sexta-feira, abril 03, 2015

REVERENDO SÉRGIO PAULO MARTINS NASCIMENTO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 03 Janeiro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: REVERENDO SÉRGIO PAULO MARTINS NASCIMENTO  IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL – PIRACICAMIRIM





O Reverendo Sérgio Paulo Martins Nascimento nasceu em Campinas a 4 de agosto de 1960, filho de Noêmia Martins Nascimento, nascida em Avaí, interior de São Paulo,  e Joel Silva Nascimento, sergipano da cidade de Riachão dos Dantas, que veio para São Paulo ainda muito jovem. Os dois se conheceram na Igreja em Campinas, no bairro Campos Elíseos. Seu avô paterno é presbiteriano desde 1914. O casal Noêmia e Joel teve cinco filhos: Sérgio, Raquel, Edson Fernando, Carlos Eduardo, Julia Maria além de uma irmã adotiva, a Araceli.
Em que ano o pai do senhor veio para Campinas?
Foi em 1956, veio para trabalhar como carpinteiro em uma construtora, que depois veio a ser a famosa Lix da Cunha. Ele desenvolveu a carreira até ser mestre de obras.  Aposentou-se após trabalhar por mais de quarenta anos na mesma empresa. É algo raro em um setor que tem grande rotatividade de funcionários.
O senhor iniciou seus estudos em que escola?
Estudei no Colégio Padre José dos Santos, no bairro Campos Elíseos, na mesma rua morava a hoje atriz consagrada Regina Duarte, o Luiz Ceará, jornalista esportivo, eram pré-adolescentes, era da nossa turma, estudou conosco, o jornalista da TV Globo Heraldo Pereira. Campinas deu muitos artistas para a Globo: Claudia Raia, Luis Scamparini, Maitê Proença, Faustão. Nessa escola fiz até o ginásio. Depois fui estudar o segundo grau no Vitor Meirelles.
O senhor trabalhava nessa época?
Sempre trabalhei!  Comecei a trabalhar desde os oito anos. Meu avô materno, Sebastião, gostava de plantar alface eu colocava em uma cestinha de vime e saía vendendo pela vizinhança. Vendia pipoca. Tinha uma senhora negra que tínhamos um carinho muito grande por ela, ela fazia uma paçoquinha de amendoim muito boa, eu vendia, ajudava-a e eu sempre tinha uns trocadinhos, vendi picolé. Nunca tive problema com trabalhar. Tem até uma coincidência interessante, aos 12 anos eu vendia pamonha de Piracicaba.
Como a pamonha de Piracicaba chegava a Campinas?
No centro da cidade, no Largo do Rosário, tinha um estacionamento, e um rapaz ia com uma Kombi de Piracicaba à Campinas, isso todos os dias. Levava curau, pamonha e bolo de milho. Ele então distribuía para alguns meninos que pegavam por consignação, no final do dia fazia o acerto com ele. Na época eu vendia uma média de cem pamonhas por dia! Saia às oito horas da manhã, caminhava a pé pelos bairros, vendendo de porta em porta. A escola eu freqüentava a noite.
O fato de o senhor não ter tido muito tempo para brincar quando era criança o prejudicou em alguma coisa?
Não, acredito que não me prejudicou em nada. Eu gostava de jogar bola, jogava muito, mesmo com todas essas atividades eu tinha o sonho de ser jogador de futebol, era o sonho de todo garoto daquela época. Dentro das possibilidades todo final de semana jogava futebol.
Um jogo clássico de Campinas é do Guarani Futebol Clube e Associação Atlética Ponte Preta, qual é o time do seu coração?
Sou pontepretano! Ia assistir aos jogos, participei das “peneiras” lá da Ponte Preta, comecei a jogar, como centro-avante, era mais meio-direita. Fazia muito gol. Aos finais de semana, as vezes durante a semana frequentávamos a Igreja Prebisteriana do Brasil – Campos Elíseos.
A Igreja Presbiteriana mantém alguma ação social em Piracicaba?
