabia nadar. Estava só ele e o condutor do barco. Ele ficou traumatizado. Sólon Borges dos Reis era muito amigo do meu pai. Meu pai foi nomeado delegado de ensino em Piracicaba, imediatamente ele veio para cá.
Você passou uma fase muito interessante da vida, dos 10 aos 15 anos em Santos.
Lá estudei no Instituto Canadá, na região do Gonzaga, na Rua Mato Grosso, 163. Lembro-me que eu freqüentava muito a praia. Jogava tênis de mesa no Clube Sírio Libanês que ficava na Avenida Ana Costa. Meu irmão Maurilo jogava muito bem, eu era razoável. Formávamos uma dupla e disputávamos o Campeonato Santista de Tênis de Mesa. Naquele tempo o melhor jogador de tênis de mesa do Brasil morava em Santos, o famoso “Biribinha” cujo nome é Ubiraci Rodrigues da Costa, isso em 1954, 1955. Na época, Santos ainda tinha bonde.
Aproximadamente em que ano a sua família mudou-se para Piracicaba?
Foi em torno de 1957, viemos morar no centro da cidade, no Edifício Gianetti, no décimo andar, bem ao lado do relógio da catedral. Eu era moço, não me importava com as batidas do relógio marcando as horas. Talvez se fosse hoje me sentiria incomodado. Meu pai adquiriu uma casa, fomos morar na Rua São João, quase esquina coma Rua Regente Feijó. Eu tinha 18 anos e estava fazendo o Tiro de Guerra, quem comandava era o sargento Guatura. Nessa época minha mãe faleceu, ela pediu para que eu viesse até o centro comprar a revista Coquetel, ela gostava de fazer palavras cruzadas. Quando voltei, vi a vizinhança toda em torno de casa, ela tinha sido conduzida ao Hospital Gimenes, que mais tarde passou a ser o Hospital Unimed, e hoje está desativado. O falecimento dela abalou a família toda. Meu pai sofreu um golpe violento, viviam muito bem, era um casal fantástico. Meu pai sempre foi um homem muito sério, respeitoso, integro e honesto. Morei com o meu pai até meus 35 anos, via que ele era corretíssimo ao extremo.
Nessa época fazia o Tiro de Guerra e estudava onde?
Estudava no Sud Mennucci, depois fui estudar no Colégio Dom Bosco, onde conclui o científico. Sou do tempo do Padre Pedro Baron, primeiro diretor do Colégio Salesiano Dom Bosco. Foram colegas de colégio Adilson Maluf, Celsinho Silveira Mello. Nesse ínterim fui participar de um curso de oratória promovido pelo SESI, que ficava no último andar do prédio onde se situava o Cine Politeama, prédio que foi demolido e deu lugar ao estacionamento do Banco Bradesco, na Praça José Bonifácio, no centro. Osvaldo Sobeck, jornalista, trabalhou na Folha de Piracicaba de propriedade de Cecílio Elias Neto, como funcionário do SESI ele deu um curso de oratória, participei desse curso. Alguém me falou: “- Você tem jeito para trabalhar em rádio!”. Nessa época fui trabalhar no Jornal de Piracicaba, onde permaneci por três anos como revisor. Entrava as onze horas da noite e saia as cinco ou seis horas da manhã. Trabalhei com Losso Netto, Nene Ferraz, Acary de Oliveira Mendes, Luiz De Francisco. Eu tinha uma atenção especial com o editorial feito pelo Dr. Losso Netto. Isso no tempo do linotipo. Eu saia do Jornal as seis horas da manhã e ia para o Tiro de Guerra. As vezes ia trabalhar já com a farda. Era um tempo em que para encerrar o jornal eram levadas horas e horas. O jornal fechava as matérias as onze horas da noite, até fazer todo o jornal era um trabalho desgastante para o pessoal da oficina. E para o revisor também, tinha que ficar acompanhando, eles traziam a prova para ser revisada.
Quando você começou a trabalhar em rádio?
Comecei a trabalhar na Rádio “A Voz Agricola do Brasil” da Rede Piratininga, situada na Rua XV de Novembro, onde atualmente é o Supermercado Jaú Serv,  havia uma padaria da família Maranhão, existiam poucas padarias na cidade na época, na parte superior era a rádio. Pela Rua XV tinha uma escada, que dava acesso a  parte superior.
 
 

 
 
 
Como se deu o seu ingresso na rádio?
Falei com Ary Pedroso, Hugo Pedro Carradore, este último tinha um programa do meio dia a uma hora da manhã, eu participava um pouco do programa.Trabalhei com Duarte Filho que era o nome artistico de Miguel Célio Hyppolito, ele tinha um programa de esportes sobre o futebol amador. Naquele tempo era comum , esse habito permanece até hoje, a pessoa ter um nome civil e outro artístico.
