domingo, setembro 09, 2018

GABRIEL FERRATO DOS SANTOS


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 de julho de 2018.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.teleresponde.com.br/

ENTREVISTADO: GABRIEL FERRATO DOS SANTOS
Gabriel Ferrato dos Santos foi professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp desde 1988. Pós-doutorado em Economia da Saúde na University of York (setembro/2007-janeiro/2008) e na Universidad Pompeu Fabra (fevereiro/2008-julho/2008). Doutor em Economia (Unicamp, 1996), Mestre em Administração de Empresas na área de Economia de Empresas (FGV-SP, 1982), Mestrado Profissional em Gestão de Sistemas de Saúde (UFBa, 2003) e graduado em Ciências Econômicas (Unimep, 1973). Em 2007 assumiu a coordenação do Núcleo de Economia Social Urbana e Regional do IE . Atuou, também, como pesquisador do NEPP- Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp. Na área de pesquisa, dedicou grande parte dos trabalhos ao tema políticas públicas e, mais recentemente, aos temas relacionados à Economia da Saúde. De 1995 a 2002 foi cedido pela Unicamp para ocupar cargos públicos como o de Secretário de Planejamento do Município de Piracicaba (1995/junho1997) e o de Coordenador-Geral do Projeto Reforsus do Ministério da Saúde (julho1997/dez2002), cargo este que acumulou com o de Secretário de Gestão de Investimentos desse Ministério (março2002/dez2002). Foi eleito prefeito de Piracicaba em 2012 terminando seu mandato em 2016. Casado cm a Sra. Selma.
Gabriel Ferrato dos Santos conhecido na vida pública como Gabriel Ferrato, nasceu em Piracicaba em 31 de outubro de 1951, na Rua Alferes José Caetano entre a Rua XV de Novembro e a Rua Rangel Pestana, na casa da sua avó.  Era muito comum dar a luz com o auxilio de uma parteira, Dona Mariinha era uma das mais experientes e solicitadas, foi quem fez o parto de Gabriel. Seus pais são Donato Correia Santos natural de Brotas, e Maria Diniz Ferrato dos Santos, nascida em Guaraci, cidade próxima a Andradina. Tiveram sete filhos: Bernadete, Raquel, Maria Angélica, Judite, Gabriel, Márcia Cristina e Alexandre.
Seus pais se conheceram em qual cidade?
Meu pai foi trabalhar em Andradina e lá conheceu a minha mãe. Somos parentes da família Moura Andrade, meu avô paterno é primo do Moura Andrade, eles que fundaram a cidade de Andradina, que leva esse nome por ter origem no nome Andrade. Meu pai trabalhou com os Moura Andrade. Trabalhou também aqui em Águas de São Pedro. Também foram os Moura Andrade que fundaram Águas de São Pedro.
Qual era a atividade profissional do seu pai?
Meu pai foi durante muito tempo contador, na época chamavam guarda-livros. Ele decidiu sair dessa área e passou a ser comerciante. Ele veio para Piracicaba, lembro-me que eu era menino e ele tinha um armazém na Rua Marechal Deodoro esquina com a Rua São João.
Em qual escola você iniciou seus estudos?
O primeiro ano estudei no Grupo Escolar Dr. Prudente de Moraes, minha primeira professora foi a Dona Dolores. O segundo ano estudei no Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Meu pai foi trabalhar na PAMEC, Patrulha de Mecanização Agrícola, fornecendo serviço de preparação de terra para os agricultores locais.Hoje é a PAINCO. Em Rio das Pedras, onde morei um ano, o terceiro ano estudei no Grupo Escolar Barão de Serra Negra. Em seguida vim para o Sud Mennucci em Piracicaba onde estudei até concluir o curso científico. Tive aulas com Benedito de Andrade, Demóstenes, Ceccarelli, Arquimedes Dutra, Prof. Costinha, José Salles,Prof. Otávio de matemática, Profa. Mariinha de história, Dona Zelinda, Profa. Nilda de geografia, Prof. Evaristo. Tinha que saber gramática, ler e fazer o resumo de um livro por mês, foi quando li  os clássicos Machado de Assis, José de Alencar, Lembro-me da figura de cada um dos meus professores. Você vê como foram importantes. Meu pai sempre dizia: “- Meus filhos têm que estudar!”. Só que passávamos por uma crise econômica sem precedentes, minhas irmãs mais velhas, eu com 15 anos fomos trabalhar. Naquela época era permitido trabalhar com essa idade. Aos 15 anos tive minha carteira registrada como contínuo do Bradesco situado à Rua XV de Novembro, 831, em Piracicaba,  Entregava avisos. Saia de bicicleta pelas ruas. Conheci a cidade inteira.