Mantemos a Associação Cristã de Filantropia que mantém o Projeto Crescer. Uma entidade que tem repercussão no Brasil todo é a Universidade Presbiteriana Mackenzie. A mantenedora do Mackenzie é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Foi iniciada por missionários presbiterianos, em uma época em que infelizmente havia muita discriminação contra protestantes, judeus e negros então recém-libertos. Os filhos dos missionários não tinham como estudar nas escolas, os missionários que chegaram aqui abriram essa essa escola que era acessivel a negros, judeus e protestantes. (O Instituto Presbiteriano Mackenzie iniciou suas atividades em 1870. Fundado pelo casal de missionários presbiterianos George e Mary Ann Annesley Chamberlain‎. Três crianças, sendo dois meninos e uma menina, foram os primeiros alunos de um sistema educacional em turmas mistas, sem os castigos físicos adotados na época. Em 1879, Dona Maria Antônia da Silva Ramos, baronesa de Antonina, vendeu ao Reverendo Chamberlain, por 800 mil réis, área de sua chácara em Higienópolis. Em 1880, adquiriu-se uma área de 27,7 mil metros quadrados no bairro de Higienópolis. Aceitando a proposta do jornalista José Carlos Rodrigues, adotou-se o nome de Escola Americana. A fama da Escola Americana não se restringia ao Brasil, chegando aos ouvidos do advogado americano John Theron Mackenzie que, sem nunca ter vindo ao Brasil, fez constar em seu testamento, em 1890, uma doação à Igreja Presbiteriana americana para que se construísse no Brasil uma escola de Engenharia. Desta forma, tem início o nome utilizado até hoje: Mackenzie.). Além do Mackenzie temos escolas esplhadas pelo Brasil todo, hoje são mais de 80.000 alunos. Temos dois grandes hospitais: um em Rio Verde (Goiás) e outro em Dourado (Mato Grosso do Sul). São hospitais da igreja.
Com que idade o senhor definiu qual seria a sua trajetória profissional?
Aos 18 anos eu já tinha uma clareza do que deveria fazer em relação ao chamado ministerial. Entendi a vocação, especialmente com o foco de povos não alcançados com o evangelho. Eu era muito ligado ao meu avô materno, ele morava conosco, e todos da família dizem que eu sou o mais parecido com ele, inclusive fisicamente. Eu deveria ter de quatorze para quinze anos quando um dia ele convidou-me para ir a uma reunião que haveria em uma casa naquela semana, acho que foi em uma terça-feira. E para incitar a minha curiosidade ele disse-me que deveria encontrar um grupo de indígenas naquele lugar. Eu nunca tinha visto um índio em minha vida! A noção que a população tinha de índios era distorcida. A curiosidade natural de adolescente me levou a ir com meu avô nessa reunião de oração e estudo bíblico. Encontrei um grupo de cinco índios, guaranis e terenas, vindos de Dourados, Mato Grosso do Sul, também protestantes.
Índios protestantes?
Exato! Eles vieram, estavam dando testemunhos de Jesus, falando e cantando em suas próprias línguas. Aquilo me chamou muito a atenção. A barreira que existia entre nós caiu por terra. Comecei a me perguntar, se tem esses têm outros! Onde estão os outros? Se tiver mais grupos, quem são esses grupos? Onde eles estão? Isso me levou em minha curiosidade de adolescente a pesquisar, aí descobri que nós tínhamos centenas de etnias no Brasil, todas diferentes, e que todas precisavam ter a oportunidade que aqueles estavam tendo de também ouvir o evangelho de Cristo. De uma forma genuína, clara. E lógico que a decisão seria deles. Mas teria que ter essa apresentação do Cristo do Evangelho, para eles também. E não só para eles, aí passei a verificar a partir de pesquisas que fiz naquela época, na década de 70, que havia muitos outros grupos nas mesmas condições, denominados grupos tribais, localizados na África, na Ásia, em várias partes do mundo, que também tinham a mesma necessidade. Aí então passei a me especializar nessa área. Entrei para fazer teologia, com foco na missiologia, para trabalhar em prol da evangelização desses povos não alcançados no mundo. Fui para uma escola específica de treinamento teológico, em Jacutinga, Minas Gerais, Instituto de Treinamento Missiológico Peniel.
Qual é o significado de Peniel?
É uma palavra hebraica que significa face a face com Deus. Jacó deu o nome a esse lugar, foi quando ele lutou com Deus e teve a sua vida transformada, e ai passou a ser chamado Israel. Jacó significa usurpador. Israel quer dizer “Príncipe de Deus”. Jacó lutou com Deus para o seu caráter ser mudado. Deus o tocou na coxa e ele ficou manco a partir daí. Um sinal dessa luta com Deus que lhe disse: “-A partir de agora serás chamado Israel”.
O senhor ficou por quanto tempo freqüentando essa escola?
Todo o curso são cinco anos de duração. São várias fases, tem a parte teológica, a parte missiológica, o treinamento de selva, como íamos trabalhar em contexto de selva com povos nativos, e até mesmo com povos não alcançados em contato com a sociedade envolvente, tínhamos que ter um treinamento específico. Fui entender o valor quando tive que colocar em prática. Além de aspectos como antropologia, lingüística, fonética.



Quantos idiomas o senhor domina?
