segunda-feira, março 19, 2018

JOSÉ CARLOS GONZALEZ E CARLOS ALEXANDRE HENRIQUE


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 10 de fevereiro de 2018

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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ENTREVISTADOS:JOSÉ CARLOS GONZALEZ E
CARLOS ALEXANDRE HENRIQUE
               Esporte Clube Vera Cruz


 

José Carlos Gonzalez nasceu em Piracicaba a 22 de novembro de 1951, filho de Armando Gonzalez e Maria de Lourdes Sampaio de Lima Gonzalez que tiveram os filhos: José Carlos, Rosangela e Alexandre, seu pai era cunhado de João Marchiori, que tinha empresa de ônibus. Aos 16 anos seu pai fazia a linha de ônibus de Piracicaba a Tietê, era estrada de terra, isso por volta de 1945 a 1948. Carlos Alexandre Henrique é piracicabano, nascido a 2 de outubro de 1978, casado com Elisabeth Afonso Carvalho,  pai de quatro filhos: André, Felipe, Carlos e Caio.

José Carlos Gonzalez, em que bairro a sua família morava?

Morávamos na Rua Tiradentes, 106, nasci ali, de onde sai com 26 anos de idade para casar com Maria da Conceição, tivemos dois filhos: Marcelo e Rafael. Fiz os meus primeiros estudos no Grupo Moraes Barros, até o quarto ano, no Grupo Escolar José Romão fiz o quinto ano, fui para o Colégio Imaculada Conceição, depois fiz a Faculdade de Comunicação na UNIMEP. O E.C. Vera Cruz ficava na Rua Tiradentes 180. Meu era vendedor de caminhão, assim como eu e meu irmão também somos vendedores de caminhões. Meu pai vendeu caminhões de todas as marcas, até passar a vender caminhões Mercedes-Benz. Meu pai trabalhou com o Pedrinho Fidélis da agência Ford, com Geni Totti, Zé Tietê. Eu mesmo tenho a assinatura na minha carteira profissional de Geneci Totti e de José Guirardo Fustaino (Zé Tietê). Fui vendedor do caminhão FNM (Fábrica Nacional de Motores), a revenda COMDASA ficava na Rua Governador Pedro de Toledo, em Campinas. O Geni Totti e o Zé venderam a COMDASA para o Grupo Comolatti, nessa época a IVECO comprou a FNM. Eu vim para Piracicaba onde eles abriram a Auto GT, passei a vender caminhões IVECO. Eu visitava todas as cidades ao longo Rodovia Washington Luiz inteira.


Você chegou a dirigir o caminhão FNM?

Dirigi. As marchas não eram sincronizadas (câmbio seco), tinha 4 marchas à frente e a ré. Para engatar a marcha com as "caixas secas" o processo era realmente bem difícil, porque você tinha que conhecer o motor. Para trocar a marcha, você tinha que acertar o tempo certo. Nesse "tempo certo" era o momento que a caixa ficava leve e aceitava qualquer tipo de marcha, se você errar esse tempo, e forçar a entrada da marcha, você poderia arrebentar a caixa de marchas ou o diferencial. Eram tempos de estradas de terra, um caminhão andava a 60 quilômetros por hora. Hoje temos caminhões Mercedes-Bens que ao aproximar-se 100 metros do veículo da frente ele já corta o fornecimento de óleo diesel, se pisar no acelerador ele não acelera. A 60 metros ele começa a frear aos 20 metros de distância do veículo da frente ele trava no freio, sozinho. Já está no mercado brasileiro. Eu vendia caminhões novos até 1988, ai fui trabalhar com o Chico Tietê, irmão do Zé Tietê e aprendi sobre caminhões usados. Hoje faz 22 anos que administro três grandes lojas de revenda de caminhões usados. Já cheguei a ir a Brasília e comprar 22 caminhões Mercedes-Benz, cavalo e carreta, em um único dia, viemos em 22 motoristas até a Pirasa.


Qual é a sua percepção do futuro?

Tenho muita confiança no futuro, mais do que tinha no passado, hoje temos como conhecer de forma mais realista o que no passado passava-se de forma oculta ou despercebida.

Em que área o senhor trabalha Carlos Alexandre Henrique?

Sou metalúrgico, trabalho na área de usinagem.

José Carlos Gonzalez qual é a sua paixão?

Tenho duas paixões: caminhão e o Esporte Clube Vera Cruz. Sábado a tarde vou viajar a trabalho. Domingo pela manhã estarei no Vera Cruz. O meu pai já era dirigente do Vera Cruz.

Onde fica a sede do Vera Cruz?

A sede do Vera Cruz era na Rua Tiradentes, em um bar, esse bar foi vendido, o novo proprietário disse ser torcedor do MAF, pintou a parede, descaracterizando ser Vera Cruz, e mandou tirar os troféus. Tivemos uma grande diretoria que voltou ao Vera Cruz por 12 anos, infelizmente 8 diretores já faleceram. O Esporte |Clube Vera Cruz foi fundado em 1950, filiado a Federação Paulista de Futebol em 2 de fevereiro de 1954. Em 1955,1956 e 1957 disputou a terceira divisão, sendo que no final de 1957 ia decidir o título contra o Lampianinho de Osasco. O Vera Cruz voltou para o amador por questões financeiras. Naquele tempo os jogadores iam jogar de taxi: Simca; Aero-Willys.


Tem algum nome que se projetou a partir do Vera Cruz?

Nos anos 50 o Wilson Bauru que foi para o Noroeste de Bauru, Fluminense e para o Olympique Lyonnais, conhecido como Lyon, na França. Ele vinha de tempos em tempos para a Rua Tiradentes, sempre acompanhado de francesa. Devido a ele fizemos por cinco anos seguidos excursões para o Paraná e Santa Catarina. Outros nomes que se projetaram no Vera foram Gatãozinho, Tatau, Armando Mala, Milu, são muitos.


E sempre qual o campo que vocês utilizavam em Piracicaba?

Nunca tivemos campo! Sempre a reunião era na Rua Tiradentes com a Rua Cristiano  Cleopath. No inicio era na esquina, depois veio para o bar que ficava no meio da quadra, na Rua Tiradentes a 50 metros da Rua Cristiano  Cleopath. Jogamos com o MAF, Palmeirinhas, Jaraguá, Costa Pinto, São Francisco, Lusitano, Santa Terezinha, São João da Montanha, jogamos amistosos com o time da Agronomia, o “A” encarnado, são tantos times. Conquistamos muitos troféus, cinco vezes troféu amador, quatro vezes campeões da taça Cidade de Piracicaba, duas vezes da Copa dos Campeões, que só teve duas edições, a terceira irá começar em março, e duas vêzes campeão varzeano.Vice temos muitos. Isso de 12 nos para cá.

Qual é a idade mínima necessária para ingressar no Vera Cruz?

A partir de oito anos, na categoria Dente de Leite.

Qual é a importância do futebol para a criança, para o adolescente?