Que marca era a bicicleta com a qual trabalhava?
Era uma Monark. Eu trabalhava o dia todo, fui fazer o científico a noite. Progredi no trabalho, aos 18 anos era caixa executivo do banco. Caixa executivo fazia tudo, tinha que entender tudo do banco. Terminado o curso científico decidi entrar na “Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e de Administração de Empresas Piracicabana”, conhecida por ECA. Os professores davam aulas na USP, UNICAMP , FGV,e vinham lecionar aqui. Como eu trabalhava no banco, a economia tinha alguma coisa a ver comigo: Aplicações Financeiras, Títulos, Duplicatas. Promissórias. Pensei que poderia fazer uma carreira no banco, estudando Economia. As próprias aulas, a Economia, ajuda a pensar o Brasil. Foi quando descobri que queria ser professor. Para ensinar Economia e ajudar as pessoas a pensarem nisso tudo. Para quem se dedica à Economia como me dediquei  por 40 anos, é apaixonante. Estimulado pelo Copato que era o diretor da faculdade na época, ele tinha estudado na Getúlio Vargas na área de administração, fui, prestei exame, passei em um dos primeiros lugares,no mestrado, a faculdade era paga, só que a FGV tinha uma bolsa, que tinha sido criada pelo Delfim Neto, era o “Programa Nacional de Formação de Executivos”. Eu tinha essa bolsa que pagava o meu curso, só que teria que reembolsar após o término do curso. Consegui também uma bolsa auxilio da GV, simultaneamente um ex-professor aqui da ECA convidou-me para dar aulas na hoje Universidade Ibirapuera. Na época eu estava fazendo mestrado na GV eram poucos alunos que tinham essa oportunidade. Com 22 anos passei a lecionar introdução à economia para 150 alunos! A maioria mais velha do que eu. Foi um teste magnífico para a minha vida! Depois continuei dando aulas lá de Economia Brasileira.
Qual foi a sua sensação quando entrou pela primeira vez para dar aulas? Como eu estava fazendo um curso de alta reputação, na GV, entrei com certa segurança. E, se eu mostrasse fraqueza para 150 alunos ia ser consumido!
Você preparava as aulas que ia ministrar?
Nossa! Preparava muito as aulas. O segredo do bom professor é estudar muito e preparar uma boa aula. Economia é muito complexa, sempre que você está estudando aparece uma dúvida para você mesmo,  ai você tem que buscar aquela resposta para aquela questão, ler aquela teoria, por incrível que pareça é exatamente o que o aluno irá perguntar! Na GV, como aluno no mestrado,  tive bons professores: Bresser Pereira; Eduardo Suplicy foi meu professor  em dois cursos; Luis Antonio de Oliveira; Yoshiaki Nakano.
Como era o Eduardo Suplicy dando aula?
O Eduardo foi meu padrinho na GV, depois me tornei professor lá. Como fui um bom aluno nos dois cursos que fiz com ele, tive a indicação dele para der professor na GV.
Uma manhã ele chegou na sala de aula, ele gostava de escrever na lousa, de repente ele parou. A Teoria Microeconômica, era a matéria, mas de uma forma diferente. Era uma novidade até para ele. Por 15 minutos de aula ele parou, ficou olhando, da forma que conhecemos, após esse tempo disse: “-Não estou preparado para dar essa aula, vocês me desculpem, mas não estou preparado!”. Para ele também era uma abordagem nova que ele estava adotando.
O Eduardo Suplicy já surpreendeu algumas vezes cantando em locais inusitados ?