Além do português, o inglês, comunico-me bem em espanhol, e as línguas tribais, quando você está com eles desenvolvemos, depois se acaba perdendo o domínio por falta de uso. Para se ter uma idéia, tenho aqui umas dez línguas de bíblias já traduzidas. Tenho uma do grupo que trabalhei quando tinha quatorze anos, e foi entregue traduzida no ano passado. Outra é da Guiana Francesa, tem outra que é dos nativos dos Andes, tanto no Peru como no Equador, são índios da região andina. Outra é uma região de Goiás. Outra bíblia está traduzida para o idioma dos índios do Paraná e Rio Grande do Sul. Outra é de índios do Maranhão. Cada bíblia dessas está na língua falada pela tribo, e são totalmente distintas. Quem traduz a bíblia para cada uma dessas línguas são missionários. É um trabalho que consome praticamente uma vida inteira. A que levou menos tempo, foi feita em oito anos. A Bíblia só está traduzida em 443 línguas, para um universo de 6.600 línguas faladas no mundo. È feito um dicionário que antecede a tradução da Bíblia. Um deles está aqui, estive com esse grupo, fui o diretor, esse trabalho foi lá em São Gabriel da Cachoeira na divisa com a Colômbia, era uma língua ágrafe (que não tinha grafia), até quatro anos passados. Em, suas mãos está o dicionário que trabalhou a grafia da língua. È um grupo pequeno, deve ter uns duzentos indivíduos, aqui temos o glossário semântico gramatical desse povo, com tradução para o português. É o projeto inicial, que é quando você trabalha a questão da grafia, a partir dos fonemas, e ai você vai descobrindo os substantivos, os verbos, advérbios, pronomes. A partir disso é formatada a grafia. Na formatação da grafia você vai partir para outro prisma que é a tradução. É um trabalho longo, árduo, demorado. Normalmente isso leva uns 20 anos. Só após definir a grafia é que se elabora a tradução.  A tradução geralmente é feita dos originais, grego, hebraico, para a língua então estudada. E não do português para a língua recém codificada. Existem os colecionadores de Bíblia, Antonio Cabrera, que inclusive foi Ministro da República, ele é presbiteriano, mora na região de São José do Rio Preto, é o maior colecionador de Bíblias do Brasil senão do mundo. As que eu apresentei a você tem uma participação direta ou indireta do meu ministério. Algumas dessas eu estava lá, entregando o trabalho pronto.


                             BÍBLIAS TRADUZIDAS NOS MAIS DIVERSOS IDIOMAS INDÍGENAS BRASILEIROS, ALGUMAS DEMORARAM ATÉ 30 ANOS PARA SEREM TRADUZIDAS, UMA VEZ QUE TEM QUE PRIMEIRO SER ELABORADA A GRAMÁTICA INDÍGENA EXISTENTE APENAS DE FORMA ORAL. 
Pode-se dizer que é muito semelhante ao trabalho que os monges faziam nos mosteiros há alguns séculos?
Exatamente! O meu foco foi trabalhar com esses povos, fui para a Amazônia, mais especificamente Santarém, no Pará, nessa ocasião era recém formado, tinha 22 anos, recém casado com a minha esposa Marlene Xavier Nascimento, temos dois filhos, Felipe e Guilherme.  A Marlene tem a mesma formação, nos conhecemos na igreja, ela estava especializando-se nessa área, casamos. Mais tarde ele veio a fazer mais outras faculdades, inclusive formou-se em Direito. Eu sou formado na área de Missiologia e Teologia. Fiz posteriormente o mestrado. Atualmente estou terminando o mestrado em Antropologia Cultural. Tenho a intenção de voltar à academia.   



Algumas pessoas chegam a determinada idade e sentem-se já maduras demais para continuarem a estudar, isso é uma lenda?
É uma lenda e ao mesmo tempo preguiça! A pessoa nessa situação tem um sentimento de inutilidade. Há pessoas que chegam a um determinado tempo da vida que não se consideram mais úteis. Acredito que isso é um fator cultural, considera tudo que é velho como imprestável, não serve para mais nada. Isso é também com referência ao idoso. É diferente da cultura oriental, onde o idoso é venerado. Nesse aspecto a cultura oriental é muito superior a nossa. Valorizam as pessoas mais experientes. Como o país está a cada dia envelhecendo mais, acredito que essas mudanças têm que ocorrer. Tem que haver uma conscientização. O Brasil está envelhecendo, a média de vida hoje é de 74,2 anos. E isso tende a aumentar cada vez mais. Está na hora de quebrar esse paradigma de que o idoso é inútil. Atualmente, pela pressão social e cultural a pessoa considera que ao chegar a determinada idade não tem mais o que fazer. Eu não creio nisso, enquanto tivermos fôlego de vida estamos ai. Estando ai e temos muito que fazer. Se for possível você fazer, atualizar-se, reciclar, conhecendo novos desafios. Eu vivo de desafios, sempre fui assim.
A primeira missão que o senhor realizou deu-se em que local?