Hoje estamos baseados no Bairro Algodoal, eles não tem outra diversão. Esse campo tem história. O Vera Cruz e a escola de samba ao que parece foi a Zoom-Zoom, se uniram e entregamos uma carta aberta em cada casa de Piracicaba, fizemos a campanha do prefeito eleito Adilson Benedito Maluf. Tudo foi feito de forma muito organizada, com mapa da cidade, cada veículo levando quatro a cinco pessoas. Até então jogávamos no campo da Vila Boyes. O Adilson cedeu em comodato por 51 anos um terreno de 39.000 metros na Rua Emilio Bertozzi, 1616, paralela a Rodovia Piracicaba a São Pedro, quilometro 1. Tem uma arquibancada de madeira para umas 200 pessoas. Mario Scarpari, Antonio Scarpari, Antonio Cera, João Pavan, Rubens Spolidoro, João Sturion, me incentivaram a assumir a presidência que eles ajudariam. Montamos uma diretora. Pagamos os impostos atrasados, e começamos a jogar. Hoje o presidente é Adriano Cardoso Figueiredo, o vice-presidente é Carlos Alexandre Henrique, O diretor de esportes é Germano Lacerda. Estou passando aos poucos o Vera Cruz para o comando dos moradores do Algodoal. Da “cidade” (outro lado do Rio Piracicaba) só tem eu mesmo. Sei que tem muitos torcedores para o lado de cá, mas dirigentes não tem nenhum.

O uniforme manteve sempre as mesmas cores?

Branco, preto e vermelho. O uniforme que esta sendo usado é fornecido pela Selam (Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras)

Quantos clubes amadores de futebol têm em Piracicaba?

No ano passado foram 30. Ficamos em quarto lugar. O futebol corre pela periferia. Não é tão divulgado como deveria ser. Se incluirmos o futebol varzeano passa de noventa times. O grande incentivador do esporte Dinival Tibério tem mais uns 60 times cadastrados. Hoje temos mais de 40 jogadores profissionais disputando campeonatos. Nunca passaram pelo XV de Novembro! Não posso afirmar com certeza, mas o lateral esquerdo que fez o gol no São Paulo Futebol Clube em 17 de janeiro deste ano é do bairro Tanquinho! Já disse ao Secretário Municipal Pedro Mello: fazemos 20 times da periferia, de 15 a 17 anos, de 17 a 19, abrangendo os bairros Novo Horizonte, Vila Real, Vila Fátima, a SELAM fornecendo pelo menos o juiz que é caro, montamos o time do XV de Novembro em 5 anos.

O que falta ao XV de Novembro?

Como não estou lá dentro eu não sei. No inicio coloquei quatro garotos jogando no XV, um lateral direito, um meia direita, um ponta esquerda, e mais um , o XV veio me pedir para pagar a passagem de ônibus para eles irem treinar e voltarem do treino. Por um tempo eu paguei. Faltam incentivos ao futebol amador de Piracicaba. Para o futebol das categorias menores. Em 2016 o sub-9 nosso ficou em terceiro lugar, junto com o Clube de Campo, Atlético, Sindicado dos Metalúrgicos, Cristóvão Colombo, Educando Pelo Esporte. Em 2016 ficamos campeões da Liga Piracicabana sub-15.

Carlos Alexandre Henrique em que posição você joga?

Eu jogava como ponta esquerda, mas parei! Estou pensando em voltar a jogar pelos Veteranos. Nossa intenção é integrar as gerações, que os jogadores façam novas amizades. Com uma disputa leal.


José Carlos Gonzalez, a diretoria influencia na conduta do time?

Não resta dúvida! O Bosque do Lenheiro jogou os seus três primeiros jogo com o nosso uniforme, emprestado! Temos sempre quatro a cinco jogadores do Bosque do Lenheiro na nossa equipe. Nos últimos três anos eles têm um time.

Há uma tendência, quase natural, de se colocar rótulos. Quem mora em bairro “X” age de certa forma. Quem mora em bairro “Y” age de outra forma, isso dificulta a integração?

Hoje o melhor jogador nosso é do Jardim Gilda. Hoje ele trabalha em uma grande empresa multinacional, há um empresário que está convidando-o para seguir carreira no futebol. Nessa hora tenho que ajudar esse jovem a tomar a melhor decisão para o seu futuro. Com muita serenidade e sem que sonhos abstratos tomem o lugar da realidade. 

Em especial, certas redes de televisão vendem uma enorme ilusão aos jovens?

As televisões estão focadas em vender propaganda. Cria ilusionismos, fantasias. Há um ou dois jogadores que ganham somas milionárias, os demais ganham o suficiente para manter um padrão de vida que pode ser atingido em qualquer profissão qualificada. Há muitos jovens iludidos com essas perspectivas de ascensão fácil. Quando o Pianelli tinha 14 anos fui técnico dele, a sensação de ver ele jogando no XV de Novembro, no São Paulo, é enorme.

O que um jogador sente em um gramado, com o estádio cheio?

Uma emoção muito grande, indescritível!

Carlos Alexandre Henrique concorda?

É uma sensação muito boa! Lembrando que o campeonato amador teve um bom público. O Estádio Barão de Serra Negra ficou lotado.

Ou seja, o piracicabano gosta de futebol?

Gosta! O que falta é incentivo, principalmente para as categorias de base.

José Carlos Gonzalez como é a segurança para o público?

Há uma conscientização de que a disputa deve ser com a bola, dentro de campo. Conseguimos desmistificar a prática de violência em campo. Há penalidades severas para quem transgride as regras. Com relação ao público, são vibrantes, mas há muito respeito. A Guarda Municipal está presente, nos ajuda muito. Em jogos maiores a Polícia Militar dá a cobertura necessária. 

Carlos Alexandre Henrique vocês estão fazendo escolinha para as crianças menores?

Uma boa pergunta! Temos que tornar público que o Vera Cruz tem uma consciência social. A escolinha é gratuita, feita para os moradores do Algodoal, há atletas de outros bairros que vem treinar conosco. Não importa se é bom jogador ou não, mas aprendem a ter disciplina, a respeitarem uns aos outros.

Vocês fornecem algum tipo de lanche?

Atualmente os recursos que vem é pessoal do presidente. Temos sonhos de fazer algo mais, poder proporcionar um reforço alimentar. Pela área que dispomos podemos proporcionar outras atividades, como um curso de computação. Se quisermos mudar o país temos que educar as crianças. O bairro está rotulado, com isso foi relegado ao abandono. Esse é o grande erro! Lá é o lugar onde o investimento tem que ser maior para que mude. Nossa luta atual é com relação a iluminação, a noite é um local muito escuro. Precisamos de ajuda para prevenir, educar. A repressão se dá pela falta de orientação, é traumatizante, cara e dificilmente recupera o individuo.

José Carlos Gonzalez vocês mencionaram o trabalho com os jovens, e as meninas, há algm projeto?