Na rádio você fazia o que?
Locução. Fiz um teste e passei. Iniciei trabalhando nos setores de jornalismo e esportes. “Piracicaba em 60 minutos” era um programa comandado pelo Hugo Pedro Carradore, fazia uma participação a tarde com Duarte Filho e depois passei a ser reporter volante da equipe de esportes que era comandada pelo Ary Pedroso, um dos melhores locutores da história de Piracicaba. Ary era muito bom narrador de futebol.
O que é reporter volante?
É o locutor que fica dentro do campo, fazendo entrevistas com jogadores, com técnicos, é o reporter de campo, com cabo (fio) até o microfone. O cabo que liga o microfone a central até hoje é insubistituivel, mantém a fidelidade do som. Existe os aparelhos sem fio, só que perdem um pouco a qualidade, principalmente onde sofrem interferências. Eu entrava em campo e ia entrevistar os jogadores de futebol, técnicos, e passando as informações. Muitas vezes o locutor não via alguma coisa que havia acontecido embaixo. Entrevistava o juiz, presidente do clube.
Você tinha acesso aos bastidores?
Após o jogo os vestiários eram abertos, hoje já não é mais assim, há uma sala só para entrevistas. Naquele tempo entravamos no vestiário, entrevistando jogador por jogador, alguns tomando banho.
Ali você ouvia os comentários dos jogadores entre si sobre a partida?
Nós tinhamos bastante afinidade. Como repórter de campo, sem falsa modéstia, eu era muito bom. Eu tinha umas tiradas boas. No então Estádio Roberto Gomes Pedrosa, que deu lugar ao Extra-Hipermercado, na Rua Governador Pedro de Toledo, para chegar até o vestiário tinha um túnel e os degraus, eu narrava, “Ary, estou no primeiro degrau, segundo degrau, terceiro degrau.” Batia na porta e dizia: “ -Estou batendo na porta, vamos ver se alguém abre para me atender!”. Na época isso era novidade.
Era no tempo em que o torcedor ia ao campo levando seu rádio de pilha?
De cada dez torcedores, oito levavam seus rádios. A audiência era muito grande dentro e fora do campo. Fiquei nessa função por pouco tempo, o Ary transferiu-se para a Rádio Difusora e passei a ser narrador. O programa chamava-se “Papo de Bola”, era das 11:30 às 12:00 horas. A tarde fazia outro programa chamado “Panorama Esportivo”, das 18:00 às 19:00 horas. Meu redator era Luiz Carlos Quartarollo, Rubens de Oliveira Bisson era meu comentarista. Ai que apareceu Júlio Galvão. A rádio “ Voz Agricola” peguei o final dela na Rua XV de Novembro, depois ela passou para a Rua Moraes Barros, 1191. Depois passou para a Rua Moraes Barros, bem em frente ao portão da Companhia Paulista de Força e Luz, o prédio foi demolido e deu lugar a uma agência do Banco Itaú. Ficou alguns anos ali quando Francisco Silva Caldeira comprou a rádio que era da Rede Piratininga. Ele mudou o nome para Voz de Piracicaba, depois passou a ser Rádio Alvorada, Foi Rádio Antena 1, Rádio Globo, hoje é a Rádio Onda Livre. Trabalhei um ano com Ulisses Micchi e Raul Hellu na Rádio Difusora.
Qual foi o primeiro jogo que você narrou?
Foi XV de Novembro e Palmeiras jogo disputado no Estádio Roberto Gomes Pedrosa, em Piracicaba.
Você ficava na cabine de transmissão, tinha que ter um grau de visão muito bom para distinguir os jogadores a distância.
Naquele tempo ao qual estamos nos referindo, começo da decada de 60, tinha ponta direita, ponta esquerda, centro avante, zagueiro central, lateral esquerda eles guardavam mais as posições do que hoje. Após uns 10 minutos você pegava mais ou menos a fisinomia e a localização do jogador em campo. Quem narra jogo de futebol, não pode corrigir um erro seu ao relatar um passe de bola, apesar de que muito jogo de futebol que hoje é transmitido pelo rádio a televisão também o transmite. Quem transmite não pode perder a sequencia. Voce marca a escalação de 1 a 11, põe em um papael duas fileiras de números e nomes, dos dois times, o juiz, e aí você comanda a transmissão.
Qual era o seu bordão na época?