Fui trabalhar com um grupo que ainda estava em fase de reconhecimento da existência ou não deles, fiz parte de uma equipe que tinha chegado antes de mim, fui fazer parte desse grupo. O trabalho era o reconhecimento ou não desse grupo tribal, havia vestígios em uma determinada área, próxima a cidade de Oriximiná, uma cidade do Pará, quase chegando ao Amazonas, próxima ao sul de Roraima, junto a um afluente do Rio Trombetas. Fui fazer contato com esse grupo, chamado de grupo arredio, em contato com a sociedade envolvente. Eu ficava por três meses na selva, minha esposa e meu filho recém-nascido ficavam na cidade de Santarém, lá era a nossa base. Subíamos levando 14 horas de barco, até Oriximiná, e depois andávamos cerca de 150 quilômetros na selva. A pé. Com a mochila nas costas, cada um levando o necessário para passar dois a três meses.
Aí que entra a importância do treinamento de sobrevivência na selva?
Exatamente! É ai que sentimos a importância do treinamento. Hoje é tudo mais fácil, existe o auxilio de GPS, roupas apropriadas. Naquela época entravamos uma selva usando Kichute (calçado, misto de tênis e chuteira, produzido no Brasil desde a década de 1970 pela Alpargatas). Ele era um calçado que não escorreva muito.
Como era feita a alimentação?
Alimentação encontrada na selva. Caça, pesca, frutos. Nós estavamoe em uma fase de contato, que chamavamos de “varação”, tinha que abrir uma picada na selva, não havia muito tempo para parar. A gente comia na medida em que ia encontrando coisas pelo caminho. Muita castanha do Pará, muito açaí, pupunha ou palmito do açai.
Os riscos eram enormes. Uma picada de cobra como poderia ser curada?
Nós levávamos soros antiofídicos eficazes contra o veneno de cobras conhecidas. Passamos por momentos dificeis, mas Deus nos livrou de todos eles.
Você portavam armas?
Sim, mas para caçar  para sobrevivência, era uma cartucheira simples. Jamais para ataque humano. Tinhamos um slogam “ Morremos, mas o indio não”. Estavamos prontos para morrer se necessário fosse, mas não iriamos reagir em hipose alguma para tirar a vida de ninguém. Estávamos conscientes do preço que iriamos pagar caso tivesse algum contato beligerante.
Como foi esse contato?
O contato foi interessante. Descobrimos a existência deles, inicialmente por um sobrevoo que fizemos, identificamos uma clareira na selva, conseguimos baixar com o avião que haviamos alugado, quando nos aproximamos dessa clareira a percepção foi clara de que era uma aldeia, ao baixarmos um pouco mais começou a vir flechadas em nossa direção, percebemos então que tinhamos sido identificados e que havia ali um grupo de seres humanos. A reação deles foi em ddcorrência de que nunca tinham visto aquilo. Aí fomos fazer o contato pessoal por terra, quando mais ou menos estabelecemos esse lugar, já tinhamos aberto uma clareira, tinhamos feito uma espécie de uma cabana, para ficarmos ali até que fossemos entrando, para não chegar imediatamente. Nas trilhas que percebemos, fomos colocando panos vermelhos, espelhos, facão, machado, que faz parte do processo de atração. Um dia os colegas tinham saido para caçar, tinham andado umas seis horas dentro da mata, deram de encontro por acaso com homem, uma mulher, uma criança e um idoso. Os colegas estavam voltando com a caça, tinham abatito um catitu, resolveram repartir ali como sinal de amizade. Já havia a perceção de que eles já estavam sabendo da nossa existência ali. Mais do que imaginávamos. Até porque a mulher estava com um pano desses que haviamos deixado. A principio os dois homens o mais novo e o mais idoso tentaram reagir para proteger a mulher e a criança, sem agreção, porém protegendo-os. O colega que estava com o catititu, ou porco do mato, nas costas, fez sinal de que ia repartir, Eles aceitaram e foram embora. Ele fez um sinal e entenderam que três ou quatro dias desceriam todos para lá. Nessa ocasião desceram os guerreiros mesmo, foi um momento muito tenso. O contato foi sendo estabelecido aos poucos. Essse grupo chama-se Zoé, durante a Copa do Mundo o Ronaldo e o Lucian Huck estiveram lá, entregaram bolas para eles.
O inicio do contato era feito por mímica?
A princípio era feita a comunicação por mímica, Depois fomos descobrindo, aprendendo a lingua, descobrimos que o tronco deles era Tupi-Guarani.
Quanto tempo o senhor permaneceu lá?
Fiquei dois anos e meio. Dormia em rede. Claro que não fiquei o tempo todo lá, vinha para a cidade, passava um tempo com a família. Quando estabelecemos contato abrimos uma pista para aviões, até que contruíssemos as casas para as esposas virem com os filhos. De lá fui para a Guiana Francesa, em São Jorge, divisa com o Oiapoque.
Qual era o idioma naquela região?
Era o francês. Embora na divisa com o Brasil exista uma língua utilizada que é uma mistura do créole, de influência africana, tinha o patuá, que é uma mistura do creóle, francês e línguas tribais maiores que existiam ali. Era uma Torre de Babel! Ouvíamos muitas línguas ao mesmo tempo.
Como é possível pregar para essas pessoas?
