PROGRAMA
PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 de julho de 2018.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 de julho de 2018.
Entrevista:
Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: GABRIEL FERRATO DOS SANTOS
Gabriel Ferrato dos Santos
foi professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp
desde 1988. Pós-doutorado em Economia da Saúde na University of York
(setembro/2007-janeiro/2008) e na Universidad Pompeu Fabra
(fevereiro/2008-julho/2008). Doutor em Economia (Unicamp, 1996), Mestre em
Administração de Empresas na área de Economia de Empresas (FGV-SP, 1982),
Mestrado Profissional em Gestão de Sistemas de Saúde (UFBa, 2003) e graduado em
Ciências Econômicas (Unimep, 1973). Em 2007 assumiu a coordenação do Núcleo de
Economia Social Urbana e Regional do IE . Atuou, também, como pesquisador do
NEPP- Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp. Na área de pesquisa,
dedicou grande parte dos trabalhos ao tema políticas públicas e, mais
recentemente, aos temas relacionados à Economia da Saúde. De 1995 a 2002 foi
cedido pela Unicamp para ocupar cargos públicos como o de Secretário de
Planejamento do Município de Piracicaba (1995/junho1997) e o de
Coordenador-Geral do Projeto Reforsus do Ministério da Saúde
(julho1997/dez2002), cargo este que acumulou com o de Secretário de Gestão de
Investimentos desse Ministério (março2002/dez2002). Foi eleito prefeito de
Piracicaba em 2012 terminando seu mandato em 2016. Casado cm a Sra. Selma.
Gabriel Ferrato
dos Santos conhecido na vida pública como Gabriel Ferrato, nasceu em Piracicaba
em 31 de outubro de 1951, na Rua Alferes José Caetano entre a Rua XV de
Novembro e a Rua Rangel Pestana, na casa da sua avó. Era muito comum dar a luz com o auxilio de uma
parteira, Dona Mariinha era uma das mais experientes e solicitadas, foi quem
fez o parto de Gabriel. Seus pais são Donato Correia Santos natural de Brotas,
e Maria Diniz Ferrato dos Santos, nascida em Guaraci, cidade próxima a
Andradina. Tiveram sete filhos: Bernadete, Raquel, Maria Angélica, Judite,
Gabriel, Márcia Cristina e Alexandre.
Seus pais se
conheceram em qual cidade?
Meu pai foi
trabalhar em Andradina e lá conheceu a minha mãe. Somos parentes da família
Moura Andrade, meu avô paterno é primo do Moura Andrade, eles que fundaram a
cidade de Andradina, que leva esse nome por ter origem no nome Andrade. Meu pai
trabalhou com os Moura Andrade. Trabalhou também aqui em Águas de São Pedro.
Também foram os Moura Andrade que fundaram Águas de São Pedro.
Qual era a atividade profissional do seu pai?
Meu pai foi
durante muito tempo contador, na época chamavam guarda-livros. Ele decidiu sair
dessa área e passou a ser comerciante. Ele veio para Piracicaba, lembro-me que
eu era menino e ele tinha um armazém na Rua Marechal Deodoro esquina com a Rua
São João.
Em qual escola você iniciou seus estudos?
O primeiro ano
estudei no Grupo Escolar Dr. Prudente de Moraes, minha primeira professora foi
a Dona Dolores. O segundo ano estudei no Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Meu
pai foi trabalhar na PAMEC,
Patrulha de Mecanização Agrícola, fornecendo serviço de preparação de terra
para os agricultores locais.Hoje é a PAINCO. Em Rio das Pedras, onde morei um
ano, o terceiro ano estudei no Grupo Escolar Barão de Serra Negra. Em seguida
vim para o Sud Mennucci em Piracicaba onde estudei até concluir o curso
científico. Tive aulas com Benedito de Andrade, Demóstenes, Ceccarelli,
Arquimedes Dutra, Prof. Costinha, José Salles,Prof. Otávio de matemática,
Profa. Mariinha de história, Dona Zelinda, Profa. Nilda de geografia, Prof.
Evaristo. Tinha que saber gramática, ler e fazer o resumo de um livro por mês, foi
quando li os clássicos Machado de Assis,
José de Alencar, Lembro-me da figura de cada um dos meus professores. Você vê
como foram importantes. Meu pai sempre dizia: “- Meus filhos têm que estudar!”.