O meu bordão, que ficou famoso era: “ Enquanto a bola dança, o tempo avança!”. De cinco em cinco minutos eu falava isso para anunciar o tempo e o placar do jogo. Eu sempre falei: “ O XV é o time mais importante do mundo!”. Isso para ressaltar a importância que o XV representava para a cidade de Piracicaba. Como representa até hoje, se bem que o XV naquele tempo teve uma fase bem melhor do que a fase atual. O XV passou por várias fases, muitas alternativas, teve uma fase bem próspera com o Comendador Humberto D `Abronzo. Montou um grande time, em 1967 estavamos na segunda divisão.  Em 1948 o XV foi o campeão da Lei de Acesso. Foi o primeiro time do interior que ganhou a Lei de Acesso, passsou a participar da Divisão Especial do Futebol de São Paulo. Foi o primeiro ganhador em 1948 e 1949. Se manteve até cair em 1965. O presidente era José Luiz Guidotti. Ai entrou o D`Abronzo, o XV quase subiu em 1966, em 1967 acabou ficando campeão. Seu maior rival era o Paulista de Jundiaí. Lembro-me perfeitamente que através de nossas rádios lotávamos dezenas de onibus levando torcedores para assistirem jogos decisivos no Pacaembu,  no Estádio Jaime Cintra em Jundiaí onde saia muitas brigas. Os torcedores esperavam na estrada, sobre os pequenos viadutos e ficavam jogando pedras nos onibus. Tivemos jogos violentos, tanto em Jundiai como em Campinas.
O que está acontecendo com o futebol nos campos, que não levam mais o mesmo perfil de público?
Atualmente há muitas transmissões por televisão, canal aberto, canal fechado. O público vê pela tevisão grandes classicos, e em times menores irá ver jogos de menor expressão. Há um grupo de torcedores do XV que são aficcionados, são no máximo 10.000 pesoas, a média do XV nesse torneio deve ser em torno de 500 pessoas pagantes. Quando vem Corinthians, Palmeiras, até dividem o estádio, metade da torcidaa do Palmeiras, outra metade é para a torcida do XV. A média de público chega a 6.000 pessoas. O Estádio Municipal Barão de Serra Negra comporta 18.500 pessoas. Eu acompanhei o XV durante 42 anos. Segundo o saudoso Rocha Netto, eu fui a pessoa que assistiu mais jogos do XV. Devo ter assistido a uns 2.000 jogos do XV em minha carreira.
Você após ser por muito tempo narrador dos jogos ocupou outra atividade no rádio esportivo?
Após narrar por uns 15 anos fui ser comentarista. Conheci Chico de Assis, quando ele passou a narrar bem uma partida disse-lhe “- Você narra a partida que eu comento!” Diversos comunicadores iniciaram sua carreira comigo, entre os mais famosos: Roberto Cabrini, Luiz Carrlos Quartarollo que está na Rádio Jovem Pan ha uns 30 anos, ele era meu redator, depois o passei a reporter de campo, Rogério Achiles, Tony José, Tarcisio Chiarinelli que fazia o plantão esportivo, informações sobre jogos da rodada.
Márcio você fez algum curso de nível superior?
Sou bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito de São Carlos, sou da segunda turma, me formei em 1973. O meu pai não admitia que tivesse na família um filho que não fosse diplomado. No Jornal de Piracicaba, quando eu era revisor escrevia também uma coluna sobre basquete, chamava-se “Basquete Bolando”. Naquele tempo em que mudei para Piracicaba o forte do XV era o basquete masculino. OXV foi campeão Sul-Americano, tempo do Vlamir, Filetti, Pecente, Zé Boquinha, Valdemar Blatkauskas que faleceu em um acidente na Rodovia Anhanguera. Os melhores times de basquete do interior eram o XV e Franca. Em São Paulo eram o Palmeiras e o Sírio.
Essas coisas foram acabando por quê?
Nessa época o basquete era esssencialmente amador. Hoje é profissional, o XV tem um time de basquete, uma luta insana do Caprânico que é o presidente e mais alguns colaboradores. A diferença de receita do basquete do XV com relação ao Pinheiros por exemlo é muito grande. Além do apoio oficial há também patrocinadores.
Quando encerraram as atividades da Rádio Alvorada, você ficou parado?