É um grande desafio! Primeiro tem que conhecer a língua. A língua que fala ao coração é a língua dele, não é a minha. Nosso objetivo não é cristianizar. Evangelizar é diferente de cristianizar. A evangelização parte do principio de que a pessoa tem o conhecimento de Deus. Inerente a própria raça humana. Esse conhecimento como Paulo diz, pelas coisas criadas os ensinamentos de Davi: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” O ser humano, não importa em que condição ele esteja, ele tem o conhecimento intrínseco de que existe um ser superior, de que existe um Deus. Por mais que os ateus queiram questionar isso, essa é a minha verdade de vida, em contexto até com os que não têm contato nenhum com a chamada civilização. Cristianização nada mais é do que cristianizar as pessoas. A evangelização parte do princípio de ele tem um conhecimento de Deus, desse Deus criador, por exemplo, algumas tribos têm um Deus que é um dos muitos deuses, só que esse Deus é um Deus bom, criador, que dá o sustento, nos cultos dentro do contexto tribal, na sua liturgia cultica, era o único dos deuses nesse Panteão de deuses que havia a participação da família nessa celebração: esposa, filhos, avós, de todo o grupo. Os outros tinham só a participação dos homens onde geralmente havia o consumo da bebida alcoólica feita através da mandioca, milho. Havia muita briga entre eles. Embriagavam-se, drogavam-se.
Qual droga era a mais usada por eles?
Eles retiravam de um cipó, transformavam em uma espécie de pó, e inalavam. A semelhança de uma cocaína, provocando um efeito alucinógeno. Nesses rituais pode ocorrer até morte. Nesse ritual em que todos os membros da tribo participam, as famílias, isso já não tem o risco de acontecer.  Quando o missionário na época chegou lá e foi morar com eles, fazer a grafia da língua, convivendo durante 20 anos, e vendo esses cultos, ele identificou nesse Deus bom, o mesmo Deus que nós cremos. O missionário disse-lhes: “ Esse Deus que vocês cultuam, é um Deus bom, é um Deus que criou todas as coisas, é o Deus que provê as nossas necessidades para a nossa subsistência, não é como os outros deuses que vocês tem medo, por isso vocês constroem as casas altas com medo desses deuses entrarem em suas casas e levarem seus filhos. Para eles ficou a história desse Deus bom ter um filho e esse filho chama-se Jesus que veio para redimir, ser a salvação. A evangelização parte desse principio. Isso não é possível com todos, isso porque esse Deus bom é um Deus casado, que já teve outros filhos. Nesse caso a comparação não dá para ser usada. Mas existem casos em que o Deus é um Deus superior mesmo, que não teve filhos. A partir desse principio que ele já conhece culturalmente, transmitido de forma oral, fica mais fácil para introduzir Jesus como sendo filho desse Deus.
Essas tribos cultuavam alguma imagem?
Todos eles tinham o culto animismo. Tudo é Deus, todas as nossas etnias no Brasil são animistas. Cultuam árvores, animais. O ser humano é animista na sua origem religiosa, intrínseca da natureza humana, ele é um religioso animista. Quando ele vem ter a idéia de um Deus trino: Pai, Filho e Espírito Santo, o animismo fica relegado a um segundo plano.
Os missionários em atividade, para integrar-se a um grupo, tem os mesmos hábitos desse grupo?
Não éramos obrigados e nem nós obrigávamos eles a nada. Essa é a grande questão, eu nunca serei um índio e eles nunca serão como os brancos. Às vezes somos bombardeados pelos antropólogos, de uma forma geral, quando eles afirmam que nós estamos querendo mudar a cultura desses povos. Nós não queremos mudar a cultura de ninguém.
A reserva Raposa do Sol tem qual significado nesse contexto?
É muito complexo. Embora nós já temos na reserva muitos protestantes. Ali tem uma complexidade de fronteira, a Amazônia como um todo é muito complexa. Só que o nosso foco é o ser humano, não importa se for trabalho com nativos na Índia, África, já estive em todos os continentes.
Após permanecer na proximidade de Oriximiná qual foi sua próxima missão?
Após dois anos e meio em Oriximiná fui para a Guiana Francesa, onde permaneci um ano, trabalhava no treinamento e capacitação de lideranças. É um território francês até hoje, inclusive a moeda que circula é o Euro. É o único lugar nas Américas onde o Euro é a moeda corrente..De lá vim para Anápolis, em Goiás, trabalhar no setor de administração, treinamento. na sede da base missionária onde iria trabalhar. Nunca perdi o foco, ia e vinha atuando nessa área. Em paralelo fiz consultoria em várias áreas, com outras agências, inclusive com americanos, alemães, ingleses, estrangeiros que vinham ao Brasil e queriam atuar com os povos nativos. Atualmente a maior parte do trabalho da missão é feita por brasileiros.

A sede nacional da Igreja Presbiteriana do Brasil situa-se em que localidade?
