PROGRAMA PIRACICABA
HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 23 de junho de 2018.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 23 de junho de 2018.
Entrevista: Publicada aos
sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: Vítor Pires Vencovsky
Você fez seus primeiros estudos em qual
escola?
Comecei no Dom Bosco no
jardim de infância, pré-primário, depois fui passando por várias outras
escolas, estudei no Grupo Escolar Moraes Barros, APAF-Escola Estadual Dr.
Antonio Pinto de Almeida Ferraz, depois fui para os Estados Unidos, meu pai foi
estudar lá, estudei um ano lá, eu tinha nove anos. É o lugar mais ao norte do
centro da América, um dos lugares mais frios daquele país.
Como foi a sua adaptação lá?
Criança com nove anos adapta-se fácil em tudo. Claro que um
caipira chegando a um lugar grande sente a diferença, Saint Paul é a capital
do estado. Não é a maior cidade, a maior é Minnesota, uma cidade ao lado. Morávamos em uma
casa. Só tenho lembranças boas de lá. Principalmente da escola, é muto
diferente, há um desenvolvimento humano
mais completo do que aqui. Essa é a minha opinião, hoje, analisando a
educação no mundo. Focam em muita arte, esporte, música, laboratórios, além da
sala de aula como a nossa, existem essas atividades. Isso em escola pública, a Edgerton
Public School. O aluno permanecia na
escola até as três horas da tarde. Em 1974 eles já praticavam isso.
E a alimentação?
Não havia a
preocupação que existe hoje, se a comida iria engordar. O que lembro-me muito é
do leite, nos Estados Unidos o leite é outra coisa. Não é o que temos
aqui. Os Estados Unidos estavam saindo
do Vietnã, me lembro, não sei porque, que eu desenhava muito tanque de guerra,
se eu fizer hoje um desenho de tanque de guerrá será aquele tanque da época do
Vietnã, acho que foi influência da televisão.
Você fez amizades lá?
Não posso afirmar
que fiz amizades, 9 anos é uma criança, atualmente se viajarmos para outro país
quando retornamos, mantém-se o contato com a pessoa pela internet,naquela época
não existia nada disso. O que marcou muito foi a neve, é um lugar onde a
temperatura chega a 40 ou 50 graus negativos. Você tem que colocar um fluído
especifico no radiador para não congelar todos os líquidos que tem dentro do
carro. Fizemos muitos bonecos de neve. Fomos ao supermercado deslizando um
trenó pela neve, não dava para ir de carro. Era utilizado como um carrinho de
supermercado que deslizava pelo gelo. Tinhamos uma boa relação com os vizinhos.
Praticava esportes?
Joguei futebol !
Em 1974 os americanos já estavam investindo em futebol, os meninos e as meninas
jogavam juntos. Recentemente vimos que o futebol feminino americano é muito
forte. O futebol lá pegou mesmo, para as meninas. As opções de estudo e
educação eram inúmeras. Por exemplo, perguntavam : “Qual instrumento de música
você quer tocar?” Você escolhe, tem todo tipo de instrumento. Eu escolhi
flauta. Pergutavam: “Qual esporte vcê quer praticar?” A arte também, “Pintura,
desenho, o que você quer fazer?”. Isso
já faz 50 anos! Um olhar para o
desenvolvimento humano bem maior. A preocupação não é só com o objetivo de
passar em vestibular. Não bastava ser bom em matemática e inglês, o ensino está
voltado para o desenvolvimento completo do ser humano. O ser humano é muito
mais complexo e eles trabalham todas as facetas do indivíduo. Dediquei a minha
vida inteira para a àrea de ciencias exatas, até inicir um contato maior com as
artes, agora estou no Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, na
Academia Piracicabana de Letras, estou adorando essa parte de arte. As vezes o
mundo nos conduz para a profissão, ser engenheiro. e a arte como é que fica?
Em 1975 voces voltaram para
o Brasil?
