PROGRAMA PIRACICABA
HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 14 de julho de 2018.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 14 de julho de 2018.
Entrevista: Publicada aos
sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: PEDRO MOTOITIRO KAWAI
Pedro Motoitiro Kawai nasceu em Piracicaba a
5 de março de 1971. Filho de Naoki Kawai (Pedro Fuji) e Inês Terezinha Furlani
Kawai que tiveram ainda os filhos: Cássia Kishino Kawai e
David.Naoki Kawai sendo que este mora no Canadá. Pedro iniciou seus estudos no
pré-primário do Colégio Dom Bosco, fez o curso primário no Grupo Escolar Dr.
João Conceição onde a sua primeira professora foi Dona Abla. Estudou o ensino
médio no Colégio Estadual Dr. Jorge
Coury, concluído fui para o Japão. Cursou Administração de Empresas.
O que o levou
a morar no Japão?
Em 1992 tudo começou com o convite do pai do meu amigo André Nishimura
que residia a uma quadra da Igreja Nossa Senhora dos Prazeres. Após termos
estudado juntos no Grupo Escolar Dr. João Conceição, por um período de tempo
fomos para escolas diferentes e nos reencontramos no Tiro de Guerra de
Piracicaba. O meu sargento era o Celso. O sargento dele era o Rizatto. Logo
após terminar o Tiro de Guerra o André foi para o Japão. O seu irmão mais novo,
o Fábio também foi. De tanto o pai dele insistir acabei aceitando o convite.
Você falava
japonês?
Nada! Cheguei sem saber falar nem “Bom dia!”. Na época tinha o professor
de basebol muito atuante, o Sr. Chiriki Yoshii incentivou-me a estudar japonês
aqui no Brasil, antes de ir para o Japão. Lá estudei japonês, para nós
brasileiros é um idioma muito diferente. Eu também queria conhecer as minhas
raízes. Quem acendeu essa luz foi o Sr. Chiriki. Por mais que eu freqüentasse a colônia japonesa em Piracicaba,
desde criança, não é a mesma coisa. Os costumes japoneses aqui são muito
abrasileirados. Já no Japão comecei a pesquisar, saber onde era a terra onde
meus avôs nasceram meu tio Paulo tinha mais relacionamento com nossos parentes
japoneses. Interessante que após minha
ida ao Japão muitos familiares também foram, minha irmã, duas primas, dois
primos, meus tios Paulo, Kenji.
Você foi
trabalhar em que setor?
Chegando lá fui trabalhar em uma fábrica de carros, a Subaru. A fábrica
chama-se Fuji Juco. Trabalhei durante seis anos nessa fábrica. Fui para lá com
21 anos e solteiro. Lá conheci a minha esposa, Graciane Moreira Kawai.nascida
em Bauru, a mãe dela é descendente de japoneses. Eu trabalha na montagem dos
carros IMPREZA, ela também trabalhava na Subaru em Fuji Juco. Só que na montagem de motores, câmbios, em
um galpão vizinho. Os brasileiros reuniam-se muito. Após alguns anos ela estava
esperando nossa filha Luana Ayumi Moreira Kawai, e ela manifestou a
vontade de dar a luz aqui no Brasil.
Aqui você
passou a trabalhar em que área?
Fomos morar em Bauru. Fui trabalhar com copiadoras Xerox.
Vendia máquinas, suprimentos, percorria toda a região de Bauru, São Manoel,
Jau. Meu pai pedindo para voltar para Piracicaba. Ele tem uma vidraçaria na
Paulista há 43 anos. Em meados de 2003 voltei para Piracicaba. Fui trabalhar
com o meu pai na vidraçaria, que é o lugar onde comecei a trabalhar desde os 10
anos.
É um serviço perigoso para criança?