Fica em Brasília. Tem um presidente que é eleito pela Assembléia Geral a cada quatro anos, atualmente é o Reverendo Roberto Brasileiro.
O senhor viajou por quantos países?
Já estive em 36 países. Sempre trabalhando. Em alguns atuo até hoje, sou diretor já faz 20 anos desse departamento da igreja: APMT Agencia Presbiteriana de Missões Transculturais, temos hoje missionários espalhados por 44 países, somos cerca de 140 famílias missionárias (marido, esposas, filhos). Casais que estão em Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Senegal, África do Sul, Europa: Portugal, Inglaterra, Espanha, Itália, Romênia, Albânia, temos missionários brasileiros presbiterianos presentes nesses países.
Qual país tem uma presença presbiteriana maior?
Estados Unidos e Coréia do Sul. A palavra “presbiteriano” significa um sistema de governo. É a igreja governada por presbíteros. Presbíteros são os lideres eleitos pela comunidade para ser a sua liderança.
Quantos presbiterianos temos em Piracicaba atualmente?
Pouco mais de mil fiéis. Estou calculando uma média de 200 por igreja, são cinco igrejas.
Existe algum cemitério presbiteriano em Piracicaba?
Não temos. Os reverendos Astrogildo de Oliveira Godoy  e Ademar de Oliveira Godoy que por muitos anos foram presbiterianos, ao falecerem foram sepultados no Cemitério Parque da Ressurreição. A Igreja tem algum endereço para contato via Facebook, que é: Igreja Presbiteriana do Piracicamirim. E também tem o meu pessoal que é:  Sergio Paulo Martins Nascimento.
O que o trouxe à Piracicaba?
Eu vim para Piracicaba em 1999, foi uma história interessante, eu estava em Casa Branca nessa época, após cinco anos de permanência lá, dentro do contexto do que podia fazer naquela localidade cheguei a um ponto de buscar novos desafios, temos vários projetos em andamento, são trabalhos muito sérios, um deles é a recuperação do dependente químico (alcool). Chama-se NECI (Núcleo Evangélico de Cura Interior), esse tem um site. Trabalhamos a idéia de que o alcoolismo precisa de uma cura interior. O foco é o alcoolismo, com a grande expansão de pessoas com outras dependências químicas acabamos recebendo-as. Estamos lá ha 18 anos, Tem uma equipe que trabalha lá, sou diretor fundador do projeto, atuo como diretor conselheiro, continuo assessorando a equipe que permanece lá no dia a dia.
Há controvérsias sobre a urbanização de povos até então vivendo em seus redutos?
Hoje a grande questão tribal é que estamos vivendo um processo, cada vez mais crescente, de aproximação dos indígenas dos grandes centros urbanos. Os aldeados estão se tornando minoria.  O que mostra essa questão do ser humano de buscar a melhoria de vida. Por mais que exista o desejo de afirmar que o indígena deveria ficar no seu contexto eles não irão ficar. È da natureza do próprio ser humano. Sempre trabalho o indígena, o nativo, por isso preservamos a língua através do Novo Testamento, através da grafia, na preservação da língua é preservada a cultura também. Se perder a língua perde a cultura. Se você for para uma região onde há uma aproximação dos centros urbanos, principalmente os adolescentes resistem em falar a língua da sua tribo. Querem falar a língua portuguesa. Quer acesso a tecnologia, a mídia. Isso prova que são seres humanos. Temos uma organização que tem a sede em Dourados, Mato Grosso do Sul, chama-se Missão Evangélica Caiuá, ligada à Igreja Presbiteriana. Trabalha com os Caiuá e com os Guaranis,Terenas, vai fazer 80 anos essa organização. Lá temos o hospital indígena, inclusive hospital para crianças desnutridas que chegam das aldeias, e o hospital de atendimento à população indígena. Essa organização acabou sendo convidada pelo Governo Federal para assumir a questão da saúde indígena em quase todo Brasil. Eu acabei de assumir a direção dessa entidade, Só o convenio que existe com o Governo Federal são mais de 300 milhões de reais por ano. Mais de 800.000 atendimentos por ano, da população indígena. Temos médicos, enfermeiros, dentistas, são equipes multidisciplinares. o atendimento é feito “in loco”. Vão às aldeias.. Eu assumi, vou tomar posse agora como Diretor da Missão Caiuá. É um grande desafio. Pelo que tenho analisado são mais de 7.000 funcionários espalhados nesses convênios que são convênios anuais, renováveis. Fiquei sabendo que ia assumir na Assembléia Geral que se realizou na igreja. Eu até levei um susto. Com isso a gente tem muita atividade, cuida desde a saúde indígena, cuida da evangelização, dos projetos educacionais, projetos sociais.
O senhor mencionou que os indígenas estão em contato a tecnologia, de que forma?
Nas aldeias mais próximas das cidades a maioria dos jovens adolescentes está com computadores e tablets. Em Dourados temos seis escolas grandes, em uma delas a nossa igreja aqui de Piracicaba construiu uma sala ampla que se tornou a biblioteca para eles. Isso foi em uma aldeia próxima da cidade de Amambai.  
O que o senhor pode nos informar sobre a Associação Presbiteriana de Filantropia de Piracicaba?
É uma atividade que é muito cara aos meus olhos e coração. Há oito anos criamos esse projeto aqui. Sou o presidente dessa entidade, que tem o Projeto Crescer como o seu projeto. O objetivo é cuidar das crianças, que as chamo de minhas crianças, portadoras de Síndrome de Down, déficit intelectual.
São quantas crianças que estão freqüentando a Associação?
Hoje são 18 crianças. Nosso projeto é manter 20 crianças. Isso no espaço que temos. Agora estamos com um desafio, ampliarmos fisicamente nossas instalações, já temos o local, o projeto aprovado, estaremos iniciando nos próximos dias a construção desse projeto. Fica no Jardim Califórnia, próximo ao Jornal de Piracicaba. Esse é o nosso desafio, um desafio para nós e para a cidade. Esse projeto é mantido por voluntários, os associados, hoje temos uma parceria com a prefeitura através da Ação Social, temos o reconhecimento como entidade de utilidade pública da cidade. O nosso alvo é nessa sede atender até 190 crianças por dia, de manhã e a tarde. Ela irá ter essa capacidade para atender por dois períodos até 190 crianças. Hoje nosso foco é trabalhar com adultos, portadores da síndrome de Down, é a nossa principal meta. É um grupo que não tem muita gente trabalhando com eles. Nosso desejo é construir essa sede nos próximos 18 meses. Já temos o apoio do Fórum local, que nos ajudou para dar um início.
Esse projeto originou-se como?
Na verdade veio de um sonho muito antigo, quando vi inclusive crianças indígenas com síndrome de Down.
Lenda ou não, há uma noção divulgada de que as crianças indígenas com síndrome de Down são sacrificadas.
Alguns são. Depende do grupo. É uma luta nossa, o articulador da lei é um presbiteriano, o pastor Henrique Afonso, deputado federal, inclusive ele e a esposa adotaram como filhos deles duas crianças indígenas que seriam sacrificadas. Há uma corrente de antropólogos que defendem esse procedimento praticado por alguns grupos, alegam que faz parte da cultura. Alguns classificam os indígenas em um sub raça e outros em uma sobre raça, uma visão antropológica equivocada onde colocam o indígena um patamar acima dos demais seres humanos.    
Aberrações dessa natureza, outras totalmente contestáveis nasce em uma das mais conceituadas universidades do país. Isso é um esnobismo pseudo-intelectual?
Não tenho como definir o porquê isso acontece. Uma das coisas que também é verdade, na preservação desses grupos nativos “in natura” é que muitos antropólogos irão perder suas fontes de pesquisas. Isso é esmurrar o vento. Vai ter um fim.
Qual é o horário do culto na Igreja Presbiteriana do Brasil – Piracicamirim?
Nossos cultos semanais é das 9:00 horas da manhã até as 10:00 horas, depois temos a Escola Bíblica Dominical, que começas as 10:10 horas até as 11:00 horas, voltado para crianças, jovens e adultos. Só que dividimos em faixas etárias para estudarmos a Bíblia em faixas etárias e a noite das 19:00 às 20:00 horas, com estacionamento próprio.
Que mensagem o senhor quer passar para o ano que se inicia?