Pensamos muito nisso. Inclusive em futebol feminino. A pessoa ideal para levar esse projeto adiante era o Zé do Gás, só que ele faleceu de infarto fulminante. Estamos necessitando de voluntários, podem ser estagiários, temos muitas possibilidades de aproveitamento e transmissão de experiências para área de educação física, informática, assistente social. Temos o imóvel para ceder, fazemos de tudo para ajudar na segurança. Quem quiser pode nos procurar na Rua Emílio Bertozzi, 1616. Telefone 9 9221 9980 (José Carlos) ou 9 7412 0522 (Carlos Alexandre).

José Carlos Gonzalez refere-se a Tribuna Piracicabana e um fato determinante.

Tenho uma história que ocorreu há uns 12 ou 13 anos, eu fazia o “peneirão”. Fazia o anuncio em todos os jornais, em todas as rádios, que o Vera Cruz ia promover a peneira, isso significa que iam 200 garotos e os melhores eram escolhidos. Quando cheguei a diretora da Tribuna, Dona Astir, entreguei o texto e pedi se ela poderia fazer o anuncio, nós íamos fazer peneira. Ela perguntou-me: “ Quem não passar na peneira não joga?”  Respondi-lhe que não jogaria. Ela disse-me: “Então não anuncio!”. Gravei esse fato, hoje todos os garotos que vão ao Vera Cruz treinam, participam do coletivo, dos fundamentos, e lá vemos quais são os melhores para disputar os campeonatos. Durante a semana, devido a Dona Astir, esses garotos que não são bons de bola ficam treinando no Vera Cruz.

domingo, março 18, 2018

ALAIDE BARNEZ


Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 13 de janeiro de 2018

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ENTREVISTADA: ALAIDE BARNEZ



 

A professora Alaide Barnez nasceu em Piraju, a 22 de julho de 1923. Está com 94 anos, filha de Gabriel Barnez e Isabel Alvarez que tiveram quatro filhas: Helena, Adélia, Neide e Alaide. Seu pai imigrante espanhol, aos 19 anos, veio de Granada, aportou na Bahia, onde permaneceu algum tempo, depois se mudou para o Rio de Janeiro onde trabalhou no comércio, veio da Espanha com um primo, já tinha outro primo morando aqui, Gabriel Barnez era marceneiro. Alaide Barnez é lúcida, feliz, tem a saúde perfeita, está sempre sorrindo. Sente às vezes uma “dorzinha” na coluna. Aparenta ser uma mulher muito decidida, corajosa. Enfrentou preconceitos que hoje a sociedade já superou, mas que em sua época tinha reflexo social, religioso e até mesmo profissional. Soube encarar com determinação a sua opção por uma paixão, coisa que atualmente é mais comum em romances e novelas. Seu avô paterno era Antonino Barnez e o avô materno José Lorenzo Alvarez.

A senhora estudou em Piraju?

Estudei na Escola Estadual Nhô-Nhô Braga. Lembro-me do nome da minha segunda professora, Dona Ernestina, teve uma presença marcante na minha vida. Nessa escola estudei o primário e o ginásio. Fui fazer o Curso de Magistério em Santa Cruz do Rio Pardo. Naquele tempo para formar-se como professora as cidades mais próximas existentes eram em Botucatu; Sorocaba e Santa Cruz do Rio Pardo. Nesta cidade  por causa do Deputado Estadual Leônidas Camarinha.

A senhora mudou-se para Santa Cruz do Rio Pardo?

Quando fui fazer o Curso Normal em Santa Cruz do Rio Pardo, minha mãe foi também, e foram mais oito meninas de Piraju, passamos a residir em uma casa, minha mãe dava pensão às meninas. O Curso Normal era feito em dois anos, foi assim que me tornei professora, que naquela época era respeitada como autoridade.

Tinha um salário significativo?

Não era bom não. Agora é pior!

Por quanto tempo a senhora lecionou?

Foram 31 anos!

A senhora tem idéia do número de alunos que teve?

Era classe mista, com 40 a 45 alunos. Uma das cartilhas adotadas foi a Caminho Suave.

A senhora se casou?

Não casei. Meu marido era desquitado. Ele era comerciante, seu nome era João Arruda Guimarães. Naquele tempo não havia o divórcio. Fui morar com ele. Não tivemos filhos. Gostávamos muito de viajar. Viajamos muito pelo Brasil afora, tínhamos um fusca bege, viajamos para o Sul, para o Norte, lembro-me de que no Rio Grande do Norte, umas quatro horas da tarde, diziam que tinha que passar logo senão a maré subia e só poderiamos passar no dia seguinte, as estradas eram na maioria de terra. Eu gostava muito de aventura. Ele também! Tanto que para ir morar com ele já foi uma aventura, naquele tempo eu fui viver “amasiada” que era o termo usado na época, e lecionar! Foi uma revolução! Na igreja com os padres e na escola com o Delegado de Ensino. Fui chamada para falar com ele, disse-me que eu tinha obrigações, mas disse-lhe que também tinha direitos!  Vivi com meu marido por 52 anos! Tivemos uma vida maravilhosa.

Daquela época o que lhe trás mais saudade?

As viagens! O Brasil tem coisas maravilhosas e o brasileiro não dá valor. Por exemplo, Orós, no Ceará. É um lugar muito lindo. O brasileiro não valoriza o que é seu, vão para a Disney!

A senhora lembra-se do período da Segunda Guerra Mundial?

Lembro-me! Para nós no Brasil não houve grandes alterações. Nunca me interessei por política nem por políticos.

Além de viajar, o que mais a senhora gostava de fazer?

Meu marido dançava muito bem, só dizia que eu era “muito pesada” para dançar! Eu gostava de Festa do Peão, eventos mais agitados. Eu tinha grandes amigas, mas elas não me acompanhavam nessas loucuras não! Naquela época isso tudo era loucura!

A senhora era vista como uma pessoa arrojada?

Sempre sim. Até uma menina fez uma homenagem, foi minha aluna, veio me visitar e deixou a mensagem: “Professora Alaíde: Pessoa dinâmica, equilibrada, positiva e de grande sabedoria, Não deixa nada nem ninguém interferir nas suas certezas. Otimista contagia a todos com sua alegria de viver. Maria Teresa Bonetti (Outubro de 2003)” Sempre eu tive uma personalidade muito forte e ninguém mudava a minha opinião. Estabelecia um objetivo e chegava lá.

Em que localidade a senhora iniciou a carreira de professora?

Comecei a lecionar perto de Apiaí, em uma fazenda situada em Ribeirão Branco, tinha que ir a cavalo da escola para a cidade. Eu morava na fazenda. Atravessava o Rio Apiaí a cavalo. E adorava, gostava muito! Quando o Delegado de Ensino foi ver o tamanho da sala em que eu lecionava ficou impressionado com o tamanho minúsculo da sala de aula. Não dava para andar entre as carteiras escolares. Eram alunos de todas as séries em uma sala única! Da primeira a terceira série. Era muito difícil lecionar nessas condições. Ainda não era professora efetiva, fui lecionar em Tejupá, tudo chão de terra, só terra. Tejupá já era melhor, tinha ônibus, a famosa jardineira aberta dos lados. Era uma poeira danada.