Só que passávamos por uma crise econômica sem precedentes, minhas irmãs mais
velhas, eu com 15 anos fomos trabalhar. Naquela época era permitido trabalhar
com essa idade. Aos 15 anos tive minha carteira registrada como contínuo do
Bradesco situado à Rua XV de Novembro, 831, em Piracicaba, Entregava avisos. Saia de bicicleta pelas
ruas. Conheci a cidade inteira.
Que marca era a bicicleta com a qual
trabalhava?
Era
uma Monark. Eu trabalhava o dia todo, fui fazer o científico a noite. Progredi
no trabalho, aos 18 anos era caixa executivo do banco. Caixa executivo fazia
tudo, tinha que entender tudo do banco. Terminado o curso científico decidi
entrar na “Faculdade de
Ciências Econômicas, Contábeis e de Administração de Empresas Piracicabana”,
conhecida por ECA. Os professores davam aulas na USP, UNICAMP , FGV,e vinham
lecionar aqui. Como eu trabalhava no banco, a economia tinha alguma coisa a ver
comigo: Aplicações Financeiras, Títulos, Duplicatas. Promissórias. Pensei que
poderia fazer uma carreira no banco, estudando Economia. As próprias aulas, a
Economia, ajuda a pensar o Brasil. Foi quando descobri que queria ser
professor. Para ensinar Economia e ajudar as pessoas a pensarem nisso tudo.
Para quem se dedica à Economia como me dediquei por 40 anos, é apaixonante. Estimulado pelo
Copato que era o diretor da faculdade na época, ele tinha estudado na Getúlio
Vargas na área de administração, fui, prestei exame, passei em um dos primeiros
lugares,no mestrado, a faculdade era paga, só que a FGV tinha uma bolsa, que
tinha sido criada pelo Delfim Neto, era o “Programa Nacional de Formação de
Executivos”. Eu tinha essa bolsa que pagava o meu curso, só que teria que
reembolsar após o término do curso. Consegui também uma bolsa auxilio da GV,
simultaneamente um ex-professor aqui da ECA convidou-me para dar aulas na hoje
Universidade Ibirapuera. Na época eu estava fazendo mestrado na GV eram poucos
alunos que tinham essa oportunidade. Com 22 anos passei a lecionar introdução à
economia para 150 alunos! A maioria mais velha do que eu. Foi um teste
magnífico para a minha vida! Depois continuei dando aulas lá de Economia
Brasileira.
Qual foi a sua sensação quando entrou pela primeira
vez para dar aulas?
Como eu estava fazendo um curso de alta
reputação, na GV, entrei com certa segurança. E, se eu mostrasse fraqueza para
150 alunos ia ser consumido!
Você preparava as aulas que ia
ministrar?
Nossa!
Preparava muito as aulas. O segredo do bom professor é estudar muito e preparar
uma boa aula. Economia é muito complexa, sempre que você está estudando aparece
uma dúvida para você mesmo, ai você tem
que buscar aquela resposta para aquela questão, ler aquela teoria, por incrível
que pareça é exatamente o que o aluno irá perguntar! Na GV, como aluno no
mestrado, tive bons professores: Bresser
Pereira; Eduardo Suplicy foi meu professor
em dois cursos; Luis Antonio de Oliveira; Yoshiaki Nakano.
Como
era o Eduardo Suplicy dando aula?
O Eduardo foi meu padrinho na GV, depois me
tornei professor lá. Como fui um bom aluno nos dois cursos que fiz com ele,
tive a indicação dele para der professor na GV.
Uma manhã ele chegou na sala de aula, ele
gostava de escrever na lousa, de repente ele parou. A Teoria Microeconômica,
era a matéria, mas de uma forma diferente. Era uma novidade até para ele. Por
15 minutos de aula ele parou, ficou olhando, da forma que conhecemos, após esse
tempo disse: “-Não estou preparado para dar essa aula, vocês me desculpem, mas
não estou preparado!”. Para ele também era uma abordagem nova que ele estava
adotando.
O
Eduardo Suplicy já surpreendeu algumas vezes cantando em locais inusitados ?
Ele canta até hoje "Blowin in the wind", ele
gosta de cantar essa música, ele cantou em Piracicaba, em um evento nosso aqui.