Por natureza sou otimista, nasci com esse otimismo, tenho a fé em Deus acima de tudo, o ser humano tem grandes possibilidades a partir do seu encontro com Deus. Nesse encontro com Deus e com outro ser humano muitas coisas podem ser mudadas e transformadas para melhor.  A minha fé em Deus é que nesse encontro dos homens com Ele as pessoas se transformem e nessa transformação a sociedade ganhe pessoas melhores. Voltadas mais para o todo do que para si mesma. Temos esse momento histórico denominado pós-modernismo que levou as pessoas a uma individualização muito grande a olhar só para si, para seus próprios interesses, esquecendo do interesse coletivo. Esquecendo da esposa, do esposo, dos filhos, dos pais, esses valores judaico-cristãos foram se perdendo, muitos são religiosos, hoje há uma profusão de religiões, o que pregamos não é religião, pregamos vida com Deus, que é diferente de religião.  É comprometimento com o Reino de Deus. A igreja é uma agência do Reino de Deus, o Reino de Deus não é guerra, não é comida nem bebida, é justiça e paz. Sabemos que o futuro melhor é no Eterno, embora saibamos que podemos ter aqui novos céus e nova terra. Quero deixar a mensagem de que nunca devemos perder a esperança. A esperança não está assentada no homem, quando está assentada no homem a própria Bíblia diz “Maldito aquele que confia no homem”.  Ela diz “Abençoado aquele que teme o Senhor, ama o Senhor e espera pelo Senhor Deus”. Não significa que não devemos confiar no homem, mas sim que quando a nossa confiança esta só no homem ai nos tornamos amaldiçoados, por quê? Porque o homem é imperfeito. O homem é pecador, corrupto. Quando vemos a corrupção nada mais é do que o ser humano. Ficamos indignados, mas quando olhamos para nós mesmos percebemos que somos tão corruptos quanto. Talvez Freud explique, recriminamos o espelho. De alguma forma a gente se vê naquele espelho do corrupto que foi pego, mas poderia ter sido qualquer um de nós. Por mais que a gente queira, esses não são os meus valores, o ser humano é tendencioso a fazer isso. A única que faz a diferença nos transforma para não sermos assim é a presença de Cristo entre nós. Ai os seus valores passam a ser os nossos. Viver Cristo é diferente de viver a religião. A religião tem normas, uma série de coisas, mas o cristianismo é a Vida de Cristo. Ele não veio para vivermos os valores pregados por ele, Ele veio para vivermos a vida Dele em nós. Sermos como Ele foi. Esse é um princípio do cristão. A palavra cristão quer dizer isso, pequenos Cristos. Quando essa palavra foi introduzida pela primeira vez na Antioquia foi exatamente nesse sentido, antes eles eram chamados de “seguidores do caminho”. Eles passam a serem chamados de cristãos porque eram identificados como pequenos Cristos. Agiam como Cristo. Os que conheciam a vida de Cristo viam naqueles que passaram a chamar de cristãos, as mesmas ações. Paulo disse:”- Você também pode, nós podemos, lutarmos para sermos imitadores de Cristo”. Cristo buscou a paz entre os homens, valorizar o homem, curar suas feridas, acolhe-los em amor, arrepender do erro, quando for necessário. E Ele diz: “Vai e não peques mais!” É o caminho do arrependimento, do reencontro que muda e transforma a vida. Quando entendemos que o cristianismo é mais do que viver o que o Cristo pregou, mas viver a sua vida, então ai há esperança. Porque a nossa vida será semelhante a de Cristo. Nossas ações serão a semelhança Dele. Nosso falar, nosso agir, nosso pensar. Paulo quando escreve aos Coríntios disque “Nós temos a mente de Cristo”. É pensar como Cristo. O pensar como Cristo é olhar as escrituras, a base são as escrituras sagradas. Paulo escreve aos Filipenses quando ele diz “ – Esquecendo as coisas que para traz ficam, olho para as que estão diante mim, sigo para o alvo, todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos.” Na medida e que ficamos remoendo o passado, as vezes pensando que o passado foi melhor, ou pior, ai ficamos vivendo no passado e do passado. Por outro lado não podemos ficar vivendo dizendo que o futuro será melhor, e vivendo desse futuro que nunca chega. Tenho que ter consciência de que o passado me ajuda a não cometer os mesmos erros. E esse olhar no futuro se torna melhor na medida em que tomo medidas acertadas no presente. Olhando as experiências passsadas para que eu não cometa os mesmos erros. Meu futuro pode ser diferente! A partir das medidas corretas que eu tome no presente. Preisamos sermos gratos por aquilo que já temos, que já alcançamos, isso em todas as áreas da vida. As vezes a gente fica mais preocupadp com o ter do que o ser, o ser é muito mais ter do que o ter. Muitos esquecem de que a gente tem, sendo. E não tendo. Conhecemos casos de pessoas da sociedade que tem muita coisa mas não são. São vazios, vivem nas angustias, nas depressões, vivem a base de diazepans, de whiskys, encontram nessa forma um refugio, um consolo, uma muleta. Mas porque não teve um encontro transformador com esse Cristo, ainda. Tem coisas mas eles não são. Outros não tem nada e são! São gente, seres humanos que nos ensinam verdades profundas. Estão muitas vezes nas periferias da vida. Creio que precisamos voltar para esses valores. A sociedade evaziou-se desses valores de um modo geral. Foram introduzindo outros valores nessa sociedade pós-moderna. Não existem mais valores absolutos, os valores absolutos são individualizados, é para você, isso não tem influência em mim, eu tenho os meus valores. Precisamos cobrar o valor comum que une um ser humano a outro ser humano a sociedade de uma forma geral para vivermos o bem comum. Vejo isso a partir dessa vida em Cristo. A minha mensagem é de esperança, olhando para um Deus que é, que em Cristo veio, que transforma a nossa vida para que sejamos semelhante a ele. Nesse ser semelhante a Ele teremos um olhar diferenciado para nós mesmos que foi o principal mandamento: “– Amar a Deus sobre todas as coisas e o proximo como a si mesmo”. Isso fará vermos como somos, seres dependentes de Deus. Dependentes uns dos outros. Nem mem melhor nem maior do que o outro. Mas que esse olhar de amor para com o outro seja esse amor que tenha essa reciprocidade que transforma para melhor, sempre. 

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