A Rádio Alvorada foi arrendada para uma instituição religiosa. Fui convidado pelo Evaldo Vicente para escrever na Tribuna Piracicabana, logo depois o Jairinho Mattos me convidou para vir trabalhar na Rádio Educadora. Ele queria lançar um programa jornalístico, e estava encontrando dificuldades, segundo ele me falou, em encontrar um ancora. Assim surgiu o programa “Comentaristas da Educadora”, que já está no ar a quase oito anos, das 12:00 às 13:30, todos os dias de segunda a sexta feira, é o programa jornalístico de maior audiência de Piracicaba. Esse programa inicialmente começou comigo, com Waldir Guimarães, Jairinho Mattos participava de alguns programas, e a Eliana Teixeira. Eu era o produtor e o ancora. De três anos para cá foi contratado Mauricio Furlan, que tem muita experiencia em rádio, hoje ele produz o programa e eu continuo sendo o ancora, junto com Waldir Guimarães, Jairinho Mattos tem uma participação maior agora, o Beto Godoy que está de férias, e o Paulo Eduardo Carlin, mais o Rogério Leme que faz o noticiário policial. Essa é a equipe que comanda atualmente o programa “Comentaristas da Educadora”. O programa começa com o meu comentário que se chama “ A Força da Opinião”.
Marcio você casou-se?
Fui casado com Maria de Fátima Pachani, dessa união que durou quinze anos nasceu uma filha, Maria do Carmo, residente em Los Angeles nos Estados Unidos, tenho uma neta, Victoria, nascida lá. Uma vez por ano minha filha vem à Piracicaba.
Você chegou a viajar pelo mundo?
Devo conhecer pelo menos uns 30 países, em 1983 foi realizado o Prêmio Sanyo de Radialismo, fui eleito o melhor radialista de Piracicaba, do Interior do Estado de São Paulo, na festa de encerramento relizada no Maksoud Plaza, envolvendo os radialistas do interior e os grandes nomes da capital, foi feito um sorteio entre 60 agraciados, fui sorteado com uma viagem de 30 dias para o Japão, com tudo pago pela Sanyo. Conheci o Japão inteiro.
Você recebeu convites para trabalhar na capital?
Tive bastante convites para trabalhar em São Paulo, nunca fui, apenas em 1978 quando teve a Copa do Mundo na Argentina, eu tinha muita amizade com Osmar Santos e com a equipe dele, fui convidado e participei pela Rádio Globo de São Paulo, das transmissões, da Argentina mandava os flashs para Piracicaba e participava das transmissões da Rádio Globo. Conheço bem Osmar Santos, estive em seu casamento, ele veio diversas vezes me visitar em Piracicaba. Osmar Santos criou um novo modelo nas transmissões esportivas.
Você já transmitiu algum jogo sem ver a partida?
Cheguei a transmitir um jogo inteirinho, quando cheguei a Piracicaba a transmissão não tinha ido ao ar. Isso aconteceu umas quatro ou cinco vezes, hoje é linha dupla, naquele tempo era uma linha só, não havia o retorno do estúdio para quem estava transmitindo.
Você acha que o rádio melhorou ou piorou?
Acho que os mais antigos radialistas ainda continuam sendo os melhores de Piracicaba, a renovação não acompanha a mesma capacidade de antigamente. Com raríssimas exceções a renovação no rádio não alcança a qualidade dos antigos. O locutor de rádio precisa vender propaganda para sobreviver, antigamente não era tanto assim. Sempre vendi propaganda, já tivemos em Piracicaba um caso em que um gago fazia um programa, ele só não era gago ao falar no microfone, era um bom locutor. Trabalhou comigo muitos anos.
Márcio você participou da política?
Fui vereador durante 10 anos, por duas legislaturas. Estive na Câmara de primeiro de janeiro de 1983 a 31 de dezembro de 1992, sendo prefeitos Adilson Maluf e José Machado. Naquele tempo o rádio elegia, hoje não elege mais, tanto que não temos nenhum radialista na Câmara. Outras profissões ocuparam espaço na política.
Você realizou entrevistas com personalidades políticas de expressão nacional?
Entrevistei Laudo Natel, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Paulo Maluf entrevistei dezenas de vezes, tive amizade com ele por muito tempo, frequentei a casa dele na Rua Costa Rica, 146. Conheci sua esposa, Dona Sylvia. Almocei na casa dele diversas vezes. Isso quando eu era vereador. Ele era prefeito de São Paulo.
Você acha que o fato de ser um comunicador ao se envolver com política pode se comprometer?
Se o tempo voltasse eu nunca teria saido candidato a vereador. Apenas entrei porque quem me convidou foi Jairo Mattos, que é uma pessoa integra, honesta, tanto como pessoa como político.
Você já transmitiu algo inusitado?
Transmiti velório e sepultamento do ex-prefeito Luciano Guidotti, fiz a cobetura total. A queda do Edificio Luiz de Queiroz (Comurba) eu e Hugo Pedro Carradore ficamos instalados na farmácia do Kalil, localizada na Rua Prudente de Moraes, durante 15 dias fizemos a cobertura de todos os acontecimentos.


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