Exato, e naquela
época quando chegava de outro país virava o centro das atenções. Isso aconteceu
comigo, assim como com outros amigos cujos pais também trabalhavam na ESALQ e
viajaram como nós. Nossos brinquedos,
roupas, eram diferentes. O mercado consumista americano é desenvolvido há
muitos anos. Minha mãe cita que nas decadas de 70,80, quando a pessoa viajava
para o exterior iam amigos, familiares, até o aeroporto para despedirem-se. Era
um acontecimento! Atualmente tornou-se um fato comum. Naquela época era um
contecimento excepcional, motivo de festa! Tanto na ida como na volta! Em 1975
fui estudar no Honorato Faustino, onde estudei três anos e meio, a oitava série
fui estudar no Dom Bosco. Logo em seguida meu pai foi trabalhar em Sete Lagoas,
Minas Gerais, foi chefiar uma unidade da EMBRAPA, então de setembro de 1979 até o final de 1983
morei em Sete Lagoas. Cheguei, fui apresentado à classe inteira da escola,
perguntaram de onde eu era. Respondi: Piracicaba! A sala inteira ficou um bom
tempo rindo muito! Não entendi nada. Passados alguns anos conclui que devo ter
me expressado no legítimo caipiracicabano, o sotaque forte. O mineiro tem um
sotaque muito diferente. Mas foi lá que passei a juventude. Tive duas fases em
Sete Lagoas, uma em que moramos dentro da EMBRAPA, para ir para a escola o
onibus da EMBRAPA nos levava e trazia. Lá a EMBRAPA tinha uns 500 metros de rua
só com plantações de pés de goiaba nas laterais. Outra de amora, tamarindo, e outras
frutas. Vivíamos em cima de àrvores comendo uma variedade grande de frutas.
Convivemos muito com a natureza. No último ano é fomos morar na cidade. Foi uma
libertação! Morava no centro da cidade. Vivemos a vida comum a um jovem da
cidade: bailes em clubes. Sempre joguei basquete, na escola, lá eu jogava no
time da cidade.
Você é um bom atleta de
basquete?
Meia boca!
(risos). Quando eu estava no mini do Clube de Campo de Piracicaba, tinha
começado a jogar basquete, com treinamento do Marquinhos. No primeiro jogo,
fomos jogar em São Paulo, a primeira bola que veio na minha mão fiz a cesta de
“chuá” (É a cesta que é arremeçada e
não toca no aro vai direto , é muito bonita de ser feita.). Também parou por
ai!
De Sete Lagoas a família voltou à
Piracicaba?
Tínhamos as opções de permanecer em Sete Lagoas ou voltar à Piracicaba.
Decidimos voltar. Fui fazer engenharia mecânica na Escola de Engenharia de
Piracicaba, entrei em 1984.
Você teve um destaque na Escola de
Engenharia?
Quando entrei, alguém falou: “Quem for o
melhor aluno vai fazer estágio na Petrobrás no Rio de Janeiro!”. Parece que em
uma das turmas anteriores alguém conseguiu isso. Resolvi estudar bastante,
gosto até hoje de engenharia, estudei muito! Fui considerado o melhor aluno da
turma.
E o prêmio?
O prêmio foi um diploma. A época em que fiz
engenharia talvez tenha sido no final de um tempo em que havia um Brasil que
tinha projetos nacionais. A engenharia no Brasil acabou no final da década de
70. A década de 80 é o que chamam de “década perdida”. Não teve projeto,
inflação alta, foi um caos. A engenharia que existia até aqui em Piracicaba,
São Paulo, Rio de Janeiro, de grandes obras do Brasil, hidroelétricas, tudo
aquilo que os militares fizeram, usou-se muito a mão de obra dos engenheiros.
Eu e vários amigos da Escola de Engenharia fomos trabalhar em outras áreas.
Como vendedor técnico. Antes de me formar consegui um estágio na Philips, no
Departamento de Projetos da Unidade de Piracicaba. Gostei muito disso. Projeto
é arte. Vejo na nossa história um fenômeno a separação e o rótulo: você é apto
para a área de humanas, ou só de exatas, como se fosse possível concentrar o
indivíduo dentro de uma condição absoluta.
A meu ver isso é inexistente, o individuo pode desenvolver várias
atividades.
Como foi o desenvolvimento do seu trabalho
na Philips?
Após toda a tramitação de seleção, no
primeiro dia de trabalho meu chefe me disse: “ Tenho duas notícias para lhe
dar, a partir de agora a Philips não vai projetar nada.” Aqui entra um fato interessante, tinham técnicos, que
não eram engenheiros não, fui contratado na Philips sem ter o diploma. Fora do
Brasil diploma não funciona, não é o importante. Nós valorizamos muito o
diploma, no exterior valoriza-se o conhecimento. Ele então explicou que os
projetos viriam de Singapura, da Holanda. Recebíamos muitos desenhos, era o
inicio da informática, quando eu estava lá ela tinha uma sala enorme com dois
ou três computadores gigantescos. Era de desenho de CAD. Hoje faço o mesmo desenho
em um notebook. Meu trabalho era receber desenhos, em papel vegetal, eu tinha
que adaptar aquele desenho para o Brasil. Tinha que conferir tudo, alguns
números não estavam muito bom, raspava com gilete e desenhava em cima de novo.