Extremamente! Na época meu pai era presidente da Casa do Bom
Menino, e lá tinha oficinas de aprendizado: serralheiro, marceneiro,
eletricista. Recentemente teve a comemoração de 50 anos da Casa do Bom Menino,
fizeram uma exposição de fotos antigas, algumas fotos dessas oficinas, imagine
um menino de 12, 14 anos trabalhando com uma serra circular, sem luvas, sem
óculos. Na época era um procedimento considerado normal. Muitos amigos são hoje
excelentes profissionais, graças ao aprendizado que receberam. A meu ver o
perigo não está na profissão e sim em deixar a exploração acontecer. Na
vidraçaria do meu pai eu não tinha tanto contato com vidro aos 10, 12 anos. Meu
serviço era varrer a vidraçaria, atender ao telefone, quando mexia com vidro
estava sempre monitorado. Na época havia quatro funcionários, sempre estavam
por perto, nunca eu estava sozinho. Para cortar o vidro passava o diamante e
tinha que bater na mesa para separar, isso eu já fazia. Infelizmente inúmeros
casos, de exploração infantil, aconteceram no Brasil. Meu pai ensinou-me uma
profissão.
Nossas legislações ou não existem ou quando são elaboradas são
extremamente radicais?
Exatamente! Nós sabemos que temos que dar estudos, educação,
saúde para a criança. Será que todos conseguem? Há aquele garoto com DNA que
não quer saber de estudar! Nesse caso nem estuda e nem trabalha.
Os jogos eletrônicos hipnotizam crianças, jovens e até mesmo adultos.
Mas isso pode tornar-se uma profissão! Vejo de outra
maneira, são novos tempos. Será uma profissão para alguns, para outros não. O
mercado atualmente é muito dinâmico. Algumas das nossas leis têm que ser revistas.
Estou com 47 anos, há 16 anos, quando voltei ao Brasil não havia essa
enormidade de celulares, ainda compravam-se linhas convencionais, alugava-se. Quando
iríamos imaginar que iríamos conversar com vídeo em qualquer canto do mundo,
como se faz hoje? Há 20 anos internamente o Japão dava os primeiro passos nessa
direção. A Copa está acontecendo na Rússia é como ali na esquina de casa! O
mundo ficou pequeno, a dinâmica mudou!
Você chegou a brincar rodando pneu de automóvel pelas ruas?
Quando eu era criança era uma brincadeira normal, assim como
o “arquinho”, uma pequena roda de borracha direcionada por uma haste de ferro.
Imagino que se um garoto hoje rodar pneu, arquinho, como brincávamos
irá ser encaminhado ao psicólogo!
Exatamente! Eu era um “zero à esquerda” com esse arquinho! A
meu ver temos que modernizar a legislação. Para a nossa realidade. Hoje não
posso mais imaginar que o Estado tem que defender com unhas e dentes. Seria o
papel do Estado, só que ele não tem condições! A família terceiriza a educação
dos seus filhos através dos professores. Estamos com leis avançadíssimas,
próprias de uma Dinamarca, para uma realidade completamente diferente, para um
país continental, uma desigualdade social gigantesca. Temos o exemplo da lei de
Diretrizes Para a Educação Básica, fizeram um escopo, para o Brasil inteiro se
não houver a regionalização, que é o que está acontecendo, cada região ter o
seu critério local, não irá funcionar. Um presidiário atualmente custa R$
28.000,00 por ano e um aluno R$ 2.000,00 por ano. O único caminho para melhorar
uma nação é a educação! Veja os países orientais: o Japão foi destruído por
duas guerras, ressurgiu das cinzas através da educação. Um país que compra
tudo: petróleo, comida, bebida, vem tudo de fora. Coréia é a mesma coisa. China
é a mesma coisa. Quando eu trabalhava no Japão, a China mandava trabalhadores
para o Japão, o governo chinês subsidiava uma parte do pagamento deles, o
salário de um brasileiro pagava quatro chineses. Eles ficavam um ano na Subaru,
voltavam para a China para aplicar o que tinham aprendido no Japão. Isso não
era só na fábrica de carro. Aonde você andava tinha chinês: fábrica de
computador, eles estavam em todos os lugares.