Ele terminou um curso de Macro economia, tinha acabado de vir do exterior, ele
reproduziu o curso que teve lá, para nós. Foi um curso excelente de
macroeconomia. Aprendi macroeconomia com ele. Ele terminou o curso dele com uma
apostila “O Socialismo na China”. Isso em 1975. Todos os chineses usavam roupas
identicas, todos andavam de bicicleta, Ele defendia isso com a gente. Por que
nós aqui em São Paulo não andamos com a mesma roupa, mesmo sapato e de
bicicleta? Ele defendia isso. Tentou mostrar que a partir dessa visão que ele
tinha, de comunismo, em sua forma mais natural, onde é tudo igual para todo
mundo. Que não era na verdade, as elites dirigentes não tem o padrão da massa.
Aquilo também desperta-nos para alguma coisa.Você pode até concordar que
dificilmente o mundo será aquilo.
Você teve aulas com mais
nomes conhecidos no cenário nacinal?
Tive,um deles
foi Afonso Celso Pastore, isso na parte da economia, em administração tive
aulas com os papas da administração no Brasil. Na GV fiz Economia de Empresas,
tinha administração e Economia. Foi o primeiro do país nesses moldes. Em 1975
comecei a dar aulas também na UNIMEP onde permaneci até 1985. Em 1976 passei a dar aulas também na GV onde
dei aulas até 1989. Ai ingressei na UNICAMP onde me aposentei antes de ser
prefeito.
Quando você entrou na política?
Eu ingressei
na época do Francisco Antonio Coelho o “Coelhinho”. Eu estava na GV e na UNIMEP dando aulas. Uma amiga, que tinha
sido aluna na GV, foi trabalhar no UNIBANCO, mais precisamente no Banco de
Investimentos do Unibanco. Ela disse que o UNIBANCO estava precisando de
economista. Se eu não queria ver. Fiz um teste e passei. Fui trabalhar como
Analista de Investimento do Unibanco, na Praça Patriarca vigésimo terceiro
andar. Continuei dando aulas na GV, mas a noite. E sábado aqui em Piracicaba na
UNIMEP. Alguém apareceu na GV e me convidou para ir para a Universidade Federal
de Lavras. Era para dar aula de uma disciplina só, por um ano, “Você termina
sua tese de mestrado, e nós o mandamos para os Estados Unidos para fazer PhD (Philosophiæ Doctor ou Doutor da Filosofia)”. Conversando
com alguns amigos em Piracicaba, acharam que eu deveria permanecer aqui em
Piracicaba e colaborar com o prefeito João Herrmann Neto que passava por uma fase
desfavorável. Só não deixei a GV, onde dava aula a noite. Vim trabalhar com o
prefeito. Poucos ou talvez ninguém saiba, mas criei o primeiro Varejão de
Piracicaba.
Em que local?
Eu era Gerente do Programa Municipal de Abastecimento do governo
João Hermann. Estudava os preços dos alimentos, o custo de vida de Piracicaba, junto
com um colega, estudante da ESALQ começamos a estudar sobre o abastecimento de
alimentos na cidade. Concluímos que para manter em um nível adequado teríamos
que criar um varejão. O
Prefeito João Herrmann Neto tinha como meta política, eleger-se deputado
federal em 1982. Na vice-prefeitura estava José Aparecido Borghesi que assumiu
a prefeitura. Eu e o Nelson de Oliveira Matheus Júnior, que é o
engenheiro agrônomo achamos que o Largo da Sorocabana, onde hoje é o terminal
central, na época, a noite era um local pouco aconselhável para freqüentar. A
Estação da Estrada de Ferro Sorocabana estava abandonada. Disse que ali seria
um bom local para fazermos um varejão. Fizemos uma limpeza do prédio, com o
pessoal da SEMA, e fizemos o primeiro varejão de Piracicaba ali. Tínhamos
contato com os atacadistas que estavam instalados no prédio do Matadouro
Municipal. Fizemos o convite para participarem. Inauguramos com dois pontos de
venda: o Mori que foi vender peixe e outro que não me lembro no momento. Lotou
de gente! A cidade foi para lá! Não durou uma hora acabou tudo. Depois disso
não conseguíamos atender a demanda de gente que queria colocar banca lá. Que
era por preço controlado por nós,
Fazíamos uma pesquisa e no final da semana fixávamos o preço de tudo. O varejão
continua existindo ao lado do terminal, não é mais na Sorocabana. O varejão
trouxe benefício à população e ocupamos um espaço que estava deteriorado. Logo
depois terminou o mandato do prefeito em exercício. O João Hermann foi eleito
deputado federal, o Montoro ganhou as eleições, o Borghesi foi trabalhar no DAE
e me levou, eu trabalhava no DAE, dava aulas na GV e aos fins de semana dava
aulas na UNIMEP. Estava no DAE e fui para o Planejamento do Estado, antes
passei um período na Secretaria de Saúde do Estado. Estava fazendo um grande
programa chamado Programa Metropolitano de Saúde, que era para construir
unidade de saúde na Grande São Paulo e fazer isso funcionar com financiamento
do Banco Mundial. Isso foi em 1985, fiquei um ano na Secretaria da Saúde. O
Secretário era o João Yunes. Após um ano fui para o Palácio dos Bandeirantes,
trabalhar no planejamento do Estado. Peguei a área Social, olhar orçamento,
para onde ia o dinheiro, Permaneci até ingressar na UNICAMP em 1989. Portanto
fiquei no Estado de 1983 a 1989. Em 1995 o Barjas foi para Brasília para a
Educação, com o Paulo Renato que era o reitor da UNICAMP, além de professor eu
era assessor do Paulo Renato. Abriu o Planejamento aqui em Piracicaba, o Thame
convidou-me para ser o Secretário do Planejamento. Em 1995 voltei para a vida
pública. Antonio Carlos de Mendes Thame, estimulado por Ludovico Trevisan foi o
primeiro prefeito no Brasil a fazer um negócio chamado Desafetação.