A senhora chegou a usar flanelógrafo?

Usei bastante, O flanelógrafo é uma placa de papelão colada com uma flanela. Para contar histórias às nossas crianças. Contar histórias e educar ao mesmo tempo é uma arte. Para que seja possível, as crianças têm de ser levadas ao mundo dos contos e da fantasia, e o flanelógrafo é perfeito para isso.

A seu ver como eram os alunos antigamente?

Eram mais simples, mais educados, respeitavam-nos, os pais cooperavam muito. Naquele tempo não havia a Caixa Escolar (A estrutura da Caixa Escolar é geralmente constituída de um presidente, que é o diretor ou o coordenador da escola, de um tesoureiro e do conselho fiscal), não tinha a Associação de Pais e Mestres (APM).

E a questão da disciplina?

Quando o menino era terrível eu ia à casa dele, conversava com os pais, dizia: “Por bem não vai! Se a senhora autorizar a ser mais enérgica com ele, ai talvez eu possa conseguir alguma coisa, caso contrário vou abandoná-lo”. De vez em quando eu era mais enérgica com algum aluno que saísse da linha.

Hoje se a senhora fizer isso!

Nossa mãe! Se eu disser que não suporto um menino já é uma briga!

A educação atual, a seu ver está na direção certa?

Eu acho que está na direção errada! Os pais dão muita liberdade aos filhos, e não dão autoridade nenhuma à professora.

Os pais atualmente trabalham fora de casa, essa ausência tem conseqüências?

Prejudica muito! Tentam mimar os filhos com presentes.

A senhora usa telefone celular?

Não uso, embora ache uma coisa extraordinária. Mas não como vício! Há pessoas que não largam do celular por cinco minutos!

A senhora viveu em uma época em que não existia televisão, e ter um rádio era para poucos, a senhora gostava de ouvir rádio?

Eu gostava! Ouvia Vicente Celestino, Orlando Silva, Carlos Galhardo. Lembro-me que o programa do Carlos Galhardo era aos domingos. Ouvia a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a Rádio Mayrink Veiga emissora de rádio carioca reduto de novos talentos da chamada Era do Rádio. Eram músicas com letras lindas, hoje não tem jeito.

E televisão, a senhora assiste?

Assisto! Tem programas bons, mas também tem muita coisa sem valor algum. Assisto muito a Rede Vida. Meu marido e eu íamos muito ao cinema, naquele tempo em Salto Grande passava filmes quarta, sábado e domingo, os filmes de sábado eram os mesmos que passavam domingo, nós assistíamos o mesmo filme duas vezes, de tanto que gostávamos. Após meu marido falecer, permaneci ainda em Salto Grande por quatro anos, depois mudei para Ourinhos onde permaneci por 10 anos.  

A televisão educa ou deseduca?

Faz as duas coisas!

Como era o Rio de Janeiro?

Era o sonho da minha vida! Fui visitar o Rio de Janeiro no meu primeiro ano de matrimônio. Eu lia tudo sobre o Rio. Conheci todos os pontos turísticos do Rio. Fui até a Ilha de Paquetá, Jardim Botânico, Cristo Redentor, Igreja da Glória, Copacabana , assistimos desfile de carnaval em pé.

E para São Paulo, a senhora ia muito?

Meu marido era comerciante, ele trabalhava com tudo, tecidos, arroz, feijão, ia de caminhão para São Paulo, para fazer compras. Eu ia junto. A viagem demorava umas doze horas, a estrada era de terra até São Paulo. Meu marido tinha uma irmã que morava lá, perto do Cine Paramount, no centro. Durante a viagem parávamos, ele dormia embaixo do caminhão, com o ajudante, eu dormia na cabine. Paravamos para comer nos restaurantes da estrada.Foi uma época muito boa, tenho saudade dela.

Como é a saúde da senhora atualmente?

Muito boa! Pressão normal. Não tenho nada. Só tenho dor na coluna.

A senhora já conhecia Piracicaba?

Conhecia, no tempo da guerra meu marido vinha buscar açucar em Piracicaba.

Comparando o passado com o presente, a senhora acha que as coisas melhoraram ou pioraram?

Piorou muito! A corrupção é muito grande. Antigamente não era tão grave.

Sob o seu ponto de vista qual é a solução?

Em primeiro lugar é ter Deus. As pessoas não tem mais Deus na vida deles. Não vamos conseguir corrigir os corruptos. A corrupção sempre existiu, mas não nessas proporções! Minha mãe era muito interessada em política, era fã do Adhemar de Barros.

Para qual lugar que a senhora gostaria de viajar?

Se eu pudesse viajar agora tenho muita vontade de conhecer novos lugares do Brasil.

Já andou de avião?

Já! Achei muito bom! Não tenho medo.

E cavalo, também gosta?

Muito, já andei bastante a cavalo. Sempre gostei de animais. Tive capivara no quintal, começaram a procriar muito, tinha um menino encarregado de alimentá-las, só que nós não estávamos mais aguentando tantas capivaras, meu marido doou para o Zoológico do Agenor, em São Paulo. Tinha macaco também, a capivara gostava de dormir embaixo da casinha dele.

A senhora tem uma religião?

Sou católica.

Para a senhora qual é o significado de Deus?

É tudo! É tudo! (Após uma pausa silenciosa, Da. Alaide prossegue) É um Ser Superior que não podemos nem pensar em julgar. Faço as minhas orações, assisto a missa através da televisão, todas as noites.

Qual é o significado do terço para a senhora?

Um terço é a vida de Jesus. Os mistérios mostram a vida de Jesus. Ontem mesmo fui até a igreja para rezar o terço, gosto de me concentrar, rezar no meu silêncio.

Qual é o passatempo principal da senhora hoje?

Fazer palavras cruzadas! Torna-se um habito! Quando estou fazendo palavras cruzadas não me lembro de almoçar, jantar.

Se o tempo voltasse a senhora faria tudo que fez novamente?

Tudo! Principalmente a vida matrimonial. Uma das coisas que sempre fiz é não dar importância ao comentário alheio! Contento-me com o que eu tenho e me sinto feliz com que eu tenho. Sou muito feliz, muito bem tratada por todos. Recebo muitas visitas de ex-alunos. Eu era muito enérgica, fazia a criança produzir o que ela podia como professora eu sou famosa na minha região.

Um dos segredos da vida é saber alimentar-se?

Fico horrorizada em ver a quantidade de alimentos que o pessoal come! Como apenas o necessário. Não como carne, eu nunca gostei de carne, como verduras e legumes. Não como macarrão, massas. Como arroz e feijão.

ELZA FERREIRA DE AMORIM BARBOSA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado, 27 de janeiro de 2018.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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ENTREVISTADO: ELZA FERREIRA DE AMORIM BARBOSA



 

Elza Ferreira de Amorim Barbosa nasceu a 29 de junho de 1948, em Santo Anastácio, que faz divisa com os municípios de Piquerobi, Marabá Paulista, Mirante do Paranapanema, Presidente Bernardes e Ribeirão dos Índios. Filha de Jonas Ferreira de Amorim e Maria Paulino de Amorim, que tiveram seis filhos, sendo que três faleceram precocemente, sobrevivendo: Maria; Elza e Manoel.