A relação Japão e China era meio antagônica?
Acho que não. O Japão aprendeu que não adianta ficar em
conflito. O povo japonês é muito pacato, conciliador.
Ao regressar ao Brasil você trouxe experiências culturais vividas no
Japão?
Esse renascer da cultura japonesa que se deu comigo, fez com
passasse a participar ativamente das atividades do Clube Nipo Brasileiro (Clube Cultural e Recreativo Nipo Brasileiro de Piracicaba
CCRNP), em um dos eventos o Deputado Mendes Thame disse: “Precisamos ter um
candidato da colônia japonesa”. Disse-lhe “Imagine Thame! Nem pensar!”. Ele
ficou 2003 martelando, martelando, até que aceitei. Em 2004 saí candidato, pelo
PSB, fiz 543 votos. Meu pai pegou no meu pé: “Dos 543 votos que você teve, 250
são meus, estão achando que sou eu o candidato!”. Não fui eleito, na nossa
chapa foi eleito o saudoso Chico D`Água. Uma das bandeiras dessa campanha era a
revitalização da Estação da Paulista. Ela estava totalmente abandonada ha mais
de 20 anos, tornando-se um local inapropriado para ser freqüentado. Combinei
com Barjas Negri, se você for eleito vamos restaurar aquele espaço. Após a
eleição dele, muitos projetos, a Estação da Paulista é o que é hoje: Três
centros culturais, uma pista de caminhada, playground, é um cartão
postal da cidade. Assim que ele começou a reforma ele me chamou para ser um dos
diretores de lá. No começo de 2006 foi inaugurado o primeiro espaço que é a
“Estação Idoso José Nassif”, acompanhei a construção da pista de caminhada,
restauro do Pacheco, restauro do Maria Dirce, que é o Pólo Musical, em 2008 sai
candidato de novo. Pulei de 543 para 1200 votos. Também não fui eleito. Já
estava no PSDB. Graças a Deus em 2012 fui eleito com 2243 votos.
Quando você entrou na Câmara Municipal, no primeiro dia, após ter sido
eleito, qual foi a sua sensação?
Teve a diplomação no Tetro Municipal, depois foi a posse, a
eleição da mesa no Salão Nobre, foi tudo tranqüilo. A primeira vez que sentei
naquela cadeira de vereador, na segunda fileira, terceira cadeira da direita
para a esquerda, onde hoje está o Johnson, quando eu sentei-me ali, veio um arrepio,
virei para a platéia, estava lotada, 23 vereadores tomando posse, família de
todos, até então estávamos olhando o telão, de costas para o publico, quando
virei a primeira pessoa que vi foi a minha filha, na porta com a minha esposa.
Pensei: “Nossa e agora? Agora sou um homem público!”. Cheguei onde pensava em
chegar. A responsabilidade é muito grande. Por dois motivos: a primeira grande
responsabilidade é o nome que eu carrego, muito forte, meu pai com a questão do
Bom Menino, a APAC Associação de Proteção e Assistência aos
Condenados, o envolvimento social do meu pai é impressionante, sua honestidade.
E minha mãe com sua fé e participação religiosa. O segundo motivo
muito forte é o fato de ser o primeiro descendente de japoneses a ser eleito
como vereador em Piracicaba. Isso tudo me ocorreu quando sentei naquela cadeira
pela primeira vez. “Que peso!” pensei. Confesso que até hoje é muito pesado.
Diz a lenda, que em algumas casas de leis, há composições entre os
representantes para aprovações de projetos. Isso ocorre?
Nesses dois mandatos que exerço, a grande virtude dessa
Casa, foi que não precisei em nenhum momento articular para ter algum
benefício, ou alguém veio articular comigo para que não fosse em benefício da
comunidade. Recebi propostas indecentes de fora para dentro. De pessoas que
conhecem minha articulação política.
Você e a vereadora Márcia Pacheco foram destaques em um momento
histórico que a Câmara viveu recentemente.
Sou muito autêntico. A Márcia Pacheco e eu fomos a favor da
revogação do Título de Cidadão Piracicabano dado ao ex-presidente Lula. (O ex-presidente tomou conhecimento das discussões que
ocorreram, na Câmara de Vereadores, a respeito do Título de Cidadão
Piracicabano que foi outorgado a ele em 2013 e não entregue.). Há umas
tramitações para tirar o título dado a José Serra, eu acho que tirar título não
é o caminho, se foi aprovado pela Casa é um demérito. Porque vou quebrar uma
coisa que a Casa aprovou? Quando foi proposto o título para o Lula fui contra,
não me convenceu de que ele merecia o título. O que tem que ser muito claro é
que o Título de Cidadão Piracicabano tem que ser dado para a pessoa que de fato
mereça. Às vezes o vereador até erra em conceder um título.
O vereador deve ser informado sobre pequenos
problemas que incomodam a população?
Eu preciso desse tipo de
informação, o vereador precisa disso, não é trabalho do vereador tapar buraco,
cuidar do corte de árvore, semáforo, mas é serviço público, cabe ao vereador
contatar o secretário do respectivo setor. Por exemplo: “O meu tio está
internado na UPA da Vila Cristina e precisa de uma vaga no hospital X”, ai não
é papel do vereador. Quem tem que fazer isso é o médico. O que o vereador faz é
acompanhar. Ligar para a central de vagas, saber se está sendo bem atendido na
UPA. O nosso papel é cobrar o bom atendimento do serviço público.
Como você vê o Rio Piracicaba antes do
mirante?
É uma visão maravilhosa! È a região da Avenida Renato
Wagner. Sempre passava pela Avenida Renato Wagner, quando trabalhava com meu
pai na instalação de vidros, toda vez que trabalhávamos na Vila Rezende, Santa
Rosa, voltamos pela Renato Wagner ou pela Rua do Porto. Sempre margeando o Rio
Piracicaba, sou apaixonado pelo nosso rio. Eu não imaginava a visão do Rio
Piracicaba que a Avenida Renato Wagner tinha. Maravilhosa! Com os recentes
melhoramentos paisagísticos ali realizados ficou digno das grandes e belas
cidades do mundo. Piracicaba é linda e está sendo bem administrada, nos últimos
20 anos ela foi bem administrada sim. Três mandatos do Barjas e um mandato do
Gabriel são quatro mandatos de economistas. Que entendem de recursos.
Piracicaba é o pólo da região. Quem não tem atendimento em Americana, Santa
Bárbara D`Óeste, Saltinho, Rio das Pedras, Rafard, vem para cá. Indiretamente
Piracicaba atende a 56 municípios.
Piracicaba pode ser considerada Região Metropolitana?
Já comporta. Não sei como está na Assembléia, mas está sendo
transformada de Aglomerado Urbano em Região Metropolitana. De 2014 pra cá foram
mais de 30.000 pessoas que saíram do plano privado de saúde e vieram para o
público. Provavelmente esse mesmo número deve ocorrer na educação. Esses
números são de Piracicaba, não estamos considerando a região. Piracicaba tem
aproximadamente de 400 a 450 mil habitantes, isso representa que quase 10% da
população estão migrando para o atendimento público. Piracicaba é muito bem
administrada, consegue pagar seus salários em dia, paga seus fornecedores em
dia, consegue investir um pouco, tem um trabalho de articulação política dos
vereadores e do prefeito com os deputados que tiveram votos aqui na última
eleição, para vir recursos. Tanto é que só agora no final do primeiro semestre
nós aprovamos projetos por volta de 25 milhões, sendo 90% da Saúde Pública.
O que faz um vereador?
Oficialmente o vereador faz leis e fiscaliza o Executivo.
Esses são os dois principais papéis do vereador.
Essa fiscalização do Executivo é feita de que forma?
Atua no dia a dia, acompanhando obras, execução, orçamentos.
O Prefeito para realizar alguma coisa tem que atender a três leis
orçamentárias: Lei Orçamentária Anual; Diretrizes Orçamentárias e Plano
Plurianual. Se o Prefeito propõe na Lei Plurianual construir uma creche por
ano, tem que cumprir. O grande problema do poder público? É que ele trabalha
com perspectiva de orçamento. O Executivo trabalha com perspectiva de
orçamento: “Eu acho que vou ter R$ 1.600.000,00 em 2018.”. Se acontecer algum
fator inesperado a arrecadação prevista cai para R$ 1.200.000,00. E daí onde
irá ser cortado o orçamento? Daí entra na Lei Anual, tem que mudar as leis.
Há diferença de tratamento por parte da União com relação a pequenas
cidades e cidades maiores?
O bom de cidade pequena, se pode ser chamado de bom, é que
consegue um recurso maior do Governo Federal do fundo de participações de
municípios. Brasília arrecada 60% de todos os recursos. Cidades que
teoricamente se sustentam recebem menos recursos do que cidades menores.
Quanto ao voto distrital é uma boa medida?
Acho interessante quando se trata de nível estadual e
federal. Sem citar nomes, temos um candidato que veio à Piracicaba, teve 6.000
votos e nunca mais voltou. E não trouxe um centavo para Piracicaba. Na
realidade foram dois deputados federais. Fizemos projetos, emendas, o prefeito
mandou os projetos, não veio nenhum centavo. Piracicaba e região têm que votar
em candidato daqui, ele irá defender Piracicaba e cidades vizinhas. Acho que
deve haver troca, toda troca tem seus prós e contras. Não adianta trocar sem
qualidade. Tem que filtrar, ver o que é bom e o que é ruim. Hoje o Brasil passa
por um momento em que necessita separar o joio do trigo. Muitos desacertos que
estamos assistindo é por causa do comodismo e dos acordos que se faz durante
anos. A mais importante reforma que tem que ser feita é a política. Temos
deputados eleitos com um milhão de votos e outro eleito com quinhentos votos.
Há muitos dinossauros ocupando cargos políticos?
Há e muitos. Eles já amarraram muitas pessoas. O Brasil
precisa ter urgentemente uma revisão dos cargos comissionados. Não pode se
pagar uma fortuna para alguém que não tem nenhum conhecimento para ocupar o
cargo.
Falta educação política, sem partidarismo, na própria escola?
Falta! O espírito de cidadania. Conhecer seus direitos e
também seus deveres. Uma coisa básica, veja o público, existe a lei de que quando é tocado o hino
nacional, todos que possam devem levantarem. Quantas vezes vimos isso acontecer
nos jogos da Copa na execução do Hino Brasileiro? Quando eu tive Educação Moral
e Cívica, e veja, não estou falando de educação partidária, aprendíamos
conceitos de cidadania. Hoje temos de forma velada em algumas universidades uma
educação partidária, seja A ou B. O Brasil não pode ser levado ao radicalismo,
ele tem que ter uma educação neutra. Tem que saber que existem a esquerda, a direita
e centro. Você escolhe lá na frente.
Como estão nossos jovens?
Pergunte a um jovem se ele sabe por que é feriado nacional?
Isso serve para qualquer data. Temos que começar a trabalhar a ética, o
comprometimento desde a infância, assim como os escoteiros trabalham. Tem que
estar enraizado, acabar com o “jeitinho” brasileiro. Extinguir a “Lei de
Gerson”.
Há uma afirmação filosófica de que “O corrupto não se conserta, ele
aprimora seus métodos”
Infelizmente é verdade.
Hoje você participa de alguma entidade?
Sou Diretor Social do Clube Nipo Brasileiro, Diretor Social
do Lions Cruzeiro do Sul.
O seu pai trabalhou muito para a comunidade.
Eu cresci vendo isso, portanto acho natural a participação
nas mais diversas comunidades. Uma das imagens marcantes da minha infância, meu
pai trabalhou na fundação da APAC- Associação de Proteção e Assistência ao
Condenado uma imagem corriqueira era ele entrando na então cadeia existente na
Rua São José, tinha uma porta de aço, com um visor aberto, eu via aqueles
braços, com as mãos para fora das grades, cumprimentando meu pai. Ele ia lá no
fundo do corredor e lia o Evangelho para os detentos.
Temos que mudar o sistema carcerário do Brasil, verdadeiras masmorras
medievais.
Urgente! O ser humano tem que trabalhar produzir, sentir-se
útil. Por exemplo, há carência de restauradores. Eles têm enormes condições de
concentração! Restaurar uma obra. Hoje o grande problema enfrentado pelo
sistema carcerário é o aumento da população feminina, aumentou em 60%. População masculina aumentou 25%. Se é a
população feminina que está aumentando é focado nela que temos que iniciar o
trabalho.
E os sistemas preventivos como câmeras em locais estratégicos?
A exemplo de Limeira, onde denominam de “Muralha
Inteligente”, Piracicaba instalou câmaras em locais previamente estudados. São
câmeras de última geração, chamadas de Câmeras Inteligentes.
Está ocorrendo que uma série de serviços inerentes a União e ao Estado
estão sendo passados ao município?
A União arrecada verbas, distribui ao governo estadual e aos
municípios. Só que serviços que antes eram prestados pelo governo estadual ou
pelo governo federal foram repassados ao município, com o importante e
essencial detalhe, sem a verba correspondente. O município que se vire! Muito
se discute sobre a vaga integral. A obrigação para as crianças a partir de quatro
anos não é a vaga integral, é dar a vaga. A mãe precisa trabalhar. Só que não
conseguimos dar 6.000 vagas em período integral. Nascem 6.000 crianças por ano,
daqui a quatro anos vou ter que ter vagas para aquela criança nascida há quatro
anos e mais 18.000 crianças nascidas nos três anos seguintes. É humanamente
impossível o Estado atender tudo sozinho. O fato de trabalhar com Previsão de
Orçamento já é um fator variável. Há previsão, mas não a certeza de que haverá
verba.
Qual é a saída?
Acatando o pensamento de um sábio e ponderado amigo, o que
temos a fazer no Brasil é potencializar o que temos de melhor. O que está
errado nós já sabemos. Está a vista. Tirar da frente o que está ruim e
potencializar o bom. Fortalecer o bom. O mundo inteiro tem problemas, não
ocorre só no Brasil. Porém também temos políticos bons, médicos bons, bons
professores, chegou a hora do limão fazermos a limonada. Precisamos
potencializar o bem! Temos que fortalecer a gratidão!
Você participa de carnaval?
Já participei muito. Eu era da Caxangá como diretor de
harmonia e diretor de barracão. Comecei a participar do carnaval de Piracicaba
quando o Massao era diretor , construía carro alegórico, tem uma passagem que
nunca vou esquecer, o enredo da Escola Caxangá falava das lendas brasileiras, e
falava do boto, construímos um carro alegórico em forma de boto. O Massao é
perfeccionista, nós já estávamos no finalmente, colocando os espelhinhos, era
sábado, as seis horas da tarde, nós íamos desfilar no domingo, ele chegou e
disse: “Esse carro não vai para a rua!”. Pegou um martelo e quebrou o boto
inteiro. Disse: “Ou vocês refazem esse boto ou agora não vai mesmo!”. De bravo
pegamos e refizemos, começamos as nove horas da noite do sábado quando foi sete
horas do dia seguinte estava pronto. Ele disse: Agora está com cara de boto!”
Teve muita gente boa que passou pela Caxanga: Breda Paulistinha, Luiz
Previatti. Na bateria tinha Beto Aversa, Gilson ABC, Carlão ABC foi figurinista
por muitos anos. O Gilson toca muito, conhece muito de música.