O que é Desafetação?
Você entra em uma favela, geralmente é área
verde ou área particular, essa área é desapropriada, se for pública é uma área
verde, é uma área comum à toda população da cidade, cede aquela área à
população, cede vendendo, urbaniza, simultaneamente compra outra área em outro
local da cidade. Semelhante àquela área. Nas mesmas dimensões e cria uma área
verde em outro espaço. Começamos pelo Algodoal, tanto que hoje é um bairro.
Para fazer a Desafetação precisa ter dinheiro para adquirir outra área, e fazer
a infra-estruturar da favela já instalada. Essa idéia foi incorporada na
Legislação Federal. Ai entrou como prefeito Humberto de Campos e eu continuei
como Secretário do Planejamento. Eu tinha trabalhado na Secretaria da Saúde em
São Paulo, fui Conselheiro e Presidente da Fundação Para o Remédio Popular,
Minha tese de doutorado foi sobre Política de Assistência Farmacêutica. E fazia
pesquisa na área de saúde da UNICAMP. Virei Coordenador Nacional desse projeto Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde –
Reforsus. Aplicava dinheiro em hospitais, equipamentos, unidades de saúde, no
país inteiro. Eu tinha uma equipe de fiscalização. Além do Tribunal de Contas
que iam em determinados locais verificar os resultados. Na época precisava de
muito investimento, hoje você precisa de menos investimento e mais custeio.
Inaugurei hospitais no Brasil Inteiro. Em locais que não tinha nada. Inaugurei
Prontos Socorros enormes. Todos com equipamentos de primeira linha. Eu tinha um grupo técnico muito bom:
engenheiros, arquitetos, enfermeiras, era mais e 100 pessoas. Pessoal
qualificadíssimo. Em 2002 terminou o governo, voltei para a Unicamp. Em 2008
fui convidado a ser Secretário da Educação em Piracicaba. Com pós-doutorado,
anos de ensino superior, deparei-me com uma situação nova, tratar com crianças
de 0 a 10 anos. Fui estudar. Até mesmo para falar a mesma língua das pedagogas.
Passei quatro anos estudando educação. Tomei algumas decisões de mudar o padrão
arquitetônico das creches, para que o ambiente em que as crianças fossem estar os
deixassem satisfeitos, onde os profissionais fossem estar, seria o mais
adequado possível. Criamos materiais novos, para despertar essa fase que
chamamos de Primeira Infância. A fase mais importante da criança é essa. Ai tem
a alfabetização, que é outra história. Também fui estudar esse assunto.
Coloquei o currículo comum, não é cada escola dar o que quiser. Copiei do
programa do Estado chamado “Ler e Escrever”. Pedi para eles mandarem os
materiais. Fiz aqui e exigi que as nossas escolas adotassem esse método. O
menino faz o primeiro ano em uma escola, o segundo ano vai para outra escola,
tem que haver uma seqüência. Se der liberdade para para as escolas não haverá
seqüência nunca! Eu sempre disse que não pode errar nessa fase de
alfabetização! Como prefeito com a Secretária Ângela Corrêa, avançamos na formação
dos professores.
Prefeito sofre?