Até que idade a senhora permaneceu em Santo Anastácio?

Aos três anos fiquei órfã, minha mãe faleceu, meus irmãos e eu viemos morar com a minha avó Maria Rosalina da Conceição, ela faleceu em 1975, meu avô Manoel Paulino Alves era vivo, faleceu quando eu tinha 16 anos. Foram eles que nos criaram, tanto eu como meus irmãos. Morávamos na Vila Maria Alta, em São Paulo. Fiz o primário até a quinta série, em uma escola entre a Vila Maria e o Jardim Japão (nome do bairro é devido aos nomes de diversas de suas ruas, que fazem referência a cidades japonesas). Na minha época o ginasial era durante o dia e tive que começar a trabalhar ainda bem jovem.

O seu primeiro emprego foi em que serviço?

Com treze para quatrorze anos fui trabalhar no bairro Bom Retiro, naquela época com essa idade podia-se trabalhar, hoje só após completar 16 anos, com essa idade já está acostumado a receber tudo facilmente do pai e da mãe. Para que trabalhar? Torna-se um ser improdutivo. Hoje é comum adultos morando com os pais, não querem sair da zona de conforto. Alguns até se casam e voltam para a casa dos pais. Mamanjos de 40, 50 anos morando as custas dos pais.

A senhora ia da Vila Maria até o Bom Retiro de ônibus?

Vinha de onibus até a Praça da Sé, e dali até o Bom Retiro ia a pé. Normalmente iamos juntos, minha irmã, meu irmão e eu. Nessa época havia muitos comerciantes de origem judaica Havia muitas confecções, entrei para o setor de arrematadeiras, que é a finalizaçõ da costura. Cortar pontos soltos, fazer complemento de barras, era fábrica de confecções femininas, comecei na GEA depois veio a segunda loja GEATEX. Os proprietários eram de origem grega: Leônidas, Sotirius e um terceiro irmão cujo nome não me lembro no momento. Ali permaneci até completar 18 anos. Fui fazer curso de ascensorista na Prefeitura Municipal de São Paulo. Era necessário ter esse curso de habilitação, a duração do curso era de oito meses, aprovada recebia uma carteirinha na qual dizia que era habilitada em “condução de veículo vertical”. Fui trabalhar na Secretaria da Fazenda, na Avenida Rangel Pestana. Os elevadores, que eram chamados técnicamente como carro vertical, eram automáticos. Esses elevadores transportavam geralmente 12 pessoas, existiam os elevadores de carga que transportavam cargas mais pesadas.

Por quanto tempo a senhora trabalhou como ascensorista?

Trabalhei quatro anos na Secretria da Fazenda e 3 anos na Câmara Municipal. Das 7:00 horas da manhã até as 13:00 na Secretaria da Fazenda e em seguida trabalhava mais 6 horas na Câmara Municipal, das 14:00 hàs 20:00 horas, trabalhava doze horas por dia.  Prestei um concurso público e fui trabalhar no Primeiro Tribunal de Alçada Civil, no Pátio do Colégio. Fui trabalhar no elevador também, só que era manual, tinha que parar no golpe de vista. Ali trabalhei por sete anos.

Como é a rotina de vida da ascensorista?

Geralmente a pessoa dentro do elevador fala sobre assuntos relativos ao trabalho. Na Secretria da Fazenda, eram 21 andares, sendo que 3 andares são subterrâneos. Embaixo há uma mina de água, que foi canalizada, ela fica em um corredor isolado. E é muita água!. Lembro-me de que houve um incidente onde os cofres da Secretaria da Fazenda encheram de água. Essa mina é canalizada e vai despejar àgua no Rio Tamanduatei, situado nas proximidades.

Nesse período com dois empregos, em que local a senhora morava?

Embora solteira, nessa época eu já morava sozinha, meus avós já tinham falecido. Morei perto da antiga rodoviária de São Paulo, na Avenida Duque de Caxias. Era um tempo diferente, havia muito respeito entre as pessoas. Nunca fui molestda, mesmo em época de eleições quando chegava mais tarde da noite em casa.

Na Câmara Municipal a senhora conhecia todos os vereadores, algum se destacava?

Os políticos passavam outra imagem. Um dos vereadores era Jósé Maria Marim que era um dos mais comunicativos. De forma geral o meu trabalho era de pouco contato com os usuários do elevador.

Nessa época quais eram os meios de lazer que  senhora tinha?

Eu morei com a mina avó  e meu tio Manoel Paulino, irmão da minha mãe. Minha irmã tinha se casado. Apesar de trabalhar em dois empregos, a vida era apertada em termos financeiros. Naqueles tempos a vida era mais doméstica. Estudei sempre em escola pública, que tinha uma excelente qualidade. Em 1987 fiz vestibular para direito e passei. Sem fazer cursinho. Frequentei por um ano o curso de Direito, estudei por um ano Psicologia. O meu marido era advogado. A minha paixão é pela agronomia. Frequento a ESALQ em caminhadas. É um local lindo!

No Primeiro Tribunal de Alçada Civil a senhora conheceu juizes, desembargadores?

Trabalhavamos com um uniforme fornecido pela Secretaria. Era taier, não podia usar calça cumprida. Minhas colegas e eu queríamos trabalhar com calças cumpridas, falei com o secretário do Primeiro Tribunal, autorizaram, passamos a usar o uniforme blazer com calça cumprida. Quando sai ganhei um dicionário de palavras cruzadas de um juiz, e outro livro de outro juiz. Coisas que eu nem esperava. Eram todos muito reservados. 

Através de concurso a senhora entrou na Secretaria de Segurança Publica?

O primeiro concurso que fiz na Secretaria da Segurança Pública foi para datiloscopista, no ano de 1977.

O que faz um datiloscopista?           

O datiloscopista só colhe as impressões digitais, para atestado de antecedentes criminais e para cédula de identidade. O operador de datiloscpia atualmente é denominado de papiloscopista. Em contrapartida o papiloloscopista passou a ser denominado de auxiliar de papiloscopista. Atualmente já é uma carreira que exige estudos de nivel superior. Após uns três ou quatro anos mudou a nomenclatura das carreiras o meu cargo passou a ser de auxiliar de papiloscopia e o papiloscopista passou a ser o operador de papiloscopia trabalha junto ao perito criminal, nos locais de crime ou interno no Instituto de Identificação para pesquisas datiloscópicas. Por exemplo. Um corpo de uma pessoa que é encontrado, sem nenhum documento, colhem a impressão digital, mandam para o instituto de identificação, analisam pelo computador, são milhões de fichas, o computador seleciona, sobram, de 10 a 100 fichas, é feito um exame a olho nu pelo papiloscopista, para identificar a identidade do corpo.