Trocava a legenda e colocar o selinho da Zona Franca de Manaus. Os produtos
eram produzidos lá. Piracicaba era a Unidade Som a Unidade Vídeo era em
Guarulhos. A segunda notícia que ele falou foi: “-A
Philips vai sair de Piracicaba”. Fui morar em Guarulhos. Aqui entra um detalhe
importante, eu tinha dois meses de Philips, surgiu a oportunidade de ir para o
Japão, o japonês responsável tinha trabalhado na Usina de Itaipu, queria manter
o português dele. Fiquei dois meses no Japão. Isso foi no período em que eu
estava estagiando na Philips, parei o estágio e fui.
Em que cidade você ficou?
Fiquei em Tóquio. Isso foi há 30 anos. No
Japão as lojas de departamentos. Cada andar é um equipamento. A parte inferior
é de fotografia e filmadora. A de cima com eletrodomésticos. Outro andar só de
aparelho de som. Era outro mundo! Naquela época fui visitar a Televisão NHK,
televisão pública, o pessoal confunde estatal com público. Público significa
que os japoneses pagam uma mensalidade para fazer uma televisão de qualidade.
Conheci os estúdios onde fazem as novelas dos samurais, de 2000, 3000 anos
atrás. Entrei em uma sala e conheci a televisão de alta definição que eles
estavam começando a fazer. Naquela época. Depois de 30 anos essa televisão
chegou ao Brasil! Piracicaba começou agora! Lá já tinha CD, DVD aqui ainda era
o disco de vinil! O Japão de que se fala aqui eu vi lá. Vai asfaltar a rua, em
um dia está pronto. O trem lá é maravilhoso. Onde morei, no bairro de Shinjuku
é como a Avenida Paulista de São Paulo. A sede das grandes corporações
japonesas estão geralmente nesse bairro. Normalmente no Japão você não tem
prédio alto, por causa de terremoto. Nesse lugar tem vários prédios. Existe um
sistema que conheci na época, é como se fosse uma sapata grande sendo composta
por uma camada em aço e outra de borracha, e assim são feitas várias camadas.
Hoje deve ter coisas mais avançadas.
E o trânsito? Você dirigiu lá?
Dirigi, é diferente por ser o sistema
inglês, o motorista senta-se do lado direito do veículo. Dirigi muito pouco,
não há a necessidade de carro lá. Não sei se existe isso escrito, mas saí de lá
com a seguinte impressão, se você olhar todos os tipos de transportes que
existem, prioridades: o trem; bicicleta que anda na calçada, não anda na rua,
tem prioridade sobre o pedestre inclusive. Depois vem o pedestre. Carros e
motocicletas não são prioridades. Se você comprar um carro, azar seu. Não tem
onde estacionar carro, tudo é muito apertado. Se comprar um carro tem que ter
garagem.
Você morava em apartamento?
Eu morava em uma das salas do prédio onde
ficava a empresa. Eles alugavam meia dúzia de salas pequenas, em uma dessas
salas era onde eu dormia, junto com as caixas, era um depósito na verdade.
Tinha épocas em que ficavam caixas até o teto onde eu dormia. O pessoal que
trabalha com urbanismo diz que aqui no Brasil é tudo muito compacto, no Japão
você tem avenidas largas, parques maravilhosos, há espaço. Na área residencial
as ruas são mais estreitas. Mas há grandes áreas abertas, bonitas.
E as cerejeiras?
Existem muitas, na primavera fazem festas
com milhares de pessoas no parque, fazendo piquenique embaixo da cerejeira. Os
templos são maravilhosos.
E a alimentação?
Pode-se dizer que o ocidental passa um pouco
de fome. Não é aquele prato de arroz e feijão que a nossa mãe faz. Não existem
coisas que enchem o estômago. Quando somos jovens, o pensamento é “Vou comer
isso aí?”. Quando mais velho, o pensamento é: “Que comida saudável!”. Comem
peixes, legumes, isso é muito saudável. Senti muita falta de doce. Quando podia
comprar um chocolate era uma coisa excepcional, o japonês não tem doce como os
nossos. Na família que cuidou de mim ninguém comia doce. Há os doces japoneses,
que é bem diferente. Após o tempo em que permaneci no Japão, voltei, continuei
estudando. No comecinho de 1989 me formei, fui morar em Guarulhos.
De Tóquio para Guarulhos!
Fui trabalhar na Philips, só que essa empresa japonesa tinha
aberto um escritório aqui em São Paulo a Branico-Brasil Nippon Company.
Fiquei menos de um ano na Philips de Guarulhos. O pessoal dessa empresa
japonesa me chamou para trabalhar na empresa que haviam montado no Brasil. Em
1989 trabalhei nessa empresa em São Paulo. Em 1990 voltei pra o Japão onde
permaneci por um ano. Vendíamos um aparelho chamado Video Printer (
impressora de vídeo), ele substituiu o revelador de filme de Raio X, dos
aparelhos de ultrassom. Antigamente a pessoa ia fazer ultrassom, com a bexiga
cheia, a imagem era enviada para uma reveladora de filme, tinha que ver se o
resultado do filme era com boa qualidade, isso levava um tempo enorme, esse
aparelhinho de vídeo captava ao imagem do ultrassom e imprimia na hora. Eliminou
o processo da pessoa ficar esperando com a bexiga cheia! Foi uma revolução para
a área médica. Passei esse tempo que fiquei nessa empresa, participando de
congressos da área médica na área de imagem. Vendendo essa idéia para os
médicos, vamos trocar essa reveladora gigantesca que consome filmes, produtos
químicos que tem que revelar, ter câmara escura, seu consultório não precisa
mais de uma sala de revelação. Você tem um aparelhinho embaixo do ultrassom,
aperta um botão a imagem sai na hora. As primeiras máquinas eram da Sony.
Pegávamos da Sony, no sistema Original Equipment
Manufacturer (OEM), trazia esses
equipamentos já com a marca trocada lá. Uma prática comum nas indústrias hoje. Já
não se usa mais essa tecnologia, joga tudo para o computador. Pode imprimir ou
não, sem ter a necessidade de usar papel térmico. Uma coisa que me marcou
muito, eu estava em um parque com a família desse japonês, sua mãe, sua esposa,
os dois filhos, ele apontou para uma criança junto com seu pai, ambos com
uniforme de beisebol. Ele disse-me: “-Está vendo aquele pai? Ele
aproveita a vida, eu trabalhei a minha vida inteira”. Hoje fico pensando, o
Japão é uma ilha, onde não existe nenhum recurso natural, como construíram
aquele país? Com trabalho! Aprendi naquele momento que para construir um país
tem que trabalhar! Vinte e quatro horas por dia! Fico admirado, estamos
passando este momento da Copa quando tudo para! Esses países que são líderes é
porque a maioria das pessoas trabalham. No Japão chegam a extremos. Para o
japonês assistir jogos é luxo. Hoje esse japonês tem uma empresa de alta
tecnologia, com patentes. E 300 funcionários. O Japão ocupa a posição em que
está porque tem muita gente trabalhando muito e sério, organizado. Fiquei
alguns anos nessa empresa no Brasil. Foi um período complicado, havia a reserva
de mercado, tinha muitos pedidos, mas havia a cota de importação. Os médicos
querendo adquirir os equipamentos, mas não tinha como entregar. A empresa mudou
para Ribeirão Preto, eu fui para lá, conheci uma moça. E em uma dessas viagens
para esses congressos médicos. Fui para o Rio de Janeiro. Em um congresso no
Hotel Nacional. Falei para essa amiga de Ribeirão Preto: “Estou indo para o Rio
de Janeiro, vou ficar sozinho lá.”. Ela disse-me: “Tenho uma amiga que mora lá.
Liga para a Catarina!”. Quando cheguei no Rio liguei para a Catarina, hoje a
Catarina é a minha esposa! Neiva Catarina Giacomel. Ela é de Caxias do Sul, os
seus pais moravam em São José do Rio Preto.
Você chegou telefonou para ela e qual foi a reação dela?
Ela trabalhava no Hospital da Marinha, é militar. Imagine
só, eu ligando para militar! Ela atendeu, disse que não conhecia a moça que era
a minha amiga, ai disse-lhe: “-É a Marta de Ribeirão Preto, estudou enfermagem
com você, na USP!”. Daí ela lembrou. Como as coisas aqui estavam meio incertas,
fui trabalhar no Rio de Janeiro. Lá nos casamos no civil. O casamento religioso
foi em São José do Rio Preto.
Um detalhe pessoal, como marido de uma mulher militar, quem manda e
quem obedece?
(Risos) Isso independe da condição civil ou militar, a
mulher manda no homem há muito tempo! Como ela trabalhava no hospital o
ambiente é muito diferente das bases, dos navios. Claro que a hierarquia ajuda,
ela comandava a CTI e a Emergência. No ambiente militar, se tiver problema o
subordinado pode ser preso. A indisciplina em ambiente militar dá cadeia. Ela
trabalhava no maior hospital da marinha brasileira. Por motivo de saúde ela
entrou para a reserva. Nossos dois
filhos Leonardo e Eduardo nasceram no Rio de Janeiro.
Isso nos bons tempos do Rio?
Já não eram os bons tempos não. No último bairro em que
morei, Tijuca, quase toda noite tinha tiroteio. Os problemas de lá existem há
muito tempo. Apesar de tudo, adoro o Rio, fui várias vezes para lá depois de
mudarmos para Piracicaba.
Você trabalhou em que área quando foi para o Rio?
No Rio de Janeiro trabalhei
uns tempos em uma empresa de Raio-X, depois mudei para a informática, que é a
área que trabalho até hoje. Em 1995 passei a trabalhar com software para
engenharia. Em 2000 montei a empresa que tenho até hoje. Trabalho com mapas. São
mapas que alguns clientes pedem, mapas de ferrovias no Brasil. Eu produzo desde
2005 para uma editora de São Paulo. Os mapas da Revista Ferroviária eu que
faço. Infelizmente não temos grandes mudanças nas linhas ferroviárias. Já fiz
mapas para a Raízen, usam em salas de reuniões para planejamento. São mapas de
logísticas. Vê toda infra-estrutura de transportes, portos. Tudo no mapa. Tem
uma chapa de aço atrás e um vidro na frente, dá para por imã ou escrever.
Você leciona também?
Leciono na FATEP- Faculdade de Tecnologia de Piracicaba.
Esse ano comecei a dar aulas na Faculdade Anhanguera em Limeira. Quando
voltamos do Rio para Piracicaba, Resolvi voltar a estudar. Eu tinha feito
engenharia mecânica e pós-graduação em marketing na ESPM, eu era vendedor.
Procurei uma universidade, um dos casos era a UNICAMP. Estudei o projeto que um
professor fazia e mandei um projeto para ele. Mais ligado a área de mapeamento.
Essa área chama-se Sistemas de Informações Geográficas – SIG. Fiz um processo de seleção e entrei para
fazer mestrado. Fiz doutorado. Acabei indo para ferrovia. Ele estudava redes
técnicas. Um dos autores que eu estava estudando era o Dr. José Vicente Caixeta Filho da ESALQ. Logo que cheguei em Piracicaba Renato Ferrante me ligou,
perguntou-me se eu fazia mapas, disse-lhe que fazia, ele então perguntou-me se
queria conversar com uma pessoa do Instituto Histórico. Fui lá, conversar com o
presidente, o Tiquinho, disse-me que estava precisando de mapas. Fiz a proposta de mapas para ele. Só que a minha
relação com ele foi tão boa, que não fiz mapa nenhum, mas comecei a ajudar o
Instituto. Isso foi em 2005. O IHGP fazia parte da vida do Tiquinho, como era
conhecido Haldumont Nobre Ferraz. Ele que iniciou o processo de informatização
do Instituto. Quando cheguei ele já estava digitalizando jornais. Ele e outros
presidentes do Instituto conseguiram formar um acervo tão valioso, que estamos
sempre trabalhando em cima desse acervo para colocar na internet. Uma pessoa que para mim foi muito importante
é o Pedro Caldari. Ele deu uma direção administrativa para o Instituto. Como
Diretor da Dedini, conhece tudo de administração. As instituições necessitam de
gestores. Aprendi muito com ele. Fiquei quatro anos como tesoureiro dele,
quando virei presidente estava tranqüilo. Se o Tiquinho abriu as portas o Pedro
Caldari deu a direção. Hoje fico muito a vontade para assumir a presidência da
Academia Piracicabana de Letras por causa disso. A Academia sempre foi anexa ao
IHGP, então a conheço desde quando entrei no Instituto. Faz três anos que
escrevo para o Jornal de Piracicaba, meu foco é falar da sociedade brasileira,
ou mundial também. O lado social da tecnologia. Fui presidente do Rotary Club
Piracicaba-Vila Rezende. No ano passado procurei Evaldo Vicente, disse-lhe da
minha especialização em ferrovias, fiz um plano de um ano de artigos, então nas
quintas-feiras tenho um espaço que se chama “Ferrovia e Sociedade” na Tribuna
Piracicabana.
Sua posse na Academia Piracicabana de Letras foi quando?
Na sexta-feira, dia 23 de junho de 2018.
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