Ele canta até hoje "Blowin in the wind", ele gosta de cantar essa música, ele cantou em Piracicaba, em um evento nosso aqui. Ele terminou um curso de Macro economia, tinha acabado de vir do exterior, ele reproduziu o curso que teve lá, para nós. Foi um curso excelente de macroeconomia. Aprendi macroeconomia com ele. Ele terminou o curso dele com uma apostila “O Socialismo na China”. Isso em 1975. Todos os chineses usavam roupas identicas, todos andavam de bicicleta, Ele defendia isso com a gente. Por que nós aqui em São Paulo não andamos com a mesma roupa, mesmo sapato e de bicicleta? Ele defendia isso. Tentou mostrar que a partir dessa visão que ele tinha, de comunismo, em sua forma mais natural, onde é tudo igual para todo mundo. Que não era na verdade, as elites dirigentes não tem o padrão da massa. Aquilo também desperta-nos para alguma coisa.Você pode até concordar que dificilmente o mundo será aquilo.
Você teve aulas com mais  nomes conhecidos no cenário nacinal?
Tive,um deles foi Afonso Celso Pastore, isso na parte da economia, em administração tive aulas com os papas da administração no Brasil. Na GV fiz Economia de Empresas, tinha administração e Economia. Foi o primeiro do país nesses moldes. Em 1975 comecei a dar aulas também na UNIMEP onde permaneci até 1985.  Em 1976 passei a dar aulas também na GV onde dei aulas até 1989. Ai ingressei na UNICAMP onde me aposentei antes de ser prefeito.
Quando você entrou na política?
Eu ingressei na época do Francisco Antonio Coelho o “Coelhinho”. Eu estava na GV  e na UNIMEP dando aulas. Uma amiga, que tinha sido aluna na GV, foi trabalhar no UNIBANCO, mais precisamente no Banco de Investimentos do Unibanco. Ela disse que o UNIBANCO estava precisando de economista. Se eu não queria ver. Fiz um teste e passei. Fui trabalhar como Analista de Investimento do Unibanco, na Praça Patriarca vigésimo terceiro andar. Continuei dando aulas na GV, mas a noite. E sábado aqui em Piracicaba na UNIMEP. Alguém apareceu na GV e me convidou para ir para a Universidade Federal de Lavras. Era para dar aula de uma disciplina só, por um ano, “Você termina sua tese de mestrado, e nós o mandamos para os Estados Unidos para fazer PhD (Philosophiæ Doctor ou Doutor da Filosofia)”. Conversando com alguns amigos em Piracicaba, acharam que eu deveria permanecer aqui em Piracicaba e colaborar com o prefeito João Herrmann Neto que passava por uma fase desfavorável. Só não deixei a GV, onde dava aula a noite. Vim trabalhar com o prefeito. Poucos ou talvez ninguém saiba, mas criei o primeiro Varejão de Piracicaba.
Em que local?
Eu era Gerente do Programa Municipal de Abastecimento do governo João Hermann. Estudava os preços dos alimentos, o custo de vida de Piracicaba, junto com um colega, estudante da ESALQ começamos a estudar sobre o abastecimento de alimentos na cidade. Concluímos que para manter em um nível adequado teríamos que criar um varejão. O Prefeito João Herrmann Neto tinha como meta política, eleger-se deputado federal em 1982. Na vice-prefeitura estava José Aparecido Borghesi que assumiu a prefeitura. Eu e o Nelson de Oliveira Matheus Júnior, que é o engenheiro agrônomo achamos que o Largo da Sorocabana, onde hoje é o terminal central, na época, a noite era um local pouco aconselhável para freqüentar. A Estação da Estrada de Ferro Sorocabana estava abandonada. Disse que ali seria um bom local para fazermos um varejão. Fizemos uma limpeza do prédio, com o pessoal da SEMA, e fizemos o primeiro varejão de Piracicaba ali. Tínhamos contato com os atacadistas que estavam instalados no prédio do Matadouro Municipal. Fizemos o convite para participarem. Inauguramos com dois pontos de venda: o Mori que foi vender peixe e outro que não me lembro no momento. Lotou de gente! A cidade foi para lá! Não durou uma hora acabou tudo. Depois disso não conseguíamos atender a demanda de gente que queria colocar banca lá. Que era por preço  controlado por nós, Fazíamos uma pesquisa e no final da semana fixávamos o preço de tudo. O varejão continua existindo ao lado do terminal, não é mais na Sorocabana. O varejão trouxe benefício à população e ocupamos um espaço que estava deteriorado. Logo depois terminou o mandato do prefeito em exercício. O João Hermann foi eleito deputado federal, o Montoro ganhou as eleições, o Borghesi foi trabalhar no DAE e me levou, eu trabalhava no DAE, dava aulas na GV e aos fins de semana dava aulas na UNIMEP. Estava no DAE e fui para o Planejamento do Estado, antes passei um período na Secretaria de Saúde do Estado. Estava fazendo um grande programa chamado Programa Metropolitano de Saúde, que era para construir unidade de saúde na Grande São Paulo e fazer isso funcionar com financiamento do Banco Mundial. Isso foi em 1985, fiquei um ano na Secretaria da Saúde. O Secretário era o João Yunes. Após um ano fui para o Palácio dos Bandeirantes, trabalhar no planejamento do Estado. Peguei a área Social, olhar orçamento, para onde ia o dinheiro, Permaneci até ingressar na UNICAMP em 1989. Portanto fiquei no Estado de 1983 a 1989. Em 1995 o Barjas foi para Brasília para a Educação, com o Paulo Renato que era o reitor da UNICAMP, além de professor eu era assessor do Paulo Renato. Abriu o Planejamento aqui em Piracicaba, o Thame convidou-me para ser o Secretário do Planejamento. Em 1995 voltei para a vida pública. Antonio Carlos de Mendes Thame, estimulado por Ludovico Trevisan foi o primeiro prefeito no Brasil a fazer um negócio chamado Desafetação.
O que é Desafetação?
Você entra em uma favela, geralmente é área verde ou área particular, essa área é desapropriada, se for pública é uma área verde, é uma área comum à toda população da cidade, cede aquela área à população, cede vendendo, urbaniza, simultaneamente compra outra área em outro local da cidade. Semelhante àquela área. Nas mesmas dimensões e cria uma área verde em outro espaço. Começamos pelo Algodoal, tanto que hoje é um bairro. Para fazer a Desafetação precisa ter dinheiro para adquirir outra área, e fazer a infra-estruturar da favela já instalada. Essa idéia foi incorporada na Legislação Federal. Ai entrou como prefeito Humberto de Campos e eu continuei como Secretário do Planejamento. Eu tinha trabalhado na Secretaria da Saúde em São Paulo, fui Conselheiro e Presidente da Fundação Para o Remédio Popular, Minha tese de doutorado foi sobre Política de Assistência Farmacêutica. E fazia pesquisa na área de saúde da UNICAMP. Virei Coordenador Nacional desse projeto Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde – Reforsus. Aplicava dinheiro em hospitais, equipamentos, unidades de saúde, no país inteiro. Eu tinha uma equipe de fiscalização. Além do Tribunal de Contas que iam em determinados locais verificar os resultados. Na época precisava de muito investimento, hoje você precisa de menos investimento e mais custeio. Inaugurei hospitais no Brasil Inteiro. Em locais que não tinha nada. Inaugurei Prontos Socorros enormes. Todos com equipamentos de primeira linha.  Eu tinha um grupo técnico muito bom: engenheiros, arquitetos, enfermeiras, era mais e 100 pessoas. Pessoal qualificadíssimo. Em 2002 terminou o governo, voltei para a Unicamp. Em 2008 fui convidado a ser Secretário da Educação em Piracicaba. Com pós-doutorado, anos de ensino superior, deparei-me com uma situação nova, tratar com crianças de 0 a 10 anos. Fui estudar. Até mesmo para falar a mesma língua das pedagogas. Passei quatro anos estudando educação. Tomei algumas decisões de mudar o padrão arquitetônico das creches, para que o ambiente em que as crianças fossem estar os deixassem satisfeitos, onde os profissionais fossem estar, seria o mais adequado possível. Criamos materiais novos, para despertar essa fase que chamamos de Primeira Infância. A fase mais importante da criança é essa. Ai tem a alfabetização, que é outra história. Também fui estudar esse assunto. Coloquei o currículo comum, não é cada escola dar o que quiser. Copiei do programa do Estado chamado “Ler e Escrever”. Pedi para eles mandarem os materiais. Fiz aqui e exigi que as nossas escolas adotassem esse método. O menino faz o primeiro ano em uma escola, o segundo ano vai para outra escola, tem que haver uma seqüência. Se der liberdade para para as escolas não haverá seqüência nunca! Eu sempre disse que não pode errar nessa fase de alfabetização! Como prefeito com a Secretária Ângela Corrêa, avançamos na formação dos professores.
Prefeito sofre?
Prefeito sofre! Todo prefeito quer resolver todas as coisas. Os recursos não permitem! Por mais que você tente não consegue. Além das criticas que recebe por algum motivo. O prefeito tem que eleger um conjunto de coisas e ter ciência de que essas são as mais importantes. O prefeito está sempre aprendendo, só que tem que eleger prioridades para quatro anos. Escolhi algumas: saúde foi a primeira; educação já estava como prioritária; importância ao meio ambiente. Tinha um plano pré-aprovado na cidade de corredores de ônibus. Quando deu a crise de 2013, a Presidente Dilma resolveu distribuir dinheiro para a mobilidade urbana. Arrumamos aquele pré-plano, um projeto maior. O governo do PT nunca deu dinheiro nenhum para Piracicaba. Fui para Brasília, quase não era recebido. O PT não nos recebia por ser do PSDB. Piracicaba foi discriminada, era um PSDB muito forte. Nesse caso em particular, quem tinha projeto? Piracicaba tinha! Recebeu a verba. A Avenida Renato Wagner ficamos discutindo um ano sobre as modificações, modelo a ser adotado, cada detalhe foi discutido. Foi uma recuperação fantástica, era um horror. Você não pode deixar nada fora, assistência social, o que esporte movimenta a cidade é impressionante. Cultura eu reestruturei, reergui a orquestra. Por sorte o Maestro Jamil Maluf apareceu. A orquestra se apresentava três vezes ao ano, colocamos mais dinheiro, a orquestra realiza uma apresentação mensal. Foi para Campos do Jordão pela terceira vez. As reformas feitas na Rua do Porto. A ponte pênsil antiga estava destruída embaixo. Ficou por um ano fechada. Reconstruí para durar mais 20 ou 30 anos. Terminei o Hospital Regional. Está funcionando com 25% da sua capacidade, a UNICAMP assumiu com verba do Estado.
Piracicaba é uma cidade de porte médio com crescimento acelerado, alguém já pensou em transporte de massa sobre trilhos?
Pensamos! Junto com o Lauro Pinotti que era diretor do IPLAP, há muita resistência de setores conservadores, além de que a implantação envolve muito dinheiro. O Lauro tinha boas idéias sobre veículo leve sobre trilhos (VLT). Entre pequenas, médias e grandes fiz 800 obras. Foram quase 200 quilômetros de recapeamento de ruas. Troquei todas as gramas das avenidas por grama esmeralda. É muito diferente a realização burocrática de uma obra do setor privado e do setor público. A primeira iluminação a led em Piracicaba foi eu que fiz, na Avenida Centenário. na Avenida Independência, na Avenida Renato Wagner. Dura dez anos aquela lâmpada. Em licitação às vezes entra uma empresa sem qualquer qualificação, abandona a obra, para recomeçar a obra é um cipoal burocrático. Há licitações em que não há nenhum participante. O Tribunal de Contas às vezes questiona por uma minúcia sem qualquer fundamento. A obra fica paralisada. A Prefeitura de São Paulo até hoje não saiu a licitação de ônibus, isso na quinta prorrogação. As pessoas em grande parte não sabem disso, imaginam que o prefeito faz tudo que desejar. O prefeito cumpre leis, burocracia, é obrigado a aceitar as críticas da sociedade, há uma série de constrangimentos. Eu levava serviço para fazer fim de semana em casa. São muitas reuniões, muitos eventos. Chega uma hora que é quase impossível estar presente em todos os lugares.
Algumas pessoas não entenderam porque em cada parada de ônibus foi retirado o asfalto e colocado concreto.
Permanentemente tinha que ser dada manutenção no asfalto, a partir do momento em que o piso onde o ônibus concentra seu esforço e peso sobre o concreto há mais resistência do piso. Os abrigos de ônibus, eram repletos de cartazes anunciando de tudo, coloquei uma plaquinha amarela avisando que incorre em multa de R$ 700,00 quem afixar qualquer tipo de propaganda. Criei novos abrigos, as pessoas em sua maioria não sabem, mas há muita insegurança nesses abrigos cujas costas são fechadas, não permitem a visão de quem pode estar atrás. Primeira observação: “Eu quero de vidro”. Todo mundo enxerga quem está ali. Segunda observação: “Arquitetonicamente bonito”. Terceira: “Eu queria vidro dos dois lados”. Para proteção da chuva e vento de ambos os lados. Não sei por que, eu já não estava mais na prefeitura, colocaram vidros de um lado só. Eu participava de todos os detalhes.
 
 

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