A senhora trabalhava em que local?

Trabalhava no Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, na Avenida Cásper Líbero, 370.

A senhora colhia impressões digitais de pessoas com vida ou também de falecidas?

Se fosse o caso de pessoas falecidas também. Normalmente eles convocam quem está mais próximo, e antes trabalhávamos nos distritos policiais onde eram feitas as identidades. Quando encontravam um cadaver sem nenhuma identificação, ia para o Instituto de Identificação, no Intituto Médico Legal, Fiz duas vezes cursos na Academia de Polícia que funciona nas dependências da USP, em São Paulo. O papiloscopista tem a opção de trabalhar interno, só nas pequisas das planilhas criminais, ou no Instituto Médico Legal, junto aos cadáveres, um local dificil de trabalhar, ou junto ao perito criminal, que não precisa muito de papiloscopista, cada equipe tem um. Quando a equipe não tem, é só requisitar no Instituto de Identificação. Quando estamos terinando a Academia de Poícia ela já pergunta-nos em qual área desejamos trabahar e somos encaminhados para a àrea escolhida. Sempre optei pelo Instituto de Identificação. Nunca optei por Distrito Policial, muito menos pelo IML e nem junto ao perito criminal. Alguns escolhem o IML pela carga horária, que em função da atividade é menor do que em outros setores, ou a pessoa não aguenta. Só que tem que ter afinidade com a atividade, só a compensação horária não é fator de motivação. O médico, independente de ser legista ou não, ele trabalha com a morte. No IML o médico vai fazer autópsia desde crianças até o idoso. E todas as mortes que passam pelo IML são de vitimas que sofreram os mais diversos tipos de traumatismos e barbáries.

Para fazer uma identificação, após a triagem inicial, sobram em média quantas opçoes?

Após a identificação inicial, feita pelo computador, se sobrarem 20, temos que achar a correta. Ai a olho nu estuda-se as 20 planilhas, são utilizadas lentes de aumento e outros recursos tecnológicos. Vamos descobrir os pontos característicos, que ninguém tem igual. Pode levar um,dois, três dias. Não pode ser feito as pressas.

De vez em quando encontram-se surpresas?

Assim como tem características interessantes, pessoas que tem números formados pelas curvas digitais, desenhos, às vezes um rostinho, uma flor. É raro, mas é natural da pessoa. Há criminosos que tentam descaracterizar suas impressões digitais usando os mais diversos recursos. Assim como também existem produtos e técnicas para realçar impressões digitais de difícil identificação. Uma delas são as dedeiras, que deixam os dedos úmidos, para inchar as impressões digitais, a gente consegue tirar melhor. Só que isso tem o lado ruim, uma pessoa que faz a biometria dessa forma, para conseguir um documento, naquele dia ela através desses artifícios consegue, só em uma situação corriqueira como fazer a biometria em um banco, para uma operação financeira, ela não terá todos esses recursos a sua disposição.

Há uma tendência do sistema de identificação digital ser substituído pela identificação da íris?

De fato há. A íris também cada um tem a sua própria e única.

Por quantos anos a senhora trabalhou com identificação digital?

No total foram 18 anos. Antigamente as carteiras de identidades eram feitas nas delegacias, hoje são feitas no Poupatempo, é um serviço terceirizado. Só que ainda tem o auxiliar de papiloscopista, o papiloscopista, dentro do setor.

A senhora casou-se em que ano?

Foi em 4 de dezembro de1982 com Fausto Barbosa. Ele trabalhava na Secretaria da Fazenda. Gostava muito da noite, foi músico, tocava instrumentos de percussão, foi integrante do Teatro Municipal de São Paulo, quando nos casamos ele já tinha deixado o Teatro Municipal. Ele gostava muito de óperas, íamos assistir. Na época morávamos no bairro Bela Vista, que sempre ofereceu muitas opções gastronômicas e culturais. O bairro Bela Vista é conhecido pelo nome de Bexiga, inclusive a Escola de Samba Vai-Vai tem muita tradição no carnaval paulistano. Todos os anos íamos ver, lembro-me do Seo Chiclé, que comandou a escola por um bom tempo. As noites de tango. Os pães da Padaria Basilicata. Saíamos passear a noite. Íamos até na Parada Gay na Avenida Paulista, para ver. Gostávamos muito de viajar. Nunca saímos do Brasil, por opção. Ele faleceu em 2014, com 86 anos. Ficamos por 32 anos casados. Ele tinha sido anteriormente aviador, piloto e pára-quedista, só deu baixa na Aeronáutica por ter perdido ima das vistas. Nos dois sempre tivemos temperamentos fortes e gaiatos.

Qual é o seu passatempo atual?

Gosto muito de ler, não tenho atração por televisão. Hoje meu hobby é a jardinagem. Também gosto muito de caminhar pelas ruas de Piracicaba. Atualmente está muito difícil lidar com o ser humano, analisando pelo lado espiritual, o livro clássico ‘Os Exilados da Capela’ defende a teoria de que a Terra foi formada por seres exilados de outros planetas, e só com bandidos, assassinos. Somos descendentes disso! Como na época em que o Brasil foi descoberto, quem veio para cá trabalhar? Portugal mandou gente da pior espécie para o Brasil. Inicialmente corromperam a índole do indígena, uma mistura de raças: índio, negro e portugueses. A meu ver há os nascidos no Brasil, porém não formam uma raça pura no aspecto genético. Tenho origem nessas três raças. A mãe do meu pai é de Portugal, loira de olhos azuis, meu avô materno é filho de português, minha avó materna era mameluca: filha de índio com negro. Há muitos países onde essa mistura inexiste, a pessoa nasceu em determinada casta irá viver sua vida toda sem mudar. Meu pai e seus irmãos, três eram loiros e três eram morenos.

A senhora dirige veículos?

Tenho a carteira ainda, é categoria profissional, desde quando tirei a primeira carteira, aos 18 anos, já tirei carteira profissional, meu sonho era ser caminhoneira! Eu queria liberdade! Arrumei um caminhão de 6 toneladas, mas na época esbarrei no fato de ter menos de 21 anos. Não era emancipada.

 

 

C ARLOS IVAN SICCA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 17 de fevereiro de 2018

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/




ENTREVISTADO: C ARLOS IVAN SICCA

No século XIX, à beira do riacho Tijuco Preto, os tropeiros que demandavam ao interior de São Paulo, faziam pousada na casa de uma família de lavradores ali instalada, cujo chefe chamava-se Pedro, passando o local a se chamar Pouso do Rio das Pedras, em razão das filhas do Pedro. Entre 1870 e 1871, a Estrada de Ferro Ituana estendeu seus trilhos até Piracicaba, cortando a região de Rio das Pedras, sendo então construída a estação local que, também, tomou o nome de Rio das Pedras. Antônio Garcia Prates, um dos empreiteiros da estrada, Antônio Teles e outros, atraídos pela fertilidade do solo, adquiriram terras e construíram a capela do Senhor Bom Jesus. Estava iniciado, pois, o povoado que deu origem à Freguesia do Senhor Bom Jesus de Rio das Pedras. À medida que o Município foi se desenvolvendo, baseado na cafeicultura e auxiliado pelo braço de imigrantes em sua maioria italianos, foram-se criando diversos melhoramentos: iluminação elétrica, em 1913; posto telefônico, entre 1913 e 1916; e abastecimento de água canalizada, em 1916. A sua fundação oficial é 10 de julho de 1894. O gentílico é riopedrense. Conforme o Censo do IBGE de 2010 tem a população de 29.508 habitantes. É servida por uma malha rodoviária de excelente qualidade, sua distância até São  Paulo é de 172 quilômetros. Com o advento da plantação de cana-de-açúcar, transformando radicalmente as atividades agrícolas do Município, e a conseqüente industrialização do produto, além dos pequenos estabelecimentos industriais, produtores de aguardente e açúcar batido, já existente em 1952, ali se estabeleceram usinas maiores, produtoras de álcool e açúcar. Atualmente o município é conhecido por sediar várias empresas, como a metalúrgica Painco S/A, uma unidade da Arcor do Brasil, e empresas do polo industrial da Hyundai Motor Brasil.

Carlos Ivan Sicca, descendente de italianos, nasceu a 22 de fevereiro de 1952, na cidade de Pereiras, situada a 60 quilômetros de Rio das Pedras. São seus pais Antonio Carlos Sicca e Ivone da Silva Sicca, ambos nascidos em Pereiras, onde se casaram ele com 19 anos e ela com 17. Tiveram os filhos: Carlos, Maria Emília, Ivone Adalmira e Sandro José.  Seu pai trabalhou a vida toda com caminhão, quando ele conseguiu dar os diplomas aos filhos, passou a trabalhar com taxi, na cidade de São Paulo.

Ainda se lembra dos caminhões que seu pai teve?

Lembro-me que meu pai teve diversas marcas de caminhão, inclusive um Chevrolet 1952, ele fazia viagens para lugares distantes, como Recife, Salvador, passou muito tempo trabalhando no percurso Santos a São Paulo. Fiz muitas viagens com ele. Algumas estradas eram de terra outras já eram asfaltadas. A viagem para Santos era lenta, pelas condições da estrada.

Em algum momento o senhor teve a vontade de seguir essa profissão?

A primeira vontade é seguir o que os pais fazem! Mas o meu pai nesse sentido insistiu muito para que estudássemos. Ele já vizualizava que sem o conhecimento, sem um diploma, a possibilidade de desenvolvimento tanto pessoal como social eram nulas. O curso primário fiz no Grupo Escolar Prof. Rozendo Duarte Lobo, o ginásio fiz na escola Vereador Egildo Paschoalucci, em Pereiras. O Curso Normal eu fiz na Escola Professor Anízio Ferraz Godinho em Conchas, é o curso de professor primário.

Até que idade o senhor residiu em Pereiras?

Naquele período, próximo a 1970 tinhámos a possibilidade de estudar até o ensino médio.A partir dai tinhamos que sair para trabalhar e continuar os estudos. A família mudou-se para São Paulo. Fomos morar no bairro Bom Retiro, na Rua Jaraguá, onde havia uma concentração da colonia judaica. Fui fazer um curso de Matemática na Faculdades Integradas Teresa Martin, em Santo Amaro. Naquele período já estava um processo de expansão da educação, as escolas da primeira a quarta série já começavam a ser transformadas também. Por conta disso tive a oportunidade de já começar a trabalhar como professor. Primeiro como professor da primeira a quarta série, alfabetizador, depois como professor de matemática.

Em São Paulo, a universidade era a noite ou pela manhã?

Eu dava aula a tarde e a noite e estudava na parte da manhã. Em São Paulo minha movimentação para dar aulas foi grande, todos os anos mudavam de escolas. Trabalhava em São Paulo, Taboão da Serra. Tudo de onibus. Até que consegui a primeira moto, facilitou bastante. Uma Yamaha 125 cc.

Qual era a reação do seu pai com relação a moto e o transito de São Paulo?

A moto é um excelente meio de transporte, mas exige uma responsabilidade maior, depois tive uma Turuna, uma Honda. Sempre gostei de motocicleta. O trânsito em São Paulo mudou muito nos últimos 50 anos. Morei em São Paulo uma década, de dezembro de 1969 a dezembro de 1979. São Paulo é onde acontece tudo. Os filmes, as peças de teatro, vinham para o interior após um ano! Hoje os lançamentos são simultâneos. Sempre gostei de esporte, futebol de salão, de campo, jogava na lateral.

Como o senhor conheceu sua esposa?

Conheci a minha esposa Dalila Miguel Sicca quando fazia o Curso Normal em Conchas, começamos a namorar. Nesse período cada um foi buscar sua formação em um lado, ela é psicóloga, foi estudar na Fundação Educacional de Bauru, hoje UNESP-Bauru, continuamos namorando por cartas, telegramas.

Vocês ainda guardam essas correspondências?

Ainda temos! Minha neta estava na quarta série do ensino fundamental, e foi abordado o tema comunicação, minha espôsa apresentou-lhe um de nossos telegramas e uma carta! Ela levou para a escola, uma curiosidade diante dos meios de comunicações atuais. Quando a minha esposa estava concluindo o curso voltou para São Paulo, concluiu na PUC, passou a trabalhar, nesse período nos casamos, foi em 19 de julho de 1975, em Conchas. Temos dois filhos: Cristina e César. Decidimos voltar para Conchas, fiz a remoção e passei a dar aulas na região. Fui aprovado no concurso para Diretor de Escola e vim para Rio das Pedras, para o Colégio Técnico Agrícola, hoje ETEC, tinhamos 200 alunos internos, o curso era só masculino, para técnicos em agropecuária.

Minha esposa montou uma confecção, nesse msmo período, isso já faz 30 anos. Eu não conhecia Rio das Pedras, quando chegamos nos apaixonamos pela cidade. Fizemos novas amizades, descobrindo o prazer de ser um riopedrense, uma das características nossa é o envolvimento com o serviço social, quando criou-se a Escola do Bairro Cambará, eu vim para a Escola Estadual Professora Maria José de Aguiar Zeppelini, onde fui diretor. Sempre interagindo com a sociedade, levando aquilo que aprendemos: a educação é uma das grandes armas de transformação social. Não é o único instrumento, mas é um dos maiores instrumentos.

Vivemos um momento em que a educação básica, pública, é vista como despesa e não como investimento, há um descaso com a formaçãodo aluno e uma falta de valorização do professor. Temos muitos exemplos de países que saíram de um estado miseravel e se tornaram em potencias graças ao investimento na  educação.  

Temos uma sociedade excludente, ela dificulta muito o acesso a uma escola de boa qualidade, principalmente para a classe menos favorecida. É uma característica da nossa sociedade. O que houve com o passar do tempo é que essa responsabilidade do ensino fundamental foi delegada aos municipios. As verbas nunca foram suficientes, mesmo sob a respeonsabilidade do governo estadual, federal, nunca foram aplicadas como deveriam ser. Com mais eficiência dentro da escola pública. A partir de 1970 abrimos espaço para que todos pudessem frequentar a escola. Hoje no ensino fundamental podemos dizer que quase 100% das nossas crianças estão dentro da escola. Só que temos a questão do acesso, da permanência e do sucesso. O acesso de certa forma está garantido, a permanência já é um fato sério a ser trabalhado porque o acompanhamento, as dificuldades sociais que as famílias enfrentam, a estrutura familiar diferenciada, e o sucesso, que ai entra a questão da qualidade do ensino, a necessidade de maior verba, a valorização dos profissionais do magistério, em especial do professor, para conseguirmos um resultado positivo.


Há casos onde material didático, livros principalmente, são enviados pelo Estado em uma quantidade extremamente acima da necessidade. A escola não tem o que fazer com esse material. Acaba ocupando espaço, estocado inutilmente.

São situações pontuais, começa a ser modificada. O Governo faz a distribuição do material didático que as vezes não é totalmente aproveitado. Hoje as escolas que estão dentro do municipio, tem a oportunidade de buscar de forma diferenciada, o que está faltando são verbas. É uma situação que tem que ser analisada caso a caso, municipio para municipio. Ai que vemos um aspecto positivo da descentralização. Onde todos os envolvidos na educação poderiam escolher qual a melhor forma de trabalhar com os educandos. O municipio irá decidir de forma mais apropriada que tipo de educação irá dar aos alunos. Que tipo de material, leitura, que irá proporcionar.

Geralmente as nomeações do alto escalãona área da educação são absolutamente políticas?

O sonho é que a politica educacional não mude a cada governo. Acredito que estaremos modificando todo esse caos que está instalado para que passamos a viver momentos melhores dentro de pouco tempo. Acredito no ser humano, que ele se modifica, aprenda com seus erros. Os corruptos não pegaram apenas o dinheiro, passaram a ser assassinos, alguém na ponta está morrendo por falta de remédios, atendimento médico. Por outro lado, sabemos que isso tende a acabar, está havendo a divulgação do que acontece.

O senhor já tinha participado de algum cargo político? 

Não! Em 2016 fui eleito vereador, tive o maior número de votos, 977 votos, isso aumenta a minha responsabilidade em devolver a confiança que foi depositada.

O que o levou a candidatar-se para o cargo de vereador, e hoje ocupa a Presidencia da Câmara como vereador mais votado?

Ao cidadão não basta somente apontar os erros, cabe-lhe também participar da solução. Estamos insatisfeitos com o rumo da política nacional, vamos tentar fazer alguma coisa também. Sempre acreditei na participação popular. Reconheço que a distância entre o agente político e o cidadão é muito grande. A minha proposta é aproximar a classe política da população.

Quantos vereadores tem a Câmara Municipal de Rio das Pedras?

Somos nove vereadores.

De quantos partidos políticos?

São seis ou sete partidos. Como Presidente da Câmara temos a proposta de que somos todos diferentes, como ser humano, ideolgias diferentes como partidos políticos, mas podemos usar aquilo que possa ser comum. Em principio o vereador só tem que pensar que quer transformar a sociedade para melhor. Tem que criar uma estrutura para que você viva melhor na sua cidade. Tem que trabalhar com essas diferenças para unir esse desejo de praticar o bem com harmonia.

Como é a relação da Câmara Municipal com o prefeito Antonio Carlos Defavari?

O prefeito Carlos tem uma postura de dialogo, sabemos das dificuldades existentes , mas ele nos ouve. Talvez outros fatores aconteçam para que as coisas não ocorram como deveriam. Sabemos exatamente quais são os problemas, em um momento com poucos recursos financeiros. Temos problemas com a saúde, que infelizmente não ocorre só com Rio das Pedras, temos que tentar melhorar dentro do nosso municipio.

A União e o Estado fornecem verbas?

Tem subsídios, só que são insuficientes para funcionar o sistema de saúde. Um sistema de educação que atenda as necessidades. Os nossos profissionais de educação em Rio das Pedras são muito capazes. Tem condições de elaborar seu material de ensino, nesse momento até para conter as despesas estamos precisando que eles invistam em suas criatividades, coloquem suas experiências para colocarmos na manutenção das escolas.

Ser professor é uma carreira diferenciada?

As pessoas que são professores são pessoas especiais. Fomenta, é o fazedor de sonhos. Tem que estimular a capacidade das nossas crianças e jovens, para que eles consigam ser alguém. Um ser humano digno.

A sessão da Câmara Municipal é em que dia da semana?

É realizada toda segunda feira, as 19:00 horas, o plenário é aberto, qualquer pessoa pode assistir. Tenho levado muito a sério a questão da divulgação, houve época anterior a nossa, onde criticava-se por algumas decisões serem tomadas de forma conhecida por poucos. Mesmo quando há necessidade de fazer uma sessão extraordinária, usamos o nosso site, os meios de comunicações disponíveis.

Como está a segurança?

Problemas com segurança, saúde são decorrentes de problemas sociais sérios. A partir do momento em que você começa a melhorar o relacionamento da sociedade com os serviços aos quais ela tem direito, tudo começa a ser melhorado. O ambiente físico sendo mais adequado. Melhor iluminação, transporte público mais adequado. Isso tudo implica em um contexto interligado.

O Estatuto da Câmara é permanente ou sofre alterações?

Este ano vamos mudar a nossa Lei Orgânica. Precisa ser revista, muita coisa foi modificada, está com 30 anos de existência.

O cidadão tem acesso fácil ao Presidente da Câmara?

Estou aqui todos os dias. A Câmara é a casa do povo, estamos a serviço do povo. É nossa obrigação ouvir a população. Esse é um principio que tenho, de transparência. Se com o meu dinheiro tenho uma preocupação, com o dinheiro do publico a minha preocupação deve ser um milhão de vezes maior. Para ser bem aplicado, bem gasto e bem visto pela população.

O cidadão participa ativamente das decisões?

A nossa estrutura social não estava permitindo essa participação. Estamos trabalhando para que ele não esqueça em quem ele votou. Acompanhe o trabalho que está sendo feito. Não podemos na política dar margem para aventureiros. As pessoas que vem para a política tem que ser pessoas sérias, honestas e com compromisso com o bem estar da população.

A seu ver como deverá ser o futuro de Rio das Pedras?

Um futuro promissor! É uma população generosa, que tem amor a cidade, estamos nos desdobrando para fazer o melhor possível. A educação transforma cérebros. Conseguimos através do meu partido, o Partido Verde, com apoio do deputado Chico Sardelli, a UNIVESP Universidade Virtual do Estado de São Paulo, vai começar agora em 2018: Engenharia de Computação; Engenharia de Produção e Pedagogia. São cursos inteiramente grátis, com professores das nossas melhores universidades. Com obrigatoriedade de presença uma vez a cada 15 dias.

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