Prefeito sofre! Todo
prefeito quer resolver todas as coisas. Os recursos não permitem! Por mais que
você tente não consegue. Além das criticas que recebe por algum motivo. O
prefeito tem que eleger um conjunto de coisas e ter ciência de que essas são as
mais importantes. O prefeito está sempre aprendendo, só que tem que eleger
prioridades para quatro anos. Escolhi algumas: saúde foi a primeira; educação
já estava como prioritária; importância ao meio ambiente. Tinha um plano
pré-aprovado na cidade de corredores de ônibus. Quando deu a crise de 2013, a
Presidente Dilma resolveu distribuir dinheiro para a mobilidade urbana.
Arrumamos aquele pré-plano, um projeto maior. O governo do PT nunca deu
dinheiro nenhum para Piracicaba. Fui para Brasília, quase não era recebido. O
PT não nos recebia por ser do PSDB. Piracicaba foi discriminada, era um PSDB
muito forte. Nesse caso em particular, quem tinha projeto? Piracicaba tinha!
Recebeu a verba. A Avenida Renato Wagner ficamos discutindo um ano sobre as
modificações, modelo a ser adotado, cada detalhe foi discutido. Foi uma
recuperação fantástica, era um horror. Você não pode deixar nada fora,
assistência social, o que esporte movimenta a cidade é impressionante. Cultura eu
reestruturei, reergui a orquestra. Por sorte o Maestro Jamil Maluf apareceu. A
orquestra se apresentava três vezes ao ano, colocamos mais dinheiro, a
orquestra realiza uma apresentação mensal. Foi para Campos do Jordão pela
terceira vez. As reformas feitas na Rua do Porto. A ponte pênsil antiga estava
destruída embaixo. Ficou por um ano fechada. Reconstruí para durar mais 20 ou
30 anos. Terminei o Hospital Regional. Está funcionando com 25% da sua
capacidade, a UNICAMP assumiu com verba do Estado.
Piracicaba é uma
cidade de porte médio com crescimento acelerado, alguém já pensou em transporte
de massa sobre trilhos?
Pensamos! Junto com o Lauro Pinotti que era diretor do
IPLAP, há muita resistência de setores conservadores, além de que a implantação
envolve muito dinheiro. O Lauro tinha boas idéias sobre veículo leve sobre trilhos (VLT). Entre pequenas, médias e grandes fiz 800 obras. Foram quase 200
quilômetros de recapeamento de ruas. Troquei todas as gramas das avenidas por
grama esmeralda. É muito diferente a realização burocrática de uma obra do
setor privado e do setor público. A primeira iluminação a led em Piracicaba foi
eu que fiz, na Avenida Centenário. na Avenida Independência, na Avenida Renato
Wagner. Dura dez anos aquela lâmpada. Em licitação às vezes entra uma empresa
sem qualquer qualificação, abandona a obra, para recomeçar a obra é um cipoal
burocrático. Há licitações em que não há nenhum participante. O Tribunal de
Contas às vezes questiona por uma minúcia sem qualquer fundamento. A obra fica
paralisada. A Prefeitura de São Paulo até hoje não saiu a licitação de ônibus,
isso na quinta prorrogação. As pessoas em grande parte não sabem disso,
imaginam que o prefeito faz tudo que desejar. O prefeito cumpre leis,
burocracia, é obrigado a aceitar as críticas da sociedade, há uma série de
constrangimentos. Eu levava serviço para fazer fim de semana em casa. São
muitas reuniões, muitos eventos. Chega uma hora que é quase impossível estar
presente em todos os lugares.
Algumas
pessoas não entenderam porque em cada parada de ônibus foi retirado o asfalto e
colocado concreto.
Permanentemente
tinha que ser dada manutenção no asfalto, a partir do momento em que o piso
onde o ônibus concentra seu esforço e peso sobre o concreto há mais resistência
do piso. Os abrigos de ônibus, eram repletos de cartazes anunciando de tudo,
coloquei uma plaquinha amarela avisando que incorre em multa de R$ 700,00 quem
afixar qualquer tipo de propaganda. Criei novos abrigos, as pessoas em sua
maioria não sabem, mas há muita insegurança nesses abrigos cujas costas são
fechadas, não permitem a visão de quem pode estar atrás. Primeira observação:
“Eu quero de vidro”. Todo mundo enxerga quem está ali. Segunda observação:
“Arquitetonicamente bonito”. Terceira: “Eu queria vidro dos dois lados”. Para
proteção da chuva e vento de ambos os lados. Não sei por que, eu já não estava
mais na prefeitura, colocaram vidros de um lado só. Eu participava de todos os
detalhes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário